Um grupo de golfinhos salvou um cachorro de afogamento. Ele tinha caído em um canal.
Um cachorro da raça doberman de 11 anos escapou de morrer afogado. O animal, chamado Turbo, conseguiu escapar de casa e ficou desaparecido por 15 horas. Ele caiu em um canal, mas acabou sendo salvo por um grupo de golfinhos.
O cachorro vive em Marco Island, no Condado de Collier (Flórida, sudeste dos EUA). Ele caiu em um dos muitos canais da cidade em pleno mar do Caribe. No momento do acidente, não havia humanos por perto para resgatar Turbo, mas um grupo saiu em seu socorro.
Uma patrulha de golfinhos
Na região costeira de Marco Island, vivem dezenas de milhares de golfinhos, além de crocodilos, manatis (os peixes-boi dos EUA), tartarugas e tubarões, entre as muitas espécies de peixes.
Os golfinhos mais comuns são os nariz-de-garrafa. Navegando pelos canais entre o continente e as ilhas da Flórida, é possível avistar até 600 golfinhos em um rápido passeio de lancha ou caiaque. Isto significa que eles estão muito bem adaptados ao habitat.
Turbo pode se considerar um cachorro sortudo. Graças a um grupo de golfinhos que socializava no canal em que ele acabou caindo, o cão idoso conseguiu se salvar do afogamento. Ele escapou sem ferimentos, mas muito cansado.
O cachorro caiu em uma região de rochedos, o que impediu que ele conseguisse subir de volta para a margem. Além disso, a correnteza é forte no local. Os golfinhos observaram Turbo se debatendo inutilmente na água e resolveram que poderiam ajudá-lo.
O salvamento
Os golfinhos, assim como todos os mamíferos cetáceos, apresentam os membros anteriores e posteriores perfeitamente adaptados para o nado: eles alcançam até 40 km/h e conseguem mergulhar em grandes profundidades.
Eles não têm braços nem pernas, mas, sendo animais incrivelmente inteligentes, conseguiram encontrar uma maneira de salvar o cachorro do afogamento: os golfinhos dirigiram-se até o local em que Turbo se debatia, passaram a nadar em círculos e a fazer o máximo barulho possível.
Os golfinhos são sociáveis não apenas entre si, mas também com relação a humanos e outras espécies. A autoconfiança é derivada da ausência quase total de predadores: apenas algumas lulas-gigantes e tubarões de grande porte se atrevem a caçá-los – e as tentativas quase sempre são mal-sucedidas.
Os habitantes de Marco Island estão acostumados à barulheira dos golfinhos, mas, naquela tarde, eles estranharam os movimentos frenéticos. A região é muito visitada por turistas interessados na vida marinha, mas, para os moradores locais, a convivência com os vizinhos aquáticos é rotineira, sem grandes surpresas.
Felizmente, a bagunça do grupo de golfinhos atraiu a atenção de quem estava próximo à praia. Alguns moradores resolveram identificar e avistaram o cachorro no mar, entre as ondas e o paredão rochoso.
Um destacamento do Corpo de Bombeiros local foi acionado e chegou rapidamente ao local do afogamento. À espera do socorro, os golfinhos se esforçaram bastante, revezando-se para manter Turbo acima da linha d’água, para que o cachorro conseguisse respirar.
A imprensa local também foi atraída. Os repórteres chegaram a tempo de observar uma mulher mergulhar no mar, para ajudar o cachorro. As imagens captadas foram transmitidas por diversas emissoras de TV dos EUA e rapidamente chegaram às redes sociais, atingindo milhões de internautas.
Quando os bombeiros chegaram, o cachorro estava extenuado, mas os golfinhos continuavam insistindo em não permitir que ele se afogasse. Alguns oficiais saltaram e, com a ajuda de equipamentos de salvamento, conseguiram finalmente retirar o doberman da água.
Não é a primeira vez que os golfinhos da Flórida se tornam heróis. Os moradores de Marco Island são testemunhas de diversos resgates de pessoas que tentaram nadar nos canais e não tiveram forças para voltar à praia sozinhas.
Mais tarde, o tutor de Turbo disse à imprensa que estava procurando o doberman desde a manhã: quando a família acordou, descobriu que o cachorro tinha conseguido escapar mais uma vez. Mas eles não faziam ideia de que o cachorro tivesse seguido para o canal.
Apesar de idoso, Turbo foi resgatado sem ferimentos. Ele engoliu muita água salgada e, por isso, teve de receber soro, para corrigir a desidratação. O cachorro estava muito cansado, mas são e salvo, graças à operação de resgate dos golfinhos.
O relato deste salvamento é mais um lembrete de que os animais, especialmente mamíferos e aves, são seres sencientes, isto é, eles são capazes de sentir emoções, sentimentos e estabelecer relações a partir disso.
Os golfinhos da Flórida merecem os parabéns. No Brasil, alguns primos destes heróis também se envolvem em resgates: na baía de Guanabara, por exemplo, os golfinhos-cinza (cuja presença é documentada pelo menos desde o século 19) também ajudam pescadores e nadadores.
Infelizmente, a poluição – da água, do ar e também luminosa – está afastando os golfinhos do litoral carioca. É preciso garantir que eles também tenham espaço, afinal tudo está interligado na natureza.