A mastite canina, também conhecida como mamite das cadelas, é uma infecção que se instala nas mamas de fêmeas de cães que estão na fase de amamentação. A doença, comum a todos os mamíferos, pode acontecer também na ocorrência de uma gravidez psicológica e frequentemente afeta algumas cadelas, quando estas criam leite para amamentar filhotes de outros animais.
Trata-se de uma doença que surge logo ao termo da gravidez e pode ser bastante dolorosa. Apesar de ser relativamente comum, a mastite canina tende a ser negligenciada, fato que pode complicar o quadro, inclusive aumentando os riscos de infecções oportunistas para a mãe e os filhotes. Vale lembrar que, na gravidez, parto e lactação, as defesas das cadelas estão naturalmente mais baixas.
As causas
A maioria dos casos não tratados evolui para infecções mais ou menos graves. As mais comuns ocorrem por invasões de estafilococos, bactérias envolvidas em diversas doenças – de resfriados a endocardites (inflamações do músculo cardíaco). Isto ocorre porque, durante a lactação, as mamas das cadelas ficam repletas de feridas causadas pelas mordidas e arranhaduras dos filhotes.
Estreptococos, também causadores de infecções nas vias aéreas, e a Escherichia coli, presente no trato gastrointestinal e responsável por transtornos digestórios – de diarreias a peritonites (inflamação da mucosa do intestino), estão vinculados à mastite canina.
Os estafilococos estão presentes em diversos órgãos e tecidos, não apenas de cães, mas também de homens e mulheres (três em cada dez portadores humanos não apresentam sintomas de infecções). Estão associados a diversas doenças, mas, em condições normais, não representam riscos significativos para a população humana e canina. A gravidez, porém, é sempre um período especial e delicado.
Os sintomas
Além de presença de feridas nas mamas, as cadelas lactantes podem apresentar:
• fadiga e falta de energia;
• febre (inclusive local);
• aparência triste, sem ânimo;
• desenvolvimento de abscessos nas mamas. Abscessos são inflamações semelhantes a espinhas, cheias de pus e detritos, de coloração que vai do rosado ao vermelho-escuro, quentes e sensíveis ao toque;
• aumento ou oscilações do ritmo cardíaco;
• presença de tumores, devido à retenção do leite nas glândulas mamárias;
• inapetência (perda de apetite);
• irritabilidade;
• diarreia e vômitos;
• sinais evidentes de dor quando as mamas são tocadas.
Dor e desconforto nos mamilos, que se espalham em toda a região do abdômen, são sinais bastante sérios através do toque. Apalpar o ventre das cadelas lactantes ajuda bastante a identificar irregularidades e providenciar o tratamento necessário tão cedo quanto seja possível.
Lembre-se: cadelas grávidas a lactantes apresentam naturalmente maior apetite e realmente necessitam de uma quantidade maior de alimentos e nutrientes. A perda de apetite é um sinal inequívoco de que as coisas não estão correndo como deveriam.
A irritabilidade também é um fato comum, especialmente depois do nascimento dos filhotes, já que as mamães cadelas precisam defender os seus filhotes. Mesmo assim, os cuidadores, conhecendo os seus pets, conseguem discernir entre o que é excesso de zelo e o que é irritação constante e sem motivo aparente.
Monitore com cuidado as mamas das cadelas lactantes. Algumas pequenas feridas podem ser consideradas normais, principalmente nas cadelas de pequeno porte e nas grandes ninhadas. O sinal de alerta se acende quando as mamas ficam endurecidas (resistentes ao toque), quando as feridas sangram ou tornam-se progressivamente mais avermelhadas ou roxas. Em qualquer destas situações, as mães devem ser levadas ao veterinário.
O chamado “leite tóxico” prejudica os filhotes mais ou menos gravemente. Infectados, os cãezinhos rapidamente desenvolvem os seguintes sinais:
• problemas de pele, inclusive com a erupção de feridas;
• problemas na pelagem, que pode apresentar falhas;
• choro constante, em função da alimentação inadequada;
• desnutrição e deficiência nutricional;
• perda de peso, que pode se manifestar em menos de 24 horas;
• enfraquecimento geral.
As infecções oportunistas geradas pela mastite canina podem comprometer o desenvolvimento dos filhotes, determinando, caso não sejam tratadas, um crescimento abaixo do esperado para a raça. Em alguns casos, a má nutrição pode provocar a morte dos cãezinhos.
O tratamento
O tratamento deve ser iniciado o quanto antes, porque, além de prejudicar a saúde da cadela, também expõe os filhotes às infecções (como já foi dito), que são transmitidas através do leite materno. Algumas destas infecções podem inclusive ser letais, uma vez que os cãezinhos são naturalmente mais frágeis. O diagnóstico precoce evita uma série de dores de cabeça e torna o tratamento mais simples e eficaz.
Uma vez diagnosticada a mastite canina (a partir de exames de sangue e cultivos bacterianos em laboratório), serão receitados antibióticos, analgésicos e, na maioria dos casos, anti-inflamatórios. A aplicação de compressas de água quente nas mamas também pode ser indicada. A dosagem dos medicamentos depende da gravidade da infecção. O tratamento também inclui a drenagem do leite, até que as glândulas mamárias deixem de produzir alimento.
O diagnóstico, no entanto, implica a separação de mãe e filhotes, uma vez que a cadela fica muito dolorida e os cãezinhos não podem ser expostos a vírus e bactérias. Deixar a cadela e a ninhada juntos é expor todos eles a problemas de saúde cada vez mais sérios.
Nestas condições, os cãezinhos terão de ser alimentados com mamadeiras. Existem leites específicos para cãezinhos de até dois meses de idade. É um trabalho e esforço a mais para os cuidadores, mas geralmente não compromete o desenvolvimento dos filhotes.
Atenção: a negligência no tratamento da mastite canina pode levar ao desenvolvimento de neoplasias (tumores malignos) nas mamas das mamães. Em alguns, casos, este problema de saúde pode exigir a remoção cirúrgica dos mamas, com graves prejuízos para a saúde e o equilíbrio emocional das cadelas.
Para prevenir
Apesar de preocupante, a mastite canina é uma doença de fácil prevenção. Logo que a cadela der à luz, as mamas devem ser higienizadas adequadamente. O ventre das cadelas deve ser limpo constantemente (com gazes esterilizadas), para evitar acúmulo de umidade, que forma um ambiente natural propício à proliferação de bactérias.
Urina e fezes da mãe e dos filhotes devem ser removidas com bastante frequência, porque também são focos de infecções. Além disto, os cãezinhos costumam pisotear os excrementos e depois apertar as mamas da mãe para estimular a produção de leite (é um comportamento instintivo). Sem este cuidado, as patinhas poderão permanecer repletas de germes nocivos.
Para a maioria dos tutores, não existe o desejo de ter filhotes com a cadelinha de estimação. Nestes casos, a providência mais indicada é a esterilização dos pets, com a remoção cirúrgica dos ovários e do útero. A castração deve ser feita antes do primeiro cio, uma vez que, feita do segundo cio em diante, aumentam-se os riscos de cânceres nas mamas e nos genitais no médio prazo.