Só 1% dos que se submetem a este teste consegue dizer onde está o cachorro escondido na imagem.
O autor desta ilustração é o cartunista russo Valentin Dubinin, nascido em Gorky (atual Nizhny Novgorod), em 1975. Ele desenhou um rosto humano que oculta um cachorro e a maior parte dos voluntários submetidos a este teste consegue encontrar o animal.
A ilustração – na verdade, uma ilusão de ótica – foi publicada pela primeira vez em 2016, em jornais e revistas da Rússia e, desde então, tem sido empregada como um teste psicológico no mundo inteiro. A análise dos resultados se baseia não apenas na identificação do cachorro, mas também na rapidez com que o voluntário consegue dizer: afinal, onde está o cachorro?
No Facebook, em poucos meses, um milhão de internautas tentou decifrar o enigma. Na maioria dos comentários – mais de 80% -, os testados admitiram não ter encontrado o cachorro. Muitos outros, no entanto, encontraram o que não existe na ilustração: de porco-espinho a tigre-de-bengala.
Ilusão de ótica
A arte em preto e branco mostra um homem idoso vestindo um chapéu. O rosto exibe uma barba espessa e um nariz proeminente, além de sobrancelhas cerradas e cabelos de comprimento médio, presos atrás da orelha – uma mecha se destaca claramente. Os olhos estão fechados.
O homem está bem diante dos nossos olhos, mas a figura esconde alguma coisa. Um cachorro também está muito bem desenhado. Você consegue vê-lo? Consegue definir os contornos do desenho? Em quanto tempo foi possível visualizar o peludo?
Algumas dicas
Apresentar a resposta pura e simplesmente seria muito fácil. Então, antes da revelação final, observe o desenho um pouco mais atentamente.
Dedique alguns segundos a observar o topo da figura. O chapéu lembra algum outro objeto? Poderia ser outra coisa? Afinal, o artista escondeu deliberadamente o cachorro na imagem. Analisá-la ponto a ponto pode facilitar a tarefa de identificação.
A barba teria algum significado oculto? E a orelha, quase desaparecida? Será que ela esconde algo tipicamente canino? Estas pistas podem conduzi-lo pelo caminho certo. Repare no centro do desenho: ele é bastante peculiar.
A resposta, afinal
Para facilitar a resolução do problema, a dica certeira é virar a imagem de cabeça para baixo. Com isso, na nova parte de cima da figura, pode-se ver claramente a cabeça, os olhos e as orelhas caídas nas laterais.
O cachorro está com o corpo ereto, apoiado sobre as patas traseiras, enquanto as dianteiras seguram um objeto precioso – pelo menos, no mundo dos caninos: um belo osso. O rabinho, posicionado na lateral, está em alerta. Por fim, o chapéu do homem idoso se transformou em uma almofada para o peludo.
Na verdade, depois que a imagem é rotacionada, fica difícil voltar a visualizar o homem idoso. Mas o teste, naturalmente, é aplicado sem nenhuma dica para os voluntários, o que explica a dificuldade para encontrar o cachorro na ilustração.
Como funciona?
As ilusões de ótica são imagens concebidas especificamente para enganar a visão humana, causando a ilusão de ver as coisas como elas não são, ou de não ver o que está exposto claramente. O efeito não envolve apenas os olhos: quem se “confunde” é principalmente o encéfalo; mais especificamente, o lobo occipital do cérebro, responsável por processar as informações visuais.
Os nossos sentidos podem nos enganar quando são alteradas as proporções, quando a noção de perspectiva fica comprometida ou até mesmo quando uma imagem é invertida no sentido vertical ou horizontal.
A explicação é que nós temos um repertório prévio de interpretações – e ficamos um pouco perdidos quando os nossos parâmetros não satisfazem a observação – como é o caso do velho e o cachorro.
A ilusão de ótica e outros assemelhados não determina características específicas das pessoas, nem sinaliza eventuais doenças. Mas essas imagens podem ser usadas para confirmar um diagnóstico. Por exemplo, pessoas com comportamento obsessivo compulsivo têm maior dificuldade de identificar uma “segunda informação” em uma imagem já visualizada.
De qualquer forma, ilusões de ótica fascinam sempre fascinaram os humanos. Há mais de um século, em 1915, o cartunista inglês W. E. Hill postou a imagem que continua intrigando as pessoas: nesta ilustração abaixo, você vê uma jovem com o olhar em um ponto distante ou uma idosa com os olhos voltados para o chão? A resposta pode indicar a forma como encaramos a vida.