O que dar para o cachorro quando não tem ração?

Uma dúvida cruel, mas é possível improvisar. Descubra o que dar para o cachorro quando não tem ração

A ração é o principal alimento dos cachorros. Trata-se de um produto prático de comprar, guardar e servir, relativamente barato e, depois de pesquisar um possível, é possível escolher uma dieta completa em uma só embalagem. Mas, mesmo os mais previdentes se deparam com situações em que o pacote está vazio e não existe uma reserva na despensa. Nestes casos, o que dar para o cachorro comer?

Alguns tutores têm dúvidas sobre a composição dos alimentos que servem para os pets. Mas todos podem ficar tranquilos, uma vez que rações de boa qualidade oferecem todos os nutrientes necessários, de acordo com a idade, porte, sexo, etc. Mesmo assim, é possível oferecer outros alimentos, como complementação ou mesmo como recompensas e mimos.

O que dar para o cachorro quando não tem ração?

O que dar para o cachorro comer?

Para responder à pergunta, é preciso pensar um pouco. O que os cachorros comiam antes de conviverem com os humanos? Sabemos que, há alguns milênios, os peludos passaram a colaborar na caça — e a dividir o resultado do esforço. Mas, e antes disso?

Os cachorros são animais preferencialmente carnívoros. Isto significa que, na natureza, o alimento primordial é a carne das presas. Mas, na selva, os lobos e os parentes mais próximos dos cães complementam a dieta com algumas raízes, folhas, brotos e frutas.

É exatamente isso que se pode dar para o cachorro comer. Quem prefere fazer o alimento em casa, pode escolher uma peça de carne e cozinhá-la com um pouco de carboidrato (como o arroz), na proporção de 100 gramas de carboidratos para 1 kg de proteína animal.

Esta dieta, no entanto, é suficiente. Os cachorros têm necessidades nutricionais e a comida precisa de suplementos, como ferro, fósforo, cálcio, potássio, etc. É possível cozinhar a proteína e o carboidrato com um legume ou fruta (escolha vegetais diferentes a cada dia), mas o ideal é seguir as orientações de um especialista em nutrição canina. 

Comida caseira

Até os anos 1980, comprar ração para cães era uma providência que passava longe das preocupações dos tutores. Afinal, os pets poderiam se virar com as sobras da mesa. Felizmente, a Medicina Veterinária evoluiu, identificou as necessidades nutricionais dos cachorros, descobriu produtos tóxicos e ajudou a formular alimentos de diferentes preços, para todas as idades, gêneros, portes e até mesmo deficiências de saúde.

O que dar para o cachorro quando não tem ração?

Mesmo assim, você pode dar comida caseira para o seu cachorro. Dá mais trabalho do que simplesmente abrir o pacote de ração e despejar na tigela, mas os resultados são excelentes, desde que respeitados os aspectos nutricionais na preparação.

A receita básica é: proteína (o prato principal), carboidrato (pode ser arroz ou pão picado) e vegetais. O importante é variar os vegetais usados, para garantir a oferta de vitaminas e sais minerais. Mas não é necessário doutorar-se em nutrição animal. 

Para fazer a comida caseira para cachorro, basta seguir um conselho da medicina tradicional chinesa: “prepare o prato da forma mais colorida possível”. Muitos pets torcerão o nariz ao ver pedaços intrometidos de tomate, cenoura ou chuchu no prato, mas é possível contornar o problema, cozinhando os legumes e frutas até que eles se desmanchem. 

As variações de alimentos

Além da ração diária, o cachorro também pode receber outros alimentos. Mas, em primeiro lugar, é necessário afirmar que alimentos humanos estão terminantemente proibidos. A nossa comida não serve para ser dada aos cachorros.

Os nossos alimentos são preparados quase sempre com óleos vegetais, condimentos e muito sal de cozinha. Isto significa, para os cães, excesso de gordura e de sódio, que favorecem o ganho de peso e detonam o equilíbrio hídrico do organismo canino. Do nosso também, mas esta é outra história.

O ideal é acostumar os pets desde filhotes, mas é possível convencer animais adultos a aceitarem uma dieta balanceada, com frutas, verduras e legumes. Você pode consultar a lista a seguir e escolher os mais adequados para o pet. 

Abóbora (a fruta, não o doce)

É um alimento rico em vitaminas do complexo B, que regulam a produção de energia, fortalecem o sistema nervoso central e ajudam a regularizar o intestino. Também é fonte de betacaroteno, importante para a saúde da pele e da pelagem, cálcio (fortalece os ossos), ferro (fundamental para o transporte de oxigênio para as células), fósforo (importante na formação de ossos e dentes, também participa da absorção dos carboidratos e proteínas), vitaminas C e E, poderosos antioxidantes: eles retardam o envelhecimento e são indicados especialmente para cães de porte grande. 

Pique a fruta em pedaços e cozinhe apenas com água, sem óleo nem sal, até obter uma textura de purê. A abóbora pode ser servida pura ou misturada à ração. 

Banana

A pseudofruta (banana não é fruta!) é rica em potássio, mineral fundamental para o equilíbrio hídrico do organismo: ela evita a desidratação e facilita a absorção de outros sais minerais presentes nos alimentos. Também é fonte de magnésio, que colabora na absorção das proteínas e no transporte de energia, e em vitamina B6, que estimula a produção de neurotransmissores e é importante para o desenvolvimento e refazimento dos músculos. A banana eleva os níveis de energia no organismo. 

Você pode usar a banana como estratégia para incentivar o seu cachorro a aceitar vegetais na dieta. Quando você estiver comendo uma e o pet se aproximar com cara de pidão (eles sempre fazem isso), dê um pedaço para ele, que vai ser devorado em poucos segundos – ele pode nem gostar, mas repetirá o gesto do tutor.

Batata-doce

Este tubérculo auxilia no controle da glicemia, a taxa de glicose no sangue. É um carboidrato complexo, de digestão lenta – portanto, o cachorro não vai sentir fome nas horas seguintes. A batata-doce é rica em vitaminas A, do complexo B e E. Também fornece fibras, que aumentam o bolo fecal e melhoram a saúde do intestino. 

Cozinhe a batata-doce apenas em água – não é preciso descascar o tubérculo, porque as cascas também são ricas em fibras. Ela pode ser servida fria ou morna. É possível encontrar batata-doce em pó, que pode ser salpicado na ração, mas certifique-se da idoneidade do fabricante. 

Brócolis

Os vegetais folhosos verde-escuros, com flores ou não, são excelentes fontes de cálcio — uma boa pedida para os cachorros com intolerância à lactose, que não podem beber leite. Brócolis, couve, couve-flor, escarola e espinafre também fornecem proteínas vegetais, ajudam a controlar o peso, regularizam a pressão arterial e, graças à presença da luteína, vitamina B6 folato, previnem doenças cardíacas. O zinco fortalece o sistema imunológico, estimula a produção de plaquetas (fundamentais para a cicatrização, entre outras funções) e melhora as funções cognitivas. 

Prepare brócolis no vapor, para aproveitar o os nutrientes ao máximo. Alguns pets aceitam o vegetal como aperitivo, enquanto outros apenas toleram as flores esfaceladas, misturadas à ração nossa de cada dia. 

Cenoura

É fonte de vitamina A e betacaroteno. A boa notícia é que a cenoura pode ser oferecida crua, com casca e tudo. Esta raiz ajuda a desintoxicar o fígado e reduz os níveis de colesterol no sangue. 

Muitos pets gostam de roer cenouras cruas, como se fossem ossos. Além dos nutrientes, o vegetal também ajuda a limpar a boca, impedindo a formação da placa bacteriana. A cenoura também pode ser cozida com arroz e carne, se o tutor optar por dar comida caseira para o cachorro.

Maçã

Não é o melhor dos nutrientes, mas é uma boa fonte de fibras e fornece quantidades mínimas de vitaminas B, C e E. A fruta pode ser oferecida aos pedaços, como um petisco. Não se esqueça de retirar as sementes, que são ricas em cianetos e tóxicas para os cachorros. A maioria não tolera as cascas da maçã. 

Lembre-se: alguns cães, por temperamento e índole, podem rejeitar totalmente os alimentos novos. Outros, mesmo com um paladar não tão refinado como o dos humanos, podem odiar algumas frutas, enquanto aceitam outras. 

É possível forçar um pouquinho, mas fica a dica: se eles não quiserem os vegetais, volte para a exclusividade da ração. De qualquer maneira, não introduza mudanças drásticas na dieta do pet sem consultar o veterinário. 

O que não dar

Nem tudo que é natural é bem-vindo ao comedouro dos cachorros. Alguns produtos frequentes no nosso cotidiano podem ser tóxicos e lesivos para o organismo canino, ou simplesmente não acrescentar nada positivo à alimentação. Confira: 

abacate – deve ser evitado por ser muito gorduroso, mas principalmente por ser fonte de persina, que está presente nas folhas, casca, polpa e semente da fruta. A persina é extremamente tóxica para cães e gatos: causa diarreias e vômitos. Dependendo do porte e das condições de saúde, a substância pode causar a morte do pet;

cacau — por razões óbvias (o excesso de açúcar), chocolates e cães não têm nada que os faça se tornarem melhores amigos. O que pouca gente sabe é que a teobromina está presente tanto no chocolate como em outras receitas que levam cacau. Trata-se de um estimulante que pode funcionar como a cafeína, mas também é cumulativa e tóxica, potencialmente fatal para os cachorros;

café — apesar de ser o companheiro inseparável de muitos tutores, o café deve ficar longe dos cachorros. A cafeína, um poderoso estimulante, age muito mais rapidamente no organismo canino (especialmente no dos pequenos). A ingestão de café pode gerar de uma afobação leve a tremores e convulsões — e as reações podem ser diferentes de acordo com o estado geral do cachorro;

cebola — é talvez o tempero mais comum da nossa culinária, mas a cebola é contraindicada para os cães. Os líquidos do bulbo são ricos em dissulfeto de n-propil, que destrói os glóbulos vermelhos e compromete a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Ao consumir cebola, os pets podem apresentar letargia, taquicardia, hiperventilaçãoe até colapso respiratório; 

alho — o mesmo problema da cebola acontece, com menor intensidade, com o consumo do alho e do alho-poró (por causa dos tiossulfatos). No médio prazo, os cães podem desenvolver anemia, com sinais que vão da fraqueza aos desmaios. Alguns pets anêmicos precisam receber transfusões de sangue; 

cereja — o problema, aqui, não está na polpa da fruta, mas nas sementes e na casca (e também nas folhas da cerejeira). Ao engolir uma frutinha, o cachorro recebe uma dose elevada de cianetos, que causam dificuldade de respirar, sendo potencialmente letal, especialmente para os filhotes, idosos e pequenos de todas as idades; 

gordura — apesar de fazer toda a diferença na alimentação humana, os produtos gordurosos não são recomendados para os cachorros. Batatas fritas, carnes gordurosas, pratos com queijos, etc. ajudam a ganhar peso e prejudicam o funcionamento do pâncreas dos pets. Em resultado, eles podem desenvolver diabetes ou pancreatite;

leite – a maioria dos mamíferos, ao atingir a idade adulta, desenvolve intolerância à lactose (o açúcar natural do leite). É um “incentivo” da natureza para a interrupção da amamentação. Alguns cães toleram o consumo de leite e derivados, mas a maioria apresenta diarreias e vômitos; 

macadâmia —não é uma oleaginosa comum no Brasil, mas está presente na receita de alguns biscoitos e outros produtos industrializados. A macadâmia, um tipo de noz, provoca astenia muscular, vômitos e alterações comportamentais;

massa de pão — mantenha o cachorro longe da cozinha quando você estiver preparando massa de pão ou macarrão. Durante a fermentação da massa, as leveduras estimulam a liberação de álcoois, causando intoxicações graves. A massa de bolo age da mesma forma, e ainda tem o agravante de estar cheia de açúcar; 

tomate verde — enquanto os frutos ainda estão verdes, o tomateiro produz um alcaloide, a tomatina, como uma espécie de advertência para as aves não virem bicar os tomates. A tomatina pode causar salivação abundante, dificuldades respiratórias, diarreias e vômitos e até mesmo arritmias cardíacas. A batata verde também é rica em alcaloides; 

uva — mesmo uma simples baga (e até mesmo a uva-passa) pode ter consequências desastrosas. Apesar de ricas em vitaminas e minerais, as uvas são prejudiciais aos pets. Os fenóis presentes nestas frutas são tóxicos para os cachorros e possuem efeitos cumulativos que prejudicam o funcionamento dos rins. Vale o mesmo para a groselha, uma fruta pouco comum no Brasil. 

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