Esta não é a melhor opção, mas não faz mal para o cachorro dormir no chão.
Grande parte dos tutores se preocupa com o bem-estar dos pets e, entre estas preocupações, está a dúvida sobre roupas e agasalhos. Será que faz mal para o cachorro dormir no chão? Ele precisa de roupas para aquecer o corpo nos dias mais frios?
Os que adotam cachorros pela primeira vez – ou, ao menos, na primeira vez em que são totalmente responsáveis pelos peludos – muitas vezes preparam camas confortáveis, cobertores, um pequeno enxoval, mas são surpreendidos com o peludo esparramado no chão, dormindo a sono solto. Será que isso é normal?
Mesmo entre os recém-nascidos, observando uma ninhada, há sempre um filhote mais encalorado, que sai do ninho e se deita no chão, longe da mãe e dos irmãos. Em geral, a cadela sabe quando é a hora de recolher os pequenos mais independentes, mas, quando eles são finalmente adotados, o comportamento gera dúvidas nos novos tutores.
Faz mal o cachorro dormir no chão?
Dormir no chão pode ser até mesmo uma boa estratégia para os cachorros. Nos dias mais quentes – a maior parte do tempo em países como o Brasil –, é muito frequente vê-los tentando deixar o máximo de pele em contato com pisos frios, como cerâmicas e azulejos.
Alguns cachorros fazem questão de deixar toda a barriga em contato com o chão – é uma tentativa de se refrescar. Eles chegam a esticar as pernas traseiras, para que o fresquinho do piso também atinja as virilhas.
Pode ser uma decepção. Preparar uma cama quentinha e antecipar o cachorro se apropriando de uma almofada no sofá são ações que fazem parte do planejamento da adoção. Mesmo assim, o cachorro insiste em ficar na cozinha ou no banheiro, deitado diretamente sobre o piso.
Os tutores não devem se sentir frustrados. Efetivamente, faz parte das obrigações de quem adota providenciar um local de descanso que seja confortável e protegido: um verdadeiro refúgio para os guerreiros de quatro patas que chegam para compor a família.
Preferencialmente, os tutores devem escolher um local adequado, próximo aos ambientes em que os cachorros poderão circular quando se tornarem maiores. Uma caminha pode ser instalada na sala de estar, na varanda ou no quintal.
É importante que o local escolhido seja seguro, ventilado, ensolarado (ao menos durante parte do dia) e confortável. Quem adota um filhote precisa até mesmo pensar na falta que ele sentirá da mãe e dos irmãos de ninhada, providenciando almofadas ou camas com laterais, para que o pequeno se encoste e consiga se aquecer.
Para os cães que devem viver apenas em ambientes externos – o jardim e o quintal da casa, por exemplo – é importante providenciar a instalação de uma casinha com a abertura voltada para o norte (de onde vêm as correntes de ar quente), protegida dos ventos e das chuvas.
Para incentivar os filhotes a “tomarem posse” da casa – uma novidade para eles –, os tutores podem providenciar brinquedos e petiscos, estimulando o interesse de entrar e refugiar-se sempre que for necessário.
Vale lembrar: deixar um cachorro – de qualquer porte e idade – ao relento é uma forma de crueldade, inclusive com penalidades previstas em lei. Não faz nenhum sentido adotar um animal para submetê-lo a maus tratos e negligências.
Mas, enquanto existem animais friorentos, que estão sempre procurando ocultar o focinho, as orelhas e as patas em uma coberta, uma almofada ou o colo dos tutores, outros preferem se refrescar, deitando-se em pisos frios ou até mesmo diretamente sobre a terra.
Alguns cachorros exibem tremedeiras incríveis, que fazem os tutores pensar que eles estão à beira de uma hipotermia. É o caso do chihuahua e do pinscher miniatura. No entanto, é preciso lembrar que os tremores nada mais são do que uma forma eficiente de aquecer o corpo: o atrito eleva a temperatura e a estratégia é suficiente na maioria dos dias.
Os cães mais peludos tendem a sentir menos frio. A pelagem densa, muitas vezes formada por duas ou três camadas, é quase sempre suficiente para manter o corpo aquecido. Algumas raças caninas foram desenvolvidas em latitudes elevadas, como o husky siberiano, o akita e o samoieda, e são “equipadas” para resistir às baixas temperaturas.
Os “carequinhas”, de pelo curto e deitado sobre o corpo, especialmente com pelagens claras, costumam sentir mais frio – mas sempre existem exceções, até mesmo para confirmar a regra. É sempre possível, apesar de raro, encontrar um dachshund encalorado.
Os motivos de dormir no chão
A principal razão por que um cachorro dorme no chão é a tentativa de refrescar o corpo. Naturalmente, isto acontece nas horas mais quentes do dia. Os cães regulam a temperatura corporal através da salivação e de algumas glândulas sudoríparas nas patas, ao contrário dos humanos, que possuem essas glândulas distribuídas por quase todo o corpo.
Apesar de ser impensável para nós, dormir no chão pode ser uma alternativa bastante atraente para os cachorros. Alguns exibem este comportamento desde filhotes, outros passam a usar a estratégia, por exemplo, quando estão com sobrepeso – neste caso, os tutores precisam rever a alimentação dos peludos.
De qualquer maneira, os tutores podem atenuar o problema. Mesmo que o chão esteja limpo e seco, a superfície pode ocultar arestas pontiagudas ou facilitar a proliferação de micro-organismos que podem ser nocivos para a saúde canina.
Que tal experimentar um colchonete? No mercado, é possível adquirir também tapetes refrescantes – alguns modelos são refrigerados a água. Os colchonetes podem inclusive ser limpos em máquinas de lavar. Além disso, são baratos e podem ser substituídos sem onerar muito o orçamento doméstico.
Alguns cães podem precisar de uma ajuda extra, quando se trata de refrescar o corpo. Caso eles se mostrem ofegantes ou indispostos, os tutores podem providenciar um local de descanso mais arejado ou até mesmo a instalação de um ventilador no chão, à altura do focinho do peludo.
Existe outros motivos mais frequentes para que os cachorros escolham o chão: a caminha pode estar em um local com muito trânsito, muito movimentado, ou então está suja ou repleta de brinquedos, que podem ser divertidos durante as atividades físicas, mas que atrapalham bastante o repouso.
Em casas mais espaçosas e também nos casos dos “cachorros chicletinhos”, que estão sempre acompanhando os tutores, recomenda-se a instalação de mais de uma caminha, para que eles possam acompanhar os movimentos sem necessidade de deitar-se no chão.
As escaras
Mesmo assim, existem os que revelam uma preferência inconteste pelos cochilos no chão. O único problema, nesses casos, é que, ao longo do tempo, eles podem passar a apresentar as chamadas escaras de decúbito – o engrossamento da pele em pontos de contato.
Essas escaras são muito comuns em cães de porte grande e molossoide. São lesões dermatológicas que consistem basicamente em “calos de apoio”, principalmente nos cotovelos, jarretes e calcanhares.
Quanto mais áspero e rugoso for o piso em que o cachorro está acostumado a deitar-se e dormir, mais consistentes são as escaras. Por outro lado, a opção de pisos lisos e escorregadios também pode gerar problemas, como quedas e traumas. O peso do animal também influencia na formação destas calosidades.
Os tutores precisam inspecionar as calosidades regularmente. Caso não sejam notadas feridas e rachaduras nessas regiões, elas devem ser hidratadas com produtos oleosos ou cremosos, de acordo com o tipo de pele e pelagem.
Existem cremes veterinários específicos (que devem ser receitados por profissionais da saúde canina), mas os tutores podem usar condicionadores para cabelo nos casos em que as escaras não são tão pronunciadas.
A hidratação é importante para impedir que o problema evolua para situações mais graves, como fibroses e até mesmo dermatites (como a piodermite). Se a área das escaras aumentar, ou se surgirem rachaduras, elas se tornam um problema mais severo: as úlceras de decúbito.
Nestes casos, o tratamento é um pouco mais complicado. As úlceras de decúbito dependem de alguns medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios. Os tutores devem procurar auxílio médico rapidamente, para prevenir problemas de pele, articulares, ósseos e até circulatórios.
A prevenção, portanto, é a melhor providência. Para os cachorros encalorados, que gostam de dormir no chão, a sugestão é forrar o piso com edredons, cobertores e colchonetes, hidratar as escaras de acordo com a orientação do veterinário é reduzir o acesso a ambientes com pisos rugosos (como quintais cimentados, por exemplo).
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.