Você já ouviu falar de um cão hipoalergênico, ou seja, que não provoca alergias? Este é o labradoodle, uma mistura de retriever do labrador com poodle standard ou miniatura (toy). A pelagem dos cães da raça é antialérgica. Aliás, eles soltam muito poucos pelos e praticamente se limpam sozinhos.
Na verdade, não existem cães totalmente hipoalergênicos, mas os labradoodles, por soltarem muito poucos pelos (e com muito menos odor do que cães de outras raças e mesmo de vira-latas), são especialmente indicados para pessoas com problemas alérgicos, como rinites e dermatites.
Os labradoodles são muito inteligentes e leais, além de sempre apresentarem um lado divertido. Isto mesmo, o cruzamento gerou uma espécie de cães palhaços, que divertem toda a família. Apesar disto, quando bem adestrados, eles se revelam comportados e obedientes.
Um labradoodle fica especialmente satisfeito quando se encontra na companhia da família, que ele envolve com muito carinho e autêntica devoção. É possível que, pelas suas características, ele se torne em breve um dos cachorros mais populares do mundo.
A origem
O labradoodle se tornou conhecido em 1988, quando o criador australiano Wally Conrons apresentou um mestiço na Royal Guide Dogs Association of Australia, sediada em Victoria. O objetivo do criador foi o de obter um cão gentil e dócil como o poodle e inteligente e altamente treinável como o retriever do labrador.
Efetivamente, Sultan – este era o nome do primeiro labradoodle conhecido publicamente – apresentava todas estas características, com a vantagem de ser antialérgico e muito higiênico, quase dispensando os cuidados dos tutores. Sultan atuou como cão guia para uma mulher havaiana durante dez anos. A esta altura, outros criadores perceberam as vantagens do cruzamento.
Atualmente, os criadores de Victoria não produzem mais labradoodles, mas eles continuam sendo criados por outras associações de cães guia da Austrália. Além de conduzir deficientes visuais, eles são adotados como cães de assistência e terapia, mas principalmente como pets de companhia.
A família real norueguesa possui dois destes mestiços. Outros aficionados pelos labradoodles são o jogador de golfe Tiger Woods, a atriz Jennifer Aniston e Joe Biden, ex-presidente dos EUA, eleito juntamente com o democrata Barack Obama em 2009.
As características
O labradoodle não é uma raça, mas um híbrido. Por isto, ainda não foi estabelecido um padrão para estes cães. Os criadores precisam fixar melhor as características destes pets antes de submetê-los à apreciação das associações cinológicas internacionais.
Mesmo assim, já existem clubes de labradoodles em dois países: na Austrália e nos EUA. Por enquanto, porém, estes cães híbridos se contentam em ser os mais procurados entre as “raças doodle” (já foram obtidos cruzamentos com sucesso de poodles com schnauzers, golden retrievers e cocker spaniels ingleses).
O porte do labradoodle depende do poodle utilizado no cruzamento: pode ser médio (quando filho de um toy) ou grande (de um standard). Também pode se apresentar em diferentes cores, como branco, preto, abricó, creme, azul, prata, sable (vermelho com tombamento preto), marrom, vermelho e cinza, em diferentes padrões: tigrado, sólido, sal e pimenta e malhado.
As características físicas se aproximam mais do poodle, mas estas características podem variar bastante, já que se trata de um híbrido. A pelagem é quase sempre encaracolada, mas há espécimes de pelo ondulado, crespo e até mesmo semelhante ao cabelo humano.
Este mestiço herdou um problema comum aos retrievers do labrador: a possibilidade de desenvolver displasia coxofemoral, e dois outros dos poodles: a epilepsia e os distúrbios oculares (como a atrofia progressiva da retina, que pode levar à cegueira).
Por isto, criadores responsáveis realizam exames, como radiografias do quadril e exames oftalmológicos veterinários nos padreadores e matrizes, antes de realizar os cruzamentos. Seja como for, as doenças genéticas são mais comuns em cães de raça pura, o que não é o caso dos labradoodles.
Curiosidades
Confira alguns detalhes curiosos sobre estes mestiços:
• os labradoodles foram criados especificamente para serem cães guia de deficientes portadores de alergias a pelos de cães;
• da mesma forma que os poodles e os retrievers do labrador, estes híbridos revelam alta capacidade de adestramento;
• os labradoodles são famosos pela sua energia. Eles conseguem trabalhar ou brincar por horas seguidas sem se cansar;
• eles não necessitam de tosa. O pelo, sedoso ou encaracolado, para de crescer quando os cães atingem a idade adulta;
• os labradoodles são extremamente apegados à família e adoram conviver com ela. Eles se dão muito bem com outros pets e até com pessoas estranhas;
• por sua gentileza e lealdade, estes mestiços frequentemente são utilizados como auxiliares no tratamento de autismo, depressão, deficiências físicas e uma série de outras doenças;
• assim como seus pais – duas raças desenvolvidas para resgatar aves abatidas que caíam na água –, os labradoodles adoram nadar. Eles conseguem mergulhar em grandes profundidades;
• apesar das tarefas originais – eles foram criados como cães de trabalho –, os labradoodles adoram brincar e são especialmente aconselhados para conviver com crianças. No caso de bebês, os melhores são os obtidos a partir dos cruzamentos com poodles toy;
• estes híbridos ainda são pouco conhecidos no Brasil, mas têm todas as qualidades para de adaptar. Afinal, eles também foram desenvolvidos em uma região tropical. Ao conhecer um labradoodle, é impossível ficar indiferente a ele. Por aqui, o valor dos filhotes varia entre R$ 1.500 e R$ 3.000, dependendo da oferta na região.
Os cuidados necessários
• Os labradoodles precisam de muitos exercícios diários (entre 30 e 60 minutos, de acordo com o porte e a idade). Por isto, o ideal é que eles sejam recebidos em casas com quintais cercados.
• Apesar de bons companheiros, eles precisam de um tempinho sem coleira, para explorar o ambiente, correr e extravasar as altas doses de energia. Eles são muito inteligentes, mas, se ficarem entediados, podem de tornar bastante destrutivos.
• O melhor treinamento para um labradoodle é o reforço positivo. Estes cães aprendem rapidamente e os comandos básicos podem inclusive ser ensinados simultaneamente.
• Embora seja um cão de trabalho polivalente, o labradoodle atualmente é basicamente um pet de companhia. Por isto, deve ser criado dentro de casa, e não em um quintal.
• Um labradoodle praticamente não dá trabalho. Ele só precisa de alimentação adequada, atividades físicas frequentes e banhos a cada 30 dias (ele praticamente se limpa sozinho). Por isto, estes cachorros são também excelentes opções para pessoas que nunca tiveram pets, mas estão à procura de uma companhia canina.