Praticamente todos os cães, mesmo os mais teimosos, persistentes, independentes e mal-humorados, são afetuosos, amigáveis e brincalhões em alguns momentos do dia. Mas algumas raças, seja pelo tamanho, seja pela elegância, parecem ter sido criadas para serem abraçadas imediatamente.
Não é por acaso: humanos e cachorros se aproximaram por motivos práticos: segurança e caça mais abundante para todos. Mas, há muito tempo, os nossos melhores amigos demonstraram grande capacidade de adaptação.
Cães e abraços
Eles não só aprenderam diversos outros ofícios, mas revelaram determinadas características que os tornaram apaixonantes: fidelidade, amizade incondicional, atenção e afeto. Os cachorros aprenderam até mesmo a mudar a expressão fisionômica para sinalizar a lealdade e o carinho.
Orelhas se levantam, testas se enrugam, cabeças se inclinam para os lados. Tudo isso, ao lado do comportamento gregário – cães e humanos precisam viver em grupos – tornou os peludos irresistíveis, cheios de charme, prontos para abraços e lambeijos a qualquer momento.
Mesmo assim, algumas raças de cães se destacam. Ao ver um destes peludos, é impossível não se aproximar para abraçar e fazer cafuné. E, mesmo não sendo recomendado, muitas pessoas não resistem, param nas ruas e fazem festa até mesmo para animais desconhecidos.
Todas as raças caninas realmente merecem ser bem tratadas, mas há alguns cães que se destacam nos mimos e paparicos. Vamos conhecer algumas características destes animais irresistíveis, que também adoram chamego, abraços e beijos dos tutores.
01. Affenpinscher
A aparência assusta à primeira vista. O affenpinscher tem a pelagem longa e rígida, barba e bigodes escondem o rosto, olhos muito grandes (para o porte) e passa boa parte do tempo fazendo palhaçadas. Talvez por isso, não é possível aproximar-se sem interagir imediatamente com ele.
O affenpinscher é um cachorro de pequeno porte, nativo do sul da Alemanha, onde sempre foi adotado como animal de companhia. É uma raça antiga, que figurou nas xilogravuras de Albrecht Dürer, no século 15.
“Affen” significa macaco, em alemão – a raça realmente apresenta feições simiescas. Ele também é conhecido como zwerg affenpinscher (cachorro macaco anão) e, na França, como diablotin moustachu (diabinho bigodudo). Gracioso, muito apegado aos tutores, inteligente e sempre disposto a brincadeiras e carinhos, este cão está sempre pronto para partir para os abraços.
02. Bichon frisé
Pequeno, alegre, de movimentação fácil e solta, o bichon frisé atrai a atenção de todos por causa da pelagem branca, densa e enrolada. A tosa clássica valoriza e realça as curvas, mas estes cães podem ficar com os pelos longos (é preciso escová-los diariamente) e, no verão, usar o estilo carequinha, que aumenta ainda mais o charme.
Os primeiros cãezinhos foram levados da Itália para a França no final da Idade Média europeia. Como eram muito parecidos com o barbet (o ancestral do poodle), passaram a ser chamados de barbichons, em função dos pelos da face.
A raça se tornou popular rapidamente, especialmente para companhia. No período de Napoleão 3º (1808-1873), o bichon frisé, então chamado de tenerife, era o preferido da corte. Ele guardou algumas características da nobreza: a cabeça é portada alta, realçando os olhos escuros e expressivos, que, com a trufa preta, formam três pontos pretos na pelagem branca.
Os cães da raça são agitados e brincalhões, mas latem pouco e nunca se mostram ansiosos, muito menos agressivos. Eles se adaptam facilmente a qualquer ambiente, mas preferem espaços internos. Apesar da pelagem densa, o bichon frisé é considerado hipoalergênico, por soltar poucos pelos no ambiente.
03. Border collie
A raça é uma velha conhecida dos humanos. O border collie descende de cães nórdicos levados para a fronteira da Escócia com a Inglaterra pelos vikings, que dominaram as Ilhas Britânicas a partir do final do século 8º. A raça ocupa a primeira posição no ranking do psicólogo americano Stanley Coren publicado em “A Inteligência dos Cães”, uma espécie de bíblia do adestramento dos cachorros.
A inteligência e facilidade para obedecer e para aprender novos truques é apenas parte do charme do border collie, um cão muito bem proporcionado, de contorno suave que denota equilíbrio e graça: ele é um exemplo de cachorro elegante.
Trata-se de uma raça de porte médio. O border collie é persistente, trabalha duro e é extremamente sociável. É um dos principais campeões em competições de agility e obediência, exigindo exercícios físicos e desafios cognitivos diariamente.
Bonito, perspicaz, receptivo e sempre alerta, o border collie atrai principalmente os amantes de cães ágeis e brincalhões. Ele pode ser criado em espaços pequenos, mas, neste caso, é preciso levá-lo para longos passeios pelas redondezas. Trata-se de um cachorro extremamente simpático.
04. Chow-chow
Ele é desconfiado e teimoso, mas os desafios nos relacionamentos apenas aumentam o prazer de conviver com um cão da raça. O chow-chow é indicado para tutores mais experientes, uma vez que pode se tornar indolente e agressivo se não receber o adestramento adequado.
Ao lado do shar-pei, o chow-chow é o único cachorro com língua azul – mais uma exclusividade da raça. Nativo da China, onde é criado há milênios, ele só foi descoberto pelo Ocidente no século 19, com a expansão do império britânico.
O chow-chow é ativo, compacto, bem equilibrado e de aspecto leonino. O porte altivo o torna uma grande mascote – ele se parece com um imenso bicho de pelúcia. Quando é bem adestrado, este cão se mostra calmo, leal e um pouco reservado – uma característica que estimula os abraços e carinhos.
Ele pode ficar sozinho por períodos mais ou menos longos, já que sempre encontra alguma atividade: curioso e alerta, o chow-chow é também um excelente guardião. A fama de bravo reflete mais a atitude do tutor do que o temperamento da raça.
05. Dálmata
É uma raça antiga, originária dos Bálcãs. Uma pintura do início do século 17, exposta em uma igreja na costa da Croácia (a Dalmácia), mostra um grupo de dálmatas junto a Nossa Senhora e o Menino Jesus. Descrições detalhadas sobre o dálmata aparecem em diversos livros já no século 18.
O dálmata é um cachorro de porte grande (altura média de 60 cm na cernelha), mas, em alguns momentos do dia, pode parecer um cãozinho de colo. Extremamente elegante, com o corpo retangular, forte e musculoso, finalizado com uma cabeça prismática adornada por orelhas pendentes, a atração maior fica por conta das manchas pretas ou cor de chocolate (fígado) espalhadas por todo o corpo.
A partir do final do século 18, o dálmata se tornou popular em toda a Europa. Ele era adotado como “cão de carruagem” – seguia ao lado e à frente dos carros, para abrir passagem. É um cão agradável e amigável. Nunca se mostra tímido, ansioso, agressivo nem hesitante.
Dotado de faro apurado, ele mantém o instinto de caça dos cachorros. O dálmata gosta muito de atividades ao ar livre, inclusive na água: é um dos campeões em natação e mergulho. Revela comportamento independente, mas sempre reserva momentos especiais para um agrado com os tutores.
06. Golden retriever
Entre os cães de grande porte, ele é o mais popular no Brasil, ao lado do retriever do Labrador. O golden retriever é inteligente, obediente, trabalhador e muito confiável. Ao mesmo tempo, é um companheiro brincalhão, divertido, ágil e extremamente fiel.
O golden retriever foi desenvolvido na Inglaterra, no século 19, a partir de cruzamentos seletivos. O objetivo era a obtenção de um cão de caça obediente, tranquilo e fácil de treinar. Com estas características, estes peludos também são empregados com êxito como guias de pessoas portadoras de deficiência e terapeutas em hospitais, casas de repouso e orfanatos.
A pelagem longa e lisa do golden retriever é um dos seus atributos mais atraentes. A expressão fisionômica, descrita como meiga e amigável, parece ser um convite permanente para as brincadeiras, correrias e longas sessões de cafuné.
A grande maioria destes cães é formada por atletas. Eles são altamente energéticos e demandam longas caminhadas e exercícios físicos intensos. Eles convivem bem com crianças e adultos, parecem entender as limitações dos parentes e estabelecem relacionamentos diferenciados.
07. Lhasa apso
Pequeno, peludo e barulhento, o lhasa apso é nativo do Tibete, onde se tornou um dos principais companheiros dos monges isolados nas montanhas do Himalaia. O pelo longo, denso e cerrado é um reflexo do clima frio do seu país de origem. As franjas compridas servem para proteger os olhos das correntes de vento.
O lhasa apso é seguro e autoconfiante. O contato constante com humanos tornou estes cães sociáveis, brincalhões, inteligentes e sensíveis. Por outro lado, eles também são excelentes cães de guarda – pelo menos, para latir caso percebam que alguma coisa está errada.
O cãozinho adora brincadeiras e está sempre rondando os parentes. O lhasa apso goza de excelente saúde, sem doenças genéticas prevalentes. Por isso, pode chegar aos 15 ou 16 anos com o vigor de um adolescente. A lealdade e a disposição para interagir tornam este cão um excelente companheiro, em qualquer situação.
08. Lulu da Pomerânia
Tecnicamente, o lulu da Pomerânia é uma variedade do spitz alemão (as demais são o keeshond ou spitz lobo e o spitz propriamente dito, que se apresenta nos tamanhos grande, médio e pequeno). O lulu é, portanto, um spitz alemão miniatura (ou anão).
O spitz alemão é a raça mais antiga da Europa central. Eles descendem de um ancestral da Idade da Pedra, o Canis familiaris palustris), uma espécie que se miscigenou com o cachorro doméstico. O lulu da Pomerânia é o menor da família e se destaca pela beleza da pelagem, especialmente o rufo ou juba, que ostenta ao redor do pescoço.
A cauda espessa é portada sobre o dorso, conferindo um aspecto atrevido ao lulu da Pomerânia. A cabeça de raposa e as orelhas pontudas sempre eretas informam que os cães da raça são bons guardiães e estão sempre atentos a tudo que acontece ao redor.
Além de estar sempre alerta, o lulu da Pomerânia é alegre, sociável e totalmente devotado aos tutores. É um cão robusto e longevo, apesar do porte aparentemente frágil. Animado, ágil e brincalhão, ele faz sucesso por onde passa: é impossível resistir ao charme do zwergspitz (spitz anão, em alemão).
09. Old english sheepdog
Não são apenas os pequenos que merecem abraços. O old english sheepdog (antigo cão pastor inglês) é grande, forte e pesado. Apesar da aparência rústica e resistente, os pequenos olhos parecem demonstrar carência e necessidade de proteção.
Se fosse possível, o sheepdog seria carregado no colo pelos tutores. Os antepassados da raça já trabalharam bastante como pastores, afastando lobos e ursos dos rebanhos de ovelhas britânicos, mas os cães atuais são basicamente companheiros: eles não são bons cães de guarda, nem se destacam pela atividade física.
O sheepdog é um cachorro quadrado, de estrutura harmoniosa e constituição robusta. Ele é totalmente revestido pela pelagem abundante, inclusive na cabeça: uma franja protege os olhos claros (e, por isso, não deve ser aparada rente). Ele é musculoso e atarracado. O jeito brincalhão e um pouco desengonçado completa a aparência que atrai especialmente os tutores.
10. Pastor de Shetland
Ele se parece com uma miniatura do rough collie – aliás, o pastor de Shetland é um dos ancestrais da raça que tem a Lassie como principal representante. Os ancestrais foram levados da Escócia para o arquipélago de Shetland, 600 km ao norte, para o controle de ovelhas.
Estes cães são excelentes pastores e mantêm algumas características: são desconfiados e tímidos com pessoas desconhecidas, um comportamento determinado pelos longos períodos que passam apenas na companhia do gado ovino. Mesmo assim, o pastor de Shetland é gentil e muito afetuoso com os tutores.
Atualmente, o pastor de Shetland é conhecido no mundo inteiro – e quase sempre adotado para companhia. Apesar de forte e ativo, ele não apresenta os traços rústicos comuns aos cães de trabalho. O fator mais atraente é a pelagem abundante, com juba e babado.
Reservado com estranhos, mas nunca ansioso nem agressivo, o pastor de Shetland é extremamente amigável e afetuoso com os tutores. O pequeno porte (37 cm e 7 kg) é um convite para colo e carinho. Os cães podem ter pelos tricolores, bicolores ou azul merle (cinza marmorizado com preto). Inteligente, elegante e bonito, este cão é irresistível.
11. Poodle
É uma das raças mais populares no mundo inteiro e, apesar da aparência aristocrática, o poodle é um cão de trabalho: originalmente, ele era usado para recuperar aves abatidas em voo, que desabavam nas frias lagoas da Alsácia-Lorena, região francesa na fronteira com a Alemanha.
A tosa clássica do poodle é derivada da atividade original. Os criadores precisavam garantir o equilíbrio térmico em áreas estratégicas, como o topo da cabeça, o peito e as articulações. Como a pelagem do poodle é densa e crespa, a solução foi raspar quase todo o corpo.
A raça é conhecida pela inteligência e pela facilidade de treinamento. O poodle foi um dos primeiros cães a trabalhar nos circos europeus, apresentando truques como andar sobre as patas traseiras, pilotar patinetes e até mesmo saltar através de aros incendiados.
A alegria, no entanto, ficava restrita às apresentações. No dia a dia, os cachorros (e todos os outros animais) eram submetidos a tratamento degradante e cruel, fato que levou à proibição da exibição de animais em espetáculos circenses em quase todo o mundo.
O poodle conseguiu sobreviver e, hoje em dia, apresenta as suas habilidades apenas para a família e os amigos, em casa, com todo o conforto. É um cachorro brincalhão, carinhoso e fiel, que acompanha os tutores tanto na corrida, quanto na soneca depois do almoço. São quatro variedades: grande, médio, pequeno e miniatura (toy). Todas elas apresentam as mesmas características e proporções, sem sinais de nanismo.
12. Puli
É mais um cão pastor, muito parecido com o komondor, também exibindo longas tranças ao melhor estilo rastafári. A diferença principal está no tamanho: o puli mede cerca de 40 cm de altura, atingindo no máximo 15 kg.
Acredita-se que o puli tenha sido levado para a Europa central no século 9º, quando os magiares, povo que habitava os montes Urais, deslocaram-se para a região dos Cárpatos. A raça é um símbolo da Hungria.
O puli é um cachorro de porte médio, com constituição forte, quadrada e fina: o corpo é magro, mas bem musculoso. A pelagem, característica mais atraente da raça, é bem desenvolvida até mesmo na cabeça, onde os caracóis e cordões formam uma silhueta arredondada – os olhos ficam quase sempre encobertos. A cauda, bem recoberta, é portada sobre o dorso, dando impressão de uma elevação na linha superior.
Os cães da raça são altamente energéticos e quase não param, a não ser para dormir ao lado dos tutores, entre afagos e cuidados. O puli é um cão esportivo, que precisa de exercícios físicos diários. Os pelos também dão bastante trabalho, sendo recomendado levá-lo à pet shop para banhos e tosas.
13. Rough collie
Também conhecido como collie de pelo longo, ele se tornou popular no mundo inteiro com “Lassie”, um seriado americano de TV que apresentava as aventuras de uma cachorra da raça. Apesar da elegância desta representante, o rough collie é um cão boiadeiro.
Ele provavelmente descende de cães nativos da Escócia, que acasalaram com animais levados pelos legionários romanos, nos séculos 2º e 3º. Tecnicamente, collies de pelo longo e curto são apenas duas variedades da mesma raça.
Os cães da raça são conhecidos pela beleza. Eles também são reservados, o que fornece um certo ar aristocrático. Não há desproporções na estrutura anatômica do rough collie. A raça é descrita como potente e ativa, mas sem traços de rusticidade.
O rough collie é mais um exemplo de que cães de grande porte também podem ser abraçáveis e beijáveis. Majestosos e imponentes, estes cachorros também são companheiros, simpáticos, brincalhões e grandes companheiros, sem revelar agressividade, timidez ou nervosismo.
14. Samoieda
Também de porte grande e imponente, o samoieda é conhecido como “a babá do Ártico). O nome é derivado de um grupo étnico que habitava o norte da Sibéria. Estes cães são totalmente brancos, uma característica comum às raças caninas que se desenvolveram próximas ao Círculo Polar Ártico (mais ao sul, é possível identificar cães bicolores e tricolores, como os huskies siberianos).
O samoieda foi empregado como cão de caça e de tração, puxando trenós com toneladas de mercadorias através da Sibéria. O povo que criou a raça, no entanto, tinha o costume de manter os cachorros próximos aos humanos, fato que determinou o temperamento dócil e amigável.
Em função do frio extremo da região que domina a região durante o ano inteiro, os samoiedas, grandes e peludos, sempre foram usados como “aquecedores naturais”: eles dormiam com a família e todos aproveitavam o conforto térmico.
Os bebês eram mantidos ao lado dos cães que estavam “de folga do trabalho”, o que determinou outras características importantes da raça, como gentileza e afeto em relação às crianças menores, pelas quais eles se sentem responsáveis. Quem estiver precisando de uma babá, pode adotar um samoieda para aquecer os bebês nas noites frias.
15. Shih tzu
O nome é tibetano é significa *cão leão que nunca desiste”. A raça foi criada no Tibete, mas aprimorada na China, onde o shih tzu foi recebido como mascote nos palácios imperiais. A China se tornou uma república em 1912, quando as relações do país com a Europa se intensificaram.
O shih tzu é um exemplo perfeito de cachorro que merece ser abraçado: ele é pequeno, peludinho, fofo e parece desprotegido. Mas ele, na verdade, é um cachorro robusto, bem proporcionado, com ar distinto, até mesmo um pouco “arrogante”.
Uma das características mais atraentes da raça é o chamado “visual de crisântemo” na cabeça, permitido pelos tufos de pelos na cabeça, que crescem para cima, tanto no topo do crânio, quanto na ponte nasal.
O shih tzu é um cachorro esperto e inquieto. Ele é muito apegado aos tutores, mas a grande curiosidade, aliada ao tamanho reduzido, pode metê-lo em pequenas encrencas no dia a dia que, na maioria das vezes, causa mais risadas do que sustos.
Dócil e muito companheiro, o shih tzu se apega aos tutores logo nos primeiros dias de convivência. Ele adora brincar com crianças, apesar de atividades tranquilas, de baixa intensidade. Ele também recebe bem as visitas e convive sem problemas com outros pets.