Acidentes acontecem. Por isso, é preciso ter conhecimento sobre primeiros socorros para cães.
Tutores amam os seus pets e procuram sempre fazer o melhor para eles. Mesmo assim, vez por outra, alguns acidentes podem acontecer e é preciso conhecer os primeiros socorros para cães, de modo a atenuar os efeitos.
Não é necessário se tornar especialistas em urgências e resgates médicos, mas é importante saber o que fazer até que o socorro veterinário esteja disponível. Muitas vezes, este conhecimento significa a diferença entre a vida e a morte do pet.
Em caso de qualquer acidente com animais de estimação, a primeira providência é buscar socorro médico com rapidez. Nada substitui o atendimento personalizado. Em situações mais corriqueiras, é possível atender ao pet, pelo menos enquanto a ajuda não chega.
Algumas atitudes urgentes – os primeiros socorros – por parte dos tutores contribuem para amenizar a dor, estabilizar o cachorro acidentado e controlá-lo, porque, em sofrimento e assustados, muitos pets podem debater-se e até fugir, provocando consequências ainda mais graves.
Qualquer que seja a situação, lembre-se de que os animais, quando sentem dor, costumam ficar irritadiços e agressivos, até mesmo com os tutores. Fale tranquilamente, evite movimentos bruscos e, se não souber o que fazer, envolva-o o pet em um cobertor ou toalha. Se possível, tente colocá-lo em uma gaiola de transporte.
Nunca se sabe quando ocorrerá uma emergência. Por isso, para prestar os primeiros socorros para cães com eficiência e rapidez, tenha sempre à mão:
- água oxigenada;
- tintura de iodo;
- carvão mineral ativado (em pó);
- faixas e gazes;
- toalha;
- seringas sem agulha;
- luvas grossa de borracha;
- colar elisabetano;
- gaiola de transporte.
01. Engasgamento
Cachorros são gulosos e curiosos. Eles têm o hábito de engolir sem mastigar e de colocar na boca qualquer coisa que pareça diferente. Muitas vezes, “essas coisas” são grandes demais e ficam entaladas na faringe.
A primeira atitude é abrir a boca do cão, visualizar o que está provocando o engasgo e tentar retirar o objeto a comida manualmente, com os dedos. É preciso delicadeza, para não ferir ainda mais a boca e a garganta do animal acidentado.
No entanto, muitos animais ficam agressivos quando entram em pânico. Se o acidentado tentar morder ou esconder-se, dê uns tapas nas costas, entre as omoplatas, na altura das patas dianteiras. O procedimento deve ser firme.
Para os acidentados de pequeno forte, pode-se pegá-los pelas pernas de trás, deixando-os de cabeça para baixo e sacudindo-os levemente, até que o objeto seja expulso. Alguns tapinhas nas costas ajudam a manobra.
Se nada disso funcionar, tente a manobra de Heimlich, que consiste em segurar o cachorro pela cintura, de costas para você, colocar os punhos logo abaixo das costelas, no alto do abdômen, e fazer três a cinco pressões firmes no local.
Mesmo que o objeto seja retirado, é preciso observar o comportamento do cachorro nas horas seguintes. Ele pode ter ferido a boca, a faringe ou outros órgãos da garganta. Se ele apresentar engasgos leves, ânsia de vômito ou demonstrar estar sentindo dor, é preciso levá-lo ao veterinário, para os cuidados necessários.
02. Queimaduras
É comum ouvir tutores dizendo a plenos pulmões que “lugar de criança e cachorro é longe da cozinha”. Mesmo assim, eles estão sempre por lá, especialmente nos momentos de preparo das refeições. Às vezes, sobra um lanchinho.
Fogões acesos e panelas quentes são um convite para queimaduras. Os cachorros podem derrubar alimentos, óleo quente, etc. Se isso acontecer, lave a área atingida em água fria por dez minutos. Isto alivia a dor e resfria a pele, atenuando a formação de bolhas.
Não aplique pomadas, a menos que elas tenham sido receitadas pelo veterinário em ocasião recente. Remédios caseiros quase nunca funcionam e algumas receitinhas, que têm vinagre e creme dental como ingredientes, são abrasivos e só pioram a situação.
Depois de lavar a área queimada com água fria, cubra a pele machucada com um pano limpo umedecido, com cuidado para que ele não grude nas eventuais feridas. Leve o cachorro para a clínica e siga as orientações do veterinário.
03. Fraturas
Elas podem ser internas ou externas e são relativamente comuns, especialmente entre filhotes, cães de raças pequenas e idosos com problemas de descalcificação, mas, dependendo do trauma, que pode resultar de um atropelamento ou mesmo de uma queda, conseguem atingir até o maior e mais saudável cachorro.
Se for possível, providencie talas com o que estiver ao alcance – gravetos, réguas, cabos, um pedaço de papelão, etc. – e tente imobilizar o membro fraturado com a ajuda de gaze ou esparadrapo.
Especialmente se a fratura for exposta (com rompimento da pele e exposição do osso lesionado), procure cobrir o local afetado com um pano limpo. Não tente recolocar os ossos na posição normal. Esta é uma tarefa para o veterinário e pode exigir uma cirurgia, ou pelo menos a sedação do cachorro acidentado.
04. Brigas de rua
Nunca tente apartar a briga entre dois cães – mesmo que não seja uma “briga de cachorro grande”. Nos momentos de ataque e defesa, os cães apresentam altos níveis de dopamina e adrenalina no sangue e podem agredir qualquer um nas proximidades.
Se o seu cachorro estiver brigando com outro, já atingindo as vias de fato, jogue um balde de água fria nos contendores, para literalmente esfriar os ânimos. Se um gato estiver envolvido, faça barulho (bata panelas, grite, assobie). Os gatos odeiam sons altos e estridentes.
Leve o pet de volta para casa, espere que ele se acalme, examine a pele e os dentes. Dê especial atenção aos genitais, à garganta, às orelhas, aos olhos e ao focinho e trate as feridas. Se necessário, leve o cachorro ao veterinário; é o caso, por exemplo, de lesões mais extensas, principalmente quando atingem as mucosas.
05. Intoxicações e envenenamentos
Antes de prestar os primeiros socorros, procure identificar a substância ingerida que causou a intoxicação. A maioria dos produtos de limpeza e higiene são formulados com substâncias capazes de atingir a corrente sanguínea em apenas 20 minutos, no caso de ingestão. Seja rápido.
Se for possível, verifique também a quantidade engolida. Geralmente, produtos de higiene e limpeza trazem as primeiras providências a serem tomadas em caso de ingestão, antes do socorro médico.
Não provoque vômito. Se o cachorro ingeriu uma substância corrosiva (tanto produtos ácidos quanto alcalinos podem apresentar propriedades corrosivas), o refluxo poderá causar ainda mais danos no esôfago, na faringe e na boca.
Mas, se o cachorro vomitou espontaneamente e você não conseguiu identificar a substância intoxicante, recolha uma amostra do vômito, que pode ser útil para o veterinário determinar os procedimentos médicos necessários.
Se você tiver carvão ativado em casa (recomenda-se que todos os tutores de cães e gatos tenham este produto), ofereça diluído conforme as especificações do fabricante. Se necessário, faça o pet ingerir o carvão ativado com uma seringa sem agulha introduzida no fundo da boca. O carvão ativado absorve o veneno, impedindo uma absorção orgânica mais rápida.
Inseticidas e raticidas, assim como desinfetantes, solventes, removedores e detergentes devem ser mantidos longe do alcance dos pets (e das crianças também), identificados com rótulos visíveis. Não use produtos contra pragas domésticas em ambientes nos quais os cães circulam.
A ingestão de plantas tóxicas, como o comigo-ninguém-pode, que pretensamente afasta a inveja, e o bico-de-papagaio, muito procurado nas festas de fim de ano por causa das cores verde e vermelho, quase sempre provocam diarreias e vômitos, mas também podem alterar o equilíbrio e a coordenação motora dos cachorros. Se eles “atacarem” um vaso, corra para o veterinário: não há primeiros socorros caseiros para esta condição. Leve uma mostra da planta.
Nunca ofereça chocolates aos cachorros, nem deixe estes doces ao alcance das patas, bocas e focinhos. O cacau, matéria-prima do chocolate, apresenta uma substância, a teobromina, que é altamente tóxica para os canídeos.
Mesmo em quantidades mínimas, a teobromina pode causar descoordenação motora, vertigens, desequilíbrios, desmaios e convulsões. Caso o cachorro tenha ingerido chocolate, corra para o veterinário. O procedimento provável será uma lavagem gástrica, para remover a substância tóxica do organismo. A teobromina pode matar.
06. Choques elétricos
Felizmente, os cachorros não conseguem enfiar os dedos em tomadas elétricas. Por isso, não é preciso recorrer a protetores para vedar as instalações elétricas da casa. Mas é preciso cuidado, especialmente durante os passeios, ou quando os cachorros saem de casa sozinhos.
Nas caminhadas, caso ocorra um choque elétrico, evite tocar diretamente no cachorro até que a fonte de energia tenha sido desligada. Desligue o aparelho da tomada ou afaste a fiação viva com um cabo de madeira (não use metais, porque a carga elétrica se desviará diretamente para você).
As lesões variam de acordo com a intensidade da descarga elétrica e do local do acidente (tipo de piso, umidade, etc.). Pode ocorrer apenas um susto, mas um choque elétrico forte causa parada cardiorrespiratória e leva à morte rapidamente.
Deite o cachorro de lado em uma prancha e leve-o ao veterinário. Ele provavelmente ficará em observação por algumas horas, porque podem ter ocorridos danos ao coração e à circulação sanguínea.
07. Paradas cardíacas
Alguns cachorros podem sofrer parada cardíaca em função de um envenenamento ou uma intoxicação mais severa ou uma queda. Cheque o pulso e, se não houver batimentos cardíacos, deite-o de lado, com o pescoço estendido e preferencialmente com os braços e pernas esticados.
Coloque as mãos no lombo, junto à coluna vertebral, e no peito, junto à caixa torácica, região em que pressões ritmadas devem ser feitas. Um filhote pode precisar de uma frequência de 150 a 200 compressões. Um adulto de porte médio provavelmente demandará metade disso e um cachorro grande, de menos de 80 compressões.
É necessário ter muita prática, para não comprometer ainda mais as condições do cão acidentado. Com pessoas sem treinamento específico, o procedimento só deve ser adotado em condições extremas.
Não é indicada a respiração boca-a-boca. Leve o cachorro para o veterinário com urgência; mesmo com a ressuscitação bem-sucedida, ele pode ter desenvolvido um transtorno vascular com o trauma, que merece ser investigado.
08. Cortes
Cachorros podem cortar a pele em brigas, quedas, atrito com tecidos, uso de coleiras inadequadas, etc. Em caso de lesões superficiais, lave a pele com água oxigenada dez volumes ou água e sabão específico e cubra a região com uma gaze.
Para desinfetar, use uma tintura de iodo: a mais diluída que você encontrar na farmácia. Não use álcool nem detergente para desinfetar os cortes. Os dois produtos são abrasivos e podem aumentar ainda mais as lesões. De qualquer forma, não são indicados para cachorros, porque podem queimar a pele.
Se houver hemorragia, pressione a área afetada com uma toalha limpa, enquanto procura o socorro veterinário, que também deve ser acionado no caso de cortes profundos. É possível que o cachorro machucado tenha de usar um colar elisabetano, para não lamber as feridas e provocar infecções ou novos sangramentos.
09. Convulsões
Um reduzido número de cachorros sofre de epilepsia e outros transtornos que podem levar a convulsões. Os sintomas mais comuns são a perda do controle dos membros, relaxamento dos esfíncteres e desmaios.
As crises convulsivas causadas pela epilepsia podem consumir até três longos minutos, mas em geral começam a se atenuar em 30 segundos ou menos. Deite o animal de lado ou de barriga para cima e coloque um pano ou uma barra (de madeira, preferencialmente) forrada, para que o pet não morda a própria língua.
Mesmo com o diagnóstico confirmado e com a medicação em dia, todas as convulsões devem ser informadas ao veterinário. Os tutores precisam colher o maior número de detalhes, para auxiliar o médico no tratamento e nas melhores condições de vida para o pet.
10. Prevenção
Na verdade, antes de falar em primeiros socorros, é necessário refletir sobre o que nós estamos fazendo para prevenir acidentes. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revelou que 76% dos tutores de cães não fizeram nenhuma adaptação doméstica ao adotar os pets.
O principal motivo dos acidentes, ainda de acordo com o levantamento do IBOPE, é a queda de lugares altos – janelas, muros, lajes e escadas. Esses acidentes podem causar fraturas, traumatismo craniano, contusão pulmonar e até a morte.
A segunda causa mais frequente é a ingestão de substâncias tóxicas (produtos de limpeza e higiene, medicamentos, plantas, etc.), nem sempre de forma acidental. O oferecimento de chocolates e frutas com sementes ocasiona um grande número de emergências nas clínicas veterinárias.
Afogamentos também são comuns – e filhotes podem se afogar até mesmo em bacias e baldes. É menos comum, mas os cachorros de pequeno porte também podem perder a vida em utensílios de uso doméstico. Em quarto lugar, ficam as fugas e os atropelamentos, brigas com outros animais, maus tratos de humanos, etc.
A principal maneira de evitar as quedas é a instalação de telas nas janelas e sacadas e gradis portáteis no acesso a escadas, lajes, etc. Produtos tóxicos devem ficar fora de alcance e, quando aplicados em áreas comuns, os cachorros precisam ser impedidos de circular,
O acesso a piscinas deve ser feito apenas com a supervisão dos tutores, mesmo no caso de cães acostumados a mergulhar e nadar. Baldes e bacias devem ficar vazios ou fora do alcance e as rotas de fuga, desativadas.
Evite brinquedos de origem duvidosa. Mesmo disponíveis no mercado, alguns produtos podem se rasgar com facilidade, facilitando que o cachorro engula alguns pedaços. Outros são feitos com enchimentos que podem ser tóxicos e existem até os que apresentam cantos pontiagudos.