Infelizmente, a resposta não é “para sempre”. Os cachorros vivem de 12 a 15 anos, em média.
Os melhores amigos dos humanos não vivem eternamente. Existe um prazo para a convivência, que, na média, fica entre 12 e 15 anos. Comparativamente, os cachorros vivem bem mais do que os seus ancestrais: no ambiente selvagem, os lobos que chegam à maturidade atingem de seis a dez anos – em cativeiro, podem viver até o dobro da idade.
O período de vida dos cachorros, no entanto, é alterado a partir de uma série de fatores, tais como qualidade e estilo de vida (alimentação, acomodações, prática de exercícios físicos, acesso a atendimento veterinário, etc.), porte, raça e sexo.
Longevidade e expectativa de vida
A expectativa de vida ao nascer, no entanto, é bem mais baixa. Um estudo comandado pelo médico veterinário Henri Bentubo, publicado em 2017, na revista “Ciência Rural”, periódico científico editado pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), concluiu que os cães que vivem no município de São Paulo podem esperar apenas 36 meses de existência.
Três anos pode parecer muito pouco, mas os dados obtidos pelos pesquisadores foram estratificados de acordo com as condições objetivas a que os cães são submetidos. Foram consideradas questões como mortalidade infantil, exposição a riscos, vacinação, etc.
Na verdade, os 36 meses de expectativa de vida ao nascer ficam muito abaixo da média verificada em outros países. De acordo com pesquisas, as taxas são as seguintes:
- no Japão, de 8,3 anos (Hayashidani, 1998);
- nos EUA. de 9,9 anos (Bronson, 1982);
- na Suécia, 10 anos (Bonnett, 1997);
- na Dinamarca, 10 anos (Proschowsky, 2003);
- na Inglaterra, 11 anos (Michell, 1999).
Portanto, ao se perguntar quanto tempo um cachorro pode viver, é preciso considerar que a vida dos peludos está vinculada à proteção dos tutores, que são responsáveis pela alimentação, agasalho e abrigo, atividades físicas, vacinação, vermifugação, castração, etc.
O estudo analisou dados de 2.011 cães provenientes de canis e abrigos, hospitais veterinários universitários, clínicas particulares e de casas residenciais. As causas mais importantes de mortalidade, por ordem de ocorrência, são as doenças infecciosas, as neoplasias e os traumas.
A pesquisa constatou que os cães de porte médio, grande e gigante são mais longevos do que os pequenos; as fêmeas vivem mais do que os machos e os animais castrados, mais do que os intactos (não castrados).
De acordo com a publicação, não foram observadas diferenças sensíveis na expectativa de vida dos cães de raça e os vira-latas (SRD, ou sem raça definida), apesar de estes últimos serem considerados mais saudáveis do que os seus colegas “puros”.
As médias dos vira-latas, no entanto, podem ter sido puxadas para baixo porque boa parte desses peludos vive em abrigos, nas ruas ou são semidomiciliados (possuem uma família de referência, mas têm acesso à rua sem supervisão humana). Problemas de moradia também ocorrem entre os cães de raça, mas são menos frequentes.
É importante considerar que a expectativa de vida ao nascer engloba as taxas de mortalidade infantil e os riscos inerentes a traumas, como quedas e atropelamentos. A média de vida, entre 12 e 15 anos, é elevada principalmente em função de animais que atingiram a maturidade e são mantidos em ambientes seguros.
As raças
Não existem estudos específicos sobre raças caninas e expectativa de vida no Brasil. Apesar de haver diversas pesquisas mundo afora, para uma avaliação mais correta, seria necessário conferir como as raças se adaptam ao ambiente brasileiro – clima quente e úmido, menor poder aquisitivo dos tutores, percentuais de abandono, etc.
O site Doghero, no entanto, realizou um censo sobre animais de estimação em 2020, que chegou a algumas conclusões surpreendentes. Entre os cães registrados, a maioria dos machos recebeu o nome de Thor; entre as fêmeas, o nome mais popular é Mel.
Os vira-latas são a maioria dos cachorros brasileiros (32%), seguidos pelos shih tzus (12%) e pelos yorkshire terriers (6%). Apenas em termos de comparação, nos EUA, 62% dos cães adotados são de raça pura.
O recenseamento também verificou o tempo médio de vida dos cães brasileiros, de acordo com a raça. Confira:
- vira-latas – 16 anos;
- shih tzu – 10 a 15 anos;
- yorkshire terrier – 12 a 14 anos;
- poodle – 18 anos;
- lhasa apso – 12 a 15 anos;
- buldogue francês – 10 a 12 anos;
- pinscher miniatura – 12 a 15 anos
- golden retriever – 10 a 13 anos;
- spitz alemão – 17 a 18 anos;
- maltês – 15 a 16 anos.
As diferenças
Os cachorros pequenos tendem a viver mais, em relação aos animais de porte grande e gigante. Na média mundial, por exemplo, um São Bernardo já é considerado idoso aos seis anos, enquanto um chihuahua só atinge a terceira idade três anos mais tarde e alguns indivíduos são considerados idosos apenas a partir dos 13 anos.
O motivo é que os filhotes de raças caninas grandes apresentam um metabolismo mais acelerado, já que precisam de mais energia para se desenvolver. Eles completam o crescimento físico mais cedo (mas atingem a maturidade sexual mais tarde).
Com o metabolismo acelerado, a produção de radicais livres (íons formados durante os processos orgânicos, como respiração e digestão) é muito maior. Em alguns anos, os radicais livres aceleram o processo de envelhecimento, reduzindo a longevidade.
Os cães braquicefálicos também vivem menos. Um buldogue inglês, por exemplo, vive em média dez anos. Um estudo sobre estas raças, publicado em 2018, pela graduanda em Medicina Veterinária Priscila Ricioli da Silva, da Universidade Federal de Campina Grande (PB), verificou que os animais de focinho achatado vivem em média 8,6 anos, contra 12,7 anos entre os cães dolicocefálicos (de focinho longo e estreito).
As raças dos cães braquicefálicos (de focinho amassado e face achatada) a as expectativas de vida (dados da Federação Cinológica Internacional) são as seguintes:
- shih tzu – 10 a 16 anos;
- lhasa apso – 12 a 14 anos;
- maltês – 12 a 15 anos;
- buldogue inglês – 8 a 10 anos;
- buldogue francês – 10 a 14 anos;
- pug – 11 a 14 anos;
- pequinês – 12 a 15 anos;
- cavalier king charles – 9 a 11 anos;
- dogue de Bordéus 5 a 8 anos;
- boxer – 10 a 12 anos;
- boston terrier – 12 a 14 anos.
O dogue de Bordéus é a raça canina menos longeva. Os cães das raças citadas apresentam maior propensão a desenvolverem doenças respiratórias e cardíacas – o infarto do miocárdio é a principal causa de morte dos buldogues ingleses e pugs adultos.
O mais velho do mundo
Alguns cachorros ultrapassam bastante a média de idade calculada para a espécie. De acordo com o Guinness Book of Records, o campeão em longevidade foi Bluey, um australian cattle dog (boiadeiro australiano), que viveu em uma fazenda na cidade de Rochester (Victoria, Austrália).
Bluey nasceu em 1910 e morreu apenas em 1939: ao todo, foram 29 anos, cinco meses e sete dias. Durante mais de 20 anos, o peludo vigiou rebanhos bovinos na fazenda.
Em 2016, outro fazendeiro reivindicou o título para Maggie, uma kelpie australiana, que teria ultrapassado os 30 anos de idade. No entanto, Brian McLaren, o tutor, não possuía documentos atestando o nascimento de Maggie; por isso, Bluey manteve-se como cão mais velho.
No Brasil, a honraria pertence a Fred, um pinscher miniatura que viveu em Xaxim (SC) e atingiu quase 25 anos de idade. Fred ficou famoso em 2018, quando apareceu em alguns programas de TV. O nascimento nunca foi documentado oficialmente e a morte ocorreu em junho daquele ano.