Tudo depende das condições dos cachorros. Confira os melhores suplementos – e quanto oferecê-los.
Os suplementos para cachorros vêm ganhando cada vez mais espaço, principalmente entre os tutores das classes A e B. São produtos específicos para complementar a alimentação, fornecer doses extras de energia para os peludos mais “intensos” e corrigir problemas eventuais da pele e da pelagem, por exemplo.
Como regra geral, da mesma forma que ocorre entre os humanos, não há necessidade de nenhuma complementação à alimentação canina, desde que os produtos sejam balanceados e oferecidos nas quantidades recomendadas pelo fabricante.
Os suplementos são indicados para cachorros em condições especiais, tais como as grávidas, filhotes, idosos, atletas e animais de trabalho; eventualmente, os convalescentes (de quedas e traumas) também podem precisar de algum tipo de complementação.
Ajuda profissional
O ideal é contar com a orientação de um veterinário especializado em nutrição, ou de um adestrador experiente, nos casos de inclusão de novas atividades físicas, como treinamentos específicos (agility, tração, corrida, escalada, etc.).
A ajuda profissional é importante porque mesmo alguns nutrientes fundamentais podem gerar efeitos contrários ao esperado. É o caso, por exemplo, de suplementos de fósforo e cálcio, indicados para cães em fase de desenvolvimento físico, especialmente os de grande porte, que crescem mais rapidamente.
Apesar de necessários durante toda a vida dos cachorros, estes sais minerais precisam ser bem balanceados, uma vez que podem afetar a saúde e a qualidade de vida dos animais idosos (gerando calcificações, por exemplo). Por outro lado, os “velhinhos” diagnosticados com osteopenia ou osteoporose podem demandar suplementos de cálcio.
O que são os suplementos para cães?
Apesar das muitas dúvidas que assaltam boa parte dos tutores, os suplementos são produtos que enriquecem o regime alimentar dos cachorros. Eles podem ser usados para suprir carências de vitaminas, sais minerais, aminoácidos, proteínas, sempre em condições específicas.
Um cachorro atlético, por exemplo, mesmo que não esteja matriculado em uma academia, consome quantidades maiores de proteínas (para o desenvolvimento e reconstituição dos músculos) e de glicose (que participa na produção de energia para todas as atividades orgânicas).
Os suplementos para cachorros
Em condições específicas, quando apenas a ração diária não é suficiente para fornecer todos os nutrientes, os cachorros podem necessitar de uma ajuda extra. Para os adultos saudáveis, é o caso de animais muito ativos, que gostam de correr, saltar obstáculos, escalar e praticar exercícios físicos de forma moderada a intensa.
Entre os suplementos comuns para os cachorros, a condroitina e a glucosamina estão entre os mais populares. As duas substâncias fortalecem as articulações, ajudando inclusive a prevenir ou a atenuar problemas como artrite e artrose.
Artrite é um termo genérico usado para designar as alterações anormais das articulações, que ocorrem quando as cartilagens se desgastam mais sensivelmente. Com isso, joelhos, cotovelos, ombros e quadris podem ficar inchados e doloridos.
A maioria dos cães de grande porte desenvolve algum tipo de artrite durante a vida. As raças mais suscetíveis são o retriever do Labrador, golden retriever, pastor alemão e rottweiler. Mas o problema também pode ser devido a traumas, à obesidade, à falta de exercícios regulares e ao avanço da idade, além de deficiências nutricionais e algumas infecções.
A glucosamina é um tipo de açúcar usado pelo organismo dos cachorros na recomposição das cartilagens articulares. Os suplementos geralmente são produzidos à base de alguns crustáceos, como camarões e caranguejos.
A condroitina é formada por açúcares e proteínas e integra a formação básica das articulações. Os suplementos são feitos com nutrientes extraídos de crustáceos, moluscos, peixes, suínos e aves.
Apesar de agirem nas mesmas estruturas anatômicas, as duas substâncias funcionam de maneiras diferentes. A condroitina inibe a ação de algumas enzimas que degradam as cartilagens, enquanto a glucosamina regenera tecidos cartilaginosos lesionados.
Os dois suplementos podem ser usados em conjunto. Eles são indicados para os cachorros que desenvolvem atividades físicas intensas em qualquer idade e para aqueles que apresentam alguma disfunção nas articulações, inclusive devida ao avanço da idade.
As substâncias também estão presentes em alguns medicamentos usados para atenuar os efeitos da displasia coxofemoral, condição dolorosa muito frequente em cachorros de grande porte, que pode inclusive comprometer a mobilidade.
O ômega 3 é um ácido graxo (um tipo de gordura poli-insaturada) essencial, isto é, que não é produzido naturalmente pelo organismo dos cachorros. Ele está presente in natura em peixes e outros frutos do mar, mas pode ser necessária a suplementação.
Em geral, os cães não comem peixes no dia a dia e eles não são capazes de sintetizar EPA e DHA através da ingestão de ácido alfa-linolênico, o ômega 3 de origem vegetal. EPA e DHA são dois ácidos graxos com menor potencial inflamatório, que auxiliam na redução do sobrepeso e na regularização das funções cardiovasculares. A substância também participa na metabolização de outros ácidos graxos.
Desta forma, ao fortalecer o músculo cardíaco e a circulação sanguínea, o ômega 3 favorece as atividades físicas mais intensas, ao mesmo tempo em que reduz o desgaste das articulações. O DHA presente na substância também estimula o desenvolvimento cognitivo.
Este ácido graxo essencial é importante também para algumas questões estéticas. O uso regular do ômega 3 melhora o aspecto da pelagem, tornando-a mais firme e brilhante. Além disso, ele também é importante para a saúde dos olhos e contribui para o bom funcionamento do sistema nervoso central.
Os complexos vitamínicos, indicados para melhor absorção dos nutrientes presentes nos alimentos, são importantes para a estrutura geral dos cães. Existem produtos indicados de acordo com faixa etária, sexo, idade, intensidade da atividade física, etc. Alguns veterinários recomendam suplementos de vitamina também para as grávidas e lactantes.
As vitaminas do Complexo B, A, E e K são importantes para a manutenção da pelagem e da saúde da pele. Algumas raças caninas, como o cocker spaniel, são especialmente suscetíveis a dermatites ser podem ser beneficiadas com a suplementação regular.
A imensa maioria dos cães adultos saudáveis não precisa de complexos vitamínicos. Eles não alteram, por exemplo, o rendimento físico. Os suplementos são indicados em etapas críticas da vida dos cachorros, mas, apesar das muitas propagandas enganosas, não há correlação entre a adoção dessas substâncias e respostas melhores na convalescença.
O colágeno é uma proteína presente na matriz extracelular do tecido conjuntivo dos cachorros. Ele corresponde de 25% a 30% das proteínas totais do organismo e está presente em diversos tecidos e órgãos.
A substância tende a decair com o avanço da idade. Ela está presente, por exemplo, na pele, ossos, tendões e músculos, sendo fundamental para a locomoção fácil dos peludos. Há dois tipos de suplementos de colágeno:
• o do tipo 1 é o mais comum e resulta da quebra, em partículas menores, de moléculas de proteínas. É facilmente absorvido pelo intestino e traz diversos benefícios, como a firmeza e elasticidade da pele, regularização da pressão arterial, prevenção de úlceras gástricas e fortalecimento das unhas e pelos;
• o do tipo 2 é semelhante ao encontrado nas articulações e cartilagens, que são basicamente compostas pelo colágeno natural. Ele é indicado para fortalecer as articulações, inclusive em processos degenerativos. O veterinário também pode indicá-lo como coadjuvante do tratamento de traumas.
Os probióticos são suplementos que aumentam a microbiota intestinal. O intestino dos cachorros (assim como o nosso) é colonizado por milhões de bactérias, sem a presença das quais o aproveitamento dos nutrientes não seria possível.
O problema é que, algumas vezes, as colônias de bactérias entram em desequilíbrio. Quando o total de micro-organismos aumenta ou diminui excessivamente, o que pode ocorrer por deficiências na alimentação, ingestão de substâncias tóxicas, distúrbios e transtornos gastrointestinais, os cachorros podem sofrer com diarreias ou constipações, deixando de absorver nutrientes fundamentais.
Os suplementos probióticos recompõem a microbiota intestinal, regularizando as funções digestórias. Trata-se de alguns micro-organismos que conseguem resistir à passagem pelo estômago, fixando-se no intestino delgado e facilitando a absorção dos nutrientes necessários às funções orgânicas.
O cálcio exerce funções importantes no organismo. Este mineral é um dos principais componentes dos ossos. Ele proporciona resistência e dureza ao esqueleto, além de ser usado na transmissão de informações entre as células.
O carbonato de cálcio é indicado para cães em fase de crescimento e para os que participam de atividades físicas intensas. Ele garante o bom desenvolvimento dos ossos, dentes e unhas. O mineral também atua contra a formação de coágulos no sangue e impede que as articulações se tornem rígidas e enfraquecidas.
Os compostos de cálcio fosfatado são indicados apenas durante a fase de crescimento e em algumas situações específicas, como a recuperação de traumas e fraturas. O excesso de fósforo na fase adulta pode levar a problemas sérios, porque pressiona de forma acentuada o trabalho do sistema excretor.
Alguns suplementos são indicados apenas para cães atletas, com uma rotina diária de exercícios muito intensa. Obviamente, eles não são indicados para filhotes e idosos e mesmo para os animais adultos e saudáveis, devem ser ministrados com moderação.
É o caso da creatina, caseína, L-arginina e alguns suplementos de carboidratos e proteínas vegetais. Os produtos são recomendados apenas para os peludos com atividades diárias muito intensas e os tutores precisam ficar atentos às prescrições.
Alguns destes suplementos são usados na “malhação canina”. A creatina, por exemplo, deve ser ministrada depois dos treinos: ela acelera o catabolismo (a destruição das fibras musculares gastas e danificadas).
Os suplementos de proteínas vegetais, ao contrário, aceleram o anabolismo (a construção e reconstrução dos músculos) e precisam ser oferecidos algumas horas antes dos treinos.
Vale relembrar: os cães saudáveis com atividade física de intensidade baixa ou moderada – a imensa maioria dos animais de companhia – não precisam de suplementos para o desenvolvimento e conservação da musculatura e do aparelho cardiovascular.
Para incluir um cachorro em um programa de exercícios físicos, os tutores precisam atentar à regularidade das práticas e principalmente aos desejos dos peludos – alguns deles preferem sombra, água fresca e muitas almofadas para cochilar.
Os programas de exercícios físicos só podem ser adotados depois de avaliação médica e precisam ser supervisionados por um adestrador competente e ético. Os atletas do mundo canino demandam sempre a orientação do veterinário e do treinador.