Esta pode ser um situação constrangedora. Descubra por que alguns cachorros montam nas coisas.
Cachorros costumam montar nos mais diversos locais: almofadas, travesseiros, bichos de pelúcia e até nas pernas dos tutores e dos visitantes. A situação pode ser um transtorno para os humanos, mas deve ser encarada como uma condição normal.
Evidentemente, a monta pode ser coibida com treinamentos. Cachorros são animais inteligentes e gostam de agradar os membros humanos da família. O comportamento deve ser desencorajado, da mesma maneira como interditamos a entrada em um ambiente da casa ou o xixi no lugar errado.
O adestramento deve ser feito com firmeza, mas sem necessidade de gritos, muito menos de castigos físicos. Os tutores devem deixar claro o que é permitido e o que é proibido. Os cães não conseguem aprender quando os comandos variam de acordo com o humor (bom ou mau) dos tutores.
Por que os cachorros montam nas coisas? Esta conduta constrangedora é comum à espécie, e são vários os motivos que levam os pets a exibir o comportamento. Vejamos quais são as razões dos peludos.
Os motivos para cachorros montarem nas coisas
O principal motivo para a monta é a excitação. Cães saudáveis são cheios de energia e precisam extravasá-la ao longo do dia. No meio de uma brincadeira qualquer, ou quando um estranho chega à casa, eles ficam agitados e podem sair correndo sem parar (e sem direção definida), podem latir ou podem montar no que estiver ao alcance.
A ansiedade também é responsável pelo comportamento. Os cães podem se tornar ansiosos quando são mantidos isolados, passam períodos mais ou menos longos sozinhos ou são ignorados pelos tutores – a interação social é fundamental para o equilíbrio dos peludos.
Os cachorros podem desenvolver o chamado comportamento de troca (displacement behaviour). Para controlar a ansiedade, alguns pets podem começar a escavar o chão, correr atrás do próprio rabo ou montar em objetos.
Quando estão se sentindo desconfortáveis, os cachorros tendem a compensar o desagrado causado por uma interação social qualquer: latir excessivamente, procurar rastros ou montar fazem parte deste sistema de trocas.
Apesar de constrangedor e até mesmo vergonhoso para os tutores, o hábito de montar nas coisas pode ser uma resposta compensatória semelhante a algumas condutas humanas, como consultar o relógio repetidas vezes, mexer no celular ou acender um cigarro.
O motivo mais comum para a monta, no entanto, é a brincadeira – especialmente entre os machos. Os cachorros não organizam o prazer em categorias separadas: quando estão brincando, eles podem misturar a alegria do lazer com comida, satisfação sexual, relaxamento físico, etc.
As razões para a exibição desta conduta, desta forma, acabam se misturando. Durante as brincadeiras, os cães ficam ansiosos e excitados; este quantum de energia acaba culminando na monta. É difícil diferenciar os motivos primários e secundários.
Filhotes que montam nas coisas estão simplesmente treinando para a vida adulta. Os filhotes de algumas raças tendem a ser mais dominantes (é o caso dos pastores e boiadeiros), mas a conduta é adotada basicamente por brincadeira. Entre os filhotes, o objeto escolhido para montar tende a ser as pernas (dos tutores ou de visitantes)
Mais raramente, os cachorros montam nas coisas por dominância: eles querem demonstrar que são os líderes ou disputar a liderança com o tutor. Nestes casos, o cachorro raramente monta a perna do membro da família que considera como “alfa”, mas pode fazê-lo com os demais, tentando ocupar, pelo menos, a segunda posição na hierarquia do grupo.
Os cachorros também podem exibir o comportamento no relacionamento com outros cachorros. Machos montam em machos, fêmeas montam em fêmeas, e nem sempre isto está relacionado a um jogo sexual. Caso o motivo não seja a excitação pelas brincadeiras, trata-se de um bom exemplo de dominância e submissão.
Eventualmente, os motivos da monta podem estar relacionados aos hormônios sexuais. Machos e fêmeas que montam nas coisas repetidamente podem estar se masturbando, como forma de aliviar a tensão.
No caso de os hormônios sexuais estarem desbalanceados, o veterinário pode sugerir a castração ou esterilização, os melhores procedimentos para estes casos. Tanto o excesso de estrogênio, quanto de testosterona, pode levar a diversos transtornos de saúde física e emocional.
Corrigindo o hábito
Quase sempre, a primeira atitude dos tutores é coibir o comportamento de forma negativa, assustando, gritando ou empurrando o cachorro que começa a montar nas coisas. Apesar de esta ser uma reação quase instintiva, ela não costuma dar bons resultados.
Os cachorros também podem aprender por medo. Eles farão ou deixarão de fazer alguma coisa por medo do castigo que será imposto na sequência. Na maioria dos casos, no entanto, eles tentarão inverter a situação, tentando se impor pela força.
Na melhor das hipóteses, cachorros que recebem castigos na forma de violência física ou gritos estarão sempre avaliando os limites: eles repetirão as condutas inadequadas, para ver se a sanção continua válida.
É natural que os cachorros se sintam estimulados durante as brincadeiras – e este é o principal motivo da monta nas coisas. Por isso, uma forma simples de eliminar o comportamento é enriquecer o ambiente em que o cachorro transita com brinquedos e objetos que despertem a curiosidade.
Um cão que passa boa parte do tempo brincando, investigando e tentando entender alguma coisa nova (como retirar os petiscos de uma garrafa pet, por exemplo) dificilmente fica excitado a ponto de montar nas coisas.
O excesso de energia pode ser drenado nas brincadeiras e passeios diários. Cães saudáveis precisam de atividade física diariamente, sempre respeitando-se o porte e o temperamento de cada animal.
O dispêndio calórico durante as atividades impede o sobrepeso e a obesidade e torna os cachorros equilibrados e focados. Além disso, durante os passeios, os pets acostumam-se com humanos e caninos desconhecidos, que vão e vêm.
A regularidade dos passeios torna a presença de estranhos mais tolerável para os cachorros. Eles não precisam inspecionar cada visitante que chega à casa – seja um amigo, seja um prestador de serviços.
É possível que alguns cachorros, mesmo com estas providências, continuem exibindo o comportamento. Neste caso, é importante levá-lo para uma consulta com o veterinário. No caso de animais claramente dominantes, um adestrador profissional também pode resolver o problema.
Caso os tutores não tenham tempo suficiente para brincar e passear com os cachorros – uma condição comum com a correria do dia a dia – deve-se considerar a possibilidade de contratar um passeador ou matricular o pet em um day care. Em ambos os casos, a sociabilização e o consumo de energia estão garantidos.