Cães não falam, mas demonstram o que sentem. Confira sinais de que o cachorro está com dor.
Os cães são seres sencientes, isto é, eles percebem o mundo através dos sentidos. Nossos peludos são capazes de experimentar alegria, tristeza, raiva, medo e dor. Infelizmente para os tutores, os cachorros não são capazes de falar. Alguns sinais comportamentais, no entanto, podem indicar o que eles estão sentindo.
É importante ficar atento mesmo aos sinais mais sutis. Tutores responsáveis conhecem os seus companheiros e são capazes de perceber quando alguma coisa está errada. Pode-se estranhar, por exemplo, quando os peludos passam horas sem se alimentar.
Contudo, isso também pode acontecer quando eles estão “muito ocupados”. Entendendo o temperamento dos pets, podemos compreender aqueles momentos em que eles estão explorando o ambiente, pesquisando alguma coisa nova, etc.
Os sinais de que seu cachorro está com dor
Muitos cachorros precisam até mesmo ser acordados para se alimentar e fazer xixi. Quem convive com um dorminhoco sabe que as longas horas de sono não são sintomas de que ele esteja sentindo dor ou um desconforto qualquer.
Alguns sinais, no entanto, servem para acender o alerta amarelo. Mudanças abruptas de comportamento ou postura, agressividade incomum, recusa a brincadeiras, falta de apetite e até o excesso de lambidas são situações que pedem uma investigação mais acurada.
Os cães são mais resistentes à dor do que os humanos, mesmo porque eles praticamente não conhecem formas de aliviar o sofrimento, como remédios ou visitas ao veterinário. Por isso, eles podem demorar até exibir sintomas patentes de dor e doença: é preciso ficar atento.
01. Apatia e isolamento
Os cachorros podem ser bonachões ou agitados, pacatos ou hiperativos. Todos eles, no entanto, gostam de interagir com os tutores. Mesmo os mal-humorados dedicam vários momentos do dia para brincar com a família, ou apenas ficar ao lado.
A interação pode variar de acordo com a idade. Os filhotes são mais curiosos, travessos e desengonçados, passam boa parte do dia explorando os ambientes. À medida que a idade avança, eles tendem a ficar mais sossegados.
Mas, mesmo assim, é difícil encontrar um cocker spaniel pouco interessado em descobrir coisas novas. Os cães de guarda, especialmente pastores e boiadeiros, passam o tempo vigiando a integridade da casa e da família. Os antigos cães de luta, como buldogues e boxers, são mais relaxados, inclusive porque perderam as funções para as quais as raças foram desenvolvidas.
Cães são animais gregários. Eles estão em permanente contato com os demais “membros do bando”. Eles se isolam apenas quando estão sentindo algum desconforto: na natureza, quando alguma coisa incomoda a ponto de prejudicar a movimentação ou comprometer a agilidade, o melhor a fazer é esconder-se em uma toca ou no meio de um arbusto.
Portanto, o isolamento é um sinal patente de que alguma coisa não está bem. Pode ser apenas um desconforto temporário, mas é preciso ficar atento, principalmente se surgirem outros sintomas, como a apatia.
É difícil encontrar um peludo que não goste de brincar. Até mesmo os cães braquicefálicos (de focinho achatado), que têm fôlego curto, passam alguns minutos brincando com uma bolinha ou um objeto qualquer que atraia a atenção. Um cão apático a ponto de não participar das brincadeiras preferidas – e cada animal tem as suas – provavelmente está sentindo dor.
02. Falta de apetite
Certos cachorros são gulosos a ponto de não ser possível deixar nenhum alimento ao alcance da boca e das patas. Para alguns tutores, é difícil fazer um lanche na presença dos olhares pidões das suas mascotes. De qualquer maneira, os cachorros demonstram fome o tempo inteiro.
Mais uma vez, a natureza fala mais alto. Quando viviam do que conseguiam caçar, os cachorros precisavam comer o que aparecesse pela frente – sabe-se lá quando teriam uma nova oportunidade. Eles não sabem que há um imenso pacote de ração guardado na despensa: é preciso garantir os nutrientes antes que seja tarde demais.
Evidentemente, há dias em que a falta de apetite é motivada por um mal-estar passageiro. Os cães muito ativos, quando, por qualquer motivo, não conseguem se exercitar da forma habitual, certamente mostrarão menos fome durante o dia.
A falta de apetite também pode ser determinada quando os peludos se acostumam a conseguir petiscos não autorizados. As crianças costumam dividir lanchinhos com os pets e mesmo alguns adultos não conseguem resistir aos apelos do companheiro. Nesse caso, a tigela de ração parecerá muito sem graça para eles.
Nos dias muito quentes, que provocam uma queda na atividade física – tudo o que nós e os nossos peludos queremos é sombra e água fresca – é igualmente natural que o apetite seja reduzido. Fora isso, qualquer alteração no comportamento em relação à comida é motivo de preocupação.
É importante ficar atento a outros sinais que podem acompanhar a falta de apetite, como náuseas e vômitos, diarreia e desconforto abdominal aparente. Quando os músculos do abdômen se mostram retesados, a recomendação é levar o pet para o veterinário.
Alguns cães mais seletivos podem eventualmente pular uma refeição ou outra – e isto não é motivo para preocupação, a menos que a situação se repita várias vezes em uma mesma semana.
03. A fala canina
Foi dito que os cachorros não conseguem falar. Realmente, eles não possuem uma linguagem articulada, mas são capazes de emitir os mais diversos sons – e eles têm significados diferentes. Nas alcateias, por exemplo, nenhum lobo emite os mesmos latidos, ganidos e uivos dos demais companheiros.
Os ganidos naturalmente são expressões de dor ou medo. Se o cachorro está ganindo sem nenhum motivo aparente, ele pode estar indicando desconforto, incômodo ou dor. Caso a situação se prolongue, é preciso investigar as causas.
Entre os cães saudáveis, os ganidos podem estar relacionados a picadas de insetos, pequenos acidentes (como tropeçar em um degrau), à presença de algumas pessoas e mesmo a algumas situações: se um cachorro só entra no carro nos dias de consulta, ele começará a ganir assim que perceber os movimentos para o “passeio” até o veterinário.
O excesso de latidos – e cada peludo tem a sua cota própria – também pode significar a presença de dor. Principalmente quando os tutores têm o hábito de “conversar” com os cachorros, eles tendem a vocalizar quando alguma coisa está errada. Esta situação também ocorre quando os animais sofrem da síndrome da separação.
04. Agressividade
Todos os cachorros são capazes de atos agressivos: mordidas, saltos sobre os adversários e arranhões (em menor medida) são comuns a todos os peludos – de um chihuahua a um São Bernardo. Por outro lado, nós sempre selecionamos os nossos companheiros em função da docilidade e da lealdade.
Cada cachorro tem o próprio temperamento. Alguns podem se mostrar agressivos com pessoas estranhas, enquanto outros se mostram ciumentos quando um amigo decide dar um abraço no tutor.
O problema começa quando o comportamento surge em situações nas quais a agressividade é desnecessária. Quando um cachorro rosna, mostra os dentes e avança ao ser tocado ou movido de lugar, muito provavelmente ele está sentindo dor.
As possibilidades maiores são de dores nas articulações ou nos ossos, principalmente devidas a traumas (como quedas e choques) ou ao desgaste orgânico natural com o avanço da idade.
A agressividade canina também pode ficar patente quando há desconforto abdominal. Problemas gastrointestinais tornam desconfortável o toque na barriga, mas o cachorro pode atacar e agredir até mesmo quando perceber qualquer movimento à sua volta.
05. Problemas posturais
Qualquer forma de claudicação merece a atenção dos tutores. Mancar e poupar uma das pernas são sinais evidentes de problemas nos joelhos, calcanhares e escápulas, mas a simples recusa a caminhar e brincar pode indicar a presença de problemas ortopédicos.
Um ponto importante: os animais muito ágeis, que se movimentam e correm com facilidade, quase sempre sofrem acidentes em pisos escorregadios. Recomenda-se a troca ou cobertura desses pisos: evitar acidentes é muito mais fácil do que remediá-los.
Outro problema postural é o arqueamento do dorso. Quando as últimas costelas ficam acima da cernelha (entre os ombros e a base do pescoço), ou mesmo alinhadas a ela, o cachorro pode estar tentando poupar o diafragma ou os músculos do ventre.
O sinal indica a possibilidade de dores abdominais ou dificuldade respiratória. Os tutores precisam procurar o veterinário com certa urgência, uma vez que o arqueamento se torna visível em casos de dores muito fortes e constantes.
06. Recusa a brincadeiras
Alguns cães simplesmente viram de costas quando os tutores os chamam para brincar, caminhar ou correr. Isto ocorre principalmente com os animais idosos, que preferem adotar um estilo de vida menos intenso.
A maioria dos peludos, no entanto, adora a companhia dos tutores e fica ansiosa para passear, correr ou apenas buscar uma bolinha de papel. Demonstrar submissão e lealdade é uma característica básica dos cachorros.
Desta forma, quando o animal se recusa a brincar ou economiza os movimentos na atividade, é preciso verificar o que está acontecendo. É possível que ele esteja apenas cansado – cães sedentários podem até se esconder quando percebem a presença daquele parente mais agitado.
Mas a recusa constante, mesmo que ele não esteja mancando nem exibindo sinais de dor, indica que problemas de saúde estão avançando. Em geral, cachorros nestas condições estão sentindo desconforto muscular ou nas articulações. Pode ser uma situação corriqueira, como um dedo machucado, mas recomenda-se observar o comportamento e levar o pet para a clínica com a urgência possível.
07. Lambidas excessivas
Lamber-se excessivamente é um sinal clássico de transtornos comportamentais. Os cães que dedicam muito tempo para lamber as patas, braços, cauda e genitais podem estar sofrendo de estresse, ansiedade ou depressão. Vale lembrar que os distúrbios emocionais, assim como os físicos, prejudicam a qualidade de vida e contribuem para reduzir a longevidade.
As lambidas excessivas estimulam a produção e secreção dos chamados opioides endógenos, compostos químicos que conferem uma sensação de bem-estar. Por outro lado, o hábito prejudica a saúde da pele e dos pelos, causando ainda mais irritação; isto forma um círculo vicioso.
A conduta pode se instalar a partir de infestações por pulgas ou carrapatos. O desconforto causado pelas picadas (e mesmo pelo simples movimento dos insetos na pelagem) leva às lambidas de alívio, mas o comportamento pode se tornar mórbido, prejudicando o equilíbrio emocional.
As lambidas também podem resultar de irritações na pele, causadas principalmente por fungos e bactérias. Nestes casos, ao lamber a região irritada, o cachorro simplesmente transfere os micro-organismos para outras áreas do corpo, provocando dermatites e perda do pelo.
Isto facilita a instalação de infecções mais sérias. Feridas ulceradas na pele facilitam a entrada de germes na corrente sanguínea e alojar-se em qualquer órgão ou tecido. É preciso cuidar da higiene os pets e, ao observar o comportamento excessivo, levá-los para uma avaliação veterinária.