Falar com os cães os deixam felizes?

Pode até parecer loucura, mas falar com os cães os deixa felizes e educados.

Quem convive com cães certamente já se pegou falando com eles, nem que seja um “sai daí” ou um “muito bem”. No entanto, muitos de nós nos perguntamos se falar com cães é algo realmente necessário. Os especialistas são unânimes em dizer que sim.

Esqueça os mitos e lendas sobre a possibilidade de os cachorros saírem falando. Mas, conversando frequentemente com eles, os pets se tornarão mentalmente mais ágeis e participantes do cotidiano da família. Quando estiver apenas “jogando conversa fora”, sem necessidade de ensinar ou advertir, fale tranquila e pausadamente.

Falar com os cães os deixam felizes?

Para manter uma boa relação com os cães, é necessário estabelecer canais de comunicação. Até a década de 1970, os cachorros, em sua maioria, eram considerados apenas seres inferiores que viviam em nossos quintais. De lá para cá, muita coisa mudou. Eles entraram definitivamente em nossas casas e se tornaram nossos filhos ou netos.

Quando falamos com os nossos cães, nós estamos admitindo este fato. Eles não estão ao nosso lado apenas para nos proteger, fazer companhia ou distrair as crianças. Os cães fazem parte da família e, como tais, devem ficar felizes para que se tornem equilibrados e sociáveis.

Como conversar com os cães?

Um estudo realizado na Universidade de Saint Etienne, na França, demonstrou que falar com os cães filhotes com voz infantil, com palavras pronunciadas mais lentamente e melódicas, realmente funciona. Eles aprendem mais rapidamente e ficam mais felizes.

Os especialistas concluíram que as pessoas tendem a falar com os cachorros como se eles fossem bebês. Efetivamente, a maioria dos cachorros adultos apresenta inteligência similar à de uma criança de dois anos. No entanto, a técnica funciona apenas com os cachorrinhos. Para falar com os adultos e idosos, é necessário utilizar outro tom de voz, mais firme e taxativa.

No estudo francês, coordenado por Nicholas Mathevon, foram empregadas 30 voluntárias, às quais foram apresentadas fotos de cães filhotes e de pessoas adultas. Para os pets, as mulheres utilizaram tons de voz mais agudos e musicais, enquanto que, para os humanos, elas pronunciaram frases (como “muito bem, garoto” e “vem aqui, doçura) com o tom normal de voz.

O estudo ainda descobriu que os filhotes reagiram imediatamente ao tom de voz adocicado. Todos os pets empregados na pesquisa reagiram positivamente. Ao serem confrontados com gravações (sem a presença humana), os cãezinhos começavam a abanar o rabo e a procurar de onde vinha o som.

Veja também: Sinais que seu cachorro adora você.

Já os cães adultos não reagiram às frases melosas e, quando as gravações foram apresentadas, demonstraram indiferença. É possível que os resultados fossem outros se as frases tivessem sido pronunciadas por pessoas conhecidas e queridas. Seja como for, os animais adultos tendem a ser mais seletivos e só obedecer aos humanos que lhes são familiares.

Só falta falar!

Esta é uma frase muito comum entre os tutores de cães: “meu cachorro é muito esperto, só falta falar”. Na realidade, eles já estão falando. Não com palavras humanas (o que seria impossível, já que eles são de outra espécie), mas os cães realmente desejam que nós falemos com eles.

Mais que isto, eles realmente anseiam pelo contato com os tutores. Estão loucos por isto. Quando retornamos para casa, depois de um dia de trabalho, eles esperam que dediquemos alguns minutos para o diálogo. Certamente, eles não entenderão todas as nossas palavras, mas ficarão gratos pela nossa atenção.

Para nós, é igualmente positivo falar com os cachorros. Um animal de estimação não pode substituir o contato com outros seres humanos, mas pode ser uma forma para nós aliviarmos as pressões do dia a dia e relaxarmos depois de um dia corrido.

Aprenda a ouvir o seu cachorro. Ele fala pelo movimento corporal e com os latidos. Geralmente, ele late para chamar a sua atenção e usa os ganidos para alertar sobre um perigo, mesmo que este não seja real. Quando ele empina o traseiro, está “dizendo” que quer brincar. Quando ele encara um estranho sem demonstrar camaradagem, é indício de que está prestes a atacar.

Fale sempre com ele, desde que o cachorro chegar à casa. Use frases curtas em tom firme. Experimente utilizar tons distintos para comandos diferentes. Quando um cachorro percebe que a atenção está sendo dirigida a ele, sempre imagina que deve fazer alguma coisa.

A nossa linguagem corporal é muito importante para os cães. Preste atenção na sua postura quando falar com eles. Mandar um cachorro sair para o quintal com um tom de voz normal não significará nada para ele.

Você pode falar longamente com os seus cães, mas tenha certeza de que eles não entenderão quase nada, nem darão muita importância a isto. Para os comandos, utilize palavras e frases curtas e não estenda o diálogo, especialmente nos momentos de bronca.

Nunca empregue apenas o “não” para impedir que os cães não façam o que você não quer. A palavra ficará banalizada e não servirá para nada. Utilize “sai”, “entra” “fica”, “sentado”, “rola”, “do lado” e outros comandos simples. Acompanhe as palavras com gestos significativos, para que eles consigam perceber o que você está esperando deles.

Repreenda os seus cães no momento da travessura. Eles não conseguirão entender uma bronca algumas horas depois da “arte”. A exceção fica por conta das travessuras ocorridas quando você não está em casa. Neste caso, repreenda-os assim que entrar em casa e identificar os malfeitos.

A nossa parte

Falar com os cães é uma atitude absolutamente natural e faz bem para os dois “falantes”. Existe uma área da ciência – a antrozoologia – que estuda especificamente a interação entre humanos e os outros animais, especialmente os domésticos. Ela estuda as ligações emocionais, as percepções e crenças humanas em relação a outros animais, o vínculo entre tutores e pets, etc.

Os humanos tendem a atribuir pensamentos e significados para todas as coisas da vida. É por isto que nós ficamos bravos com uma caneta porque a tinta acabou ou discutimos com um computador travado (apesar de este comportamento ser corrigido rapidamente, porque sabemos as diferenças entre os nossos interlocutores). Assim, conversar com os nossos cachorros se torna ainda mais especial.

Pessoas solitárias (que moram sozinhas, por exemplo) são mais propensas a descrever os seus cães e outros animais de estimação com palavras que sugerem que eles oferecem apoio emocional. Já os mais independentes, que querem ter mais autonomia, raramente fazem isto.

Continue conversando com os seus cães. Provavelmente, os sons serão incompreensíveis para eles, mas este diálogo estreita os laços entre cães e tutores. Utilize também estímulos visuais e linguagem corporal. Mas, se for apenas para desabafar (ou comemorar), fale pelos cotovelos. Eles certamente irão retribuir.

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