Todos os cachorros gostam de passear com os tutores, mas Moxie, uma pastora alemã, explora o mundo de maneira radical: na garupa de uma moto. A cachorra e a tutora estão viajando por diferentes países não apenas por lazer e turismo, mas para apoiar um projeto social.
Moxie vive com a tutora Jess Stone, uma advogada canadense envolvida em vários movimentos sociais. Jess fundou uma empresa de artigos éticos para pets sediada em Los Angeles, na Califórnia (costa oeste dos EUA).
A Girl Up
Jess e Moxie partiram em uma viagem de moto ao redor do mundo. A dupla está ajudando a promover o trabalho da Girl Up, um movimento em prol dos direitos das mulheres, da preservação ambiental e também dos animais de estimação.
A Girl Up está presente nos cinco continentes, inclusive no Brasil – em mais de 20 unidades da federação. O movimento qualifica meninas de todas as idades para atuarem como líderes e ativistas em diversas causas – da proteção planetária às mudanças climáticas ao direito à dignidade menstrual.
A advogada, sempre ao lado de Moxie, percorre diversos países de moto para divulgar o trabalho, que também conta com o apoio e empenho de Greg Stone, marido de Jess. A ativista e a pastora alemã são membros do Woman Rider, um movimento mundial de motociclistas.
As viagens do cachorro e sua mãe
Jess e Greg já percorreram milhares de quilômetros ao redor do mundo a bordo de motocicletas, sempre tendo Moxie como a fiel escudeira do casal. A advogada profere palestras e faz apresentações em diferentes países.
Atualmente, o foco principal de Jess e Moxie são as mudanças climáticas. As viagens de moto são a estratégia da dupla para angariar recursos para a Girl Up, garantindo a ampliação do movimento inclusive em países onde as mulheres não têm direito nem mesmo aos recursos básicos de vida e dignidade.
A pastora alemã atua como garota propaganda do movimento – afinal, quase todos os motoristas e pedestres que se deparam com uma cachorra na garupa de uma moto têm a sua atenção direcionada para o trabalho da dupla.
Tudo começou quando um projeto de Jess e Greg – a adaptação de uma motocicleta para uma viagem entre Nova Orleans (sul dos EUA) e o lago de Atitlán, nas terras altas da Guatemala, o lago mais profundo da América Central.
Foi nessa viagem, em 2018, que Jess encontrou e adotou Moxie, então uma filhote de apenas nove semanas. Desde então, a dupla não parou mais de viajar de moto, sempre associadas a causas sociais pertinentes.
No final de 2018, Jess e Greg tinham um compromisso no México, mas, enquanto o casal fazia os preparativos para a viagem – que incluiu uma cavalgada pelos direitos das populações nativas daquele país –, a tutora foi ficando mais e mais estressada em deixar a nova filha sozinha.
Depois da viagem, em que Moxie ficou sozinha em casa no meio das festividades de fim de ano, com muitos fogos de artifício, o casal decidiu que era preciso encontrar um meio de incluir a pastora alemã nas viagens.
Jess pesquisou sobre trailers e sidecars para transportar as cachorras nos trajetos de moto, mas não ficou satisfeita. Então, em um site com dicas “faça você mesmo”, ela encontrou uma cadeira adaptável: era exatamente disso que Moxie precisava.
Desde então, Moxie é transportada comodamente em um equipamento que lembra as caixas de transporte dos muitos motoqueiros brasileiros que trabalham com entregas em domicílio. As barras da caixa foram acolchoadas para evitar acidentes com a cachorra.
Moxie passou a ser presença constante nas viagens, palestras e atos públicos em que os pais adotivos sempre se envolvem. A maior parte das atividades se concentra no continente americano – do Alasca ao sul da Argentina, mas a pastora alemã já viajou também para a Europa, África e Ásia.
Com quatro anos de idade, Moxie está totalmente adaptada à vida nas estradas. Ela gosta de voltar para casa e descansar na sua poltrona preferida, mas basta ver Jess ou Greg pegando um capacete para correr em direção à moto.
Ela consegue subir sozinha na garupa, acomodando-se tranquilamente no banco. Moxie não demonstra medo, mesmo em altas velocidades. O equipamento de transporte foi sendo adaptado e melhorado à medida que a pastora alemã crescia.
As leis
Assim como acontece nas legislações da maioria dos países, o Código de Trânsito Brasileiro não prevê o transporte de cães em motocicletas. Não existe uma proibição específica, mas o artigo 235 diz que “é proibida a condução de pessoas, cargas e animais na parte externa dos veículos, salvo em casos devidamente autorizados”.
O artigo 252 proíbe o transporte de cargas, crianças ou animais entre as pernas. A interpretação da lei, no entanto, é dúbia: não é possível afirmar que é proibido (nem permitido) o transporte de cães em motos.
Seja como for, é preciso estar atento à segurança e ao conforto dos pets. Alguns veterinários alertam não apenas para os riscos de acidentes, mas também para a exposição dos peludos ao movimento excessivo, ao vento excessivo, aos barulhos do trânsito, etc.
A situação, portanto, é no mínimo estressante para os cachorros. Os tutores precisam avaliar a oportunidade do transporte. De qualquer maneira, existem disponíveis no mercado alguns equipamentos para a condução de animais em motos – desde pequenas mochilas até gaiolas de transporte que podem ser fixadas às costas do condutor.
Mas, a menos que seja por um motivo justo – como os que movem as viagens de moto de Moxie e Jess –, o ideal é transportar os cachorros em carros, observando as leis e principalmente garantindo o conforto dos peludos.