O diabetes quase levou este cachorro à morte, mas a veterinária tratou e deu a ele um novo lar.
Esta é a história de Sancho, nome mais que apropriado para um chihuahua – mas Sancho, na verdade, é um mestiço. O cachorro desenvolveu diabetes e esteve entre a vida e a morte, até que Melissa Ogg, uma veterinária da Califórnia (oeste dos EUA) tratou a doença, devolveu o bem-estar e, como bônus, acabou levando o cãozinho para casa.
Sancho foi levado inconsciente a um consultório veterinário: o quadro clínico do cachorro era tão grave que ele teve de ser submetido a procedimentos de ressuscitação. Nos meses seguintes, sempre sob os cuidados de Melissa, o chihuahua venceu um longo tratamento para recuperar a saúde, devastada pelo diabetes.
A adoção
Hoje, Sancho não está apenas saudável, mas também recuperou a alegria de viver. O cachorro precisa de cuidados constantes com a alimentação e está constantemente tendo verificada a glicemia no sangue, para evitar novas crises.
O chihuahua, depois de quatro meses de tratamento, tornou-se o filho de quatro patas de Melissa e de seu marido, que não apenas aprovou a iniciativa, mas está dividindo as tarefas e cuidados com o cãozinho.
Melissa apaixonou-se pelo cachorro logo que o viu pela primeira vez. A concordância do marido na adoção foi mais uma alegria para a nova família, mas a veterinária já tinha se decidido a oferecer um novo lar para Sancho e garantir dias felizes para ele, nesta reta final da existência.
A saúde de Sancho
O chihuahua foi diagnosticado com diabetes do tipo 2 há cerca de quatro meses. Sancho já completou 12 anos de idade: é um cachorro idoso e, como tal, necessita de cuidados constantes. Cães de pequeno porte levam mais tempo para envelhecer, mas a doença contribuiu para debilitar bastante o estado geral do animal.
A antiga família de Sancho não sabia do diabetes. À medida que a doença avança, o organismo passa a desdobrar os nutrientes de maneira irregular, levando a um quadro de cetoacidose, que afeta severamente os rins, podendo levar a uma falência desses órgãos e evoluir para a morte.
Quando Sancho foi levado ao consultório, ele estava em um estado deplorável. Durante a avaliação clínica, Melissa soube que o cachorro estava recusando a comida; enquanto examinava o animal, ele sofreu convulsões e teve uma parada cardiorrespiratória.
O cachorro precisou de uma reanimação cardiopulmonar (RCP), um conjunto de manobras destinadas a garantir a oxigenação dos órgãos quando a circulação sanguínea para. Nestas condições, os profissionais de saúde podem usar respiração boca a boca e massagem no tórax do paciente.
Sancho foi ressuscitado, mas precisou ficar internado durante quatro semanas, para tratar algumas comorbidades. Neste intervalo, o tutor do chihuahua, que estava gravemente doente, faleceu. O cachorro se tornou órfão.
A filha do tutor informou à veterinária que não teria condições de levar o cachorro para casa e quis saber da possibilidade de alguém da clínica se responsabilizar por Sancho. Era a deixa para Melissa, que acompanhava o animal diariamente, decidir pela adoção.
Sancho recebeu uma segunda chance de vida. De acordo com a veterinária, ele se adaptou muito bem ao novo lar e convive harmoniosamente com os animais da família: a cachorra Penny e os gatos Gremlin e Littlefoot.
O chihuahua está com o diabetes controlado e recuperou o apetite. A nova tutora afirmou que a hora das refeições é o momento preferido de Sancho, que demonstra muita excitação apenas ao ouvir o barulho do pote de ração. A veterinária luta agora para que o cachorro recupere o peso ideal.
O cachorro está totalmente adaptado ao novo lar. Ele é um exímio farejador e está sempre atrás de pistas e rastros: o passeio preferido é na praia, onde cheiros diferentes estão sempre propondo novas atividades.
Ele passa a maior parte do dia aos pés do marido de Melissa, que trabalha em casa. À noite, no entanto, quando Sancho percebe que os tutores estão se preparando para dormir, ele pula na cama e se aninha embaixo dos cobertores.
O diabetes canino
Em termos gerais, o diabetes canino é muito semelhante ao humano. Em algum momento da vida, por diferentes razões, o pâncreas deixa de produzir insulina, passa a produzir o hormônio em poucas quantidades ou de baixa qualidade.
A insulina é a substância responsável por induzir as células a absorver a glicose presente na corrente sanguínea. No microcosmo celular, a glicose se combina com oxigênio, formando o trifosfato de adenosina (ATP), o “combustível” do organismo.
Sem insulina, a glicose não entra nas células e isto deixa os cachorros apáticos, desinteressados e com excesso de açúcar no sangue. Com o desenvolvimento da doença, os pacientes se tornam mais propensos a uma série de complicações, como cegueira e insuficiência renal.
Raramente os cães nascem com diabetes (o tipo 1 da doença). A maioria desenvolve a condição quando chega à meia-idade, entre cinco e seis anos. As principais causas do diabetes canino são as seguintes:
• obesidade;
• pancreatite (inflamação no pâncreas);
• excesso de gordura no sangue (hiperlipidemia);
• reação a alguns medicamentos de uso prolongado.
O diabetes do tipo 1 é determinado por predisposição genética. Algumas raças são mais predispostas, como o poodle, retriever do labrador, golden retriever, dachshund, spitz e schnauzer, mas a doença pode afetar qualquer cachorro, como é o caso de Sancho, que é um mestiço.
O diabetes é uma doença silenciosa. Os sintomas são difusos e quase sempre se manifestam quando o problema já está avançado. Os cachorros afetados podem apresentar:
• sede excessiva;
• aumento do volume e da frequência da micção;
• cansaço sem motivo aparente;
• recusa a participar das atividades prediletas.
A urina dos cães afetados é muito rica em açúcares. Os tutores precisam ficar atentos caso as poças de xixi dos peludos comecem a atrair formigas, por exemplo. A doença, no entanto, só pode ser diagnosticada através de exames clínicos e laboratoriais (especialmente de sangue e urina).
não existe cura para o diabetes. Os cães precisam ter a glicemia controlada durante toda a vida e a maioria precisa receber insulina sintética, para manter a saúde estável. Também é importante oferecer rações específicas e estabelecer uma rotina de exercícios físicos.
Nos casos de predisposição genética, não há muito a fazer para evitar o diabetes. Quando se trata de doença adquirida, alguns fatores favorecem o desenvolvimento:
• sedentarismo;
• excesso de alimentos;
• oferta de alimentos humanos, ricos em gorduras e açúcares;
• administração de corticoides por períodos prolongados.
Os veterinários recomendam que as fêmeas sejam castradas ainda antes do primeiro cio, para interromper o ciclo dos hormônios sexuais. A progesterona, principal hormônio sexual feminino, interfere na ação da insulina.
O diabetes ainda é uma doença incurável, mas os portadores podem levar uma vida saudável por muitos anos. Os tutores precisam apenas fornecer o necessário para o controle do problema, como consultas, exames, medicamentos e exercícios.