Os cachorros são gregários, gostam de estar sempre em bando. Por isso, eles seguem os tutores.
Durante milhões de anos, a evolução natural usou os seus equipamentos para desenvolver os animais que vivem atualmente no planeta. Cada espécie tem características próprias e uma das mais marcantes dos cachorros é viver em grupos colaborativos. Domesticados, eles mantêm alguns comportamentos – entre eles, o de sempre seguir os tutores.
Existem motivos de sobra para os cães seguirem os tutores a qualquer lugar. Como eles encaram os humanos como líderes, é natural que o local em que o chefe está é o mais seguro, aconchegante, próximo aos alimentos e agasalhos, etc.
Desta forma, é absolutamente natural que eles nos acompanhem sempre que fazemos uma pausa, vamos à cozinha e preparamos um lanche. Eles também despertam no meio da madrugada e, mesmo caindo de sono, nos seguem até o banheiro.
Para servir e proteger
Os cachorros são naturalmente protetores. Na natureza, os lobos – ancestrais dos cães – se revezam em diversas tarefas, como caçar, organizar o acampamento e cuidar dos jovens. A sentinela é uma dessas atividades fundamentais para a segurança e bem-estar do grupo, herdada pelos peludos e trazida para a convivência com os tutores.
Há alguns milênios, humanos e cães se aproximaram para melhorar a eficiência nas caçadas. Em plena Era Glacial – a mais recente que o planeta enfrentou – as presas eram escassas e foi necessário unir forças.
É possível que os cães não tenham encarado os humanos como bons parceiros – afinal, os lobos são mais fortes, resistentes, ágeis e rápidos do que nós. Mas nós tínhamos ferramentas que compensavam com sobras a falta de habilidades naturais.
Nos primeiros acampamentos, os cães passaram a receber alimento e abrigo. As fogueiras – uma invenção exclusiva dos humanos – fornecem calor e afastam outros predadores. Naturalmente, o fogo era aceso junto aos caçadores/coletores e os peludos entenderam que ali era o melhor local para ficar.
Muita coisa aconteceu desde então. Os humanos selecionaram os cachorros para desenvolver as mais diversas atividades – caça, guarda, guerra, pastoreio, companhia. Desta forma, surgiram as raças caninas: muitas desapareceram por falta de utilidade, enquanto outras surgiram para ocupar os lugares vagos.
Apesar das diferenças, todos os cães atuais são descendentes daqueles lobos que descobriram as vantagens de partilhar e conviver com humanos. Do dogue alemão ao chihuahua, todos os cachorros mantêm o instinto gregário e, com ele, o senso de proteção.
Por isso, se os tutores insistem em circular pela casa mesmo tendo todo o necessário disponível (na sala ou no quarto, por exemplo), os cachorros entendem que precisam segui-los, para certificar-se de que esteja tudo certo.
Este é também o principal motivo por que os cães ficam tristes quando os tutores saem de casa. O ambiente doméstico reúne tudo o que eles precisam e, desta forma, os peludos não conseguem entender os motivos da ausência dos humanos prediletos.
Mais motivos para seguir os humanos
Os cachorros são animais sofisticados e inteligentes. Vivendo com os humanos, os desejos e necessidades aumentaram consideravelmente em relação aos parentes que permaneceram nas matas. Um lobo não sonharia em ter brinquedos, roupas e acessórios, por exemplo.
01. É o amor!
Os nossos peludos são capazes de sentir e expressar emoções e sensações. Eles realmente nos amam e uma das maneiras de demonstrar o afeto é seguir os tutores. Eles transmitem a mensagem: “estou aqui por você” – e continuam nos seguindo por cômodos e corredores.
Em uma família numerosa, os cachorros podem eleger os seus preferidos: pode ser quem os alimenta, quem brinca mais, quem dedica mais tempo para os afagos e carinhos. Nestes casos, entre seguir o dono da casa ou ficar ao lado de uma criança pequena, eles podem se decidir pela criança.
02. Vida em família
Com o desenvolvimento do relacionamento, os cachorros substituíram a “vida em matilha” pela “vida em família”. Evidentemente, eles não fazem ideia de que somos de espécies diferentes, já que vivemos nos mesmos ambientes e estamos constantemente interagindo uns com os outros.
Espécies diferentes não vivem juntas. Elas quase sempre competem entre si, podendo colaborar em alguns casos. Os cachorros, no entanto, não apenas colaboram: eles realmente estabelecem relações de afeto e pertencimento com os tutores: para protegê-los, defendê-los e também garantir um lugar seguro, é importante segui-los para onde quer que vão.
Os tutores são as principais referências dos cachorros. Não por acaso, na maioria dos lares, os passeios nas ruas são admitidos apenas com a presença e supervisão de um humano responsável. Os cães perceberam os benefícios da presença humana e retribuem dedicando-se ao máximo.
03. A segurança
Apesar da inteligência complexa, os cachorros não conseguem compreender muitas inovações e benfeitorias criadas pelos humanos. Para eles, a casa é uma caverna: ela pode ter muitos recursos, mas é apenas o “covil do bando”.
Desta forma, os cachorros podem seguir os tutores em situações de emergência – ou, pelo menos, em situações que despertem a atenção deles. É o caso das tempestades, ventanias e ruídos excessivos (fogos de artifício, buzinaços, etc.).
Instintivamente, eles percebem que o local mais seguro é justamente onde o tutor está. Se a chuva está batendo nas janelas, o vento está assobiando, os torcedores do time campeão estão comemorando, há sinais de ameaça e, portanto, o melhor a fazer é ficar ao lado do humano, mesmo que ele insista em circular pela casa como se nada anormal estivesse acontecendo.
04. Retribuições
Os cachorros sabem que os tutores são responsáveis por quase tudo: alimentos, brincadeiras, cafunés, passeios. Eles conseguiram desenvolver sentimentos de gratidão em relação aos provedores de todas essas necessidades.
Mas os peludos ainda não sabem falar (pelo menos, não como os humanos, usando palavras e frases articuladas). A forma que eles encontraram para retribuir a satisfação das necessidades (e também os agrados) é sempre fazer companhia, seguindo os tutores por toda a parte.
Fazer companhia, aliás, é o principal motivo para a adoção de cachorros hoje em dia. Muitos peludos continuam exercendo outras funções – algumas bastante complexas, como apoio a atividades policiais, suporte a terapias para problemas emocionais, etc. – mas a maioria chega às residências apenas como acompanhante.
05. Exceções
Dependendo da forma como são criados, os cachorros podem desenvolver atitudes independentes, procurando compensar a falta de atenção e interação. Muitos animais são mantidos no fundo do quintal, ou são recrutados para a guarda de patrimônios, permanecendo praticamente o tempo todo sozinhos.
Estes cães naturalmente desenvolvem menos recursos de comunicação com os humanos (e outros pets). Algumas raças também se mostram mais independentes e podem demonstrar algum nível de autossuficiência mesmo quando são adotadas para companhia.
É o caso do weimaraner e do afghan hound, dois cães desenvolvidos para a caça solitária: eles eram soltos no fim da tarde, circulavam por onde queriam e voltavam para o acampamento ao amanhecer, com algumas presas.
O akita e o pastor australiano aprenderam a passar longos períodos na convivência apenas de bois, carneiros e cabras, sem avistar um humano por dias seguidos. Mesmo alguns pequenos, como o jack russel terrier – um exímio caçador de raposas, podem se mostrar mais independentes.
De qualquer maneira, os cães independentes sempre estabelecem relacionamentos com os tutores, de acordo com a atenção que recebem. Eles podem não seguir a família humana o tempo todo, mas são guardiães e muito apegados.
Estes animais que desenvolveram autonomia (também podem ser citados o shar-pei, o chihuahua, o pinscher miniatura, o bearded collie, o beagle e o lhasa apso) são inclusive indicados para famílias que passam a maior parte do dia fora de casa, mas mesmo assim querem a companhia de um cachorro.