Mais que atenção, os cães precisam de afeto. Alguns sinais indicam que eles estão carentes.
Alguns cachorros são mais independentes, enquanto outros são verdadeiros chicletinhos. Todos eles, porém, necessitam de carinho. Os cães são animais gregários, emitem sinais de que estão precisando de afeto e precisam interagir com os tutores.
Adotar um cão significa estar disposto a dar afeto, além de suprir as necessidades básicas. Esta é a diferença entre atenção e afeto: um tutor pode oferecer alimento, agasalho, cuidados médicos e atividades físicas, sem, no entanto, preencher a carência de carinho – e isto pode levar a alguns transtornos físicos e emocionais.
Muitas pessoas afirmam que “não levam jeito para demonstrar afeto”. Um bom conselho para elas é: adote um cachorro. Nenhum amigo de quatro patas recusa afeto e carinho. Mesmo os animais que sofreram maus tratos voltam a estabelecer relações adequadas, depois que reaprendem a confiar nos humanos.
Ao “praticar o afeto” com o cachorro de estimação, mesmo as pessoas mais rígidas e formais encontram maneiras de dar e receber carinho. Os cães se oferecem voluntariamente e com eles aprendemos o valor de um cafuné, ou de apenas estar ao lado de alguém que é importante.
Evidentemente, cada cão exibe personalidade própria. Alguns se mostram independentes e até mal-humorados quando são objeto de mimos em excesso. Nenhum deles, contudo, é autossuficiente e todos precisam receber demonstrações de afeto na medida certa.
Mesmo cachorros bem ajustados e equilibrados podem exibir sinais de que estão precisando de afeto. Entre as maneiras de dizer: “ei, amigo, estou querendo um abraço”, as mais comuns são:
- latir alegremente;
- encostar o focinho no tutor;
- brincar de morder;
- deitar-se de costas e oferecer a barriga;
- trazer brinquedos (e outros pertences).
Estes sinais são normais e não indicam nenhum problema com os cachorros, que, em geral, sabem que os tutores irão oferecer carinho e afeto. A excitação não deve ser considerada um problema, já que a antecipação das brincadeiras é uma forma de prazer em si mesma.
Estas são formas de demonstrar alegria e satisfação por partilhar a vida e, mais ou menos intensamente, estão presentes no comportamento canino. Alguns indicativos, no entanto, demonstram claramente que os pets estão carentes.
Os sinais de que seu cachorro precisa de afeto
Todos nós gostamos demais dos nossos cães, mas, com a correria do dia a dia, sempre é possível negligenciar alguns cuidados. Por mais atentos que sejam, todos os tutores do mundo já deixaram de passear com os peludos em um dia de chuva ou frio: somos humanos.
Os cães são bastante compreensivos, mas eles costumam emitir alguns sinais de que estão precisando de alguma coisa. Nós conseguimos identificar facilmente quando eles estão com fome, frio, etc.
Eles também demonstram que estão carentes de afeto. Relacionamos a seguir os sinais mais comuns de carência apresentados pelos nossos melhores amigos.
01. Roer sapatos
Os cachorros podem começar a roer qualquer objeto quando se sentem sozinhos, mas os sapatos quase sempre estão mais acessíveis. Os cães não pretendem destruir o sapato de grife recém-adquirido, nem o chinelo velho que “já tem a forma do nosso pé”. Mas eles estão sinalizando que alguma coisa não está indo muito bem.
Eles também roem coisas para eliminar sujeiras e resíduos da boca (e, quando são filhotes, na época da troca dos dentes, entre quatro e seis meses de idade, para aliviar a coceira), mas estas são atividades isoladas. Quando o hábito se torna frequente ou excessivo, o sinal amarelo é aceso.
Roer sapatos pode estar associado ao tédio ou à ansiedade. A prática ocorre quando os cães permanecem sozinhos ou isolados por longos períodos, e também quando eles são ignorados pelos tutores.
Neste caso, eles estão simplesmente demonstrando que precisam de mais tempo na companhia dos tutores. Quando a infração é descoberta, eles começam a ficar satisfeitos: conseguiram chamar a atenção dos humanos da família. A reação dos tutores pode indicar se a estratégia canina deu certo.
02. Choro frequente
Cachorros também choram. Eles não derramam lágrimas como nós, mas demonstram dor, tristeza e carências com uma mistura de uivos, ganidos e latidos que podem ser mais agudos e prolongados do que o habitual.
Filhotes costumam chorar quando alguma coisa está errada. Eles reagem exatamente como os bebês humanos, que choram quando sentem fome, frio, solidão dor ou desconforto. Geralmente, a situação é resolvida rapidamente.
Mas, quando o choro é exibido por cachorros adultos e saudáveis, é quase certo que eles estejam se sentindo ignorados ou negligenciados. Os tutores precisam avaliar cuidadosamente se há uma causa física; eliminada esta possibilidade, os pets certamente estão indicando que precisam de mais tempo e dedicação.
Depois de um período de separação – o tempo que os tutores passaram fora de casa, em suas tarefas cotidianas –, os cachorros podem chorar para chamar atenção. É importante enriquecer o ambiente em que o pet permanece durante as ausências, para que ele não se sinta entediado e ansioso.
Nada mais natural, no entanto, do que dedicar alguns minutos de afeto e carinho nas ocasiões de reencontro. A situação pode parecer banal para os humanos, mas o cachorro passou o dia sozinho, sem interagir com ninguém – e ele é totalmente dependente dos tutores.
03. Oferecimento da pata
Muito provavelmente, quando eram filhotes, os cachorros tiveram inibido o hábito de morder as mãos dos tutores para chamar atenção. Quase todos eles transferem as mordidas por um gesto difícil de ser ignorado: oferecer as patas quando querem alguma coisa.
No entanto, quando as patas são oferecidas de forma exagerada, o cachorro pode estar indicando que precisa “discutir a relação” com os tutores. Ele precisa de um tempinho para receber um afago, um cafuné, um petisco.
Indicar com a pata que precisa de alguma coisa, no entanto, é uma atitude que não deve ser atendida de maneira imediata. Muitos cachorros descobrem que a estratégia é eficaz e acabam usando o truque para monopolizar as atenções.
Quando o cão oferece a pata, o melhor a fazer é esperar alguns instantes antes de interagir com ele. E, claro, não interromper nenhuma tarefa importante. Os cachorros também precisam aprender que os tutores não estão à disposição o tempo todo – desde que dediquem alguns momentos do dia para os pets.
04. Latidos em excesso.
É provável que os latidos dos cachorros tenham sido estimulados pela convivência com os humanos. Trata-se de uma forma de interação. Entre os lobos, os latidos representam apenas 3% de todas as vocalizações.
Os cães latem principalmente por três motivos: para alertar, para brincar e para chamar a atenção. É um comportamento mais comum entre os cães de companhia: animais de caça e pastoreio “falam pouco”, justamente porque não querem ser descobertos pelas presas nem por eventuais predadores.
Com todo este tempo de convivência e parceria, os cachorros aprenderam a modular os latidos, alterando a altura, frequência e duração. Desta forma, eles conseguem se expressar de maneira mais eficiente. Um latido para indicar a presença de estranhos é totalmente diferente da vocalização usada durante as brincadeiras.
Quando precisam de afeto, os cachorros também usam os latidos. Cabe aos tutores identificar as diferenças, que podem ser bastante tênues. Seja como for, latidos fora de hora, sem motivo aparente, indicam que os peludos estão chamando a atenção.
Os latidos podem ser graves, roucos, agudos e até mesclados com ganidos – cada animal se expressa de forma diferente. Provavelmente, eles aprenderam a abusar dos latidos porque os tutores sempre se aproximam quando eles são excessivos.
Muitas vezes, os cachorros recebem algum tipo de recompensa quando alertam para um perigo real ou imaginário. Qualquer humano fará um carinho ao observar o cachorro latindo para “dizer” que o bebê acordou, a criança está se desequilibrando ou um estranho está no portão. As respostas positivas dos tutores consolidaram o comportamento.
Diferenças entre raças
Alguns cachorros tendem a ser mais próximos dos tutores, enquanto outros precisam de menos atenção e afeto. Os humanos precisam identificar as reais necessidades dos pets, para atendê-las da melhor maneira possível.
Cada cachorro exibe um temperamento e personalidade próprios, mas, como regra geral, as fêmeas requerem mais afeto, enquanto algumas raças são mais independentes. É o caso, por exemplo, do lhasa apso e do shih tzu: apesar de pequenos, eles podem ficar sozinhos por períodos mais ou menos longos e não gostam muito de colo – pelo menos, não por muito tempo. Vale o mesmo para os chihuahua e os pinschers miniatura.
Basset hound, schnauzer, chow-chow e weimaraner são outros exemplos de raças caninas que preferem pouco contato. O mais emblemático é o akita, conhecido pelo mau humor, que o torna ainda mais atraente.
Por outro lado, algumas raças caninas são famosas por demandarem muita atenção, afeto e carinho. Poodle, beagle, bichon frisé, boston terrier, lulu da Pomerânia e terrier brasileiro costumam ser verdadeiros chicletinhos.
Mesmo alguns cães maiores, como os dálmatas e huskies siberianos, não abrem mão da companhia e dos carinhos constantes dos tutores. O dálmata foi desenvolvido há alguns séculos como animais de companhia, enquanto os huskies, apesar de serem cães de trabalho, estão acostumados a uma relação mais horizontal com os tutores, especialmente quando não estão puxando trenós – praticamente nunca, entre os cachorros urbanos.
Os motivos variam de acordo com os objetivos que os criadores tinham quando desenvolveram a raça. Cães de caça que atuam em matilhas (como o beagle) requerem um nível maior de atenção e afeto do que os caçadores solitários, como o weimaraner. Boiadeiros como o akita e o bernês são independentes, enquanto os cães de companhia – do pug ao dálmata – demandam maior proximidade com os tutores.