Elas podem até ser comuns, mas longe daqui. Estas raças de cães são raras e desconhecidas.
Todos os cães são lindos, fiéis, leais, amorosos e companheiros – alguns mais, outros menos. Mas algumas raças raras – pelo menos aqui no Brasil – chamam atenção pelas diferenças no tamanho, estrutura, tipo de pelagem, etc.
Eles podem ser chamados de exóticos. De acordo com o dicionário, “exótico” é sinônimo de “estrangeiro”, que tem a mesma raiz de “estranho”. “Exótico” é tudo aquilo que não pertence a um país ou região.
Por esta definição, o poodle francês e o rottweiler alemão são “exóticos” no Brasil. Mas, na nossa lista, exóticas são as raças raras, selecionadas por algumas características que as fazem se destacar de alguma maneira. Conheça alguns cães quase desconhecidos no país.
01. Affenpinscher
Em alemão, “affen” significa “macaco”. Na França, a raça é conhecida como diabolin moustachou, que significa “diabinho bigodudo”. O affenpinscher provavelmente descende de terriers de pelo duro, que cruzaram com griffons belgas.
Os cães da raça foram desenvolvidos para a caça a roedores: o affenpinscher é um rateiro, assim como o yorkshire terrier. Gracioso e muito apegado aos tutores, este cãozinho é extremamente alerta, sendo considerado um bom guardião para residências.
02. Azawakh
A raça foi desenvolvida no Mali e é uma das poucas raças caninas africanas. No seu país de origem, eles são companheiros dos tuaregues, um povo berbere de pastores seminômades. Eles são considerados membros da família.
Elegante, esbelto, esgalgado e bonito, o azawakh é um cachorro corajoso, atlético e ágil, eficiente na caça a antílopes, gazelas e até javalis. Existem registros de cães da raça datados de 1.000 anos. Tendo sido criado como “sloughi” (parente), ele é muito apegado à família.
03. Bedlington terrier
A raça foi apresentada em exposições pela primeira vez em 1870 e provavelmente descende dos cães de ciganos que viviam em Rothbury, no norte da Inglaterra. Bastante velozes, foram usados como caçadores de superfície.
A característica mais chamativa do bedlington terrier é o topete ao longo do focinho, que confere uma cabeça única no mundo dos cães. No corpo, a pelagem varia em quatro colorações. As orelhas também são franjadas, com pelos sedosos nas extremidades.
04. Boiadeiro da Flandres
A raça é oriunda de uma região dividida entre a França e a Bélgica. Estes cães foram desenvolvidos para trabalhar como boiadeiros e tocadores de boiadas. Eles também foram empregados como animais de tração.
Mais recentemente, o boiadeiro da Flandres tem sido usado como cão de guarda, de defesa e policial. As principais características são o olfato apurado, a força e a capacidade de iniciativa. É um cachorro inteligente e muito grande, podendo atingir 69 cm de altura.
05. Cão-lobo da Checoslováquia
Esta é uma raça híbrida, resultante de cruzamentos entre pastores alemães e lobos da região dos Cárpatos, uma cadeia montanhosa no centro e leste europeus. A Checoslováquia foi a união da Eslováquia e a República Checa, que perdurou de 1918 a 1992.
Pesquisadores deste país da Europa central realizaram experimentos nas décadas de 1950 e 1960; estes comprovaram que cruzamentos entre cães e lobos geram descendentes férteis. Em 1982, o cão-lobo foi reconhecido como raça nacional, com as características das duas espécies.
06. Cão d’água português
A raça provavelmente descende de cães árabes, levados para o Algarve há mais de 1.000 anos. Eles são empregados por pescadores há séculos, mas o cão d’água português está cada vez mais raro – tanto em Portugal, quanto no restante do mundo.
Em 1297, um monge descreveu o “salvamento de um marinheiro por um cão peludo e preto, tosquiado até a primeira costela e com um tufo na cauda”. Esta descrição serve para os cães d’água lusitanos atuais, que continuam bons pescadores e mergulhadores.
07. Cão de crista chinês
Este cão já era conhecido durante a dinastia Han (206 AEC – 220 EC). Eles eram maiores e mais pesados, apresentados como guardiães das casas de tesouro chinesas. Eles chegaram ao Ocidente apenas no século 20, mas sumiram por 50 anos, “reaparecendo” na década de 1970.
Há duas variedades: pelado e recoberto por uma fina camada de pelos. Todos estes cães se caracterizam pela famosa crista, um topete de orelha a orelha que se prolonga até o pescoço, além de chumaços nas patas e na cauda. São alegres e agitados, mas adoram colo. Os cães da raça podem se mostrar um pouco teimosos.
08. Cão de lontra
Ou otterhound, é uma raça britânica conhecida há 1.000 anos. O cão de lontra é um provável descendente de bloodhounds, terriers de pelo duro e foxhounds antigos (já extintos). Originalmente, eles eram usados para perseguir lontras, atividade de caça que ocupava o dia inteiro.
Alegres e muito tranquilos, os cães de lontra atualmente são adotados apenas para companhia. Eles são incansáveis e atléticos. Apresentam pelagem resistente ao frio e adoram mergulhar, mas brincar com uma mangueira aberta também os diverte.
09. Cão de ursos da Carélia
É uma raça desenvolvida para a caça de presas de grande porte, na região da fronteira entre a Rússia e a Finlândia. São bastante populares na Escandinávia, famosos pela audição e olfato apurados.
Os cães de ursos são cheios de entusiasmo, bastante independentes, equilibrados, confiantes e um pouco reservados, especialmente com estranhos. São animais corajosos e possuem elevado instinto de proteção. Nos dias “normais”, eles são quietos e tímidos.
10. Cão leopardo de Catahoula
É uma raça americana, desenvolvida na Louisiana. Excelentes caçadores, os cães leopardos são conhecidos pela facilidade com que escalam árvores tão rápido quanto qualquer felino. Erroneamente chamado de Catahoula hound (rastreador), ele é um cur – categoria de cães que assusta e apavora as presas. Cães da raça já foram usados para a caça a javalis.
Estes cães são intensos, ativos, muito protetores. Também são independentes e teimosos. São animais atléticos, que precisam de espaço e muita atividade. Quando ficam muito tempo sem fazer nada, podem tornar-se mal-humorados e até agressivos.
11. Cão pelado mexicano (xolotzcuintl)
É um animal totalmente sem pelos. Muito popular no México, ele também faz sucesso na América Central. Na América pré-colombiana, era dedicado ao deus Xolotl, deidade que acompanha as almas ao submundo.
Mesmo assim, a carne do xolotzcuintl era muito apreciada por astecas e maias; o animal também era empregado em sacrifícios para os deuses. A raça possui duas variedades: standard e miniatura. Estes cães são amorosos, amigáveis e muito apegados à família. Convivem bem com crianças, idosos e outros pets.
12. Catalburun
Esta raça turca é conhecida por ter “dois narizes”. Na verdade, a trufa se divide entre as narinas, que ficam bem separadas. O nome da raça, no entanto, significa “nariz de garfo”. Apesar da característica anatômica, estes cães não apresentam olfato muito apurado.
A raça está classificada entre os molossoides, os cães de maior porte. É provável que o catalburun seja descendente de molossos romanos e assírios. Estes cães são muito amigáveis, apegados com crianças, extremamente protetores. São animais ágeis e precisam de muita atividade física.
13. Cuvac eslovaco
A raça quase foi extinta durante a Segunda Guerra Mundial. O cuvac eslovaco descende de kuvasz (pastores húngaros) e tatras poloneses. Originalmente criados para o pastoreio, atualmente são adotados como cães de companhia.
O cuvac é um cachorro grande, com pelagem vasta e branca, recoberta por pequenas manchas de outras cores. Estes cães são equilibrados e muito afetuosos, apesar de reservados com estranhos. Grandes e peludos, eles são bons companheiros para a família.
14. Dandie dinmont terrier
Este pequeno cão escocês apresenta aspecto nobre: é um dândi moderno. O nome foi inspirado em um personagem do romance “Guy Mannering” (rapaz comportado, em tradução livre), escrito por Walter Scott, publicado em 1815.
Trata-se de um pequeno terrier, um cão desenvolvido para a caça de lontras e texugos. É um cão forte e resistente, mas impressiona principalmente pela tranquilidade e a tolerância (inclusive com crianças). Inteligente e resoluto, não é indicado para tutores principiantes.
15. Griffon da Vendeia
O cruzamento do bloodhound com cães de caça italianos gerou o grande griffon da Vendeia (França), um grandalhão sem muito fôlego e um pouco estabanado, mas divertido e totalmente devotado aos tutores.
Estes cães são farejadores – podem passar horas procurando um rastro – e não gostam muito de correr. Antigos caçadores de animais grandes, como veados e javalis (geralmente por conta própria), atualmente os cães da raça são adotados para companhia, uma vez que não são bons guardiães.
16. Griffon de Bruxelas
Em alguns países, a raça é considerada a mesma dos griffons belgas e dos petit brabançons, mas, na sua terra natal, este cãozinho é nomeado pela cidade de origem – a capital da Bélgica.
A pelagem é mais longa e dura do que a de outros griffons, o que confere aos cães da raça maior resistência aos climas frios, mas, por outro lado, oferece uma expressão um tanto estranha. No filme “Melhor É Impossível”, um griffon de Bruxelas era o melhor amigo do vizinho do personagem de Jack Nicholson, um escritor mal-humorado que precisa servir como pet sitter.
17. Hallstromi
É um híbrido (Canis lupus hallstromi), descendentes de dingos australianos que, levados para Nova Guiné há milhares de anos, cruzaram indistintamente com cães locais. Livres da influência de outros canídeos durante milênios, desenvolveram características únicas.
Uma delas é a vocalização bastante melódica, que lhes valeu o nome de cães cantores de Nova Guiné. Atualmente, estão sendo adotados como cães de companhia, como parte do esforço para preservação da espécie. Dotados de inteligência notável, eles estão começando a aparecer em exposições e competições internacionais.
18. Lagotto romagnolo
Apesar de parecerem bichos de pelúcia, os lagottos são bons trabalhadores, atuando na caça de patos, na coleta de trufas e no resgate de caça miúda. Apesar da origem italiana, eles são bastante populares na Escandinávia e na Grã-Bretanha.
A pelagem curta, lanosa e à prova d’água fica mais clara com a idade. O lagotto da Romagna (região do norte da Itália) é classificado como de adestramento difícil. Mas, como não perde pelos em nenhuma época do ano, vem conquistando adeptos especialmente entre pessoas alérgicas.
19. Lancashire heeler
Apesar de pequeno, baixinho e atarracado, o Lancashire heeler foi desenvolvido para a condução de gado. Estes cães são famosos pela lealdade – “heeler”, em inglês, significa “homem de confiança”. Originário da Inglaterra, está classificado pelo The Kennel Club como raça nativa vulnerável – ele corre o risco de desaparecer.
A pelagem dura e lisa, com subpelo, ajuda a manter o Lancashire heeler seco o tempo todo. Os cães da raça podem formar um pequeno colar de pelos durante o inverno. Estes cães são divertidos, brincalhões, comunicativos e bons companheiros. São animais barulhentos.
20. Lapphund sueco
É uma raça escandinava conhecida há sete mil anos. O lapphund foi desenvolvido para o pastoreio e guarda de renas. A criação entrou em declínio no século 20, mas, a partir dos anos 1960, alguns criadores reavivaram a raça e fixaram o padrão atual.
O lapphund sueco está sempre atento, é vivaz, atento e gentil. A aparência é bastante primitiva, com a pelagem preta longa, espessa e um pouco desgrenhada. Os cães são afetuosos e adoram crianças, convivendo tranquilamente com outros pets. São perfeitos animais de companhia.
21. Leonberger
Os cães da raça figuram entre os boiadeiros suíços. Nativo do sul da Alemanha, o leonberger foi desenvolvido há pouco mais de 120 anos, para servir como companhia e proteção para famílias moradoras em fazendas – que estão cada vez mais raras na Europa central.
A raça quase foi extinta durante a Primeira Guerra Mundial. Os poucos sobreviventes foram recolhidos por dois criadores, que salvaram o leonberger em cruzamentos seletivos. Estes animais são gentis e dóceis, sendo muito empregados como cães terapeutas.
22. Löwchen
Conhecido como pequeno cão leão na França, é um descendente dos barbichons (bichons) do sul da Europa. A pelagem farta nas orelhas, mandíbula, peito, cauda e patas confere a aparência “leonina” aos cães da raça.
A pelagem é fina, formando plumas nas patas e na ponta da cauda, tornando o löwchen um cachorro bonito, mas que requer cuidados estéticos por parte dos tutores. É um cãozinho amigo e muito corajoso, que chega a desafiar animais maiores para defender a família.
23. Mastim napolitano
Parente próximo do carne corso e descendente do molosso romano, o mastim napolitano impressiona pelo porte e pelo tamanho da cabeça – a maior entre os cães. A raça quase desapareceu no século 20, mas foi resgatada por criadores a partir da década de 1950.
O mastim napolitano pode pesar até 70 kg. Os cães da raça são descritos como fiéis, equilibrados e devotados aos tutores, apesar da face carrancuda. São animais pacientes e dóceis, podendo atuar como companheiros de crianças e outros pets.
24. Mastim tibetano
Ele acompanhou povos nômades da Índia, China, Nepal e Tibete durante algumas centenas de anos. Imenso e peludo, inicialmente foi empregado como cão de pastoreio. Com a sedentarização, passou a cuidar de rebanhos em fazendas.
Atualmente, o mastim tibetano é adotado principalmente como cão de companhia, mas ainda é guardião de rebanhos, mosteiros e aldeias. No norte da Índia, ele continua sendo um fiel protetor do gado contra os leopardos-das-neves, mas, na China, ter um cão desses é sinal de status.
25. Mudi
É um cão húngaro, de origem incerta. Provavelmente, descende de pastores alemães que foram introduzidos na Hungria em algum momento do século 19. São cães de porte médio, sempre com as orelhas eretas, em sinal de atenção e alerta.
A pelagem do mudi chama atenção pelas ondas formadas em camadas por todo o tronco: é um cão estruturado. Sempre vigilante, o mudi é considerado um dos cachorros mais inteligentes e gosta muito de aprender. Pode servir como cão de guarda, porque é vigilante e corajoso, apesar de um pouco territorialista.
26. Pastor bergamasco
A raça foi desenvolvida em Bérgamo, uma cidade na região da Lombardia, norte da Itália. Trata-se de um cão de guarda e pastoreio: o pastor bergamasco é fiel, inteligente, esforçado, resistente e dócil com a família.
O pastor bergamasco é um animal de porte médio, que exibe estrutura robusta e musculosa. O pelo dos cães da raça apresenta-se em três camadas e eles chamam a atenção pela franja encrespada, que protege os olhos nos dias frios e nevados. O bergamasco faz sucesso na Inglaterra, país patrono da raça.
27. Pastor caucasiano
Também chamado de mastim do Cáucaso, é uma raça desenvolvida entre o mar Negro e o mar Cáspio para a guarda de propriedades. Na Rússia imperial, estes cães foram empregados no controle de penitenciárias.
Grande, forte e poderoso – ele pode atingir 70 kg –, o pastor bergamasco parece ainda maior por causa da pelagem espessa, com subpelo para proteger contra o frio. Os cães da raça não são bons caçadores, mas adoram proteger a família – inclusive crianças e outros animais de estimação.
28. Pequeno cão russo
É uma das menores raças do mundo, maior apenas que o chihuahua. Muito popular como cão decorativo no início do século 20, a raça quase desapareceu depois da Revolução Russa, mas voltou a ser o “queridinho” a partir da década de 1950.
O pequeno cão russo não ultrapassa 26 cm de altura e 3 kg de peso. É um cão amável, inteligente e muito amigo de toda a família. Apesar de nunca ter atuado como cão de trabalho, é extremamente atento e vigilante, servindo como um bom alarme nas residências.
29. Saluki
A raça surgiu no Oriente Médio, provavelmente a partir de cruzamentos entre antigos galgos egípcios e asiáticos. No Egito antigo, aliás, cães parecidos aparecem em gravações, onde eles eram considerados “cães reais”. Eles eram tão importantes que alguns exemplares foram encontrados mumificados em tumbas de faraós.
Provavelmente, o saluki é a raça de cães domesticados mais antiga do mundo e continua fazendo sucesso em torno do Mediterrâneo. Trata-se de um cão veloz e muito ágil, mas, ao contrários de outros galgos, como o greyhound e o whippet, não é nem um pouco popular no Ocidente.
30. Spitz dos visigodos
É um cãozinho atarracado e de pernas curtas, desenvolvido na Suécia. Provavelmente, ele descende dos ancestrais do corgi galês, tendo sido levado para a Escandinávia pelos vikings há mais de mil anos.
Apesar do porte pequeno – o spitz dos visigodos raramente ultrapassa os 16 kg – este cão é atlético, determinado, corajoso e vivaz. É um dos campeões em esportes como agility na Europa, mas é quase desconhecido fora do continente.