Encarar os tutores é provavelmente uma demonstração de amor. Confira o significado deste gesto canino.
Por que meu cachorro fica me encarando? Encarar os tutores é um gesto canino muito frequente e quase sempre os motivos são positivos. De qualquer forma, é importante procurar entender a linguagem canina – composta por sons e posturas – para garantir uma convivência ainda mais saudável.
Apesar de os humanos estarem sempre procurando motivos mais complexos, os cachorros ficam encarando os seus tutores apenas para demonstrar o amor que sentem. Não se trata de um gesto piegas, mas do reconhecimento do amigo como provedor e companheiro.
Motivos que levam o cachorro a encarar
É muito provável que, se não tivessem cruzado os caminhos dos humanos há alguns milênios, os cachorros teriam encontrado outras formas de comunicação. A interação das duas espécies, contudo, criou um relacionamento exclusivo, útil e prazeroso para as duas espécies, que não seriam as mesmas sem esta parceria.
Por isso, ao parar o que está fazendo e simplesmente cravar os olhos em você, encarando-o por alguns instantes, o seu cachorro está dizendo: “eu amo você, cara”. O sentimento abrange confiança, segurança, bem-estar, tranquilidade e muito mais.
Outros motivos para o cachorro encarar os humanos
Mas um cachorro também pode encarar os tutores – e também pessoas desconhecidas – como forma de desafio e enfrentamento. Na convivência com os humanos, é raro que os cachorros queiram assumir posição dominante, mas isto pode acontecer.
Em geral, isto ocorre quando a rotina doméstica é confusa, com regras sendo alteradas no dia a dia. Os nossos melhores amigos gostam muito de um cotidiano organizado e previsível, que é um sinal de estabilidade, segurança, abrigo e aconchego.
Devo encarar o cachorro de volta?
Tudo depende das razões que levam o cachorro a encarar. Como já foi dito, na imensa maioria dos casos, as encaradas são declarações de amor. Nestes casos, especialmente quando elas são acompanhadas por longos “suspiros arrancados com torquês”, como diria um poeta ruim do século 19, o cachorro pode ser encarado de volta sem problemas.
Ele está apenas admirando o tutor e refletindo sobre a sorte que tem em ter aquela família. É uma forma de diálogo e estes momentos tête-à-tête entre humanos e filhos de quatro patas fortalecem os vínculos e tornam o relacionamento mais saudável e prazeroso.
As encaradas podem ser motivadas por ansiedade – isto geralmente acontece com os cachorros que passam muito tempo sozinhos, sem nada interessante para fazer. A correção passa por enriquecer o cotidiano do peludo com brincadeiras estimulantes, como encontrar objetos, ter acesso a uma janela para observar o movimento na rua (ou no céu, no caso de apartamentos), etc.
Mas, se o cachorro encara de forma desafiadora, se quer atenção de qualquer maneira, se exige petiscos ou brincadeiras fora de hora, ele precisa ser advertido com firmeza. Não é preciso gritar nem partir para agressões físicas, mas o tutor deve falar com voz firme e coibir o comportamento.
Quase sempre, os cachorros são suficientemente inteligentes para entender que a conduta não está agradando e abandonando as atitudes.
Muito raramente, o cachorro pode se mostrar agressivo com os humanos da família. Não é o que se espera de um animal que convive conosco há milênios: quase sempre é resultado de uma educação desastrosa, com permissividade, mudanças aleatórias na rotina, brincadeiras que estimulam o comportamento violento, etc.
É muito difícil encontrar um cachorro inserido em uma família nesta situação. Se ocorrer, provavelmente houve muitos erros no adestramento e na sociabilização dos peludos e o melhor a fazer é procurar ajuda profissional.
Riscos de encarar um cachorro
Quando se trata de um cachorro desconhecido, é melhor não encarar de volta, especialmente se ele estiver desacompanhado. Mesmo que ele mantenha uma relação de subordinação com a família, isto não significa que ele tolere todos os humanos nas proximidades.
Ao cruzar um cachorro no caminho e ele encarar você, dando sinais de agressividade: rosnados, postura rígida, face sem trejeitos nem expressões fisionômicas que possam indicar curiosidade, o melhor a fazer é manter distância.
Não corra, especialmente se o cachorro desafiador tiver porte médio ou grande: é extremamente provável que ele corra atrás e o alcance com facilidade. Apenas desvie o olhar e tente se afastar lentamente, procurando um abrigo o mais rápido possível. Os cães territorialistas e dominantes podem se mostrar violentos e agressivos: em um ataque, os humanos quase sempre levam a pior.
O que faço para o cachorro parar de me encarar?
Além de demonstrar os sentimentos, os cachorros também podem ficar encarando os tutores e cuidadores por outros motivos. É o caso, por exemplo, dos animais muito bem adestrados. Todos os cães devem receber o treinamento básico assim que forem adotados – as aulas devem ter início logo no primeiro dia.
Os cachorros devem aprender o significado de alguns comandos básicos, como “sim” e “não”, logo que são recebidos em casa. São ordens simples muito úteis no dia a dia, para facilitar a condução nos passeios e evitar as festas muito intensas – quando os cachorros ficam pulando sobre nós, por exemplo.
Os cachorros não compreendem a linguagem humana: no máximo, eles assimilam o significado de algumas dezenas de palavras, que incorporam de um “jeito canino” ao seu cotidiano. Isto vale inclusive para o nome: ao ouvir “Bob” ou “Rex”, eles passam a entender que devem se aproximar os humanos da família.
Algumas confusões
É importante que todo treinamento canino seja sempre envolvido com brincadeiras e carinhos. Os cachorros não devem ficar ansiosos esperando o comando; é preciso apenas que eles percebam que o momento é de atenção e alerta, mas que, mesmo assim, continue divertido. Um cão farejador de drogas, por exemplo, está basicamente brincando com o treinador enquanto vasculha bagagens e cargas.
Mas, durante o adestramento, a ansiedade pode surgir e os cachorros ficam confusos, sem saber exatamente como reagir. Se as lições forem muito complexas e difíceis, eles poderão precisar de mais algumas dicas: o tutor pode mostrar o que se espera dele levando um petisco em torno do corpo para fazer o peludo girar em círculos, por exemplo.
A linguagem corporal dos cães
Enquanto estão tentando assimilar novos truques e alterações na rotina (a mudança de casa, por exemplo), ou apenas procurando entender o que o tutor está dizendo, os cachorros começam a exibir um grande repertório de informações corporais: é mais uma forma de conversa canina. Eles podem, por exemplo:
- levantar as orelhas (ou apenas uma delas);
- erguer as sobrancelhas;
- levantar uma das mãos em direção ao tutor;
- esticar o rabo, formando uma linha contínua entre o dorso e o rabo;
- dobrar o rabo sobre o tronco;
- balançar a cauda freneticamente;
- encarar o tutor, para pedir atenção e carinho, para entender o que está acontecendo ou apenas para demonstrar o amor que sente.
Tudo isso depende do temperamento de cada cachorro e também da raça canina, mas geralmente a informação que o peludo pretende transmitir fica bem evidente, especialmente quando se trata da relação mais próxima – entre dois amigos.
Cachorro de casa encarando
O tutor pode se perguntar: “devo encarar de volta?”. Tudo depende dos motivos. Se o cachorro está desafiando, o tutor deve encará-lo até que ele baixe os olhos. É uma forma de dizer: “quem manda aqui sou eu”.
Ao contrário do que acontece em muitas relações humanas (quase sempre arbitrárias), a submissão não é um ponto negativo para os cachorros: é apenas uma forma de se localizar na hierarquia na matilha. Se o relacionamento é divertido, prazeroso e saudável, não há nada errado em cumprir algumas regras, como não subir na cama ou não entrar na sala de estar.
Mas alguns desafios podem ser positivos e por isso devem ser estimulados. As encaradas insistentes podem indicar momentos especiais, como a primeira refeição do dia, a hora da brincadeira ou a aproximação do momento da caminhada do dia: uma ocasião festiva para os cachorros.
Nessas situações, os cachorros podem “espichar os olhos” para os tutores, que devem recompensar os peludos satisfazendo as pequenas necessidades cotidianas: uma correria, uma longa caminhada na praça ou apenas um “dolce far niente”: um cafuné no sofá, ao lado do melhor amigo.
Certo e errado
Os cachorros não podem estabelecer as regras da casa, mas não há nada errado em satisfazê-los em suas necessidades cotidianas. Os peludos gostam de uma rotina – e “lembrar o tutor” que está na hora da ração não é necessariamente um desafio, mas uma forma de garantir a previsibilidade, um sinal de que está tudo certo na organização familiar.
É preciso avaliar muito bem a situação. Vez por outra, os cachorros compreendem errado alguns sinais emitidos pelos tutores. Nestes casos, eles podem encarar os humanos por motivos banais: os peludos podem estar dizendo: “estou com frio, me cobre”, ou “estou com fome, vá buscar comida”, e assim por diante.
Naturalmente, o tutor não pode fazer todas as vontades do cachorro. Se não está na hora da refeição, nem há motivos para lanches extras ou uma recompensa, os olhares devem ser ignorados. É difícil fingir não notar que o cachorro está encarando, mas ele precisa entender que não pode ditar o ritmo das atividades domésticas.