Um americano adotou um cão para substituir o companheiro perdido. E não parou mais de adotar.
Steven Greig é um cidadão de Denver, capital do Colorado, um Estado do oeste americano. Há alguns anos, ele perdeu o seu fiel companheiro de quatro patas. Depois de um período de luto, decidiu adotar um novo parceiro.
O plano estava definido. Greig, como é conhecido, foi até o abrigo local, onde ficam os cães encontrados abandonados nas ruas, decidido a levar para casa o “cachorro menos adotável que encontrasse” – aquele que tivesse menos probabilidade de encontrar um novo lar.
O americano, que trabalha com contabilidade, encontrou um novo parceiro: Eeyore, um chihuahua de 12 anos, portador de uma doença cardíaca e artrose nos braços e pernas. Ao levar Eeyore para casa, Greig percebeu que o cãozinho precisaria de companhia constante.
Foi o início de uma rápida série de dez adoções. Greig deixou de visitar o abrigo de Denver apenas ao completar uma família com dez cachorros de todos os tipos, todos eles idosos. Alguns são portadores de doenças crônicas ou de sequelas de traumas, mas todos apresentam necessidades especiais em função da idade avançada.
O dia a dia
Steven Greig teve a rotina completamente alterada. Além de dez novos colegas de quarto, o americano escolheu aqueles com menos condições de adoção. Os animais que escolheu apresentam diversas formas de deficiências físicas.
O dia do americano tem inicio às 5h30min, quando Greig se levanta da cama para preparar o café da manhã e a medicação dos “filhos”. É preciso acordar cedo porque não é possível servir “prato único”: cada pet tem necessidades nutricionais diferentes.
A “cozinha” de Greig não se limita apenas a despejar o conteúdo de um saco de ração nas tigelas. Alguns cães precisam de alimentos específicos (ricos em cálcio, pobres em fósforo, etc.) e quatro deles têm problemas de mastigação; por isso, recebem apenas alimento pastoso.
O restante do dia é ocupado com passeios no parque – não é possível levar todos de uma só vez –, visitas a veterinário e muitas cenas de amor explícito entre Greig e os dez cachorros, que não são os únicos membros da família.
O tutor
Greig vive ainda com um porquinho chamado Bikini, um coelho, um peru, dois patos, algumas galinhas e pombos – e cada um deles tem um cantinho especial na casa. No momento, a casa não tem espaço para comportar mais ninguém, mas o americano está procurando um novo lugar para adotar mais cachorros, especialmente os idosos.
Desde que passou a conviver com esta “grande família”, Greig decidiu registrar o cotidiano em posts, apresentados quase diariamente nas redes sociais. O material acabou se transformando em um livro ilustrado: “The One and Only Wolfgang: from pet rescue to one big happy family” (“os inimitáveis Wolfgang: do abrigo até uma grande família feliz, em tradução livre), escrito a quatro mãos com Mary Rand Hess.
O principal mérito de Greig foi optar por adotar animais que, sem essa atitude, dificilmente encontrariam um novo lar. Muitos deles foram abandonados justamente por serem idosos e doentes. Ao levá-los para casa, compreender as necessidades de cada um e esforçar-se por supri-las, o contador americano deu um novo significado para a adoção. Na casa de Greig, as estrelas são justamente os pets velhinhos, que não encontrariam outro local para brilhar.
O americano diz que os cachorros idosos são especialmente sábios: “Você sabe mais ou menos o que quer da vida quando atinge certa idade. Esses cachorros sabem quem são, e é muito fácil estabelecer um bom relacionamento com um pet ou pessoa que sabe quem é. É gratificante que esses caras sejam felizes, bem tratados e amados. Isso faz os meus dias valerem a pena”.
O contador Greig cresceu em uma família que permitia a posse de tantos pets quanto as crianças quisessem, desde que Steven e os irmãos cuidassem dos animais de estimação. Ele aprendeu a ter responsabilidade, afeiçoou-se aos peludos e emplumados e, mais que isso, conscientizou-se de que todos eles têm direito a um espaço no planeta.
Desde que passou a morar sozinho, Greig sempre viveu com três ou quatro cachorros a cada vez. Curiosamente, o sobrenome escolhido para a família – Wolfgang – pode ser traduzido como “gangue dos lobos”.