Não é uma regra absoluta, mas os cães menores vivem mais que os grandões. Entenda por quê.
O tempo de convivência com os nossos pets é uma preocupação mais ou menos constante dos tutores. Afinal, eles têm uma expectativa de vida muito menor do que a nossa. Seja como for, os cães menores vivem mais do que os representantes das raças de grande porte.
Não se trata de uma regra fixa; afinal, são muitas as variáveis que determinam o tempo de vida de qualquer ser vivo. É apenas uma conclusão, inclusive de profissionais que convivem com cachorros, como veterinários e adestradores. Além disso, alguns estudos corroboram o fato.
O grupo e a raça a que os cachorros pertencem também é determinante da longevidade. O dogue de Bordéus é o cão com menor expectativa: dos cinco aos oito anos. Entre as raças populares no Brasil, os pets que se despedem mais rapidamente são os pastores alemães, rottweilers e dogues alemães, que dificilmente ultrapassam os oito anos.
Evidentemente, os cuidados dispensados pelos tutores influenciam decisivamente na expectativa de vida. Os cães de trabalho (na maioria, de grande porte) vivem menos. Mas mesmo os animais deixados em quintais, expostos ao Sol, ao frio e à chuva, sofrem mais. Os cachorros menores tendem a conquistar mais mimos por parte da família humana. O próprio tamanho faz com que eles pareçam carentes de atenções especiais.
Os motivos
Cachorros grandes costumam apresentar uma produção maior dos chamados pró-oxidantes, com dano igualmente maior da oxidação das gorduras.
Em outras palavras, os grandões apresentam mais radicais livres no organismo, que estão associados a diversas doenças, como tumores malignos, desgastes osteomusculares e distúrbios cardíacos. Isto acontece em função do crescimento acelerado.
O estilo de vida está diretamente associado à longevidade. Enquanto os pequenos “passam a vida” entre almofadas, travesseiros e o colo dos tutores (mesmo que não gostem disso o tempo todo), os cães maiores precisam cuidar da casa, vigiar a família, bloquear a passagem de estranhos.
Todos os cães são naturalmente protetores e estão sempre em alerta quanto aos ruídos e intromissões na rotina. Mas os de maior porte ficam mais expostos aos sinais de perigo (mesmo que sejam apenas aparentes) e precisam reagir a um número maior de situações de estresse.
Cães menores podem entrar na terceira idade apenas aos 12 ou 13 anos de idade, enquanto os maiores podem ser considerados idosos já aos seis anos. Quanto mais velhos, maiores as necessidades físicas para que o pet tenha uma vida saudável e feliz.
A seleção artificial – a escolha de cães com determinadas características que queremos destacar ou valorizar, como a aptidão para a caça ou a guarda – parece estar envolvida na diminuição da expectativa de vida. Aliás, parece ser um dos principais motivos.
Apesar de atualmente a maioria dos pets ser adotada como animal de companhia, os cachorros têm sido selecionados há milênios, pelos humanos, para cumprir determinadas tarefas. Ocorre que, para a depuração da raça, são escolhidos animais consanguíneos, para que as características desejadas sejam herdadas pelos filhotes.
Mas, além das características positivas, as novas gerações herdam também os genes de algumas doenças. Por exemplo, pastores alemães apresentam maior propensão para desenvolver a displasia coxofemoral, enquanto bassets hounds e cocker spaniels são mais suscetíveis a problemas oculares, como glaucoma e catarata.
As doenças reduzem o tempo de vida. Em alguns casos, as características desejadas prejudicam a saúde dos pets. Os cães braquicefálicos (de cara achatada, como buldogues ingleses e franceses) com frequência desenvolvem problemas pulmonares, que podem provocar insuficiências cardíacas e respiratórias.
O crescimento acelerado dos cães molossoides, como o mastim napolitano, o são bernardo e o bloodhound – uma característica desejada pelos criadores – também está associado ao envelhecimento precoce – e à consequente morte prematura. Isto vale para todos os cães de porte grande e médio para grande (como o pitbull e o bull terrier).
Proporcionalmente, o coração de um cachorro grande é muito menor do que o de um pequeno. Na natureza, os grandes animais, como elefantes, zebras e girafas, tiveram mais tempo para adaptar o seu sistema cardiovascular às necessidades do corpo imenso que possuem. Os cachorros tiveram muito pouco tempo e, por isso, o coração se apresenta menor.
Com isso, o músculo cardíaco enfrenta uma carga maior de trabalho para bombear sangue para todas as células – e recolher as impurezas destas mesmas células no caminho de volta. Trabalhando em dobro (ou em triplo ou quádruplo), o desgaste é mais rápido.
Diferenças de tamanho
Quando recém-nascido, um dogue alemão ou um weimaraner tem cerca de 20 centímetros de altura. Ao se tornarem adultos, animais destas raças podem ultrapassar um metro de altura na cernelha – cinco vezes o tamanho que tinham ao nascer.
Já um chihuahua, por exemplo, costuma nascer com oito centímetros de altura e dificilmente passa dos 20 centímetros ao atingir a vida adulta. O metabolismo dos cães desta raça é reduzido durante a fase de desenvolvimento físico.
Os cachorros produzem uma proteína específica, especificamente durante a fase de desenvolvimento, conhecida como IGF-1. É uma resposta orgânica para a produção do hormônio do crescimento, que induz ao desenvolvimento muscular.
A concentração de IGF-1 na corrente sanguínea é duas a três vezes maior entre os cachorros de grande porte. A proteína continua sendo produzida em grande quantidade na idade adulta, para a reparação do desgaste dos músculos. Pesquisadores da Universidade de Kansas (EUA) comprovaram a contribuição da IGF-1 no envelhecimento orgânico.
Por isso, os cães menores não apenas vivem mais do que os seus primos grandalhões, mas também desenvolvem menos doenças relacionadas à idade avançada. Com isso, eles prolongam a expectativa e também a qualidade de vida.
Os lobos
Na natureza, os lobos atingem entre 45 centímetros (lobo-guará) e 75 centímetros (lobo-cinzento). Esta deveria ser a altura média dos cachorros, mas a interferência humana produziu os minúsculos e os grandalhões, com prejuízo para os últimos no quesito longevidade.
Os lobos selvagens vivem em média de seis e a oito anos. Portanto, os cachorros, levaram vantagem ao passar a conviver com humanos. Em zoológicos, no entanto, a expectativa de vida dos ancestrais dos nossos pets é de 12 a 15 anos, muito acima da expectativa de um buldogue inglês (oito anos) ou de um retriever do Labrador (dez a 12anos).
As raças que vivem mais
Os cães sem raça definida (SRD) são os que apresentam maior expectativa de vida, desde que vivam em lares – e não nas ruas das cidades. Entre os animais de raça, os cachorros que vivem mais são os seguintes:
- dachshund;
- poodle micro e toy;
- pug;
- beagle;
- lulu da Pomerânia;
- chihuahua;
- lhasa apso;
- boston terrier;
- schnauzer miniatura;
- maltês.
Dachshunds, beagles e chihuahuas atingem 20 anos de idade com relativa facilidade. O pug vive, em média, entre 15 e 18 anos, mas com frequência apresenta problemas respiratórios ainda jovem, o que compromete a longevidade e o bem-estar.