Ele só tem 13 anos e vive em Deft, uma das comunidades mais carentes de Cidade do Cabo, na África do Sul. Neste lugar as casas são humildes e a violência está presente todos os dias. Faltam alimentos para todos, inclusive para os animais de estimação.
A cachorrinha do garoto ficou gravemente doente. Ela não conseguia comer e beber. Para agravar o caso, a diarréia que a acometeu era sanguinolenta. Desesperado, o menino pegou a cadela nos braços e caminhou mais de três quilômetros para buscar ajuda.
Ao lado de Deft há outra comunidade onde as coisas também não são nada fáceis. Três mulheres sul-africanas, Dinielle, Rosie e Clarina se reuniram para auxiliar os animais de estimação das pessoas da comunidade. Tin Can Town passou a oferecer assistência gratuita para os cães e gatos de Blikkiesdorp. A organização oferece aos domingos cuidados básicos veterinários, alimentos e dicas. Serviços de esterilização também são prestados. Foi para lá que o garoto levou sua cadelinha com um desesperado pedido de ajuda.
Dinielle conta como a cadelinha chegou ao local:
“Ela era muito magra e o menino disse que não tinha dinheiro suficiente para comprar comida.”
Imediatamente as três mulheres prometeram se empenhar em salvar a cachorrinha e após encaminhá-la para um lar amoroso. O doutor Rozanne Visser, voluntário da Tin Can Town sugeriu levá-la para a Sunset Beach, uma clínica veterinária, para um diagnóstico mais preciso.
Infelizmente, o quadro de Nanuk, como ela foi chamada, era muito grave. O animal estava com uma doença chamada “parvo vírus”. Além de atacar o intestino, a enfermidade é mortal senão for corretamente tratada. Os sintomas são vômitos, diarréia e perda de peso e é necessária hospitalização. O parvo vírus pode ser evitado com uma vacina, mas as condições da família do garoto nunca permitiram que isto acontecesse.
Os médicos colocaram Nanuk no soro para combater os enjoos. Mesmo com a medicação, Nanuk não conseguia segurar a comida no estômago. Ela começou a emagrecer, pois se recusava a comer. A tentativa de alimentá-la através de um tubo de ensaio também não deu resultado. Ela ficou pior ainda.
Depois de cinco dias tentando fazer com que a cachorrinha se alimentasse, a equipe de veterinários começou a jogar a toalha. Rosie e Clarina foram avisadas que se Nanuk não tivesse nenhuma melhora significativa nas próximas 24 horas, ela teria que ser eutanizada.
A notícia abalou as duas mulheres que, apesar da péssima notícia, recusaram-se a aceitar aquele diagnóstico. Como último recurso providenciaram a visita especial de dois gatinhos. Mesmo sendo uma doença bem contagiosa, gatos não correm o risco de serem contaminados por ela.
A visita dos bichanos logo começou a produzir mudanças positivas. Nanuk ficou contente com seus novos amigos e chegou mesmo a cheirar e abraçá-los. No dia seguinte, o milagre: Nanuk conseguiu comer todinha sua porção de comida.
Todos ficaram muito felizes. O caminho para a recuperação ainda era longo, mas o primeiro passo já havia sido dado. Clarina acredita que a presença dos gatinhos aliada às palavras de amor e carinho das mulheres deram força à Nanuk.
Tudo parece em paz com a cachorrinha. Com a saúde quase em dia, agora ela está em busca de um novo lar.