Dormir acompanhado garante melhores noites de sono. A explicação é que, ao partilhar a cama, naturalmente nos sentimos mais seguros, uma necessidade básica que nos acompanha desde tempos imemoriais. Mas não é qualquer companhia: na hora de compartilhar a cama, os melhores parceiros das mulheres são os cachorros.
Um estudo conduzido por Christy Hoffman, professora de comportamento animal do Canisius College (Buffalo, Nova York), uma das instituições de ensino superior mais privilegiadas dos EUA, demonstrou que, para as mulheres, dividir a cama com cachorros torna o sono mais reparador e tranquilo.
O estudo
A convivência com animais de estimação faz bem para a nossa saúde mental – este é um fato cientificamente comprovado e constatado empiricamente por praticamente todos os tutores. Os cães e gatos saem na frente, porque interagem com maior proximidade com os tutores.
Diversos estudos demonstram que compartilhar a vida com um pet agrega inúmeros benefícios. Entre os principais, podem ser citados:
- redução dos riscos de infartos do miocárdio e de acidentes vasculares cerebrais;
- consequente prolongamento da longevidade;
- redução da sensação de solidão, conferindo sensação de responsabilidade aos tutores;
- regularização da pressão arterial;
- redução do sedentarismo, com a necessidade de passeios e brincadeiras diários;
- consequente redução dos casos de sobrepeso e obesidade;
- redução dos casos de depressão, hiperatividade (também em crianças), ansiedade e outros distúrbios emocionais;
- redução dos casos de enfermidades psicossomáticas (enxaquecas, úlceras gástricas e duodenais, etc.);
- melhora da autoestima;
- melhora da qualidade do sono.
Naturalmente, para conquistar esses benefícios para a saúde física e emocional, é imprescindível que os humanos gostem da companhia de animais de estimação. Do contrário, as responsabilidades inerentes à tutela de um pet acabam se tornando um peso extra na vida, provocando efeitos contrários.
O estudo do Canisius College concentrou-se na qualidade do sono. A pesquisa da Professora Christy Hoffman trabalhou com um universo de 962 mulheres americanas adultas, com o objetivo de investigar a relação entre a presença de cães e gatos e a qualidade do sono humano.
As mulheres estudadas pela equipe de Hoffman foram divididas nos seguintes subgrupos:
- 55% compartilhavam a cama com pelo menos um cachorro;
- 31% compartilhavam a cama com pelo menos um gato;
- 57% compartilhavam a cama com parceiros humanos (maridos, namorados, etc.).
Em relação à qualidade do sono, os resultados obtidos colocaram os cães como os melhores parceiros, seguidos pelos gatos e, em terceiro lugar, os homens. Hoffman é especialista em etologia, a área da biologia que estuda o comportamento animal.
A pesquisadora concentra as atividades no relacionamento entre humanos e animais domésticos. Para o estudo sobre a qualidade do sono, ela aplicou questionários sobre a rotina diária e relacionou os dados obtidos na pesquisa às seguintes considerações:
- o padrão do sono dos cachorros é mais próximo ao dos humanos;
- as voluntárias, em maioria (86%), declararam que os cachorros passam a maior parte do período de descanso na cama, enquanto os gatos se levantam diversas vezes à noite;
- as mulheres entrevistadas também relacionam a presença dos cães a uma sensação de maior segurança, já que todos, inclusive os de pequeno porte, estabelecem relações de proteção e cuidados em relação aos tutores.
Mais resultados e justificativas
Com relação aos parceiros humanos, Hoffman concluiu justificou a “preferência pelos cachorros” em função dos seguintes dados:
• os pets são mais flexíveis em relação aos horários – maridos e namorados podem se recolher e despertar em horários diferentes, por exemplo, enquanto os cachorros pulam na cama em qualquer horário, bastando observar que o quarto está sendo preparado para o descanso;
• os movimentos dos parceiros humanos durante o sono naturalmente prejudicam o descanso. Há também o ronco, uma condição que afeta 20% da população total e 50% dos homens acima dos 60 anos.
O estudo do Canisius College também propôs algumas explicações para o fato de os gatos terem ficado em segundo lugar. O principal motivo parece estar relacionado aos hábitos dos bichanos, que são animais de hábitos crepusculares e noturnos.
Na natureza, os ancestrais dos gatos caçam à noite. Originários de regiões quentes e áridas, a escuridão da noite oferecia mais conforto para as atividades físicas. Além disso, gatos são predadores, mas também são presas: as madrugadas, para eles, são mais tranquilas e seguras.
Isto não significa que um gato não possa dividir a cama com humanos; apenas indica que os bichanos podem apresentar distúrbios do sono noturno com frequência muito maior do que a observada em cachorros.
O estudo mostrou que os gatos são preferidos como parceiros de cama entre as pessoas que dormem uma quantidade diária menor e intercalam o sono com outras atividades, como ler ou assistir TV. Nestas condições, os cachorros dormem o tempo todo, enquanto os bichanos interagem mais – brincam, pedem carinho e atenção.
Para quem dorme apenas em períodos curtos e intercalados, os gatos são uma excelente opção, mas os cachorros são os melhores parceiros para os que passam a maior parte das noites e madrugadas na cama – a imensa maioria da população humana.
E os cachorros?
O estudo do Canisius College indicou que as mulheres dão preferência a compartilhar a cama com os cachorros, identificando um sono de melhor qualidade quando comparado à partilha com gatos e outros humanos.
Mas, e os cachorros? Eles também gostam de dormir com os seus humanos? Tudo depende do relacionamento cotidiano. Os peludos que desenvolvem várias atividades diárias com os tutores gostam de dividir a cama.
Alguns cachorros são mais independentes, mas os que passam a maior parte do tempo isolados ou distantes da família humana podem não ter segurança para dormir com os tutores. Mas o estudo de Hoffman revelou outro motivo para os cachorros quererem se afastar.
Muitos humanos encaram os cachorros como se fossem bebês. Não há nada errado em paparicar, encher de mimos, “decorar” os peludos com roupas e acessórios, etc. O problema está no excesso.
Os cachorros, apesar de serem muito companheiros, leais e devotados aos seus tutores, também precisam de um tempo sozinhos, inclusive para refletir sobre a vida – sim, os peludos também repassam as situações vividas e tentam entender como tornar a vida mais fácil e prazerosa.
Quando os tutores tratam os cães como se fossem bebês humanos, chegando a prejudicar os movimentos e atividades, os peludos passam a querer tomar “uma distância segura”. Neste caso, eles não se tornam bons parceiros de cama.
É seguro dormir com o cachorro?
Como em qualquer outra situação, cabe aos tutores tomar algumas providências para garantir o conforto e a segurança tanto dos cachorros, quanto dos humanos. Para dormir com o cachorro na cama, é preciso tomar algumas precauções.
O primeiro cuidado é certificar-se da higiene e limpeza. Ao voltar dos passeios diários, os pets devem ter as patas asseadas. Além disso, é importante não negligenciar a escovação dos pelos, que deve ser feita a cada dois ou três dias (a frequência pode ser maior no caso dos animais muito peludos).
A escovação retira pelos mortos, poeiras e outras sujeiras depositadas nos pelos. Os banhos dos cachorros não podem ser muito frequentes: eles não têm glândulas sudoríparas espalhadas pelo corpo e dispensam banhos diários. A frequência deve ser entre 15 dias e um mês.
O excesso retira a oleosidade natural da pele e pode facilitar o desenvolvimento de alergias e dermatites. Para dormir com o cachorro na cama, é fundamental que ele esteja limpo e com o pelo escovado.
Em alguns casos, o médico pode recomendar que o cachorro não durma na cama – e, em alguns casos, nem mesmo no mesmo quarto. Geralmente, isto ocorre em casos severos de alergia, mas, de modo geral, a proximidade física com os peludos ajuda inclusive a fortalecer o sistema imunológico.
Outro cuidado importante: alguns cães muito pequenos podem sofrer “acidentes noturnos” ao dividir a cama com os tutores. Chihuahuas e pinschers miniatura, por exemplo (além de shih tzus, lhasa apsos, etc.), podem ter traumas com movimento dos tutores – talvez seja melhor providenciar uma caminha ao lado, para garantir a segurança, a proteção e o conforto.