Identificar manchas vermelhas na pele do cachorro causa preocupações para a maioria dos tutores, porque muitas condições podem estar associadas a elas: sarna, infecções de alergias são apenas alguns exemplos.
Assim como entre nós, a pele é o maior órgão dos cachorros e deve ser inspecionada com regularidade. Quase sempre, as manchas vermelhas são causadas por picadas de insetos, mas os tutores devem fazer o possível para eliminar as infestações, mesmo porque pulgas, piolhos e carrapatos podem ser vetores de diversas enfermidades mais ou menos graves.
Ao identificar as manchas na pele – que podem ser vermelhas, castanhas ou escurecidas – é importante verificar outros possíveis sinais, como febre local, falta de apetite, cansaço sem motivo aparente, etc., além das características das alterações: textura da pele do cachorro, lesões e feridas, sensibilidade ao toque e descamação, por exemplo.
Os tratamentos para manchas vermelhas nos cachorros
Dependendo das causas das manchas vermelhas na pele do cachorro e de outras condições objetivas, como a idade e o histórico de saúde, o veterinário pode recomendar uma série de medidas para eliminar ou amenizar os sintomas.
Algumas doenças que causam vermelhidão, espessamento da pele e lesões podem ser tratadas apenas com xampus e loções capilares, mas é preciso que o médico identifique as causas e acompanhe a evolução do quadro.
No caso de irritações e inflamações superficiais, o tratamento quase sempre é feito com produtos tópicos, aplicados sobre a pele machucada ou alterada. Em casos mais graves, o médico pode receitar medicamentos sistêmicos (orais, injetáveis, etc.).
Casos mais graves podem requerer inclusive cirurgias, mas nem todos os cachorros podem receber anestesia geral. Nos cânceres de pele, há alternativas como quimioterapia, de acordo com o estado geral.
Manchas vermelhas: O que pode ser?
A constatação de manchas vermelhas na pele do cachorro quase sempre é acompanhada pela identificação de outras condições incômodas. O cachorro tende a se coçar e pode abrir ferimentos na pele, que são portas de entrada para micro-organismos nocivos, facultando o desenvolvimento de infecções secundárias.
Caso as alterações na pele do cachorro não sejam motivadas por picadas de insetos (que, de qualquer maneira, precisam ser eliminados) ou eventuais choques leves, o animal afetado precisa ser levado o quanto antes ao veterinário.
Algumas causas frequentes, que requerem cuidados, mas não são emergências médicas, são as seguintes:
• cicatrizes – alguns machucados acabam gerando cicatrizes irregulares que podem sofrer inflamações de tempos em tempos, provocando vermelhidão, febre local e muito desconforto. As alterações tendem a desaparecer em poucos dias, mas é preciso estar atento, especialmente se as manchas vierem acompanhadas de acúmulo de líquidos, mau cheiro, etc.;
• traumas leves – alguns cachorros são elegantes, mas a maioria é atabalhoada e não é incomum que os peludos esbarrem em móveis, muros e até brinquedos. Isto pode causar o rompimento de vasos sanguíneos superficiais. São pequenas hemorragias que se acumulam embaixo da pele.
As infecções fúngicas
Nestes casos, acende-se o alerta amarelo. Alguns fungos podem ser transmitidos para humanos e outros pets. As dermatomicoses são provocadas por mais de 30 espécies de fungos já catalogadas, classificadas nos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton.
São as populares frieiras caninas, classificadas como doenças infectocontagiosas. A gravidade depende de outros fatores, como a idade e as condições gerais de saúde do cachorro. Os sinais variam bastante, mas os mais frequentes são: descamação, formação de crostas e perda localizada de pelos, além das manchas vermelhas.
As manchas podem se espalhar por todo o corpo, mas geralmente se concentram nos órgãos sexuais, virilha, axilas, orelhas e entre os dedos. Se as dermatomicoses não forem diagnosticadas e tratadas adequadamente, a pele tende a se tornar mais escura, podem surgir ferimentos mais profundos.
Além disso, o cachorro com frieiras fica muito mais suscetível a outras infecções. A perda de pelos pode se espalhar por todo o corpo e a doença é extremamente desconfortável e até mesmo dolorosa, provocando outros sinais, como cansaço, perda de apetite, desinteresse pelas atividades prediletas, etc.
As infecções fúngicas são oportunistas: elas surgem quando alguma coisa está errada no sistema imunológico do cachorro – os animais saudáveis sempre têm condições de combater os fungos antes que eles cheguem a causar estragos.
Por isso, o tratamento tem início com a identificação dos motivos para a imunidade baixa e o fortalecimento do sistema imunológico. Apenas depois disso os cachorros afetados começam a receber medicamentos (tópicos e sistêmicos) para combater os fungos.
Infecções bacterianas
As inflamações e irritações da pele também podem ser causadas por uma série de bactérias, que afetam apenas os cachorros. São as piodermites caninas, geralmente classificadas de acordo com a área afetada: são dermatites superficiais ou profundas.
Um exemplo frequente de piodermite superficial é a foliculite, mais conhecida como “pelo encravado”, que pode afetar animais de todos os portes e idades. Ela é causada pela bactéria Staphylococcus pseudintermedius, que coloniza naturalmente a pele dos mamíferos.
Quando ocorre uma grande proliferação destes micro-organismos, ou nos casos de outras infecções por bactérias, fungos ou vírus, podem surgir foliculites e furúnculos, mas é preciso avaliar a situação, porque as doenças podem evoluir para abscessos, endocardites (inflamação do músculo cardíaco) e até mesmo uma sepse.
Os sintomas são cumulativos: logo no início, os cachorros apresentam muita coceira e podem ferir a pele com coçadelas e mordidas. O atraso no tratamento pode causar o surgimento de vermelhidão, pápulas (pequenos caroços), pústulas (parecidas com espinhas), abscessos, espessamento da pele, descamação e perda dos pelos.
As infecções leves geralmente são tratadas com produtos tópicos. É importante seguir as orientações médicas até o final do tratamento, nunca suspendendo a medicação apenas porque os sintomas deixaram de se manifestar.
As piodermites também podem ser profundas, atingindo a hipoderme (a camada mais interna da pele) dos cachorros. As invasões bacterianas, neste caso, podem se espalhar pela corrente sanguínea, atingindo todos os órgãos e tecidos dos peludos. Nestes casos, além das pomadas, quase sempre o especialista recomenda o uso de antibióticos sistêmicos.
A piodermite, apesar de ser transmitida por bactérias, não é considerada uma doença contagiosa. Na imensa maioria dos casos, ela afeta apenas os cachorros com imunidade reduzida por um motivo prévio. Não é preciso isolar o doentinho, nem se preocupar que a doença seja transmitida para humanos e outros pets.
As manchas vermelhas por alergias
Todos os cachorros podem desenvolver reações alérgicas a alguns alimentos, produtos de limpeza e higiene. Algumas condições são genéticas, outras surgem com o avanço da idade. Raças como cocker spaniel, weimaraner e bloodhound são bastante suscetíveis a alergias nas orelhas (otites), enquanto poodles, malteses, shih tzus e lhasa apsos frequentemente apresentam afecções na pele.
A identificação do agente alergênico (que provoca a irritação) não é uma tarefa fácil: é preciso eliminar alguns itens da alimentação, dos banhos e até mesmo da limpeza doméstica. Uma vez identificado o motivo que dispara a alergia, o veterinário pode indicar o melhor tratamento a ser seguido.
Em comum, as reações alérgicas envolvem prejuízos à pele, como vermelhidão (em manchas ou em toda a extensão da pele), espessamento, formação de crostas, ferimentos e lesões. Eventualmente, o sistema respiratório também pode ser comprometido.
É preciso identificar rapidamente o alergênico e eliminá-lo sempre que possível (um produto de limpeza ou um ingrediente da ração, por exemplo), para garantir a saúde e o bem-estar dos cachorros. Nos casos em que o alergênico não pode ser eliminado (picadas de insetos, pólen, partículas emitidas por motores e até poeira), é importante reduzir ao mínimo a exposição dos cachorros.
Algumas causas menos frequentes
A vasculite é uma inflamação dos vasos sanguíneos, que pode ser localizada ou generalizada (sistêmica). O primeiro sinal da doença é o surgimento de manchas vermelhas na pele e a coceira intensa. Dachshunds, rough collies, rottweilers e pastores alemães são os mais afetados.
Em geral, a vasculite está associada a infecções nos órgãos e tecidos subjacentes às artérias e veias atingidas. Sem o tratamento adequado, as manchas ficam mais escuras, surgem ulcerações na pele, feridas e inchaços nas pernas. Os cachorros doentes mostram-se apáticos e desinteressados.
A sarna demodécica não é contagiosa, já que o Demodex canis (o agente etiológico) está presente naturalmente na pele dos cachorros e só se manifesta quando o sistema imunológico está debilitado. Há um forte componente genético neste tipo de sarna.
Em geral, a doença afeta principalmente os filhotes, que ficam com o rosto (região dos olhos e focinho) coberto por manchas vermelhas, que podem escurecer sem o tratamento adequado. Por isso, a sarna demodécica é também conhecida como “sarna vermelha” e “sarna negra”.
A sarna sarcóptica (ou escabiose) é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, transmitido com facilidade para gatos, outros cães e também para humanos, inclusive pelo contato e a partilha de objetos (tigelas, brinquedos, caminhas, etc.).
Os sintomas iniciais são as manchas vermelhas na pele, seguidas pela forte coceira e pela perda de pelos. A sarna sarcóptica pode se manifestar em todo o corpo dos cachorros, com maior intensidade no rosto, garganta, axilas, virilha, genitais e cauda. Os animais afetados podem ficar totalmente carecas e as manchas se tornam mais escuras.
Felizmente, o tratamento é relativamente simples, com base em xampus acaricidas específicos. O ambiente também precisa ser completamente higienizado (com desinfetantes específicos), mas a boa notícia é que o S. scabiei não resiste mais de 36 horas longe da pele dos mamíferos.
Uma parcela considerável dos cachorros idosos desenvolve tumores epiteliais. Os primeiros sinais são pequenas pústulas vermelhas, que podem desaparecer e manifestar-se em áreas diferentes em poucos dias.
O diagnóstico depende de consultas e exames laboratoriais. O veterinário pode indicar uma cirurgia para remover a massa tumoral, impedindo o surgimento de metástases. Tudo depende das condições gerais e da expectativa de vida do cachorro.