Depois de uma ausência, os cachorros sempre nos trazem brinquedos. Descubra por quê.
Por que os cachorros nos trazem brinquedos? Especialmente depois de uma longa ausência, quando voltamos do trabalho ou da escola, por exemplo, muitos cachorros trazem brinquedos para os tutores, que sempre ficam intrigados: por que eles fazem isso?
O gesto pode se repetir diariamente e até mesmo muitas vezes por dia. Basta rever o melhor amigo e o cachorro já arrasta os seus pertences mais preciosos, oferecendo-os para o tutor. Isto indica que eles estão empolgados e excitados, mas é também um ato de submissão.
Não importa qual seja o objeto: bolas, mordedores, bastões, pelúcias ou até mesmo os fedidinhos, aqueles pedaços de toalhas ou cobertores surrados, aos quais eles parecem ter predileção especial. Os cachorros estão apenas mostrando que querem partilhar – e, para eles, ninguém merece mais do que os cuidadores.
Afinal, são os tutores os responsáveis pelo alimento e o abrigo, além das muitas brincadeiras e passeios, sempre acompanhados por chamegos, afagos e cafunés. Os cuidadores são seres amados, quase idolatrados. Na mente dos cachorros, eles merecem todos os brinquedos.
Entregar brinquedos é um convite para os tutores participarem da brincadeira. Pode ser uma corrida, um cabo-de-guerra, uma caça ao tesouro. Os cachorros se adaptam a este “ritual de recepção” e o reproduzem sempre apenas porque isso lhes dá muito prazer.
Existem outros motivos para o gesto. Morder alguma coisa, por exemplo, serve para tranquilizar, reduzir o estresse e aumentar a sensação de segurança. Trazer algo na boca pode ser um jogo, mas também uma demonstração de dominância e territorialidade.
Os cachorros são extremamente inteligentes. Eles conhecem as reações dos tutores e sabem que, ao entregar um brinquedo, receberão algum tipo de recompensa: um petisco, um afago, palavras de carinho e estímulo, etc.
Além da inteligência, os cachorros também gostam muito de uma rotina estabelecida. Ao associarem a entrega do brinquedo ao prêmio – e a alguns minutos de intimidade com o humano preferido – eles passam a reproduzir o comportamento em todos os reencontros.
Os motivos para trazer brinquedos
O principal motivo é óbvio: o cachorro está empolgado em ter novamente a companhia do tutor. Os peludos não sabem contar o tempo como nós, mas percebem as ausências e ficam felizes com os reencontros.
É possível que o tutor se pergunte: ele não está “feliz demais”? Em alguns casos específicos, o gesto pode indicar certo grau de ansiedade, mas em geral ele é apenas uma demonstração de alegria. Os cachorros não sabem disfarçar sentimentos: quanto eles estão contentes, qualquer pessoa à volta fica sabendo disso.
Além de trazer brinquedos – uma característica especial dos cães de guarda, mas comum em todas as raças e mestiçagens –, os peludos também podem latir, tentar pular no tutor, agarrar as pernas, etc.
Nenhum desses comportamentos é errado ou inadequado, mas, de acordo com a intensidade com que são expressos, eles precisam ser coibidos. Quando a empolgação extrapola os limites, o melhor a fazer é ignorar os cachorros por alguns minutos ao chegar em casa.
Os tutores devem primeiro guardar eventuais compras, trocar de roupa, checar a correspondência, para só depois brincar com o cachorro. Não é fácil ignorar os apelos caninos, mas, com perseverança, em alguns dias eles entenderão que “não se deve ir com tanta sede ao pote”.
Sinais de alerta
Alguns cachorros são mais independentes e podem não demonstrar tanta felicidade ao rever os tutores. Quanto mais tempo eles passam sozinhos, mais eles se adaptam a tais condições, mas é difícil que eles não “acusem a chegada” de alguma maneira, mesmo que seja um levantar ligeiro de sobrancelhas.
A falta de reações é motivo para investigação. Cachorros que não correm para a porta de entrada, não fazem festa, não farejam os tutores (para certificar-se de que são eles mesmos), provavelmente estão com algum problema, que pode ser sério.
O “excesso de alegria” não deve preocupar os tutores. Os casos de ansiedade (e até mesmo de depressão) também são acompanhados por demonstrações exageradas de afeto, mas os cachorros, quando têm algum transtorno emocional, costumam emitir outros sinais.
É o caso, por exemplo, dos animais que se mostram destrutivos ou agressivos (inclusive contra eles mesmos). O tutor pode se deparar, ao chegar em casa, com objetos destruídos, pés de móveis roídos, xixi e cocô fora do lugar (quase sempre em locais “estratégicos”, como os corredores), comedouros e bebedouros derrubados, etc.
Nestes casos, o cachorro está sinalizando que está entediado. Ele está passando muito tempo sozinho, sem nada para fazer. Na correria dos dias de hoje, muitas vezes os tutores não dispõem de tempo para brincadeiras e carinhos, mas é preciso corrigir a situação com urgência. Do contrário, os peludos podem inclusive desenvolver doenças psicossomáticas e emocionais.
Os tutores podem providenciar:
- brinquedos novos para os cachorros explorarem;
- uma janela para que eles possam observar o movimento;
- um aparelho eletrônico programado para ligar de tempos em tempos;
- uma peça de roupa para que eles sintam o cheiro e evoquem a presença dos melhores amigos;
- brinquedos inteligentes, que representam desafios a serem superados.
Não é preciso gastar muito dinheiro com brinquedos novos. Basta fazer um rodízio com os pertences dos cachorros, oferecendo dois ou três objetos por vez, substituídos semanalmente ou a cada dez dias, para manter a aparência de novidade.
A janela também não precisa dar acesso a uma rua movimentada. A observação de pedestres e carros à distância, passarinhos voando ou mesmo a simples detecção de vizinhos circulando pelo corredor são suficientes para que o cachorro fique alerta e acione os sentidos de guarda e proteção. Isto o ocupa por um bom tempo.
Com relação aos brinquedos inteligentes, eles também podem ser improvisados. Por exemplo, o tutor pode encher uma garrafinha pet com ração, para o cachorro encontrar um meio de abri-la e alcançar a refeição extra.
Evidentemente, ele também pode ser estimulado com brinquedos e jogos mais sofisticados, como pedais que dão acesso a brinquedos, passagem a outros ambientes da casa, caminhas, refeições, etc.
Com relação ao xixi fora de lugar, é preciso lembrar que alguns cachorros muito empolgados podem ter dificuldade para controlar os esfíncteres. Desta forma, quando o tutor volta para casa e eles correm para recebê-lo, algumas gotas podem escapar.
O escape de urina é mais comum entre os filhotes, mas também é verificado entre os cães idosos, portadores de doenças crônicas e convalescentes, especialmente de traumas. De qualquer maneira, é um meio de manifestar o contentamento.
No caso de cães que já desenvolveram transtornos de ansiedade, o tutor deve procurar corrigi-los da forma mais simples possível: oferecendo atenção ao peludo. É importante enriquecer o ambiente, garantir a segurança e o bem-estar e, claro, dedicar parte do tempo para entreter e divertir os peludos.
Afinal, a convivência é o principal motivo para a adoção de um cachorro. O tutor deve estar ciente das suas responsabilidades, que incluem dar carinho e atenção, passear, brincar, educar, levar ao veterinário regularmente, etc.