Os cães são os nossos melhores amigos. Nem por isto, no entanto, eles concordam com tudo o que nós fazemos. Não estamos falando de atos violentos, como maus tratos e abusos. São aqueles pequenos “nadas” do dia a dia que fazem os pets não gostarem nem um pouco de nós, ainda que por poucos momentos. Confira os sinais de que o seu cão odeia você.
Todos os tutores gostariam que os seus cães pudessem falar e entender prontamente as ordens e restrições. Além disto, este diálogo renderia bons momentos de interação. Infelizmente, isto não é possível: cães são cães e humanos são humanos: somos de espécies diferentes e nossas formas de comunicação naturalmente são diferentes.
Longas conversas
Os cachorros conseguem entender um grande número de palavras (um cão bem treinado pode compreender até 200 vocábulos) e também percebem os nossos sentimentos, como tristeza e raiva. Portanto, conversar com eles é uma boa ideia, mas é preciso cuidado.
Os cães conseguem entender muita coisa, mas alguns valores humanos não fazem sentido para eles. Por exemplo, colocar o pet ao lado e discorrer sobre o preço do sapato de couro ou do sofá cujo pé foi destruído não servirá para nada, apenas para deixá-lo entediado.
O pet poderá até olhar para o tutor com algum interesse, mas não conseguirá entender patavina do que está sendo falado.
É melhor restringir os diálogos para palavras e frases curtas. Com algum esforço e bastante treinamento, o cachorro poderá executar tarefas como buscar objetos, comportar-se durante os passeios e não pular sobre as visitas.
A linguagem oral é um instrumento humano e as nossas convenções não interessam muito aos membros do mundo canino. O que interessa para eles são os sons e a expressão com que nos comunicamos; as palavras em si não fazem o menor sentido.
Ganhar no grito?
Se as palavras humanas não fazem muito sentido, latidos, ganidos e uivos são expressões fundamentais da comunicação dos cães. Nas alcateias, cada lobo emite os seus sons em uma intensidade, volume e tonalidade diferentes. É uma forma de identificação.
Muitos tutores, no entanto, cometem um grande erro na tentativa de educação dos pets: gritar com eles em todas as ocasiões nas quais os cachorros se mostram “arruaceiros”. Contudo, os latidos são uma forma de alerta: algo pode estar errado nas vizinhanças.
Como diz o ditado popular, “ninguém ganha no grito”. Ao ouvir os gritos dos tutores, os cachorros simplesmente vão gritar ainda mais, da mesma forma que ocorre em uma discussão humana: quando um dos interlocutores eleva o tom de voz, o outro quase sempre imediatamente faz a mesma coisa.
Para mostrar que a latição não é bem-vinda, um dedo na boca é muito mais eficaz. Em poucos dias, os pets entenderão que não devem latir muito. Porém, é importante lembrar que esta atitude é natural entre eles e continuará se manifestando de tempos em tempos, principalmente nas situações de alarme. Em outras palavras, cachorro late.
Mostras de nervosismo
Como já foi dito, os cães são capazes de captar nossos sentimentos: eles são realmente muito bons na leitura corporal. Desta forma, quando nós estamos tristes, eles podem tentar nos alegrar ou simplesmente ficam por perto, aos nossos pés. Quando estamos contentes, eles também se entusiasmam e querem logo partir para a brincadeira.
Quando sentimos medo, no entanto, eles entendem que existe um perigo real à vista e igualmente se amedrontam; afinal, se o chefe da matilha está nervoso, é porque alguma coisa muito errada está acontecendo ou na iminência de ocorrer.
Desta forma, quando estiver na companhia dos peludos, procure não demonstrar tensão nem nervosismo. Quando isto acontece, eles podem ficar agitados e agressivos: afinal, uma ameaça está muito próxima e é necessário colocar-se na defensiva – ou partir para o ataque.
Enfeites, muitos enfeites
Alguns tutores, especialmente os dos cães de pequeno porte, gostam de tratar os seus pets como se fossem bebês. Não há nada de errado em dar uns momentos de colo ou enfeitar os cachorros com laços e coleiras atraentes. Não faz diferença para eles, mas, se os donos gostam dos adereços, não há motivo para eliminá-los. Basta usá-los com moderação.
É mais que provável que os cachorros se incomodem com o excesso de atavios, como roupas, sapatos, joias e muito mais. É quase certo que eles odeiam os acessórios, principalmente quando estes prejudicam a locomoção.
Passar muito tempo no colo não é natural para os cães. O yorkshire, por exemplo, foi desenvolvido para caçar roedores. O poodle, para resgatar aves em lagos e rios. Mesmo que eles sejam pequenos e fofos, os instintos continuam firmes e fortes. Eles querem andar, correr, farejar, perseguir coisas. No adestramento, lembre-se de que a disciplina deve vir em primeiro lugar, seguida do exercício e, por fim, o carinho.
Dentes à obra!
Os cães entendem o mundo à sua volta principalmente através do olfato e do paladar. Por isto, é comum que eles mordam as coisas – e, convenhamos, é difícil compreender como funciona a linha tênue que separa a permissão para roer um osso de brinquedo da proibição de mastigar um chinelo (especialmente se ele exalar o aroma do tutor).
Roer coisas é uma atitude instintiva. Os antepassados dos nossos cachorros passavam o dia perseguindo presas, interagindo com outros membros da matilha, percorrendo longas distâncias. E, mesmo que isto tenha ocorrido há milhares de anos, eles continuam agindo desta forma.
O hábito de destruir coisas, no entanto, pode indicar que o pet está se sentindo desmotivado. O ambiente em que ele passa a maior parte do tempo para não oferecer estímulos nem desafios – e eles precisam disto para se desenvolver (e se manter) fortes e saudáveis.
Quando eles ficam desmotivados, os cães podem passar a “atacar” tudo o que estiver ao seu alcance: roupas, calçados, móveis, almofadas, plantas, brinquedos dos filhos de duas patas, etc. Eles chegam mesmo a roer e rasgar os próprios objetos, como ossos e tigelas de ração.
Comer plantas pode inclusive ser prejudicial à saúde dos cachorros. Muitas plantas ornamentais, como o bico-de-papagaio e o lírio-da-paz, comuns em nossos jardins, podem intoxicar e até provocar a morte. Outro perigo é que eles “investiguem” medicamentos e produtos de higiene e limpeza, fatos que também podem colocar a saúde em risco.
Por isto, é importante manter os estímulos físicos e mentais para garantir o bom comportamento e o equilíbrio. Passeios, brincadeiras e carinhos, juntamente com a disciplina e o adestramento básico, são fundamentais para uma boa relação com os nossos cães.
Xixi aos montes
Uma situação bastante comum é quando o nosso peludo começa a urinar em todos os cantos da casa, especialmente quando este não era um hábito (ou mania) dele. Este é um sinal de que algo está muito, muito errado nas relações entre o humano e o canino.
Ele pode estar querendo dizer que está entediado, aborrecido ou bastante chateado com determinadas situações. Por exemplo, cachorros odeiam permanecer por muito tempo sozinhos (não se esqueça: eles são animais de matilha) e também se incomodam bastante quando não desenvolvem atividades físicas diariamente.
O significado do xixi pode ser simplesmente: “ei, dá um tempinho pra mim, chefe”. Cachorros adoram a companhia dos tutores e odeiam ser deixados de lado. Um agrado, um cumprimento na hora da chegada, um petisco no momento certo, são gestos que rapidamente corrigem os maus hábitos. Lembre-se de que quem ama, cuida.
Alguns pets são naturalmente mais territorialistas do que os outros. É o caso especialmente dos machos e das raças desenvolvidas para guarda e segurança. O xixi, neste caso, pode simplesmente indicar que eles estão demarcando o seu próprio espaço.
Mesmo assim, o hábito deve ser corrigido com severidade, com o uso de comandos simples. Apesar de às vezes eles nos odiarem, os cães quase sempre nos amam e querem nos agradar. Eles só precisam “descobrir” que as rodinhas de urina não são bem-vindas no ambiente doméstico.
Direitos iguais?
Talvez por espírito de rebeldia, nós, seres humanos, acreditamos que a subserviência seja uma coisa muito ruim, até mesmo insuportável. No entanto, a hierarquia existe em qualquer lugar: no trabalho, na escola, em casa. Entre os cães, a estrutura hierárquica é natural e muito rígida.
Os líderes da matilha (os cães e lobos alfa) exercem o seu poder com latidos, rosnados e até mesmo agressões físicas. Eles não são os “reis do pedaço”; apenas desenvolveram uma estratégia evolutiva para se manterem vivos e em condições de competir com outras espécies.
Em casa, a maioria dos pets encara a família humana como “os chefes”. Em geral, eles elegem um membro da família como cão alfa e os demais, como superiores aos cães na estrutura. Não há nada de errado nisto: eles estão apenas reproduzindo o comportamento da selva que garantiu que eles chegassem até aqui, até este momento.
Para os cães, especialmente os filhotes, é necessário identificar o chefe, inclusive para que eles se sintam em segurança e tenham uma referência de como se comportar. Caso o tutor demonstre insegurança, alguns cães podem entender que precisam tomar o posto – e tentarão isto com desobediências e até mesmo agressões físicas.
Um tutor seguro, com a autoridade necessária para conduzir o pet, é a garantia do equilíbrio das nossas mascotes. Cães não são “gente como a gente”: são cães, e são felizes com isto. Tentar forçá-los a exibir comportamentos humanos é uma forma de fazê-los nos odiar – e ficarão tristes e desmotivados.