É uma demonstração de amor, mas há outros motivos para o cachorro gostar de dormir com você.
Os cachorros gostam de ficar com os tutores. Eles gostam de dormir ao pé dos humanos e ao lado no sofá. Também apreciam dividir a cama e até o travesseiro. Mas muitos tutores se perguntam: “por que meu cachorro gosta de dormir comigo?”. As respostas são variadas, mas todas elas são parecidas.
Se o seu cachorro gosta de dormir com você, parabéns! Isto significa que ele confia em você e se sente seguro na sua companhia. Ninguém fica relaxado na presença de estranhos. Quanto mais fortes os vínculos entre tutor e cachorro, mais o peludo quer proximidade.
Apenas fique atento a alguns sinais: se o cachorro quer dormir em cima de você, se ele, ainda acordado, ocupa a maior parte da cama ou até mesmo se ele rosna quando está dormindo e você se aproxima, provavelmente o pet é um animal dominante e está disputando a liderança da casa com você. É preciso deixar claro “quem manda no pedaço”.
O amor
Este é o principal motivo por que os cachorros gostam de dormir com os tutores. Mas o amor canino é um pouco diferente: estes pets identificam no seu humano o líder do bando, aquele que supre todas as necessidades.
Para os cachorros, os tutores são responsáveis pela alimentação, segurança, abrigo e afeto. No início da convivência entre cães e humanos, o relacionamento era paritário: todos participavam das atividades de caça e partilhavam as presas.
Com o tempo, os cachorros assumiram outras atividades, como vigiar os acampamentos e aldeias, guerrear, participar de ações de resgate, pastorear o gado, identificar substâncias nocivas e até cuidar de crianças.
Atualmente, mesmo com diversos cachorros atuando nas mais variadas funções, a maioria deles é adotada como animais de companhia. Para os peludos, o universo se resume à casa e à família, que decide a hora de comer, de brincar, de dormir.
Nada mais natural que eles queiram ficar aconchegados junto aos tutores. E quanto mais fortes os vínculos, mais próximos eles ficam. Mesmo os cães mais independentes não dispensam alguns momentos de carinho com a família humana.
Estudos realizados pelo Centro de Pesquisas em Ciências Naturais de Budapeste (Hungria) usaram testes de estilos de apego, desenvolvidos pela psicóloga americana Mary Ainsworth, e identificaram reações à ausência do tutor semelhantes às apresentadas às crianças em relação aos seus pais. A pesquisa observou a conduta de 50 animais e seus tutores.
Mais motivos para o cachorro gostar de dormir com você
• A sociabilidade – os cachorros são animais gregários. Os lobos, ancestrais dos cães, vivem em grupos complexos, rigidamente hierarquizados. Cada membro do bando exerce funções específicas e estabelece uma forma especial para lidar com os chefes e colegas.
Se os cachorros ainda estivessem na floresta, eles dormiriam encostados uns aos outros. A estratégia proporciona segurança, aumentando as chances de reação frente a um ataque de predadores. Além disso, dormir juntos aumenta o conforto e o aquecimento.
Portanto, dormir com a família faz parte dos comportamentos ancestrais dos cachorros. Os mais independentes e encalorados podem se afastar um pouco, mas, sempre que possível, gostam de se posicionar num local em que seja possível ao menos o contato visual com os tutores.
• O instinto de proteção – os cachorros são guardiães naturais. Apesar de não serem naturalmente agressivos como outras espécies – na natureza, os lobos preferem fugir a entrar numa briga –, eles sabem instintivamente que precisam proteger a família. Para isso, quanto maior a proximidade, melhor.
Quem convive com um cão sabe que os peludos revelam este instinto especialmente com os membros que eles consideram vulneráveis e frágeis, como as crianças e os doentes. Se alguém está de cama na família, é difícil que eles se afastem da cama.
Este apego foi aproveitado pelos humanos ao longo dos milênios. Os cachorros exercem as funções de babá com perfeição e até hoje, entre algumas tribos do Ártico, os bebês são deixados entre samoiedas, para que fiquem protegidos e aquecidos.
Pode parecer uma temeridade deixar crianças pequenas com cães de grande porte (a raça samoieda é classificada como molossoide – os machos atingem 60 cm de altura na cernelha), mas os nativos do Alasca e do Canadá fazem isso há séculos.
No estado de vigília, todos nós estamos atentos aos estímulos do ambiente. Quando dormimos, permanecemos mais vulneráveis. Os lobos se revezam, na natureza, nas atividades de defesa. Em casa, os cachorros se responsabilizam por esta atividade.
Na convivência com os humanos, os cães ampliaram o tempo de sono contínuo – à noite, eles dormem quase tanto quanto nós, além das muitas sonecas matutinas e vespertinas. Mesmo assim, ao acordarem, eles mantêm a capacidade de retomar a atenção rapidamente, caso seja necessário defender a família.
Alguns cães desenvolveram ainda mais o instinto de proteção e defesa. As raças desenvolvidas para o pastoreio são excelentes guardiãs, mesmo que estes cachorros atualmente sejam adotados apenas para companhia.
Quem tem um cachorro pastor ou boiadeiro deve saber que ele está sempre a postos, “para servir e proteger”. Se você não quer que ele durma na mesma cama, providencie um espaço aconchegante ao lado (ou na porta do quarto), porque o animal precisa de um bom posto de vigia.
• Submissão – os cães são defensores naturais, mas também precisam de proteção. E, como eles entendem que os tutores são os líderes, os “alfa da matilha” e, portanto, os principais responsáveis pela segurança, terminam por se submeter aos chefes.
Os cães passam a entender que os tutores sempre os protegerão, não importa a situação. Nestas condições, é melhor estar perto do líder, em caso de um eventual ataque. Os animais não entendem que estamos em segurança dentro de casa; para eles, a casa mais moderna, equipada com alarmes e outros dispositivos, é apenas uma caverna esquisita.
O medo tende a ser contagioso. É por isso que, em casos de calamidade pública, o pânico é facilmente instalado. Os cachorros, quando observam os tutores tranquilos e relaxados, entendem que não há perigo.
isto acontece mesmo em dias de temporais, quando trovões e relâmpagos anunciam incêndios iminentes. Mais uma vez, os cachorros não conseguem acompanhar a nossa tecnologia e não sabem nada sobre para-raios.
Quando eles nos veem calmos, apesar da situação de emergência, eles entendem que não há nada a temer. Mas o seguro morreu de velho: é melhor ficar pertinho, para garantir a integridade e a segurança.
• Calor humano – nada melhor do que a proximidade para aquecer corações e corpos. Dois animais em contato próximo conseguem elevar a temperatura corporal e melhorar o conforto térmico. Desta forma, ficar ao lado do tutor, ou até mesmo dormir de conchinha, é a melhor estratégia contra o frio.
A temperatura corporal dos cachorros é um pouco mais elevada do que a nossa, e por isso, eles sentem as quedas de temperatura antes de nós – e com maior intensidade. Os pelos, no entanto, os protegem de uma hipotermia, o que não aconteceria conosco se ficássemos nus em uma noite fria, mesmo dentro de casa.
Mesmo os cães de pelagem curta tendem a não ser tão friorentos como os humanos. De qualquer forma, ter uma cama quentinha para se sentir confortável não é algo que se possa menosprezar. Se esquentar demais, sempre é possível “fugir” para os pés da cama ou descansar alguns instantes com a barriga no piso frio.
• Conforto – qualquer ser que experimente o mundo e entre em contato com que está se passando ao seu redor é capaz de perceber o conforto de uma cama. E os cães não demoram para descobrir que este local é privilegiado: macio, escuro e aquecido.
Nossa cama certamente é mais atraente do que uma almofada ou colchonete instalado no chão. Às vezes, a cama improvisada não é macia o suficiente; outras vezes, ela é pequena demais para as espreguiçadas.
Os cachorros são extremamente inteligentes e, claro, também gostam de conforto. Dormir ao lado do tutor, na cama ou no sofá, é muito mais agradável do que dormir no chão: é confortável e a companhia é a melhor possível.
• O amor – voltamos ao sentimento que une humanos e caninos. Mais uma vez, é o amor o principal motivo por que os cachorros gostam de dormir com os tutores. Ficar ao lado de alguém que inspira confiança e respeito pelo maior tempo possível é a principal justificativa da presença próxima dos peludos – aos nossos pés, do nosso lado ou na mesma cama.
Certamente, permitir esta proximidade exige algumas providências. As mãos e pés dos peludos devem ser higienizadas no final do dia, quando se aproxima a hora de dormir, e a pelagem precisa ser escovada com regularidade – os muito peludos precisam deste cuidado diariamente.
Em muitas famílias, não é permitido que o cachorro suba na cama ou no sofá. Em algumas casas, a presença nem é permitida além dos limites da porta do quintal. Não há nada de errado nisso: cada grupo estabelece regras próprias.
Outras permitem que os cachorros tenham mais mordomias – e isso os torna mais felizes, confiantes, equilibrados e saudáveis. A resposta à pergunta-título – por que meu cachorro gosta de dormir comigo? – é muito simples: porque ele gosta muito de você. Um amor incondicional tão puro que merece ser desfrutado em toda a plenitude.