Ucranianos só estão fugindo se puderem levar seus animais de estimação

Muitos tutores fazem de tudo para escapar levando os seus pets. Alguns, porém, ficam para trás.

As guerras cobram diversos tributos. Os conflitos geram vítimas, muitas delas fatais, além de prejuízos financeiros e da desorganização familiar. Desde a invasão da Rússia na Ucrânia (e o posterior avanço à capital do país, Kiev), muitos ucranianos tentam fugir. Alguns se escondem, enquanto outros levam cães e gatos nos braços nas tentativas de escapar ao horror.

Em poucos dias – o confronto teve início em 24.02.22 –, dezenas de milhares de ucranianos se tornaram refugiados de guerra. As notícias são desencontradas, como acontece em todo conflito bélico.

Os cães na guerra

Enquanto algumas informações dão conta de que pessoas não brancas estão tendo dificuldades para escapar do país, outras revelam que países como Eslováquia, Polônia e Romênia estão acolhendo as vítimas e também os seus animais de estimação.

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Autoridades dos três países citados estão aceitando a recepção de cães e gatos sem a documentação veterinária. Em tempos de paz, a travessia das fronteiras europeias com pets só é permitida com certificados de vacinação e atestados de boa saúde geral.

No caos gerado pela guerra, no entanto, os desabrigados muitas vezes não têm nem os próprios documentos de identificação para atravessar as barreiras da alfândega. Felizmente, os vizinhos relaxaram as leis para permitir a entrada de tutores e seus filhos de quatro patas.

O vaivém

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Nem tudo são flores, no entanto. O italiano Andrea Cisternino, que vive nos arredores de Kiev, está tentando manter 400 cães em um santuário, mas encontra dificuldades para obter rações e medicamentos para os animais – além de estar muito próximo aos bombardeios russos.

Menos sorte teve a voluntária Anastasia Yalanskaya. Ela também resgatou diversos cães deixados para trás pelos refugiados, mas ao tentar acessar a capital ucraniana em busca de víveres, foi baleada por soldados russos e não sobreviveu. Ela tinha apenas 26 anos.

Muitos moradores de Kiev e de Kharkiv, a segunda cidade mais populosa do país, também sob bombardeio russo, não conseguem deixar o país. As linhas de trens estão funcionando com irregularidade e muitos tentam escapar a pé, carregando cães e gatos nos braços.

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São algumas centenas de quilômetros e os refugiados tentam evitar as estradas, que podem se tornar alvo dos combatentes russos. Os governos dos dois países em litígio já acertaram a organização de corredores de fuga, mas há denúncias de violações dos acordos tanto por parte dos russos, quanto dos ucranianos.

Homens entre 16 e 60 anos não podem deixar o país: eles foram incorporados automaticamente às forças de defesa da Ucrânia, que tentam fornecer armamentos e munições para organizar núcleos de defesa e resistência.

A fuga

Os grupos de refugiados são formados e liderados principalmente por mulheres, acompanhadas por crianças, adolescentes, idosos e doentes, que tentam fugir à guerra. Muitos moradores das cidades bombardeadas estão desabrigados ou desalojados: a região em que vivem não é segura.

Por isso, as estações de metrô de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Odessa (as duas últimas são portuárias, ficam no sul do país e estão na linha de ataque dos russos, que querem eliminar as saídas da Ucrânia através do mar Negro) se transformaram em bunkers improvisados. Especialmente nas estações subterrâneas, milhares de pessoas esperam para sair da Ucrânia, juntamente com cães, gatos e o que conseguiram carregar nas mãos.

Entre tantas, uma imagem de cães abrigados em uma estação está especialmente comovendo internautas ao redor do mundo inteiro. O usuário @viewsdey, do Twitter, publicou uma série de fotos com a legenda: “Humans deserve better. Dogs deserve better. Pray for Ukraine” (“humanos merecem mais, cachorros merecem mais. Rezem pela Ucrânia”, em tradução livre).

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De acordo com a Newsweek, revista americana semanal de notícias, há cerca de 50 mil animais perdidos nas ruas da Ucrânia. A revista entrevistou Nastya Aboliesheva, voluntária da ONG Happy Paw (“pata feliz”), com sede em Kiev.

De acordo com a ativista, até o momento, a situação dos cães e gatos deixados para trás é estável, mas o fornecimento de alimentos é o principal problema. Se a guerra se prolongar, os animais correrão riscos graves.

É difícil não se sentir impotente face às tragédias que uma guerra acumula. De qualquer forma, existem maneiras de ajudar os voluntários que resolveram permanecer nas zonas de conflito para tratar dos cachorros, que precisam de alimentos, remédios e cuidados.

Diversos órgãos internacionais têm angariado recursos para ajudar as vítimas de guerra. Quem puder colaborar pode entrar em contato com o IFAW (International Fund for Animal Welfare) ou a WCK (World Central Kitchen), duas organizações que atuam no país – inclusive nas regiões de Donetsk e Lugansk, epicentros da guerra.

Quem não tiver recursos financeiros pode ajudar compartilhando as mensagens das ONGs, postadas nas redes sociais. Quanto maior a divulgação das ações, maior será o número de humanos, cães e gatos atendidos e socorridos.

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