A hipoglicemia em cães é uma condição caracterizada por níveis anormalmente baixos de glicose no sangue. Quando não tratada, pode levar a complicações graves, incluindo convulsões, coma e até a morte. A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar o problema de forma eficaz.
O Que é a Hipoglicemia Canina?
A glicose é a principal fonte de energia para o organismo dos cães. Ela é obtida por meio da alimentação, pela conversão do glicogênio armazenado no fígado e músculos, e pela produção hepática e renal de glicose. O equilíbrio entre a insulina (que reduz a glicose) e hormônios que a elevam é fundamental para manter os níveis adequados no sangue.
Quando esse equilíbrio é interrompido – seja por má alimentação, excesso de exercícios, doenças ou falhas no metabolismo – o organismo pode consumir mais glicose do que consegue repor, levando à hipoglicemia.
Causas da Hipoglicemia em Cães
A hipoglicemia pode ter origem em fatores temporários (fisiológicos) ou em doenças subjacentes (patológicos).
Causas Fisiológicas
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Exercício intenso: comum em cães de caça após longos períodos de atividade física.
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Filhotes e raças toy: devido ao fígado imaturo e baixa reserva de glicogênio, especialmente em filhotes com menos de 12 semanas.
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Ingestão de toxinas: como xilitol, betabloqueadores, sulfonilureias ou overdose de insulina.
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Jejum prolongado: embora raro, pode ocorrer por desnutrição ou má alimentação.
Causas Patológicas
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Doença hepática grave
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Doença de Addison (hipoadrenocorticismo)
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Hipopituitarismo
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Insulinoma
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Tumores pancreáticos
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Infecções graves como sepse ou babesiose
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Doença renal crônica
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Pancreatite
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Doenças genéticas do metabolismo do glicogênio
Sintomas de Hipoglicemia em Cães
A hipoglicemia afeta especialmente o sistema nervoso, uma vez que o cérebro depende diretamente da glicose para funcionar corretamente.
Principais sinais clínicos:
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Letargia e sonolência
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Tremores e fraqueza muscular
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Perda de coordenação
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Desmaios e colapsos
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Convulsões
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Respiração acelerada e taquicardia
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Vômitos, diarreia e salivação excessiva
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Alterações comportamentais
Esses sintomas costumam surgir quando os níveis de glicose caem abaixo de 2,8 mmol/L (50 mg/dL). Cães com episódios recorrentes podem apresentar sinais mais leves.
Como é Feito o Diagnóstico da Hipoglicemia Canina?
O diagnóstico é confirmado por meio de exames de sangue que identificam níveis de glicose abaixo de 3,3 mmol/L (60 mg/dL). O veterinário pode solicitar:
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Hemograma completo
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Bioquímica sérica
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Exame de urina
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Teste de função hepática e renal
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Avaliação para doença de Addison (teste de ACTH)
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Investigação de possíveis tumores (como insulinoma)
Tratamento da Hipoglicemia em Cães
O que fazer em casa
Se o cão estiver consciente e apto a comer, você pode oferecer uma fonte de glicose de rápida absorção, como:
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Mel ou xarope de milho Karo
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Refeições ricas em carboidratos, como arroz ou macarrão com calda de glicose
Em filhotes, esfregar mel nas gengivas pode ajudar até que o atendimento veterinário seja possível.
Tratamento veterinário
Cães em estado grave devem ser levados imediatamente ao veterinário. O tratamento geralmente envolve:
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Administração intravenosa de glicose ou dextrose
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Monitoramento contínuo da glicemia
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Identificação e tratamento da causa subjacente
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Dieta apropriada após estabilização
Como Prevenir a Hipoglicemia em Cães
Prevenir a hipoglicemia é possível com cuidados simples, principalmente em cães mais vulneráveis, como filhotes e raças pequenas.
Dicas de prevenção:
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Evite exercícios físicos intensos sem preparo
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Ofereça refeições frequentes para filhotes e cães pequenos
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Mantenha os cães livres de parasitas intestinais
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Armazene produtos com xilitol fora do alcance dos pets
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Meça corretamente a dose de insulina, no caso de cães diabéticos
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Aumente a alimentação de cadelas gestantes
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Trate doenças subjacentes com acompanhamento veterinário
Importante: Não existe uma dieta específica para cães com predisposição à hipoglicemia. O ideal é uma dieta completa, balanceada, e ajustada à idade, porte e condição clínica do animal.
Conclusão
A hipoglicemia em cães é uma condição séria que exige atenção rápida. Ao reconhecer os sintomas e agir prontamente, é possível evitar consequências mais graves. Sempre consulte um médico veterinário ao menor sinal de alerta. O acompanhamento adequado e uma rotina de cuidados podem garantir a saúde e bem-estar do seu companheiro de quatro patas.