Com ouvidos tão apurados, os cachorros gostam de alguns sons. Confira os preferidos.
Sempre se fala de sons que os cachorros não gostam de ouvir, como os de fogos de artifício, que os deixam em alerta e apavorados. Por outro lado, os peludos amam alguns sons, ficam mais alegres e excitados ao ouvi-los.
A audição canina é bastante apurada. Os cães conseguem captar mais frequências de sons (entre 15 e 40 mil Hz, enquanto os humanos só alcançam 20 mil Hz). Apitos de treinamento, por exemplo, emitem sons entre 20 mil e 40 mil Hz; por isso, são inaudíveis para nós.
O principal motivo para a boa audição está nas orelhas, que possuem 18 músculos diferentes, reproduzindo os movimentos quase ao infinito. Por isso, sons muito altos, agudos e prolongados podem ser desagradáveis para os peludos.
Os sons preferidos dos cachorros
Muitos tutores usam voz infantilizada para conversar com os cachorros – e eles gostam muito disso. Os peludos conseguem identificar o sentido de algumas dezenas de palavras, mas eles identificam principalmente a tonalidade com que são ditas.
Desta forma, quando o tutor usa a voz infantil, ele transmite ao cachorro sensações de segurança, conforto e relaxamento: é o momento do colo, de afagos e brincadeiras. Por outro lado, gritos geram estresse, enquanto um discurso apático e monocórdio não desperta nenhum interesse.
Em um estudo publicado em 2018, cientistas da Universidade de York (nordeste da Inglaterra) mostraram que a maneira como nós falamos com os nossos cachorros é extremamente importante na construção do relacionamento e de vínculos positivos. Os resultados obtidos coma fala infantilizada são os mesmos com bebês humanos e crianças muito pequenas.
Os cachorros conseguem associar os sons com experiências prazerosas. Nas conversas com os tutores (desde que sejam regulares), eles ficam interessados e se esforçam para entender o que os humanos estão dizendo.
A cabeça inclinada para um lado e as orelhas elevadas são sinais de que os peludos estão tentando entender a fala humana. Eles compreendem algumas palavras, como nomes, comandos simples, e tentam preencher as lacunas.
Outros sons agradáveis para os ouvidos caninos são os seguintes:
• brinquedos com barulho – mesmo que os sons sejam estridentes e, em outras situações, pudessem estressar os peludos, eles estão fortemente relacionados a brincadeiras e, principalmente, a um momento “a dois” entre os peludos e seus humanos.
Brinquedos que emitem silvos e guinchos, como patinhos de borracha, estão entre os prediletos. Os cachorros tentam segui-los e interceptá-los, refletindo os instintos de caçador. A brincadeira pode ser feita de graça, com uma garrafa pet cheia de bolinhas de gude: o que importa é o chocalho.
Esses objetos também são úteis para os momentos em que os cachorros ficam sozinhos. Ao encontrar os brinquedos, eles imediatamente os associam a momentos de descontração com os tutores, relaxam e ficam alegres por alguns instantes.
• Sons da natureza – cantos de pássaros, água escorrendo, vento assobiando, etc. são estimulantes do relaxamento para os cachorros. Na natureza, quando tudo está em ordem (não há predadores rondando, nem ventos muito fortes, nem prenúncios de temporais ou quedas de temperatura), é o momento de descansar.
Quando esses sons são reproduzidos em casa – não é necessário que eles sejam naturais, pode ser apenas a reprodução em áudio na TV, rádio ou computador –, os peludos tendem a relaxar. Não existem perigos por perto e tudo está em paz. Portanto, para proporcionar um descanso reconfortante, os tutores podem providenciar algumas gravações, ou mesmo aproveitar os milhares de barulhos disponíveis na internet.
Estes sons são especialmente bem-vindos depois de uma brincadeira mais intensa, de uma caminhada prolongada ou das refeições. Eles convidam os peludos ao repouso, proporcionando uma digestão mais eficiente.
• A voz do tutor – este é certamente o som preferido dos cachorros, que estabelecem uma relação de total dependência em relação aos humanos. Eles já foram caçadores, guardiães, boiadeiros, pastores, guerreiros, mas atualmente a maioria exerce funções de companhia.
A voz do tutor é a principal referência. Os cachorros associam os humanos aos líderes da matilha; desta forma, essas emissões sonoras estão sempre relacionadas à segurança, conforto, bem-estar, tranquilidade, etc.
Elas podem igualmente estar associadas a brincadeiras, correrias e muita bagunça. O simples ruído da guia sendo retirada do gancho atrás da porta, para os peludos, é o prenúncio de uma longa caminhada com os seus tutores. Mais do que um exercício, o passeio é um “momento a dois” exclusivo e muito esperado pelos cães.
A voz humana também está relacionada às regras da casa. Um simples “não” é suficiente para que os cachorros interrompam uma ação qualquer (a menos que eles estejam dispostos a desafiar os tutores, mas esta é uma situação rara e incomum).
Os peludos podem não entender os motivos das proibições e interdições, mas fazem de tudo para agradar. Eles não compreendem, por exemplo, por que é necessário limpar as patas antes de entrar em casa, de volta de um passeio: para eles, é apenas a entrada no covil.
Mesmo assim, eles se submetem de bom grado a esses “ritos humanos”; outros poderiam ser citados, mas variam de família para família: entrar na sala, subir no sofá ou na cama, roubar alimentos da mesa, etc.
A voz do tutor transmite segurança. Se, em um passeio, os cachorros se afastam demais, é o chamado humano que os traz de volta – e eles conseguem identificar a voz dos seus humanos a centenas de metros, mesmo quando está misturada a outros ruídos.
É a voz humana que oferece a oferta de alimento, os momentos de carinho, de relaxamento e descanso, mas também de euforia, brincadeiras e aventuras. Por isso, as conversas entre tutor e peludo são fundamentais para garantir o equilíbrio emocional dos cachorros.
Os motivos das preferências
Os sons são sinais do ambiente captados pelos canais auditivos e transmitidos ao cérebro, responsável por processá-los e identificá-los. Alguns deles nos fazem ficar em alerta, mas outros nos divertem, relaxam ou excitam.
É a associação entre sons e situações que cria os momentos de alegria: não basta apenas ouvir, é preciso haver um estímulo positivo para que os ruídos sejam interpretados como fontes de algum tipo de prazer, bem-estar, descontração, repouso, etc.
Assim como acontece entre nós, as preferências por sons (e qualquer outra coisa) são individuais. Desta forma, é possível encontrar um cachorro heavy metal – e até alguns dispostos a enfrentar bombas, rojões e trovões.
A maioria, no entanto, tem preferências comuns. Seja como for, os cachorros são suscetíveis ao condicionamento, motivo por que é sempre possível fazê-los se acostumarem a alguns barulhos considerados “apavorantes”.
Quando o tutor reproduz o som de um trovão (inicialmente em baixo volume, como se estivesse à distância), por exemplo, em um momento de prazer, descontração ou alegria, o peludo é capaz de associar as duas coisas e perder o medo – ou parte dele, já que as detonações sempre representam perigos reais.
Em geral, os sons preferidos refletem o cotidiano dos cães, mas, como os nossos peludos sempre experimentam o mundo ao redor de forma multissensorial (eles associam o barulho ambiente a impressões visuais, táteis, etc.), tudo depende das condições do dia a dia – e isto inclui o estado de espírito dos humanos da família.
Em uma casa na qual a música é executada com regularidade, os peludos provavelmente não darão grande importância às canções. Mas, se nos momentos mais alegres, os tutores cantam e mostram-se mais carinhosos e efusivos, os peludos passam a identificar as canções com momentos de prazer.
Em outras palavras, quando um som qualquer é recorrentemente ligado a uma demonstração de afeto, ele passa a ser associado automaticamente ao bem-estar. É o caso, por exemplo, do barulho da chave abrindo a porta: chegou o momento do reencontro, e a maioria dos peludos fica muito feliz.
Vale lembrar que os cachorros possuem audição apurada, sempre aliada ao excelente faro; desta forma, eles podem captar sons a distâncias consideráveis – por exemplo, quando o tutor está estacionando o carro ou subindo a escadaria, dezenas de metros abaixo. Não se trata de um sexto sentido ou premonição: tudo pode ser explicado pelos sentidos comuns.