A resposta é negativa. O ibuprofeno é uma droga tóxica para os cachorros.
Pode dar ibuprofeno para cachorro? O ibuprofeno, uma abreviatura para ácido isobutilpropanoicofenólico, infelizmente não pode ser dado para cachorros. Trata-se de uma droga do grupo dos anti-inflamatórios não esteroides (AINE) usada em casos leves de inflamações, com sinais de dor e febre em humanos, mas os peludos precisam ficar longe dela.
O fármaco é muito comum nas farmacinhas domésticas, mas vale lembrar que o ibuprofeno age apenas no alívio sintomático, isto é, ele não corrige as causas de dores de cabeça, de dente e musculares, cólicas menstruais, quadros inflamatórios de artrites, etc.
Em humanos, a droga é eficaz em 60% dos casos, de acordo com estudos da indústria farmacêutica (pesquisa de 2016 da American Society of Health System Pharmacists), e costuma apresentar os sinais de melhora em até uma hora. Algumas pessoas sentem efeitos colaterais, como indisposições estomacais e, mais raramente, erupções de pele.
O sucesso comercial do ibuprofeno é devido principalmente à eficácia em episódios de dor e febre moderadas, aliada à desnecessidade de prescrição médica. O medicamento é contraindicado durante a gravidez e a lactação, mas pode ser ministrado em crianças a partir dos seis meses.
Ibuprofeno em cachorros
Por se tratar de um medicamento eficaz e de venda livre, sem necessidade de prescrição médica, muitos tutores acreditam que o ibuprofeno pode fazer bem também para os cachorros.
Porém, a droga, ministrada sem orientação e acompanhamento de um profissional, pode causar intoxicações e, em alguns casos, até mesmo a morte dos peludos.
O problema específico é que o organismo dos cachorros não produz as enzimas necessárias para metabolizar a droga e excretar os excedentes. Mesmo em crianças humanas, a dosagem recomendada é de até 10 mg/kg de peso corporal. Acima disso, o ibuprofeno pode levar à insuficiência renal e a altos riscos de gastrites e úlceras estomacais.
No organismo canino, o ibuprofeno acaba reagindo com outras substâncias presentes no estômago e, uma vez que não há enzimas para eliminar a droga, ela acaba se acumulando.
Os efeitos nocivos dependem do porte e da idade dos cachorros. O ibuprofeno destrói a mucosa gástrica e compromete seriamente a digestão dos alimentos. Em um animal pequeno, a droga atua como um veneno.
A dificuldade de eliminar o ibuprofeno pode se manifestar de forma aguda, mas pode gerar igualmente problemas no médio ou longo prazo. O fármaco está associado à formação de coágulos sanguíneos, que comprometem a circulação sanguínea e podem levar a disfunções cardíacas, ou até mesmo um infarto do miocárdio.
As intoxicações por ibuprofeno
Alguns tutores, quando percebem que o cachorro está se sentindo desconfortável, ministram pequenas doses de ibuprofeno, por confiar no medicamento (ele é eficaz no alívio de muitas dores humanas) e também pela praticidade: a droga pode ser encontrada em qualquer farmácia.
Os principais efeitos nocivos são cumulativos. Incapaz de eliminar a substância, o organismo canino desenvolve lentamente alguns problemas graves, como insuficiência renal, pulmonar ou cardíaca. Os riscos envolvidos são muito elevados para compensar o alívio temporário de uma dor ou desconforto: o ibuprofeno não age sobre as causas, apenas combate os processos inflamatórios.
Em muitos casos, no entanto, a resposta do organismo pode ser imediata. O cachorro que recebeu ibuprofeno (ou que encontrou o medicamento e engoliu-o inadvertidamente) pode apresentar sinais de envenenamento, que exigem intervenção médica imediata:
- hematúria (sangue na urina);
- cianose (língua arroxeada), um indicativo de que a oxigenação do sangue está sendo insuficiente;
- ataxia (dificuldade ou incapacidade de manter a coordenação motora);
- dores intensas por todo o corpo;
- desmaios.
O envenenamento por ibuprofeno pode provocar a morte em poucas horas. Não é necessário que o cachorro apresente todos os sinais: ao perceber a intoxicação, ele deve ser levado ao pronto-socorro. O tratamento é feito à base de laxantes e de carbono ativado, que absorve as substâncias tóxicas, mas a taxa de mortalidade é muito alta.
O que fazer quando o cachorro apresentar sinais de dor?
Quando o cachorro apresenta sinais de dor, o ideal é consultar um veterinário e seguir as recomendações do profissional. A indústria farmacêutica já desenvolveu medicamentos para controlar a febre e a dor dos peludos, inclusive anti-inflamatórios não esteroidais (categoria do ibuprofeno).
É o caso, por exemplo, do carprofeno (droga que já foi usada em tratamentos para humanos, mas atualmente está restrita para outros animais). O medicamento é indicado para dores musculares e articulares, no pós-operatório e em alguns tipos de câncer.
No caso de dores moderadas e intensas, no entanto, os cachorros podem demandar outras terapias, como o uso de opioides. A orientação profissional é absolutamente necessária.
Outra vantagem dos medicamentos específicos para os cachorros é o formato com que são disponibilizados no mercado. Existem tabletes de analgésicos e anti-inflamatórios com aroma de carne, por exemplo. Isto facilita bastante a ministração do medicamento – quem já precisou dar um comprimido para um peludo sabe como a tarefa é difícil.
Em casos específicos, eventualmente o veterinário pode ministrar o ibuprofeno para cachorros. Os tutores precisam ficar muito atentos à posologia, uma vez que a superdosagem leva à manifestação de sinais como dor abdominal, sialorreia (salivação excessiva), náuseas, vômitos e diarreias.
Os cães de porte pequeno e médio, os idosos e os portadores de deficiências e doenças crônicas são ainda mais suscetíveis. Apenas algumas gotas de ibuprofeno podem ser fatais para um yorkshire terrier, um pinscher miniatura, um maltês ou um chihuahua, por exemplo. Além disso, alguns cachorros maiores podem ser intolerantes ao princípio ativo do medicamento.
A dor nos cachorros
Os melhores amigos dos humanos costumam ser muito tolerantes à dor: não é qualquer desconforto que impede as atividades do dia a dia, inclusive as brincadeiras. O principal sinal de dor é a tentativa de se esconder.
Na natureza, dores, incômodos e desconfortos prejudicam a caça, por exemplo. Além disso, os sintomas expõem os animais a eventuais predadores que estejam rondando. Por isso, esconder-se e esperar passar acaba sendo uma estratégia eficiente.
Os cachorros também não associam as dores e possíveis complicações. Mesmo quando elas indicam processos degenerativos, os peludos não sabem disso e tratam de continuar tocando a vida.
Mas os animais de estimação sempre fornecem sinais de que alguma coisa está errada. Eles podem ser sutis, especialmente em casos mais delicados. Por isso, os tutores precisam ficar atentos a alguns sinais emitidos por eles:
- apatia e desinteresse;
- isolamento;
- falta de apetite;
- náuseas e vômitos frequentes;
- diarreia ou prisão de ventre;
- latidos acompanhados de ganidos e uivos;
- dorso arqueado (pode indicar problemas ortopédicos ou dores abdominais);
- claudicação (os cães começam a mancar quando sentem dores nas articulações);
- resistência para caminhar, mesmo que sejam apenas alguns passos.
É importante observar estes sintomas e encaminhar o cachorro ao veterinário assim que for possível. Algumas outras manifestações, como desorientação espacial, vertigem, sufocamento, desmaios e convulsões são emergências médicas: é necessário correr com o peludo para o consultório.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.