Cachorros gostam de fazer cocô durante o passeio, mas é preciso recolher e descartar no lugar certo.
Alguns tutores não atentam para a importância de recolher as fezes dos cachorros e descartá-las no lugar adequado. A tarefa pode ser desagradável para certas pessoas, mas é fundamental até mesmo para o equilíbrio do planeta.
Não é exagero. Quando se trata de lixo, não há como “jogar fora”: o “fora” não existe. O cocô dos cachorros pode transmitir determinadas doenças, além de atrair insetos e tornar o ambiente desagradável, tanto no aspecto visual, quanto no olfativo.
Os passeios
As caminhadas diárias com os cachorros estão entre as melhores experiências da convivência. Os peludos e os tutores se divertem, descobrem novos caminhos, exercitam-se e fortalecem o corpo, distraem a mente, encontram novos amigos e aumentam a camaradagem e o companheirismo.
Para estes momentos cotidianos se tornarem ainda melhores, basta que os tutores carreguem uma sacolinha de plástico ou papel, para recolher o cocô que os cachorros gostam de fazer quando saem para caminhar.
Os peludos não têm patas, nem consciência de que a vida urbana aumentou tremendamente o volume de lixo produzido a cada dia. Eles não conseguem recolher as fezes e depositá-las na lixeira mais próxima; portanto, a tarefa cabe aos tutores.
Por que eles preferem fazer as necessidades ao ar livre?
É sempre um prazer observar os cachorros correndo, pulando, brincando e explorando o ambiente. Nada mais natural, nesses momentos, que eles se sintam alegres, empolgados e excitados. O ritmo das caminhadas também estimula os movimentos peristálticos dos intestinos e acelera o metabolismo.
O resultado é a liberação mais rápida do cocô, que nada mais é do que a porção dos alimentos que não é aproveitada pelo organismo. Isto não significa que o cachorro não precise defecar em outros momentos do dia – e os tutores precisam organizar um espaço em casa para as necessidades fisiológicas.
Todos os cachorros, com exceção de algumas raras contraindicações dos veterinários, precisam passear diariamente, por 20 ou 30 minutos. As caminhadas devem ter início quando eles ainda são filhotes, alguns dias depois de terem recebido as doses de reforço das vacinas.
Com essa rotina estabelecida, muitos peludos encaram as saídas ao ar livre também como o “momento certo” para fazer cocô. Inclusive por isso, os horários dos passeios devem ser respeitados na medida do possível: eles se acostumam com certas horas e locais.
Outro motivo para fazer cocô na rua é que a maioria dos cachorros urbanos só têm contato com outros peludos no momento do passeio – e este contato é quase sempre indireto: eles farejam as fezes (mesmo que já tenham sido recolhidas) e investigam uma série de pistas sobre quem passou por lá antes deles.
Por meio da urina e das fezes, os cachorros conseguem recolher várias informações sobre os colegas: se são machos ou fêmeas, se são amigáveis, se estavam estressados quando depositaram o xixi e o cocô e até se estão saudáveis ou doentes.
Os cachorros também aprendem, desde muito cedo, que existem lugares certos e errados para fazer as necessidades fisiológicas. Eles são incentivados, por exemplo, a fazer xixi no tapete higiênico (ou no papel jornal) posicionado em um lugar “escondido” – a área de serviço ou um canto do quintal.
Quando acontecem acidentes e não é possível controlar os esfíncteres, quase todos os cães são advertidos pelos tutores. As broncas são naturais: afinal, não é nada agradável encontrar um “presente” no meio da sala de estar. Mesmo assim, gritos devem ser evitados e castigos físicos são impensáveis.
Com isso, os cachorros associam a rua a um “lugar liberado”: é possível fazer xixi e cocô, sem medo de broncas e caras feias por parte dos tutores. E eles podem repetir o gesto várias vezes. É uma forma de dizer: “Eu passei por aqui” e até de sinalizar quem manda no pedaço.
Este comportamento – quase um ritual – é mais frequente nos machos (especialmente nos não castrados), mas também pode ser observado em algumas fêmeas, principalmente as dominantes e ciumentas.
A limpeza
Ao sair para passear, os tutores já devem se municiar com saquinhos plásticos ou de papel impermeável para recolher os dejetos. Trata-se de um ato de cidadania: outras pessoas passarão pelo mesmo local e não precisam ficar expostas ao cocô dos cachorros.
Além do mau cheiro e do visual desagradável, o cocô pode transmitir algumas doenças. É o caso do bicho geográfico, nome popular da larva Migrans cutanea, que coloniza o intestino de cães, gatos e é uma zoonose: pode ser transmitida para humanos.
O bicho geográfico é expelido juntamente com as fezes e os solos secos e arenosos são propícios a manter as larvas viáveis até que um novo hospedeiro as recolha através da pele: outro cachorro, um gato ou uma pessoa que esteja caminhando sem calçados.
Cachorros infestados por vermes intestinais também podem depositar ovos e larvas dos parasitas, que ficam expostos na rua, caso o cocô não seja recolhido. Outros cachorros, ao “inspecionar” as fezes, podem engolir estas formas imaturas, dando início a uma nova verminose.
Alguns vermes, como os ancilostomas, também podem infestar humanos. É difícil imaginar alguém remexendo o cocô de cães e gatos nas ruas, mas acidentes acontecem e é sempre possível cair com a mão (ou a boca) sobre as fezes.
Existem coletores de fezes, que dispensam o trabalho de se abaixar e recolher o cocô. São pazinhas retráteis, que podem ser levadas durante os passeios. Além de mais práticos e confortáveis, esses coletores eliminam o contato direto com as fezes.
Mas não basta recolher o cocô: é preciso descartar o material de forma correta. O ideal é usar sacolas de material biodegradável: o plástico comum demora até 450 anos para se decompor na natureza e nós, humanos, já ultrapassamos a capacidade de regeneração da natureza.
O cocô deve ser jogado em lixeiras destinada ao lixo orgânico, que recebe algum tipo de tratamento na maioria das cidades brasileiras. Isto ainda é insuficiente em boa parte dos casos, mas, ainda assim, é melhor do que descartar as fezes em redes de coletas que enviam o material orgânico diretamente para rios e mares, através de tubulações e emissários submarinos.
Se a consciência ecológica não for suficiente para estimular o hábito de recolher o cocô e descartá-lo em local adequado, vale lembrar que a negligência: deixar o cocô na calçada, no canteiro, na praia, etc. é passível de multa em diversas cidades do país.
Maneiras erradas
Alguns tutores, bem-intencionados, mas mal informados, acabam dando destinos inadequados aos excrementos dos cães e gatos. É o caso, por exemplo, daqueles que enterram as fezes – mesmo em terrenos particulares.
As fezes dos pets podem estar contaminadas com diversos patógenos, que são micro-organismos nocivos à saúde humana, dos animais silvestres e domésticos e aos recursos naturais, como o solo e a água.
O cocô pode conter vírus, protozoários e bactérias, como Giardia lamblia, Salmonella enterica, Toxocara canis, várias espécies de ancilostomídeos, criptosporídeos e ascarídeos. Além disso, as fezes sempre contêm Escherichia coli.
Quando são enterrados, estes micro-organismos podem se manter viáveis por longos períodos. Eles são espalhados (com as chuvas, ventos, acomodações do solo, etc.) e rapidamente contaminam o solo e os depósitos de água subterrâneos. Eles também podem ser transferidos para hortas, jardins e pomares mais ou menos próximos.
Quando as fezes dos cachorros e outros pets são utilizadas em compostagem, o adubo obtido só pode ser utilizado para fertilizar plantas ornamentais (não usadas na alimentação). Os processos são trabalhosos, mas já existem algumas empresas que recebem o cocô dos peludos e garantem uma destinação melhor e mais nobre.
Jogar o cocô no lixo ou na privada pode ser a opção mais viável para os tutores. O procedimento não é inadequado, desde que o local seja dotado de esgoto sanitário e as sacolas sejam biodegradáveis – diversas pet shops oferecem o produto.
O lixo
Todo lixo produzido deve ser descartado de forma adequada. Se o jogarmos pela janela, ele ficará no quintal ou no jardim (ou na calçada em frente ao prédio, para quem mora em apartamento), esperando melhor destino.
O lixo produzido fora de casa também precisa ser recolhido. Ninguém gosta de ir para a praia e deparar-se com restos deixados por outros banhistas. Pontos turísticos muito visitados perdem parte do interesse quando estão poluídos e assim por diante.
Em muitas localidades brasileiras, os cidadãos sofrem com as más condições de recolhimento, tratamento e destinação final do lixo e dos efluentes. É importante cobrar a atuação eficiente das autoridades, mas não é possível “terceirizar” as nossas responsabilidades.