Cão atlético de porte médio e muita energia para gastar, o american pit bull faz parte do Grupo 3 da classificação da Confederação Cinológica Internacional, dos terriers. A raça foi desenvolvida nos EUA e pertence ao grupo dos cães de rinha ou combate (especialmente o bull baiting, combate entre touros e cães criado na Inglaterra, “esporte” proibido ainda no século XIX).
Atualmente, o pit bull é muito apreciado em competições de agility e de obediência, devido à resistência, coragem e força características da raça. Na Europa, estes animais também são muito procurados para a caça a javali.
A raça descende dos extintos bull and terrier dogs (B&T), que eram fruto do cruzamento entre os antigos buldogues ingleses e os antigos terriers. Alguns pesquisadores acreditam que o pit bull surgiu quando B&T foram cruzados com alanos espanhóis (ou buldogues espanhóis), já no continente americano.
No Brasil, os primeiros indivíduos da raça chegaram apenas em 1970, no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, o primeiro pit bull foi importado apenas em 1986 (era um macho e recebeu o nome de Playboy). Os cães se popularizaram a partir da década de 1990.
O pit bull não é indicado como um cão de guarda residencial ou territorial. De acordo com o padrão da raça definido pelo UKC – United Kennel Club (UKC), dos EUA –, trata-se de um cão bastante dócil com pessoas estranhas, o que não é uma característica procurada nos animais de proteção e defesa.
Esta definição derruba um dos principais mitos sobre a raça: o de que o pit bull é um cão violento e muito, muito bravo. Os cachorros da raça são amigos e gostam de ficar com estranhos.
O nome da raça
O “pit” significa “fosso” em inglês. Era o local das arenas de luta entre estes cães e os touros (bulls). Este último vocábulo foi herdado dos seus ancestrais (buldogues ingleses, ou old bulldogs). Em poucas palavras, american pit bull terrier significa terrier de luta com touros.
Terriers são cães de porte pequeno e médio, desenvolvidos originalmente para a caça de pequenos animais, como roedores. São animais corajosos, persistentes e muitas vezes violentos. No entanto, a maioria dos criadores procurar não acasalar animais indóceis, para que as ninhadas sejam mais sociáveis. Nenhuma associação cinológica incentiva o desenvolvimento de raças agressivas.
Mesmo assim, não é difícil encontrar pit bulls violentos. Recentemente (maio de 2018), foram registrados casos de cães que agrediram seus próprios donos em Santa Catarina e São Paulo.
O padrão da raça
As cores
Várias cores são aceitas pelas associações cinológicas: preto, azul (cinza), fulvo, branco (não albino), chocolate, amarelo (creme) e variações do tigrado e malhado. Apenas o merle (despigmentado, sal e pimenta) e o albino são desconsiderados nas apresentações oficiais. O pelo é curto, brilhante e sem subpelo.
Com relação à trufa (nariz), o pit bull pode ser black nose ou red nose. Traduzindo, o nariz pode ser preto ou avermelhado (ou fígado). Os pit bulls com narinas totalmente despigmentadas são desclassificados e não recebem pedigree.
Os olhos podem ter todas as cores, menos o azul. Os animais que sofrem de heterocromia ocular (um olho de cada cor) também são preteridos nos cruzamentos.
Peso e altura
De acordo com o padrão definido pelo UKC, a altura na cernelha dos machos deve ficar entre 45 e 55 cm e as fêmeas, entre 43 e 51 cm. O peso oscila entre 15 e 27 kg (machos) e 13 e 22 kg (fêmeas).
Já para a American Dog Breeders Association (ADBA), o peso deve ficar entre 13 e 34 kg, tanto para machos quanto para fêmeas, e a altura deve ser proporcional, para que o pit bull não fique pernalta nem baixo demais. O formato do pit bull deve lembrar um quadrado.
O temperamento
De acordo com o UKC, primeira associação a reconhecer a raça (em 1898), o pit bull é um “cão forte, confiante, corajoso, determinado e com muita alegria de viver. A raça gosta de agradar e é cheia de entusiasmo. Pelo fato de a maioria dos animais apresentarem certo nível de agressividade em relação a outros cães, bem como por serem cães de porte físico poderoso, é necessário que sejam sociabilizados com outros cães e com humanos desde filhotes e que treinem obediência”.
Com relação à saúde, o pit bull é um cão muito saudável e rústico, dificilmente desenvolvendo problemas graves. As doenças mais comuns são as afecções da pele e alergias (ao pólen ou a picadas de pulga, por exemplo). A exposição ao sol, no caso de cães red nose e/ou de pelagem clara, também deve ser controlada. Assim como acontece com todas as raças de médio e grande, os animais idosos podem sofrer de displasia coxofemoral.
O american pit bull terrier não é a melhor escolha para quem procura cães de guarda, por ser extremamente amigável mesmo com desconhecidos. Comportamento agressivo em relação a humanos não é característico da raça, sendo, portanto, extremamente indesejável.
Um temperamento que fuja a estas características é um fator desqualificante. Isto significa que cães muito agressivos não podem representar a raça em competições oficiais. Recomenda-se (e, em alguns municípios brasileiros, isto é obrigatório por lei) que os tutores conduzam estes cães com focinheira e guia curta e focinheira, para evitar acidentes.
Mesmo assim, por ser uma raça muito popular em diferentes partes do mundo, surgiram muitos cruzamentos inescrupulosos, reunindo padreadores e matrizes violentos. A mestiçagem também é uma prática comum, quase sempre com o objetivo de aumentar a agressividade.
Quem quiser ter um pit bull deve se preparar para conviver com um animal atlético. Estes cães precisam de pelo menos uma hora de exercícios e caminhadas. Os pit bulls são excelentes para quem quer adestrar o seu pet: são cães bastante inteligentes, sempre prontos para aprender novos truques, mas precisam de tutores que sejam seguros e firmes nas orientações, uma vez que são muito teimosos e determinados.
Mesmo com tanta agilidade e rusticidade, o pit bull pode se adaptar com facilidade a ambientes pequenos, como apartamentos, desde que os tutores não se descuidem dos passeios diários, para garantir um bom desenvolvimento físico.
Em avaliações realizadas pela Association Temperament Test Society (ASTS), dos EUA, o pit bull obteve os melhores índices de aprovação nos quesitos docilidade e controle em momentos de tensão. A ASTS testou milhares de cães de diversas raças e curiosamente os pit bulls ficaram à frente de collies, cocker spaniels americanos, pastores alemães, retrievers do labrador e dálmatas, por exemplo.
Raças semelhantes
Os pit bulls muitas vezes são confundidos com pets de outras raças, especialmente os cães do grupo “terriers do tipo bull”.
Entre as maiores confusões, as mais comuns acontecem com o staffordshire bull terrier, que tem os mesmos ancestrais do pit bull, mas foi desenvolvido totalmente na Inglaterra (na mesma época), e o american staffordshire terrier, uma raça desenvolvida recentemente nos EUA, semelhante no porte, mas com diferenças físicas e comportamentais consideráveis.
É possível que o american pit bull terrier tenha sido inicialmente apenas uma versão americanizada da raça inglesa staffordshire bull terrier, mas, já no início do século XX, ele apresentava as características próprias desejadas pelos criadores dos EUA.
Os cães da raça, por exemplo, são mais ágeis e resistentes do que os primos britânicos. Os pit bulls também ganham na velocidade e, na maioria dos indivíduos, apresentam porte maior que o staffordshire terrier. O american staffordshire é o menorzinho da turma.
Já o american bully é também muito confundido, além de outros cães que partilham com o pit bull a conchectomia (corte das orelhas) e caudectomia (corte da cauda), práticas condenadas por muitos veterinários (é considerado crime no Brasil), especialmente depois dos quatro meses de idade, mas largamente praticadas entre os criadores.