Cuidar dos pets é a preocupação dos tutores. Mas, qual é o melhor alimento para os cães?
A alimentação é um fator importante na criação de cães. Uma boa nutrição, variada e nas quantidades corretas, garante desenvolvimento físico adequado e manutenção da saúde e da qualidade de vida dos pets, ajudando a prolongar a longevidade.
Recebendo o melhor alimento nos horários certos, os cães também se tornam mais equilibrados e têm fortalecidos os vínculos com os tutores: além de bem nutridos, os pets se tornam mais obedientes, centrados e amorosos.
No entanto, muitas pessoas se perguntam qual tipo de comida escolher. Afinal, o mercado disponibiliza algumas dezenas de opções – e, na propaganda, todas parecem ser excelentes escolhas. Afinal, qual é o melhor alimento para os cães?
As rações
Até por volta da década de 1980, os tutores brasileiros não tinham muitas dúvidas sobre o melhor alimento para os cães: na imensa maioria das residências, a opção sempre recaía sobre os restos da mesa dos humanos – e alguns ossos trazidos do açougue.
Dar a nossa comida para os pets não é uma boa ideia. Além de não sair mais barato – os cães irão comer tudo o que necessitam de qualquer maneira, aumentando as despesas da família – este alimento é prejudicial à saúde. Assim, a economia no supermercado é desfeita nas contas do veterinário e da farmácia.
Nos últimos 40 anos, surgiram diversas rações. Os primeiros produtos não tinham muitas qualidades para oferecer aos consumidores. Eram formulados com ingredientes de má qualidade (quase sempre, restos da indústria alimentícia). Para piorar a situação, as rações eram cheias de aditivos sintéticos para prolongar o prazo de validade.
Além disso, muitas rações eram desenvolvidas levando em conta vontades e necessidades humanas – e não dos cachorros. Flocos coloridos, em formatos diferentes, nada melhoravam o sabor, aroma e aspecto da comida para os pets. Os tutores, no entanto, ficavam impressionados com as várias cores e os grãos em forma de estrelas, ossinhos, etc.
As gerações seguintes das rações foram mais bem aprimoradas. Os ingredientes passaram a ser selecionados, as condições de higiene e manuseio tiveram de se ajustar a algumas regras e nutricionistas especializados em animais foram chamados para definir os nutrientes necessários.
Surgiram, então, produtos nomeados como rações “premium” e “super premium”.
Estes últimos podem ser considerados “o melhor alimento para os cães”. Apesar da imensa variedade de tipos e embalagens, as rações super premium têm em comum:
- a seleção de ingredientes de qualidade. Mesmo que, para os parâmetros humanos, ossos, pele e vísceras não sejam considerados iguarias, o fato é que os ingredientes são suficientes para satisfazer a todas as necessidades nutricionais dos pets;
- regras rígidas e controle da produção. No Brasil, a fiscalização dos métodos produtivos de produtos para cães está a cargo do Ministério da Agricultura, que avalia periodicamente não apenas os ingredientes, mas as máquinas empregadas, as regras de higiene dos operários, o controle da temperatura e iluminação da linha de produção, etc.;
- ausência de aditivos sintéticos. A maioria destes produtos químicos apenas altera a cor e a aparência dos alimentos, além de prolongar artificialmente o frescor por alguns meses. No caso das rações, substâncias tóxicas, potencialmente cancerígenas e que não agregam qualidades (como palatabilidade, por exemplo) são proibidas;
- variedade de opções. Os tutores podem escolher rações super premium de acordo com as características do pet. Existem produtos para filhotes, idosos, portadores de algumas doenças crônicas (como deficiência renal ou hepática), enriquecidos com vitaminas e minerais, especiais para fêmeas grávidas e nutrizes, etc.
As rações super premium são mais caras que os demais produtos similares, mas preenchem todas as necessidades nutricionais dos cachorros. Alguns fabricantes procuram melhorar o aspecto e o sabor dos grãos a partir de pesquisas feitas com os pets – afinal, o produto tem primeiramente de agradar a eles.
As rações classificadas como premium são boas fontes de nutrientes, mas precisam ser complementadas em casa. O ideal é que o veterinário indique as fontes necessárias para atingir o equilíbrio nutricional sem pesar muito no orçamento doméstico.
As rações a granel, mesmo anunciadas como sendo de marcas confiáveis, só devem ser adquiridas se o tutor tiver total confiança no revendedor. Muitas pet shops adquirem embalagens grandes e reembalam os produtos de forma fracionada.
Mas, mesmo que o produto seja super premium, na maioria dos casos, não é possível certificar-se de que o manuseio e reembalagem foram feitos de modo higiênico, nem que os produtos abertos não foram expostos a eventuais parasitas, como ratos e baratas.
Comida caseira
Por um lado, existem rações excelentes no mercado, que, além de oferecerem todos os nutrientes necessários, também são saborosas e práticas: basta comprar o produto, abrir a embalagem e servir para os pets na quantidade indicada pelo fabricante, de acordo com a raça, idade e condições de saúde dos cachorros.
Por outro, preparar o alimento em casa, de acordo com as necessidades individuais dos pets, com certeza absoluta da procedência dos ingredientes, é certamente uma excelente forma de garantir o melhor alimento para os cães. Dá trabalho, consome um bocado de tempo, mas o resultado é o que mais se aproxima da perfeição.
Os tutores que decidirem oferecer comida caseira devem, em primeiro lugar, consultar o veterinário do cachorro. Conhecendo as características fisiológicas e anatômicas do pet, o especialista pode indicar com segurança a melhor matéria-prima, as proporções e as quantidades diárias.
É importante avaliar, no dia a dia, as preferências do cachorro. De nada adianta que um alimento seja nutritivo se, para o pet, o sabor é considerado intragável. Será desperdício de tempo, dinheiro e ingredientes.
Se você quiser cozinhar as refeições do seu peludo, ofereça diversas opções de carnes, verduras, legumes, frutas, cereais e outras fontes nutritivas e identifique quais são as mais palatáveis – algumas delas poderão se tornar os “pratos prediletos” do seu cachorro.
Inicialmente, não é necessário comprar nada especial. Ofereça parte dos alimentos que você mesmo consome, mas prepare-os separadamente. Cachorros não devem ingerir sal de cozinha, açúcar (refinado, mascavo, demerara, etc.) nem condimentos. O óleo vegetal é desnecessário, mas pode ser usado em doses mínimas para facilitar a cocção.
Não é preciso grelhar as carnes nem refogar os vegetais. Proteínas de origem animal, legumes e frutas devem ser cozidos apenas em água, até se desmancharem e ficarem com a consistência de purê – uma papinha para os peludos.
Nunca ofereça pedaços grandes de carne ou legumes. Cães de pequeno porte podem se engasgar e todos eles podem sofrer lesões na faringe e no esôfago. As verduras precisam ser picadas; do contrário, o organismo canino não conseguirá aproveitar os nutrientes.
Identificados os ingredientes favoritos do cachorro, não repita sempre a mesma receita: legumes e verduras aguçam o paladar dos pets e eles podem enjoar de um prato que até dias antes era o mais esperado.
Os cachorros são carnívoros. Por isso, não tente forçá-los a uma dieta vegana. Trata-se de uma filosofia de vida totalmente respeitável, mas que não combina com o organismo e o metabolismo dos pets. Sempre é bom lembrar que eles descendem dos lobos.
Se você quiser eliminar as carnes definitivamente do cardápio, o melhor é optar por rações vegetarianas, formuladas à base de proteínas de leguminosas e folhosas, sempre com a supervisão do veterinário. É quase certo que serão necessários alguns suplementos vitamínicos e minerais, para garantir a presença do ferro, cálcio e outros micronutrientes.
As quantidades
As rações de boa qualidade apresentam nos rótulos a quantidade ideal do produto para cada refeição, de acordo com a idade e porte do cachorro. É necessário avaliar também o nível de atividade física: os mais tranquilos precisam de alimento, os mais elétricos, de porções mais substanciais.
Se você decidir suplementar com vegetais, a quantidade de ração permanece inalterada, apenas servida com o acréscimo de um purê de cenoura, abóbora ou mandioquinha, por exemplo, ou simplesmente salpicada com grãos (aveia, chia, etc.) ou especiarias.
Para os filhotes e para os cães atletas, que despendem muita energia, é importante suplementar a alimentação com algumas fontes de carboidratos, como batata-doce e ervilha fresca, e de proteínas, como mel, iogurte (desnatado e sem açúcar) e ovos.
As escolhas dependem sempre do perfil dos pets e devem ser informadas previamente ao veterinário, para que não haja risco de sobrepeso, carências nutricionais ou de disfunções gastrointestinais.
Oferecer uma dose extra de proteína é importante especialmente para os filhotes de raças grandes, como dogue alemão, mastim napolitano e rottweiler, por exemplo. Mas não exagere, porque alguns micronutrientes, como o fósforo, quando absorvidos em excesso, estimulam exagerada e perigosamente o desenvolvimento físico.
Os suplementos
Os cachorros podem e devem receber algumas “refeições extras”, independente de estarem adaptados ao melhor alimento: rações de qualidade ou comida caseira feita sob medida. São alimentos que fornecem nutrientes importantes. Os tutores podem identificar as preferências dos peludos.
- Aveia – o cereal integral, que pode ser polvilhado sobre a ração ou comida caseira, é rico em fibras e melhora o trânsito intestinal dos pets, especialmente dos que sofrem com prisão de ventre. Não exagere, porque a aveia também pode provocar diarreias e vômitos. A aveia ajuda na manutenção do peso, no fortalecimento do músculo cardíaco e ainda controla os níveis de glicose no sangue. Ofereça uma colher de sopa para os cães grandes e médios e metade disso para os pequenos.
- Batata-doce – é um alimento indicado para os cães muito ativos. Fonte de betacaroteno, manganês, vitaminas B6 e C, ela fortalece os músculos e estimula o anabolismo (a formação e reparo musculares). Sirva cozida no vapor, para preservar os nutrientes.
- Carnes magras – na comida caseira ou em ocasiões especiais, os tutores podem oferecer cortes magros de carne, como lombo de porco ou músculo, acém, fraldinha ou ponta de agulha bovinos. São fontes extras de energia e podem ser servidos semanalmente, para os pets acostumados com rações.
- Coco – apesar de gorduroso e extremamente calórico, o coco, em dois ou três pedaços pequenos, pode ser oferecido uma vez por semana, mas os gordinhos não devem receber o petisco. O coco é um hidratante natural, melhora as funções intestinais, inibe a proliferação de bactérias presentes no organismo, é rico em fibras e ajuda a higienizar a boca dos pets.
- Fígado – de galinha, vaca ou porco, o fígado é fonte de vitaminas A, complexo B e K. além de um excelente suprimento de ferro, que fortalece a circulação sanguínea. Nenhuma carne não deve ser servida crua, para evitar infecções, nem em grandes proporções. A porção de fígado deve ser equivalente a 10 gramas por quilo de peso corporal.
- Peixes – atum, sardinha e salmão, sempre frescos, são ricos em gorduras insaturadas e alguns ácidos graxos essenciais, como o ômega 3, que fortalecem o tecido epitelial e deixam a pelagem mais brilhante, densa e saudável. As proteínas e vitaminas dos peixes – quase sempre associados à dieta dos gatos – fortalecem o sistema imunológico.
- Pipoca – afinal, algo a ser partilhado com os pets no lanche da tarde. Os cachorros se sentem valorizados ao dividir um alimento com a família. Trata-se de um grão integral, rico em potássio, cálcio, fósforo e magnésio. Use pouco óleo para preparar e sirva sem sal.
- Queijo – é rico em proteínas e gorduras, mas não deve ser oferecido para animais intolerantes à lactose, muito sedentários, nem para os que estão com problemas com a balança. Os queijos brancos são os mais indicados, sempre em pequenas porções (uma fatia ao dia, por exemplo).
- Salsinha – é uma boa fonte de betacaroteno, cálcio e potássio, também indicada para cães ativos. A salsinha também melhora o hálito dos cachorros. A erva pode ser usada desidratada e polvilhada sobre os alimentos; ela não interfere no sabor, nem no aroma.
Lembre-se: pipoca, camarão e outros frutos do mar, salsicha, queijo, tomate, pão, cogumelo, morango e abacaxi podem ser oferecidos com moderação, em ocasiões especiais ou apenas como um prêmio para os cachorros, ajudando a garantir a melhor alimentação.
Mantenha os pets longe de todas as sementes e caroços, abacate, cebola, alho, pimenta, chocolate e doces em geral, oleaginosas, batata e tomate verdes. São substâncias tóxicas que prejudicam o organismo canino, podendo inclusive causar a morte.