Apresentamos a seguir algumas histórias reais que parecem ter saído de roteiros para o cinema ou da imaginação dos escritores mais criativos. Todas elas envolvem cães verdadeiramente incríveis e merecem ser conhecidas pelos amantes dos peludos.
Todos os cães são guardiães e protetores. Até mesmo um pequeno chihuahua entra em estado de alerta quando percebe alguma coisa errada e faz o que pode: late sem parar, até atrair a atenção de todos.
As histórias seguintes, todas elas reais e documentadas, no entanto, falam de cães que superaram desafios e obstáculos para garantir a segurança e o bem-estar. As ações são inacreditáveis e comprovam, mais uma vez, que os cachorros são os nossos melhores amigos.
01. O salva-vidas Swansea Jack
Jack viveu na década de 1930 em Swansea, cidade galesa às margens do rio homônimo. Nas notícias da época, ele é descrito como um terra nova, mas as poucas fotos lembram um cão da raça flat coated retriever.
O cachorro vivia com o barqueiro William Thomas e estava sempre atento aos pedidos de ajuda provenientes de banhistas desavisados: Jack salvou diversas pessoas enquanto desempenhava as suas funções no barco.
No primeiro resgate, em junho de 1931, Jack salvou um menino de 12 anos. Ele continuou salvando vidas: ao menos 27 pessoas foram retiradas com vida do canal de Bristol, onde desemboca o rio Swansea. Em 1936, o retriever recebeu o prêmio de “Cão mais bravo do ano”, concedido pelo jornal Star, de Londres.
02. Um são bernardo chamado Barry
A raça surgiu com o acasalamento de cães montanheses e especializou-se em resgates de peregrinos que cruzavam o passo de São Bernardo, nos Alpes suíços. Estes cachorros até hoje são importantes para a segurança de alpinistas e esquiadores na região.
Barry viveu no Convento de San Bernard, entre 1800 e 1814. O cachorro ficou conhecido das tropas de Napoleão Bonaparte, que sempre cruzavam os Alpes em suas guerras de conquista. O resgate mais famoso, porém, foi o de uma criança, que se escondeu em uma gruta para proteger-se do frio – e teria morrido ali, sem o apoio do são bernardo.
Ao todo, Barry resgatou e conduziu 40 vítimas de deslizamentos e avalanches em sua vida. Com 12 anos, ele foi levado para Berna, a capital da Suíça, para viver os últimos anos em paz. O corpo do cachorro, que morreu de velhice, foi taxidermizado e está exposto no saguão do Museu de História Natural da cidade.
03. Jasmine, a mãe adotiva
Em 2003, uma fêmea da raça galguinho italiano foi resgatada das ruas britânicas. Ela foi levada para o Santuário da Vida Selvagem de Nuneaton, em Warwickshire, um condado na região central da Inglaterra. Ela estava suja, faminta e tremendo de frio. Apesar de a raça ser considerada “de caça”, a cadela demonstrou outras aptidões.
Jasmine precisou de muito amor e atenção para recuperar a saúde, mas mostrou-se digna de tantos cuidados. Adaptada ao santuário, ele atuou como mãe substituta de dezenas de filhotes resgatados e levados ao abrigo para reabilitação.
Em 2008, Jasmine se tornou mãe adotiva pela 50ª vez. Ela recebeu e cuidou de Bramble, um cervo de aproximadamente 11 semanas encontrado desmaiado em um campo próximo a Nuneaton. Ela já contribuiu para a recuperação de texugos, raposas, coelhos, porquinhos-da-índia e de alguns filhotes de cachorro.
04. Ramen Noodle, muito eficiente
Pode-se dizer que este poodle é um verdadeiro sobrevivente. Ele é um cão toy e descende de vários cruzamentos endogâmicos, efetivados apenas para obter cães cada vez menores, sem preocupação com a saúde e o bem-estar dos animais.
O cachorro nasceu em Nova York e, ainda filhote, sofreu um trauma que lhe custou uma das pernas dianteiras – além de ter ossos frágeis (uma deficiência genética), o antigo tutor foi negligente e não procurou assistência médica a tempo.
Abandonado, ele permaneceu no hospital até que uma enfermeira, Jamie Van Tassel, adotou o poodle. Em outro acidente (Ramen caiu de uma cadeira), ele quebrou a outra perna dianteira, que teve se ser amputada.
Ramen Noodle caminha sobre as patas traseiras e é muito eficiente na locomoção. Ele brinca, corre, salta para trás e persegue pombas no parque, aparentemente sem perceber que é um “deficiente físico”. Carli Davidson, uma fotógrafa americana, conheceu o poodle e usou as imagens em campanhas de inclusão.
05. Glenn e Buzz, uma dupla inseparável
O herói desta dupla é Buzz, o pitbull. Ele é o cão guia de Glenn, um jack russell terrier com cegueira total em dois olhos. Os dois cães se conheceram no Stray Aid, uma organização de resgate e reabilitação de cães sediada em Londres (Inglaterra).
Os dois cães são velhinhos: Glenn tem nove anos e Buzz, dez. O jack russell depende do pitbull para tudo: caminhar, desviar-se de móveis, encontrar as tigelas de água e comida, etc. Vídeos e fotos dos parceiros foram postados nas redes sociais do Stray Aid e, felizmente, choveram propostas de adoção.
Os interessados enviaram mensagens dos EUA, Canadá, América do Sul e Europa. A equipe do Stray Aid considerou que o ideal seria eleger uma família britânica, residente próximo ao abrigo. Um casal sem filhos foi escolhido e Glenn e Buzz estão há alguns anos vivendo com a nova família. Buzz continua protegendo o melhor amigo.
06. Figo, o cão guia
Em 2015, Figo deparou-se com uma situação emergencial. Ele estava caminhando com Audrey Stone, quando percebeu a aproximação de um ônibus escolar descontrolado. Sem tempo para colocar a tutora em segurança, o cão guia postou-se entre ela e o veículo, recebendo todo o impacto do choque.
Figo e Audrey precisaram ser hospitalizados. A tutora passou meses internada, mas sempre teve um objetivo em mente: recuperar-se para levar o seu herói de volta para casa. Figo também foi internado e, ao receber alta hospitalar, foi levado à escola em que recebeu treinamento para guiar deficientes visuais.
O episódio aconteceu em Brewster, no Estado de Washington. EUA, e atraiu a atenção de milhares de pessoas, cativadas com a lealdade do cachorro, que, mesmo ferido, ficou ao lado da tutora até a chegada do socorro. A Royal Society for The Prevention of Cruelty to Animals, da Inglaterra, concedeu a Figo, em 2015, o prêmio de “Cão do Ano”.
07. Jack, o melhor amigo dos gatos
Um pitbull chamado Jack não teve medo de enfrentar um bando de coiotes na Flórida (sul dos EUA). Ele tinha um bom motivo: proteger Kitty, a gata de Sherrie Lewis, que estava cuidando do cachorro enquanto o filho servia o exército americano no Afeganistão.
Os coiotes aproveitaram um momento em que a gatinha estava fora de casa. Dois animais atacaram Kitty, agarrando-a pela cabeça e pelo rabo. A tutora estava observando o passeio da gata, que estava pouco à frente da porta, mas o ataque foi muito rápido.
O episódio aconteceu em Seminole, no centro-oeste do Estado. Jack investiu rapidamente contra os invasores, colocando os coiotes para correr. Sherrie levou Kitty ao veterinário, onde foi constatada a perda de um dente e um inchaço intracraniano.
A gata foi liberada para se recuperar em casa, mas ainda está com movimentos limitados. O pitbull parece ter se transformado em guardião de Kitty, pois passa boa parte do dia observando a amiga convalescente.
Ele continua monitorando os coiotes, que tentam se aproximar pelos fundos da propriedade. De acordo com Sherrie, Jack é sociável com outros cães e nunca se envolveu em brigas. Ele parece ter percebido que as feras estavam realmente caçando e representavam perigo de vida para a gata.
08. Beethoven, um poodle herói
O poodle Beethoven ficou famoso em Campinas (SP), sua cidade natal, ao defender a família do ataque de um pitbull, que aproveitou o portão aberto e invadiu a casa do servidor público Paulo de Sá. Depois do susto, foi a vez de o guarda socorrer o cachorrinho.
O ataque ocorreu em um momento delicado: Paulo tinha acabado de voltar para casa, depois de liberar o corpo da sogra, morta poucas horas antes. Com a confusão, o portão não foi fechado e o pitbull avançou.
Beethoven defendeu os tutores bravamente. Mesmo assim, o pitbull conseguiu arrastá-lo para fora. O tutor conseguiu separar os cães depois de algumas tentativas. A guarda civil de Campinas atendeu à ocorrência e o cachorro agressor acabou sendo abatido a tiros.
O poodle foi levado em estado grave para o hospital veterinário, onde permaneceu alguns dias entre a vida e a morte (ele tinha recebido várias mordidas na região do pescoço). Felizmente, Beethoven conseguiu se recuperar e voltou para casa, onde está sendo tratado como herói por todos os parentes.
09. Anny e Dara, duas cadelas de resgate aposentadas
Anny e Dara são duas retrievers do labrador (a primeira é preta e a segunda, amarela) que atuaram no Corpo de Bombeiros de São Paulo até a aposentadoria, aos oito anos de idade, em 2008. Anny protagonizou o primeiro resgate com vida, por um cão, em um desabamento no Brasil, em 2001. O Corpo de Bombeiros paulista emprega cães de salvamento desde 1999.
As duas cachorras participaram de operações que ficaram marcadas, como a queda de um avião da TAM e o desabamento em obras do metrô que abriu uma imensa cratera no bairro de Pinheiros. Os dois acidentes ocorreram em 2007.
Até o momento da aposentadoria, Anny estava totalmente saudável. Dara, no entanto, estava enfrentando problemas ortopédicos (sofria de displasia de quadril e artrose). As duas cachorras foram morar com o cabo Clóvis de Sousa, que foi o adestrador delas durante seis anos.
10. Memorial para Salomão, o vira-lata
Salomão era apenas mais um vira-lata abandonado nas ruas de São Paulo. Ele vivia na Praça Oscar da Silva, na Vila Guilherme (zona norte de São Paulo) e chegou a ser adotado pelo caminhoneiro Valdir Macedo de Carvalho, mas preferia perambular sem destino.
Em 2004, Salomão saiu de casa seguindo o barbeiro José Augusto Pires Neto. Em determinado momento do passeio, um rottweiler desacompanhado avançou contra a dupla e o vira-lata fez o que pôde para defender José Augusto.
O heroísmo custou a vida de Salomão, que não resistiu aos ferimentos sofridos. A comunidade ficou abalada com a perda e se organizou para prestar uma última homenagem ao cachorro. Nove meses depois da morte, foi inaugurada uma placa memorial, instalada na praça em que Salomão gostava de brincar. O vira-lata é uma espécie de lenda no bairro em que viveu.