Os vermes causam desconforto e doenças. Veja como e quando dar remédio para os cães.
Adotar um cachorro garante uma série de pequenos prazeres, mas os candidatos a tutores precisam estar preparados para uma série de deveres: é preciso alimentar, agasalhar, divertir e cuidar da saúde. Os cães, ao contrário dos gatos, precisam receber remédios de verme durante a vida inteira.
É importante saber quando e como dar os remédios. As dosagens dependem do porte, sexo e idade, além do comportamento dos cães. Os pets que vivem em apartamentos, mesmo passeando diariamente, ficam menos expostos a vermes parasitas do que os que vivem em casas térreas, principalmente na zona rural.
Os cachorros podem se infestar com vermes de diversas formas, de acordo com a espécie dos parasitas. As maneiras mais comuns são as seguintes:
• através de contato com fezes de animais contaminados. Os pets podem aspirar e até ingerir ovos e larvas microscópicas, que se desenvolveram no seu organismo (o órgão mais afetado é o intestino delgado, responsável pela absorção da maior parte dos nutrientes);
• através do contato direto com ovos e larvas. Muitas espécies de parasitas depositam ovos em água parada, uma condição frequente nas ruas e praças do país. Os ovos também podem estar presentes em alimentos crus higienizados de forma inadequada;
• através da picada de insetos, como piolhos, carrapatos, pulgas e mosquitos. Esses invertebrados são vetores de uma série de parasitas;
• durante a gestação, quando as cadelas estão infestadas. Ovos, larvas e até vermes adultos podem atravessar o útero, para se beneficiar dos nutrientes estocados na placenta. A transmissão também pode ocorrer durante o parto, no caso de fêmeas muito infestadas.
Dar remédios de vermes é um cuidado especial para os cães que ficam hospedados em hotéis, escolinhas e academias de agility e outras atividades. Quanto maior a convivência com outros pets, maior deve ser o cuidado com doenças e infestações contagiosas.
Veja também: Sangue nas fezes do cachorro – O que pode ser?
Como dar remédio de verme para cachorro
Os vermífugos agem diretamente, matando as larvas e os vermes adultos e eliminando ovos. Alguns remédios também alteram a flora intestinal dos cachorros, reduzindo a população de algumas bactérias e tornando o ambiente hostil aos parasitas.
Remédios de vermes cumprem duas funções. Eles previnem a eclosão e o desenvolvimento das larvas e, no caso das infestações, combatem os vermes adultos. A função preventiva é muito importante porque muitas vezes os sintomas demoram a surgir.
Com que frequência é recomendado dar remédios de verme
Os filhotes precisam começar a tomar remédio de verme bem cedo. A primeira dose deve ser ministrada quando eles completam duas semanas de vida, com reforços a cada 15 dias até que eles completem três meses.
Em geral, cães nascidos em canis recebem as doses de vermífugo regularmente, desde o nascimento até o desmame. Os responsáveis pela criação costumam informar os novos tutores sobre os procedimentos.
Os cachorros sem procedência definida – filhotes de cadelas de amigos ou vizinhos e principalmente os animais recolhidos das ruas – devem receber o remédio assim que chegam à casa nova, com doses de reforço a cada 15 dias por dois meses.
Todos os cachorros precisam receber o remédio para verme, independente da raça. Os pets adotados já adultos devem ser vermifugados imediatamente e submetidos a uma análise completa por um veterinário.
Ao contrário dos gatos, que quase nunca saem de casa e, por isso, só precisam ser desparasitados quando filhotes, porque podem ter nascido já hospedando parasitas, os cachorros devem ser vermifugados com uma periodicidade que varia de três a seis meses.
A frequência do remédio se altera de acordo com o estilo de vida e o ambiente em que os cães vivem. Animais de apartamento, que saem apenas para os passeios diários, podem tomar remédio de verme com intervalos maiores.
Já os que vivem em quintais e na zona rural precisam de doses mais frequentes. Vale o mesmo para os pets que desenvolvem atividades com animais estranhos regularmente. Os atletas devem tomar remédio de vermes a cada três meses e os que se hospedam em hotéis para pets, 15 dias antes da estadia.
O ideal é contar com a orientação veterinária, para garantir a saúde e bem-estar dos peludos. O produto escolhido depende de vários fatores, como idade, porte e estilo de vida. Os animais reservados para acasalamento também devem ser vermifugados com maior frequência.
Atualmente, o mercado farmacêutico veterinário oferece diversas opções de vermífugos. Os mais comuns são os tabletes mastigáveis, disponíveis em diversos sabores, e os pós para polvilhar no alimento diário.
O importante é estar atento à posologia. A quantidade de vermífugo a ser dada depende principalmente do peso do cachorro. Doses menores são insuficientes para destruir os parasitas, enquanto doses maiores não garantem um efeito mais rápido.
Quais são as recomendações
Apesar das recomendações dos veterinários, muitos tutores negligenciam a vermifugação. Alguns acreditam que o estilo de vida do pet não oferece risco, outros pensam que os vermes são um problema apenas na zona rural e grande parte não faz ideia da importância de ministrar remédios de verme.
Se o seu pet não recebeu as doses corretas de vermífugo, alguns sintomas indicam que ele pode estar com parasitas. O melhor a ser feito é levar o pet para uma consulta, submetendo-o a exames de fezes e sangue.
Seja como for, qualquer alteração na aparência ou no comportamento dos cachorros é motivo de alerta. Qualquer mudança deve ser observada: um cão naturalmente agitado e cheio de energia que se mostra cansado, desinteressado e apático pode estar com vermes.
Os tutores devem estar especialmente atentos aos seguintes sinais:
- perda rápida de peso;
diarreias e vômitos; - perda de pelos;
- pelos ásperos, sem vivacidade e secos;
- desinteresse pelas atividades prediletas;
- coceira na região anal;
- abdômen inchado;
- dores abdominais.
Estes sintomas não são exclusivos das verminoses. São os chamados sinais difusos, que podem estar relacionados a diversas outras condições, algumas banais e simples de solucionar, outras mais graves.
Não é aconselhável dar remédio de verme (ou qualquer outro) sem saber exatamente o que o cachorro tem. A maioria dos vermífugos de boa qualidade não apresenta contraindicações, mas, se o problema for outro, o tutor estará gastando dinheiro à toa e adiando um provável tratamento que se faça necessário.
Em muitos casos de infestações, parte dos vermes fica visível nas fezes e no vômito. Alguns cães chegam a carregar bolsas de ovos na região em torno do ânus. Estas, no entanto, são situações extremas. Um tutor responsável usa os vermífugos como estratégia de prevenção e apenas eventualmente para eliminar os parasitas.
Sempre que possível, é necessário evitar a automedicação. Apesar de a maior parte dos vermífugos oferecer mecanismos de prevenção e combate semelhantes, o veterinário escolhe o remédio de verme ideal de acordo com uma série de fatores:
- condições gerais de saúde;
- risco de contágio;
- idade;
- sexo;
- raça.
Como evitar os vermes no cachorro
Os cachorros são animais curiosos e estão sempre explorando o ambiente. Por isso, é muito difícil impedir que eles entrem em contato com ovos e larvas de vermes, mesmo porque estes podem estar ocultos em troncos de árvores e postes.
O ato de cheirar as fezes dos “colegas” que passaram pela rua alguns minutos antes é uma forma de o cachorro descobrir quem está andando na “sua área”. Cheirar o traseiro de outros animais é uma forma de identificação e também é importante inclusive para a socialização dos peludos.
De qualquer forma, os tutores podem adotar algumas atitudes para reduzir as probabilidades de infestação por vermes:
- usar luvas ao recolher as fezes;
- lavar as tigelas de água e comida com água e sabão;
- trocar a água regularmente (várias vezes por dia), para evitar que insetos depositem ovos;
- sempre lavar as mãos depois de higienizar os ambientes em que o cão circula;
- carregar sacolas plásticas e recolher as fezes do pet durante as caminhadas diárias;
- higienizar muito bem os alimentos que serão ingeridos crus, como frutas, legumes e verduras;
- não oferecer carne crua para os pets.
Remédios de verme caseiros
O veterinário é o profissional habilitado para diagnosticar e tratar infestações por vermes. Alguns alimentos são eficazes para eliminar parte dos parasitas, mas eles devem ser usados principalmente de forma preventiva. Uma medicação natural não substitui a avaliação médica.
Os tutores podem oferecer alguns vegetais para os pets, a fim de reduzir as chances de infestação, sempre lembrando que nenhum alimento consegue eliminar todos os ovos, larvas e vermes adultos:
• agrião, cenoura, coco ralado (fresco) e mamão – regularizam a flora intestinal e tornam o ambiente menos propício aos parasitas;
• camomila – ajuda a reduzir a população de vermes. O chá de camomila pode ser usado para umedecer a ração seca, ou apenas misturado à comida caseira;
• semente de abóbora – diminui as chances de infestação e ajuda a eliminar os parasitas adultos.
As verminoses mais frequentes
Os parasitas, além de serem desagradáveis, provocam uma série de transtornos aos animais de estimação e, às vezes, também podem afetar os humanos da família. Os sintomas das verminoses são:
- diarreia;
- desconforto abdominal;
- coceira no ânus;
- enjoos e vômitos;
- pelos secos e ásperos;
- perda de peso, decorrente da má absorção dos nutrientes.
Sem proteção, cães e gatos podem ser vítimas de diversos vermes. Os mais frequentes são os seguintes:
• lombrigas – os vermes do gênero Ascaris afetam todos os mamíferos. Boa parte dos filhotes já nasce com larvas de lombrigas, que atravessam as paredes do útero e se alojam nos fetos. A partir da corrente sanguínea, as lombrigas migram para o intestino delgado, onde se desenvolvem e logo começam a botar ovos: uma fêmea adulta pode colocar até 200 mil ovos em um dia. Parte deles é eliminada com as fezes e animais saudáveis, ao entrar em contato, são infestados;
• tênias – são vermes brancos e achatados, que podem atingir até 25 cm no organismo canino. Segmentos desses vermes podem ser observados nas fezes dos animais muito infestados. A Taenia solium não é transmitida pela ingestão ou contato direto, mas através de picadas de pulgas, carrapatos e piolhos. Uma tênia adulta absorve a maior parte dos nutrientes, provocando perda de peso e até anemia;
• chicote – este verme (do gênero Trichuris) é difícil de ser identificado, demandando exames de fezes. Ele também se instala no intestino, mas a reprodução é mais lenta – e, por isso, os sintomas podem passar despercebidos. Ovos e larvas estão presentes em água parada e em alimentos mal lavados (eventualmente, ele pode ser transmitido para humanos). A diarreia é o sintoma mais comum. Os filhotes podem ter o desenvolvimento físico comprometido;
• verme do coração – a dirofilariose é transmitida através da picada de mosquitos que hospedam ovos e larvas do Dirofilaria immitis. Os vermes podem viver até sete anos no organismo dos pets. Eles geralmente se alojam nos pulmões, mas podem migrar para o músculo cardíaco, causando alterações no coração que quase sempre levam à morte. O diagnóstico é obtido através de exames de sangue e radiografias da região torácica. Tosse, cansaço excessivo e apatia são os principais sintomas.
As zoonoses – doenças transmissíveis dos pets para os tutores e vice-versa – mais comuns entre os cachorros são as seguintes:
• bicho geográfico – a doença é causada pelas larvas de Ancylostoma spp, que penetram na pele, provocam muita coceira e podem se alojar em diversos órgãos. É frequente a contaminação nas praias, onde animais infestados defecam e os ovos se espalham na areia;
• larva migrans visceral – causada por larvas de Toxocara spp, que podem penetrar na pele, ou pelos ovos do verme, ingeridos em alimentos mal lavados. O parasita também pode se alojar em diversos órgãos e, se atingir os olhos, pode provocar cegueira;
• dipilidiose – o Dipylidium caninum entra no organismo dos pets através das picadas de pulgas e carrapatos, que também podem afetar humanos. Os cães, quando se coçam, também podem engolir insetos. Os vermes se alojam no intestino delgado. Causa diarreia, desidratação e pode até matar animais muito infestados, especialmente os de pequeno porte;
• giardíase – o Giardia lamblia é um protozoário muito comum em água parada, mas também é encontrado em verduras e legumes mal lavados. Poças d’água recém-formadas, encontradas em um passeio num dia de chuva, não costumam representar perigo. A giardíase causa diarreia e dor abdominal; no médio prazo, pode provocar desnutrição, em função do mau aproveitamento dos alimentos.
Lembre-se: Nossos artigos não visam substituir as orientações dos veterinários. Procure sempre um profissional.