O cão é o melhor amigo do homem. Quando de trata de crianças, no entanto, algumas raças são melhores.
Muitas famílias têm dúvidas sobre adotar um cão para dividir a casa com crianças muito pequenas. Este é um temor que pode ser descartado: além de alegrar e animar o ambiente, a convivência com cães é benéfica para a saúde e o desenvolvimento intelectual dos filhos.
Os cães se adaptam facilmente às crianças. Eles estabelecem relacionamentos que incluem proteção, defesa e muita bagunça. Para os pets, as crianças são “filhotes” e, por isto, precisam ser acompanhados em todas as suas atividades.
Por outro lado, alguns cuidados precisam ser tomados. Os bebês podem se assustas e crianças que ainda estão desenvolvendo a coordenação motora podem sofrer acidentes com cachorros, especialmente os de médio e grande porte. A interação só pode ocorrer com a supervisão de um adulto.
Os benefícios de ter cães em casa
Os cães são responsáveis por alguns benefícios surpreendentes, mas cientificamente comprovados:
• eles evitam o desenvolvimento de doenças cardiorrespiratórias. O fato é explicado porque a presença dos pets estimula a atividade física (e, com ela, o trabalho cardiovascular). A resistência pulmonar reduz a incidência de gripes e resfriados;
• o sistema imunológico é fortalecido com esta parceria. A convivência reduz as crises de bronquite e o desenvolvimento de alergias;
• apoio a crianças diabéticas. Todos os portadores de diabetes, quando passam por uma crise de hipoglicemia (queda dos níveis de glicose no sangue, geralmente assintomática), exalam um odor característico, imperceptível para nós, os humanos. Os cães percebem o cheiro e alteram o comportamento, emitindo sinais;
• prolongamento da expectativa de vida. Isto vale inclusive para idosos que adotam pets. A convivência amorosa torna os dias mais divertidos. Além disto, a convivência reduz os níveis de estresse e aumenta a sensação de bem-estar.
As melhores raças de cachorros para crianças
É difícil estabelecer um ranking canino, seja em função da inteligência, da capacidade de trabalho, seja em função da adaptação a crianças. Além disto, é preciso considerar que os cães são mamíferos complexos e, desta forma, cada indivíduo apresenta uma personalidade única.
A relação apresentada a seguir foi feita com base em informações de associações de criadores. Confira quais são as melhores raças de cães para crianças.
1. Beagle
A raça foi desenvolvida na Inglaterra, como auxiliar na caça à raposa, “esporte” atualmente proibido no país. De acordo com padrões internacionais, o beagle é o menor dos sabujos (hounds) da Grã-Bretanha. Os cães da raça são sociáveis, brincalhões e dóceis.
Um beagle é ágil, resistente, vigoroso, bastante equilibrado e possui um excelente faro. Um cuidado especial com cães da raça é não deixá-los soltos em passeios, porque, caso encontrem um rastro, instintivamente eles irão segui-lo.
Sem traços de agressividade, mas também sem nenhuma timidez ou medo, um beagle é um bom companheiro para as crianças. São cães de porte pequeno a médio (a rainha Elizabeth I, da Inglaterra [século XVI], tinha uma matilha numerosa e separou os animais menores para desenvolver os pocket beagles, ou beagles de bolso).
2. Boxer
O boxer, nativo da Alemanha, teve o padrão fixado no início do século XX, mas a raça quase desapareceu por causa da beligerância entre alemães e outras nações europeias com as duas grandes guerras mundiais, fatos que geraram intolerância, entre os ocidentais, a tudo que estivesse relacionado a origens germânicas.
No entanto, a docilidade do boxer foi uma das principais características procuradas pelos primeiros criadores, que queriam suavizar os instintos agressivos de alguns cães desenvolvidos para combate. O boxer nasceu calmo, bonachão, sociável, equilibrado e muito amoroso, especialmente em relação a crianças e idosos.
Mas os animais da raça também podem desenvolver outras atividades. Em função do porte grande, da inteligência, da agilidade e da cara de bravo, os boxers podem se responsabilizar também por tarefas de guarda e proteção.
3. Buldogue inglês
Apesar da cara de bravo e de ter sido desenvolvido, a partir do século XVIII, para lutar em rinhas de cães (algumas disputas envolviam cães e touros), o buldogue inglês é um animal tranquilo, brincalhão e muito apegado aos donos.
Os cães da raça podem ser muito preguiçosos, o que exige um esforço extra para exercitá-los em passeios e corridas – e ninguém melhor para desenvolver esta tarefa do que as crianças, com suas fontes quase inesgotáveis de energia.
O buldogue inglês é teimoso e muito possessivo: se houver outro animal de estimação em casa, certamente ocorrerão crises de ciúmes. Mesmo assim, são excelentes para conviver com crianças, por serem muito sociáveis e nunca apresentarem comportamento agressivo. O buldogue francês e o campeiro (um pouco maior) também são boas opções.
4. Bull terrier
Trata-se de um cão de porte médio muito forte, teimoso e extremamente amigável: um bull terrier passa o dia seguindo os donos, interessado em uma brincadeira, um afago ou apenas um olhar carinhoso. Nativo da Inglaterra, onde também participou de lutas com touros, atualmente é um animal bastante tranquilo e dócil.
Os cães da raça possuem muita energia para gastar: eles precisam de passeios e brincadeiras diários, mas também têm os seus momentos de isolamento e quietude. Estabelecem bons relacionamentos com estranhos, visitantes e outros pets.
Um bull terrier pode se transformar no “palhaço da casa”. Ele adora brincadeiras e às vezes se mete em alguns apuros. Os cães da raça podem ser brutos, uma vez que a constituição física é bastante sólida. Apesar da cara de bad boys, os bull terriers são dóceis, afetuosos e devotados aos donos, sem serem “grudentos”.
5. Collie
A raça tem origem na Escócia, mas a época de seu surgimento é incerta. O que se sabe é que os primeiros espécimes serviram como cães boiadeiros e de pastoreio (as primeiras descrições são do fim do século XVIII). O collie foi eternizado por uma série de TV, “Lassie”, uma cadela eu vagava de cidade em cidade em busca de sua família.
Existem dois subtipos: os cães de pelo áspero e liso (mais comumente encontrados). Os collies são animais de grande porte, gentis, fiéis e devotados aos donos. São pets desenvolvidos originalmente para o trabalho e, por isto, necessitam de exercícios diários, faça chuva, faça sol.
Estes cães são bastante sensíveis, inteligentes e gostam muito de agradar. É comum vê-los descansando a mandíbula no joelho dos donos, ou apenas aninhando-se a seus pés. Quando estão certos de alguma coisa, no entanto, é muito difícil convencê-los a desistir. Alguns collies podem latir bastante – isto deve ser considerado antes da adoção.
6. Golden retriever
O golden retriever é mais uma raça nativa das ilhas britânicas, que foi desenvolvida para auxiliar na caça de aves aquáticas. Um nobre inglês, lord Tweedmouth, realizou cruzamentos seletivos entre hounds e cães d’água para finalmente obter um animal de médio porte muito inteligente que fosse um caçador habilidoso, ágil, calmo e fácil de adestrar.
Efetivamente, uma das principais diversões de ter um golden retriever e ensinar truques e mais truques. Os cães da raça nunca se cansam de aprender. Por isto, muitos destes animais são designados para acompanhar cadeirantes e deficientes visuais ou trabalhar em atividades policiais e de resgate.
Na hora de escolher o novo membro da família, a visita ao canil é muito importante, para conhecer os pais e certificar-se da qualidade do plantel. Na busca por exemplares esteticamente mais agradáveis, alguns criadores exageraram nos cruzamentos e passaram a produzir animais alérgicos, agressivos e extremamente possessivos.
7. Poodle
Quem vê o porte pequeno quase sempre confunde as características da raça: o poodle foi desenvolvido na França, para resgatar peixes e aves aquáticas caçadas pelo seu dono. Os “enfeites” do poodle estão relacionados a esta antiga função: os pelos eram tosados, mantidos apenas em áreas que não podem perder temperatura (crânio, peito e articulações). As fitas coloridas serviam para que os humanos reconhecessem seus animais nos mergulhos para apanhar as presas.
Posteriormente, foram desenvolvidos os poodles toy e microtoy, ambos de pequeno porte. Talvez por isto, muitas pessoas acreditem que eles são cachorrinhos de almofada. Estes pets, no entanto, mantêm ativos os instintos de caça e, por isto, demandam uma boa dose de atividades físicas.
Os poodles são dóceis, companheiros e muito brincalhões, desde que os donos não os estressem com “excesso de colo”. Com exceção do standard (de porte médio a grande), todos os subtipos da raça são indicados para conviver com crianças.
Muito inteligentes (eles ocupam a segunda posição do ranking de inteligência canina, elaborado por Stanley Coren a partir das informações de mais de 200 especialistas americanos e canadenses), os poodles rapidamente aprendem truques e normas de conduta.
8. Retriever do labrador
Esta é mais uma raça de grande porte, mas isto não é empecilho para o relacionamento com crianças. Os retrievers do labrador (ou simplesmente labradores) são gentis e delicados, talvez em função da sua primeira tarefa: resgatar (“retrieve”, em inglês) peixes e aves marinhas caçadas pelos moradores da península do Labrador (leste do Canadá).
A pelagem dos labradores é grossa e impermeável, facilitando os mergulhos. Uma boa brincadeira com estes cães é nadar na piscina, mas é necessário um cuidado especial: cercá-la ou gradeá-la, para impedir os perigosos mergulhos solitários.
Os labradores são versáteis, inteligentes e não apresentam traços de agressividade. Possessivos, estes animais estão sempre verificando as atividades da família, para garantir que não haja nenhum risco para os parentes. Alguns cães da raça atuam como babás, inclusive para crianças de colo.
9. Setter irlandês
A raça é originária da Irlanda, onde, no século XVIII, exercia funções de caça (setter significa “apontador” em inglês – ele indicava o local em que a presa se escondia) e de pastoreio de ovelhas. O contato constante do setter com outros animais moldou um temperamento tolerante e pouco agressivo, apesar de os cães da raça tenderem a exercer a dominância.
Trata-se de um cão de grande porte, pelagem lisa e comprida (e isto significa alguns cuidados a mais, como escovação e tosa), forte, vigoroso e atlético. Por outro lado, é afetuoso, elegante e extremamente gentil, consegue perceber a fragilidade de crianças e idosos e “calibra” a intensidade das festas ao porte do parente.
Atualmente, a principal atividade do setter irlandês é ser um cão de companhia. Apesar de impetuoso e independente, apega-se facilmente a toda a família e, em todas as horas, é um companheiro para todas as brincadeiras. Estes cães são fáceis de adestrar e toleram com facilidade a presença de estranhos em casa.
10. Vira-latas
Na verdade, qualquer cão abandonado nas ruas acaba se tornando um vira-latas. Afinal, é preciso sobreviver – e o lixo humano é rico em nutrientes, uma vez que desperdiçamos boa parte dos alimentos que adquirimos nos mercados e feiras livres.
Cães mestiços são tecnicamente classificados como “sem raça definida” (SRD). Eles podem ser encontrados em todas as cores, pelagens e tamanhos. Em geral, no quesito saúde, eles são mais resistentes do que os seus primos de raça, por portarem fatores imunológicos de duas, três ou mais raças.
Talvez o grande problema de escolher um vira-latas seja o porte: ao contrário dos cães “de grife”, nunca se sabe qual o tamanho que eles atingirão quando chegarem à vida adulta. Isto, no entanto, pode ser evitado facilmente: basta adotar um animal adulto.
Estes já estão socializados com humanos e outros pets e o temperamento pode ser conferido com uma volta no quarteirão. Além disto, quem adota um cão SRD está retirando um animal das ruas (além de sofrer, ele poderia se transformar em vetor de doenças) e impedindo o sacrifício.