Assim como acontece entre os humanos, a gripe canina não costuma ser grave, mas requer alguns cuidados.
A gripe canina é mais frequente durante a estação chuvosa. Trata-se de uma virose bastante comum e os pets conseguem superá-la com facilidade. No entanto, os tutores precisam tomar alguns cuidados, uma vez que a doença pode evoluir para um quadro mais grave, como uma pneumonia, por exemplo.
Esta infecção viral é transmitida pelo vírus Influenza A, um subtipo semelhante ao que causa as gripes em humanos. O vírus foi inicialmente identificado em cavalos (subtipo H3N8) e, depois de sofrer algumas mutações, conseguiu se adaptar ao organismo dos cães. O subtipo atual mais frequente é o H3N2, descoberto em 2015; os cientistas acreditam que ele é originário da Ásia e saltou de aves para cães.
Trata-se de uma doença leve, mas bastante contagiosa. A gripe em cachorros não costuma colocar o animal afetado em risco de morte; no entanto, gera bastante desconforto e pode ser a porta de entrada para infecções mais serias.
Influenza vs. Parainfluenza
É importante diferenciar a gripe canina (causada pelo Influenza A) e a traqueobronquite infecciosa canina (ou traqueíte, causada por subtipos do vírus Parainfluenza e por adenovírus). Esta última doença, também conhecida como tosse dos canis, é consideravelmente mais grave.
Os sintomas iniciais são semelhantes: tosse, espirros, indisposição e apatia. Os cães afetados devem ser observados. A gripe canina costuma ceder entre cinco e sete dias. A traqueobronquite é uma afecção respiratória séria, debilita severamente o organismo dos pets e pode levar à morte.
A traqueobronquite é mais comum no inverno, especialmente nos locais onde o frio é mais intenso. Os vírus causadores se movem rapidamente em função da tosse e dos espirros cada vez mais intensos e podem se alojar em casinhas de cachorro, caminhas, brinquedos, etc.
A transmissão da gripe canina
Para ter gripe canina, os cachorros precisam ficar expostos ao Influenza A. No entanto, é difícil evitar esta exposição, uma vez que o contágio pode ocorrer durante passeios – nos famosos encontros caninos, caracterizados pela fungadas, cheiradas e lambidas.
Mesmo em uma casa com mais de um cão, um pet aparentemente saudável pode contrair o vírus em uma caminhada e transmiti-lo para o “colega de quarto”, compartilhando os germes em bebedouros, tigelas de ração, brinquedos, camas, etc. Os sintomas da gripe canina são mais acentuados nos filhotes, idosos e animais com o sistema imunológico comprometido.
É importante lembrar que a gripe em cães não é uma zoonose: ela não é transmissível para seres humanos. Os vírus responsáveis pelas infecções são diferentes. Todos os vírus se especializam em invadir determinadas células animais ou vegetais.
O Influenza A se replica (prolifera) apenas nos tecidos das vias respiratórias dos cachorros. Mas, se o vírus não afeta a nossa saúde, ele pode se transportado em nossas roupas e sapatos. Por isso, especialmente nos meses mais frios, é conveniente trocar de roupa ao chegar em casa, antes de entrar em contato com o pet.
Vírus são seres de constituição extremamente simples. O Influenza A não apresenta DNA, o componente necessário para a reprodução dos seres vivos. Para replicar-se, ele precisa invadir uma célula de um hospedeiro – o cachorro – e capturar o DNA presente nesta célula.
O grande problema é que, a cada nova cópia do vírus, surgem pequenas alterações estruturais e, por isso, é como se o Influenza A (e a maioria dos vírus) se transformasse em um novo agente infeccioso. Por isso, as gripes podem ser recorrentes.
Os sintomas da gripe canina
Tudo depende do funcionamento do sistema imunológico. Os cães adultos saudáveis podem se expor ao vírus da gripe canina e apresentar sinais tímidos, que quase sempre passam despercebidos dos tutores.
Já os idosos, filhotes e portadores de doenças e transtornos crônicos (ou convalescentes de alguma enfermidade aguda) podem apresentar os seguintes sintomas mais ou menos claramente;
- tosse persistente;
- coriza (inflamação das mucosas nasais, com obstrução e corrimento nasal);
- apatia;
- perda de apetite;
- lacrimejamento;
- febre (lembrando que a temperatura corporal dos cães varia de 38ºC a 39,5ºC).
Nem todos os cães apresentam todos estes sintomas. Os tutores são os mais indicados para perceberem se alguma coisa está errada com os pets. Alterações sensíveis do comportamento, febre alta e extrema letargia merecem cuidados e, se necessário, também uma consulta com o veterinário.
Diagnóstico e tratamento para gripe em cachorros
O diagnóstico da gripe canina só pode ser feito pelo veterinário, a partir da avaliação clínica e de exames de laboratório. No entanto, na maioria dos casos, a enfermidade não demanda aprofundamento do diagnóstico, uma vez que os sintomas costumam ceder em poucos dias.
Não existem medicamentos antivirais para combater especificamente a gripe canina. O tratamento é indicado e acordo com os sinais apresentados. Desta forma, o médico poderá receitar antitérmicos e analgésicos. Caso surjam infecções secundarias, como uma conjuntivite, pode ser necessário o uso de anti-inflamatórios.
Também é recomendado limpar o focinho (principalmente a trufa), os lábios e os olhos com soro fisiológico, o mesmo que é vendido em farmácias e pet shops.
Para que o pet possa se recuperar rapidamente, siga o tratamento à risca, observe a recuperação do seu cachorro e ofereça bastante água fresca. As brincadeiras muito intensas devem ser adiadas e o tempo dos passeios, reduzido. Na medida do possível, evite que o pet tenha contato com outros cachorros.
A partir do momento em que o cachorro gripado entra na etapa da convalescença, o seu sistema imunológico está apto a identificar e combater novas infecções do Influenza A. No entanto, da mesma forma que acontece entre humanos, as mutações virais provocam subtipos com muita frequência: a cada inverno que chega, o vírus reaparece com “nova aparência”.
Se os sintomas da gripe no cachorro não desaparecerem (ou cederem sensivelmente) em uma semana, é preciso voltar ao consultório do veterinário. A principal preocupação é o desenvolvimento de uma pneumonia ou bronquiolite, doenças que requerem atenção específica.
A prevenção da gripe canina
Dieta balanceada (com ração de qualidade), água fresca e exercícios físicos garantem a boa saúde e a qualidade de vida dos cachorros. Estas são as principais recomendações para mantê-lo afastado das infecções virais mais corriqueiras, como a gripe canina.
Ração e água não devem ser compartilhadas. Se você tem mais de um cachorro em casa, acostume os peludos desde o início a usarem comedouros e bebedouros exclusivos. Outra providência importante é conversar com outros tutores: caso haja suspeita (ou confirmação) de um caso de gripe canina nas imediações, é conveniente mudar o roteiro dos passeios.
No inverno, é importante manter os pets aquecidos e com os pelos sempre limpos e secos. Nas noites mais frias, deve-se oferecer agasalho para os cães e, caso eles durmam no quintal, a entrada da casinha não pode ser voltada para a direção dos ventos.
A gripe canina pode ser evitada com vacina específica. Converse com o veterinário sobre a necessidade de imunização. Como regra geral, a vacinação deve ser realizada para os animais de grupos de risco:
- cachorros que vivem em canis;
- cachorros que convivem com um grande número de pets em casa;
- cachorros que participam ativamente de atividades de adestramento;
- cachorros que se hospedam regularmente em hotéis para pets.
Animais que ficam, na maior parte do tempo, isolados de outros cachorros podem não precisar da imunização. Afinal, a gripe canina é transmissível de cão para cão. Se o convívio é esporádico, pode ser desnecessário incluir esta vacina no calendário do pet.
Um veterinário de confiança é o profissional responsável pela indicação da vacina. Ele poderá avaliar a necessidade de acordo com a rotina do cachorro e verificar a possibilidade de reações colaterais. Em geral, os cachorros de pequeno porte são mais suscetíveis a responder com vômitos e diarreia à imunização.
A vacina contra gripe canina deve ser tomada a partir dos 80 dias de vida (a segunda dose é ministrada três ou quatro semanas depois) e renovada com reforço a cada ano. Uma vez que o Influenza A sofre mutações constantes, a cobertura da imunização não é integral.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.