Você sabe quais são as vacinas que o seu cão precisa tomar? Você mantém a caderneta de vacinação em dia, com todas as datas assinaladas corretamente? Quais são os intervalos necessários para a imunização eficiente? São muitas as dúvidas dos tutores, mas, felizmente, as clínicas veterinárias garantem um atendimento saudável para todos os pets.
A importância da vacina
Até a metade do século XIX, nós não tínhamos noção da existência dos micro-organismos. Lavar as mãos, louças e talheres eram atividades para garantir a limpeza, mas nós nada sabíamos sobre a imunização. O conceito de higidez – o estado de saúde – ainda não havia sido estabelecido.
Cães são semelhantes a crianças. Todos nós somos suscetíveis a infecções fúngicas, bacterianas e virais. Estes inimigos invisíveis só foram descobertos com o desenvolvimento do microscópio. Felizmente, este universo em geral é benéfico para nós. Nós convivemos com 100 trilhões de bactérias – e a maioria delas é útil para a digestão e a renovação da nossa pele.
Alguns destes germes, no entanto, são bastante nocivos para nós e nossos pets. A raiva canina, por exemplo. Transmitida por vírus do gênero Lyssavirus, a doença é uma velha conhecida da humanidade. Um dos sintomas mais comuns é a recusa de beber líquidos e, por isto, os gregos antigos batizaram-na de hidrofobia (pânico à água).
A importância das vacinas
Muitas doenças fatais podem ser evitadas com a observância do calendário de vacinação. Raiva, cinomose, leptospirose e parvovirose são apenas alguns exemplos de males que podem ser prevenidos com a imunização. Basta deixar a caderneta em dia.
As vacinas são importantes tanto para os filhotes, quanto para os cães já adultos. Quando adotamos um cão já desenvolvido e não sabemos quais foram os cuidados de saúde que ele recebeu, é importante seguir o calendário desde o início. O veterinário poderá indicar as melhores doses iniciais.
Idealmente, os cachorros devem receber as primeiras doses antes de começar a passear nas ruas. Enquanto estão sendo amamentados, eles contam com a proteção natural oferecida pelas mães. Depois do desmame, as vacinas se tornam fundamentais.
Em tempo: para que o seu cão receba as vacinas, é necessário que ele esteja saudável. Febre e diarreia, por exemplo, são situações normais na maior parte das vezes, mas é preciso esperar que o pet esteja em boas condições, para não haver o risco de falhas vacinais, em que os cães não respondem de maneira adequada à imunização.
As primeiras doses
Independente do calendário, existem vacinas essenciais para os cães: são as chamadas vacinas múltiplas – V8 ou V10 e a vacina contra raiva (hidrofobia). A primeira dose da vacina antirrábica deve ser aplicada quando os filhotes completarem 120 dias de vida.
Esta forma de imunização consiste de três etapas: a primeira dose, aos 42 dias de vida, e dois reforços, aplicados com intervalos de três semanas. Os animais adultos que nunca foram vacinados devem receber as primeiras doses assim que a avaliação clínica permitir.
As vacinas V8 e V10 protegem os pets contra sete doenças:
• cinomose – atinge cães de até um ano de idade. Trata-se de uma doença sistêmica, que pode afetar vários órgãos. A cinomose é viral, transmitida por cães infectados. Os principais sintomas são: perda de apetite, lacrimejamento, corrimento nasal, diarreia, vômito e convulsões. É uma enfermidade fatal na maior parte dos casos;
• hepatite infecciosa canina – transmitida por adenovírus, que está presente nas secreções, excrementos e sangue de cães infectados. Os sintomas são: febre, dor abdominal, vômitos, depressão, convulsões e coma. Também é uma doença fatal;
• adenovirose – também transmitida por adenovírus, afeta o sistema respiratório, tornando-se porta de entrada para infecções mais graves. Os cães afetados apresentam espirros, tosse, febre, apatia e perda de apetite;
• coronavirose – o vírus permanece ativo nas fezes dos animais infectados por vários dias. A coronavirose causa inicialmente vômitos e diarreia, seguidos de fezes com sangue, febre, apatia, perda de apetite e desidratação. Também pode ser fatal;
• parainfluenza canina – da mesma forma que o influenza humano, que causa gripe, o vírus é transmitido apenas com o convívio no mesmo ambiente. Os sintomas são: tosse, espirros, febre, secreções e coriza. A gripe canina pode evoluir para uma pneumonia e outras infecções do sistema respiratório;
• parvovirose – o principal sintoma é a diarreia com sangue. A parvovirose, que apresenta 85% de letalidade, pode causar morte súbita entre filhotes. O contágio ocorre através do contato com as fezes de cães infectados. O parvovírus sobrevive em roupas, tigelas de comida e brinquedos;
• leptospirose – é transmitida através da urina de ratos contaminados. Trata-se de uma zoonose: os tutores também podem contrair a leptospirose. Os principais sintomas são: vômitos, diarreia e desânimo geral. A doença pode se tornar crônica.
A diferença entre a V8 e a V10 é que a primeira imuniza contra dois vírus responsáveis pela leptospirose: Leptospira canicola e Leptospira icterohahemorragiae, enquanto a V10 protege também contra o L. grippotyphosa e o L. pomoma.
Além destas vacinas, também é possível imunizar os cães contra as seguintes doenças:
• traqueobronquite infecciosa canina – mais conhecida como tosse dos canis, é transmitida por vetores múltiplos, como a bactéria Bordetella bronchiseptica, os vírus da cinomose e da parainfluenza canina e os adenovírus CAV1 e CAV2. É uma doença altamente contagiosa, caracterizada pela tosse com secreção, afeta exclusivamente o sistema respiratório. Pode causar lesões nos brônquios, que se tornam portas de entrada para infecções mais graves. As doses da vacina são aplicadas com nove e onze semanas de idade;
• giardíase – provocada pelos vírus Giárdia. Afeta o sistema digestório, especialmente o intestino delgado. A vacina contra giardíase não fornece imunização completa, uma vez que o G. duodenalis e o G. lamblia apresentam mutações muito rápidas;
• leishmaniose – é também uma zoonose. Os agentes são protozoários do gênero Leishmania e o vetor é o mosquito-palha (ou birigui). A leishmaniose não tem cura: uma vez infectado, o cão sofrerá com sequelas durante a vida toda. Os principais sintomas, que podem levar até 18 meses para se manifestar, são: perda de pelos (especialmente nas patas e na cabeça), perda de peso considerável, apesar de não ocorrer perda de apetite, e feridas na pele. Com a evolução da doença, o cão pode desenvolver insuficiência renal. A vacina é oferecida em regiões infestadas pelo mosquito-palha.
Reimunizações e cuidados
A partir de um ano de idade, os cães devem ser vacinados contra:
• raiva;
• V8 ou V10;
• parainfluenza canino;
• giardíase;
• leishmaniose.
A vacina contra a tosse dos canis é indicada para os cães que vivem em grupo ou que permanecem hospedados em hotéis. A imunização contra a leishmaniose é necessária em regiões infestadas pelo mosquito-palha. No Brasil, o inseto é mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.
• Se for possível, vacine os seus cães em casa. Eles se sentem mais seguros em um ambiente conhecido e, desta forma, evitam-se eventuais infestações por pulgas e carrapatos.
• Para levá-los ao consultório veterinário, o condutor precisa ter força suficiente para segurar os cães no momento da picada (as crianças estão vetadas, mesmo para os pets pequenos). Os animais mansos devem ser conduzidos com coleira e corrente e os bravos (e os assim considerados por algumas legislações municipais, como rottweiler e pitbull), também com focinheira.
• Animais com febre, diarreia, vômito, secreção nasal, lacrimejamento, falta de apetite ou que estejam convalescendo de enfermidades ou procedimentos cirúrgicos não devem ser vacinados. É necessário combater as causas e imunizar os pets apenas quando eles recuperarem a saúde.