Ele acordou de madrugada com sons estranhos: um cachorro tinha se instalado na sala de estar.
A vida de pais de recém-nascidos não é fácil. Jack Jokinen já está acostumado a acordar de madrugada, para cuidar do bebê. Dessa vez, no entanto, a mulher de Jack despertou o marido por outro motivo: sons estranhos podiam ser ouvidos, vindos da sala de estar.
Ao chegar no cômodo, Jack deparou-se com uma cena inusitada: um cachorro desconhecido tinha conseguido entrar na casa. Eram quatro horas da manhã, o bebê de apenas um mês de vida estava dormindo, mas um visitante inesperado estava instalado na sala.
Um aviso estranho
Bebês acordam várias vezes durante as madrugadas, por vários motivos: estão com fome, estão molhados, estão desconfortáveis, ou querem apenas companhia. Naquela madrugada, no entanto, Jack foi acordado por razões bem diferentes.
A mulher de Jack sacudiu-o e disse baixinho: “O bebê está bem, mas há um cachorrinho na nossa sala”. O dono da casa acordou confuso, sem saber se ainda estava sonhando. Obviamente, cachorros não abrem portas para se alojar em casas alheias.
A investigação
Jack desceu as escadas rapidamente e encontrou o que parecia ser um pequeno retriever do Labrador, talvez ainda filhote, aconchegado no tapete da sala. O casal não conseguia entender como o cachorrinho tinha ido parar lá.
Todas as portas e janelas do andar inferior estavam bem fechadas. Tinha chovido muito na noite anterior e a casa ficou totalmente isolada, para impedir que a água entrasse, mesmo que fosse pelas frestas.
Ao The Dodo, site especializado em histórias sobre animais de estimação, Jack explicou: “A primeira coisa que eu pensei foi: deve ter alguém dentro de casa. Então, fiz uma varredura de segurança, para verificar se não havia ninguém escondido em um armário ou algo assim”.
Encerrando a inspeção e sem encontrar nada nem ninguém, Jack só conseguiu pensar: “Como isso aconteceu? Esse cachorrinho é mágico?”.
O dono da casa resolveu conferir as imagens da câmera de segurança. Então, conseguiu compreender o que tinha acontecido. Na noite anterior, depois de levar George, o cachorro da família, para o passeio habitual, Jack não travou a porta.
A lingueta de segurança não se encaixou – o vídeo de segurança consegue mostrar claramente. A porta ficou apenas encostada e, na madrugada, o vento da tempestade completou o serviço, deixando escancarada a entrada da casa.
A câmera de segurança seguiu registrando as imagens. Exatamente às 3h16min, é possível ver o cachorro invasor – uma fêmea, para ser exato – descendo a rua, ensopada de chuva. Ela passou em frente à casa, viu a porta aberta e resolveu se abrigar.
A cachorra, mais tarde chamada de Suzy, estava molhada e com muito frio. Tudo que ela queria era encontrar um cantinho seguro naquela madrugada chuvosa e gelada. Ao ver a porta aberta e o ambiente silencioso, Suzy deve ter agradecido mil vezes aos santos protetores dos cachorros.
As imagens mostram que Suzy se aproximou um pouco hesitante – ela devia estar acostumada a ser expulsa de vários lugares. Depois de observar o interior da casa, a cachorra subiu os poucos degraus que separam da calçada e aninhou-se para dormir na sala de estar.
Meia hora mais tarde, um vizinho passou em frente à casa e viu que a porta estava entreaberta. Ele aproximou-se, certificou-se de que não se tratava de uma invasão e fechou a porta, travando-a por dentro.
Foi por isso que, quando Jack vistoriou as entradas, ele não conseguiu identificar nenhuma possibilidade para a cachorra desconhecida ter entrado. A porta da sala estava trancada, sem nenhum sinal de anormalidade.
O casal Jokinen secou a cachorra, manteve-a confortável e deixou a decisão sobre o que fazer com ela para a manhã seguinte. Mas rapidamente Jack e a mulher perceberam que chamar o controle de zoonoses não seria uma boa opção.
Eles não chamaram o abrigo municipal. Em vez disso, levaram Suzy ao veterinário. Na clínica, o casal descobriu que a cachorra, com traços de retriever do Labrador, era já um animal adulto, sem raça definida.
O médico estimou a idade de Suzy em torno dos nove anos. O cachorrinho invasor, além de não ser um filhote, tratava-se de uma senhora idosa! A cachorra estava infestada por pulgas e carrapatos, tinha uma infecção na pata e alguns problemas dentários.
Jack e a mulher resolveram ajudar Suzy. O tutor disse: “Descobrimos que, em vez de todas as coisas ruins que podem acontecer quando se deixa a porta aberta em uma cidade grande, no meio do inverno, a nossa casa recebeu a visita de uma cachorrinha doce, que vivia na rua. Nós precisamos pelo menos tentar ajudá-la”.
A história de Suzy foi apresentada no Twitter. Diversos internautas contribuíram em uma vaquinha eletrônica, que arrecadou US$ 15.000 para os tratamentos médicos necessários. O homem que fechou a porta esquecida destrancada também foi identificado através das redes sociais.
Suzy se tornou oficialmente membro da família Jokinen. Ela está feliz com a companhia de George, mostra-se muito preocupada com o bem-estar do bebê e sempre faz um agrado nos tutores, quando eles passam por ela.
A cachorra tem um lar amoroso e responsável, obtido graças a uma série de acasos. O casal também se sente agradecido por não ter encaminhado Suzy ao controle de zoonoses. Suzy tem um final feliz – ou melhor, um recomeço feliz.