Cachorro com dor pode tomar remédio? Qual medicamento dar para aliviar o peludo?
Quem tem um cachorro em casa sempre se preocupa com a saúde e o bem-estar do peludo. Como todos os seres vivos completos, eles também têm dias ruins, com dores e desconfortos. Então, surge a dúvida: que remédio eu posso dar para o meu cachorro que está com dor?
As dores caninas não devem ser ignoradas nem negligenciadas. Elas podem resultar de diversas causas, desde um trauma leve até a ingestão de objetos estranhos, passando por uma longa série de doenças.
O ideal é manter uma rotina de visitas ao veterinário, para que o profissional possa avaliar o estado geral de saúde, de acordo com as informações dos tutores e, quando necessário, com os resultados de exames de imagens e de laboratório.
No dia a dia, inclusive em função da gulodice e da curiosidade dos cachorros, também podem ocorrer desconfortos e dores. Existem analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos específicos para os cães, mas em geral os princípios ativos são os mesmos empregados para combater os incômodos dos humanos.
O motivo principal é que os medicamentos veterinários quase sempre são mais caros e podem não estar disponíveis em algumas localidades. Até mesmo o veterinário pode receitar alguns remédios comuns na farmacinha doméstica. O grande cuidado é com as doses e o tempo de tratamento.
Os remédios específicos para cachorros
Uma série de princípios ativos farmacêuticos tem sido analisada para uso em cachorros, nos casos de dores e desconfortos. A dipirona é um dos ingredientes que está presente tanto em remédios para cães, quanto para humanos.
Os mais indicados para os peludos são os seguintes:
• carprofeno – é um analgésico e antipirético (indicado em casos de febre), utilizado em traumas e problemas osteoarticulares. Também é indicado para os gatos (em dose única, porque a meia-vida do produto é muito longa para a espécie). Deve ser dado com cautela para cães com problemas renais ou hepáticos;
• cetoprofeno – é um remédio não esteroidal (AINE), que age inibindo a ação de algumas enzimas responsáveis pela fase vascular das inflamações. O cetoprofeno, que apresenta rápida ação terapêutica, possui ação anti-inflamatória, analgésica e antipirética;
• meloxicam – é outro AINE, com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. A administração mais comum é em períodos curtos (como no pós-operatório, inclusive da castração, por exemplo);
• firocoxib – mais um AINE, aprovado para ser dado para cachorros e cavalos. É indicado para problemas ósseos e articulares, inclusive osteoartrite. O remédio também é usado para alívio da dor no pós-operatório, principalmente em cirurgias de tecidos moles;
• enrofloxacino – indicado para infecções urinárias e renais, principalmente as causadas por bactérias. O remédio também é receitado em casos de infecções de pele, otites, osteomielites e para aliviar a dor em alguns casos de pneumonias;
• doxiciclina – antibiótico de largo espectro, é ministrado também em alguns casos de parasitas. A doxiciclina é indicada no tratamento de doenças do trato respiratório, dos olhos e das vias urinárias. O remédio está disponível em comprimidos e injeções;
• dexametasona – é um anti-inflamatório esteroide. Usado em alergias, dermatites, otites, eczemas, poliartrite, síndromes articulares, furunculoses, além de outros problemas inflamatórios. A droga possui alto índice imunossupressor e deve ser ministrada com cuidado.
Todos estes remédios são receitados apenas por veterinários. Apesar de terem sido testados e serem comprovadamente seguros para uso em cães, existem contraindicações específicas, no caso de cadelas grávidas ou lactantes, idosos, animais com deficiências imunológicas, etc.
Os recomendados e os proibidos
Lembrando sempre que o ideal é contar com a supervisão e a orientação de um veterinário quando os cachorros estão demonstrando dor e desconforto, inclusive para definir a posologia, dosagem e intervalos.
A dipirona, princípio ativo de diversos remédios para humanos, é uma opção para ser dada quando o cachorro está sentindo dor. Há opções em comprimidos e em gotas, o que facilita ministrar o remédio, de acordo com as características de cada peludo.
A dipirona é indicada para o alívio dos sintomas de febre e dores moderadas. Nos casos mais graves, apenas o veterinário pode indicar a medicação e a dosagem necessária. Mas, apesar de a droga ser bastante popular no Brasil, ela é proibida em alguns países, como EUA, Austrália e Japão.
O motivo é que alguns ensaios clínicos indicam que o ácido acetilsalicílico pode comprometer o sistema imunológico, especialmente em pessoas com histórico de imunodepressão. Portanto, é preciso usar o AAS com muita cautela e, persistindo os sintomas, levar o peludo para o médico.
Alguns remédios são totalmente contraindicados para os cachorros, seja porque eles não resolvem o problema, seja porque ocorrem efeitos colaterais que, muitas vezes, são mais intensos e nocivos do que a dor inicial.
A regra é simples. Da mesma forma que não usamos medicamentos veterinários para tratar as nossas dores e desconfortos, os cachorros também não devem receber remédios humanos. Alguns têm os mesmos ingredientes farmacêuticos, mas outros são terminantemente proibidos:
- anti-inflamatórios – piroxicam, diclofenaco e ibuprofeno;
- antissépticos para vias urinárias – metenamina e fenazopiridina;
- analgésicos – paracetamol e ácido acetilsalicílico (AAS);
- qualquer tipo de enxaguante bucal;
- descongestionantes nasais;
- antidepressivos.
A maioria dos medicamentos humanos, que usamos no cotidiano para combater pequenas dores, é formulada com componentes tóxicos para os cães, especialmente para os de pequeno porte (pelo mesmo motivo, os gatos não devem receber esses remédios).
No caso do ibuprofeno, doses superiores a 5mg por quilo de peso corporal já são consideradas perigosas. Entre as marcas encontradas nas farmácias, algumas possuem até 400 mg da substância, o que as tornam contraindicadas para qualquer peludo com menos de 80 kg.
O paracetamol, princípio ativo de vários remédios que podem ser adquiridos sem receita médica, é igualmente prejudicial, especialmente pelo efeito potencial de danos aos órgãos abdominais, notadamente estômago e intestino.
Por causa das diferenças fisiológicas e metabólicas entre humanos e cachorros, o paracetamol não consegue ser absorvido pelo fígado, gerando lesões graves mesmo em dosagens mínimas. O uso prolongado também afeta a produção de glóbulos vermelhos.
O ácido acetilsalicílico, tanto na versão pediátrica quanto para adultos, também não é processado pelo organismo dos cachorros, que não produz uma enzima necessária para a metabolização do AAS.
Os remédios dados aos cães exigem supervisão firme por parte dos tutores. É preciso ficar atento a eventuais efeitos colaterais, inclusive em função de interações com outros medicamentos. Algumas dores e incômodos podem ser tratados em casa, em doses mínimas.
No entanto, em caso de tratamentos mais prolongados, é importante contar com o apoio de um veterinário. Inclusive, é difícil descobrir os motivos das dores de um cachorro: por exemplo, ele pode aparecer mancando apenas porque machucou um dedo, mas os motivos podem ser bem mais sérios, como uma luxação ou fratura.
As farmacinhas caseiras naturalmente precisam ficar fora do alcance dos cachorros, porque eles certamente se interessam pelas embalagens brilhantes e podem acabar ingerindo alguns comprimidos por conta própria.
Nestes casos, os tutores devem entrar em contato com o veterinário, preferencialmente com a embalagem do medicamento à mão. Caso a ingestão tenha sido volumosa, especialmente entre os cães pequenos, os filhotes e os idosos, é preciso correr para o consultório.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.