O acasalamento tem segredos. Entenda por que os cachorros ficam grudados e saiba o que fazer.
Muitos tutores acreditam importante que os seus cachorros acasalem e tenham filhotes – alguns até pretendem eternizar os peludos através das gerações. Antes do cruzamento, no entanto, é preciso conhecer alguns segredos. Entre eles, machos e fêmeas ficam “grudados” quando cruzam.
Para muitas pessoas, por outro lado, não é nada agradável deparar-se com um casal de cachorros namorando. Há até quem jogue água para separá-los, o que é totalmente contraindicado – e quase sempre ineficaz. Descubra o que fazer – e o que não fazer – quando os cachorros ficam grudados.
O cruzamento
Para que o cruzamento possa acontecer, é preciso que a cachorra esteja no período fértil – a fase do ciclo estral em que há óvulos maduros disponíveis nas tubas uterinas. Os machos adultos saudáveis estão sempre prontos para acasalar.
Vale dizer que não é necessário acasalar os cachorros. O cruzamento, gestação, parto e amamentação não reduzem a incidência de doenças e a ausência de filhos não gera transtornos emocionais, como depressão e ansiedade.
O acasalamento é uma estratégia para os criadores e para quem pretende depurar novas raças caninas. Todo o processo requer cuidados e, para a maioria dos tutores, o ideal é castrar os animais ainda jovens (no caso das fêmeas, antes do primeiro cio), para evitar problemas.
Além da gravidez indesejada, que gera filhotes que ninguém quer, o cio acarreta uma série de transtornos. A cachorra secreta feromônios – substâncias indicativas de que ela está receptiva ao acasalamento – e os machos conseguem senti-las a quilômetros de distância.
A disputa pelas parceiras quase sempre provoca brigas, que podem inclusive levar a mortes: os machos mais fortes e resistentes conquistam o direito de gerar descendentes, enquanto os mais fracos sofrem as consequências. É a lei da selva.
Além das brigas, muitos cachorros machos e fêmeas sofrem acidentes, como quedas e atropelamentos nesse período. Existe também a possibilidade de eles se perderem: ao buscar os(as) parceiros(as), eles se afastam de casa e muitas vezes não conseguem encontrar o caminho de volta.
Por fim, cães também transmitem doenças venéreas. O TVT (tumor maligno transmissível) é transmitido por um vírus e é mais frequente nos meses mais quentes (praticamente o ano inteiro no Brasil). Diagnosticado precocemente, o TVT tem cura, mas o tratamento às vezes chega a incluir quimioterapia e retirada dos órgãos sexuais.
A brucelose é outra infecção sexualmente transmissível (IST) comum entre caninos (e humanos também). Além dos riscos envolvendo os parceiros, estas ISTs atingem os embriões, causando abortos espontâneos, más-formações fetais e partos prematuros.
Por que os cachorros ficam grudados?
O acasalamento ocorre apenas em poucos dias do ciclo estral, nos quais a fêmea se mostra receptiva. Muita gente que nunca viu um casal de peludos namorando estranha o fato de eles ficarem grudados, mas é uma condição natural.
No momento do coito (a penetração do pênis do macho na vagina da fêmea), há um aumento considerável do fluxo de sangue nos órgãos genitais. Em todos os casos em que ocorre fecundação interna, esse aumento é imprescindível para a penetração, apesar de a ereção do pênis atingir o máximo apenas depois do encaixe dos órgãos sexuais.
Durante o coito, a região do pênis canino chamada bulbo (bulbus glandis) aumenta consideravelmente de tamanho, para se encaixar no cérvix da fêmea. Ao contrário do que acontece com os humanos, a ejaculação canina ocorre por gotejamento.
Depois que o macho monta na fêmea e encaixa o pênis – o que dura um ou dois minutos –, o bulbo cresce e os animais podem inclusive ficar de costas um para o outro, com as quatro patas apoiadas no chão. A partir daí, ocorre o “grude”.
Quanto tempo os cachorros passam grudados?
Por menos poético que seja, o objetivo básico dos seres vivos é procriar e gerar o maior número possível de descendentes férteis. Macho e fêmea ficam grudados por todo o tempo em que o esperma esteja gotejando.
Isto aumenta o total de espermatozoides inseridos na vagina das fêmeas e, portanto, amplia as chances de fecundação. As cachorras no cio podem cruzar com outros machos nos dias seguintes, gerando filhotes de pais diferentes.
Machos e fêmeas ficam grudados durante cerca de 30 minutos, até que as células sexuais masculinas disponíveis (já maduras e aptas à fecundação) tenham sido transferidas para o canal vaginal da fêmea.
Este prazo pode ser reduzido para 15 minutos ou dilatado para até mais de uma hora. Muitas vezes, os animais parecem estar em posições desconfortáveis, mas eles quase sempre se adaptam à situação. Este é um dos motivos para, em acasalamentos planejados, unir machos e fêmeas de porte semelhante.
Não tente separá-los
O esperma dos cachorros é bastante ralo e com baixa contagem de espermatozoides (comparado ao dos primatas, por exemplo). O “grude” é uma estratégia evolutiva para aumentar as chances de fecundação.
Tentar separar macho e fêmea depois da penetração (durante o coito) é uma tarefa quase impossível, uma vez que o bulbo já se encaixou e aumentou muito o seu volume, graças ao fluxo sanguíneo. É preciso esperar o relaxamento dos cães, fato que acontece depois do fim da ejaculação por gotejamento.
Como já foi dito nesta matéria, a melhor forma de impedir a cópula entre cães é a castração. Se um macho e uma fêmea íntegros estão copulando, tudo que se pode fazer é deixar a natureza seguir o seu curso.
As tentativas de separar os cachorros grudados podem causar danos tanto para machos quanto para fêmeas. Existem algumas fórmulas populares que são tão ineficazes quanto perversas. Uma delas é jogar água quente ou fria, para “aliviar” o ânimo do casal. No caso da água quente, isto expõe os animais a queimaduras.
Outra “providência” comum é usar cassetetes improvisados com cabos de vassoura para bater nos animais, até que a “sem-vergonhice” pare. Aqui, é preciso considerar que o ato sexual não tem nada de vergonhoso e, claro, as pancadas podem inclusive matar os cachorros.
As tentativas de separação também podem lesar os genitais dos cachorros, que são órgãos especialmente sensíveis.