Cachorros demonstram gratidão? Cachorros são criaturas extremamente amorosas e, ao contrário de muitos humanos, não têm nenhuma vergonha de demonstrar os sentimentos. Os nossos melhores amigos desenvolvem formas de expressar alegria, tristeza, medo, raiva, excitação. Quando se sentem satisfeitos e contentes, eles nunca se cansam de demonstrar gratidão aos tutores.
Existem diferenças individuais – afinal, cada cachorro é um universo à parte. Mesmo assim, é possível identificar algumas maneiras de expressar gratidão que são comuns a todos os peludos. Os tutores precisam ficar atentos, para entender o que os peludos “estão dizendo”.
Jeitinhos especiais
Assim como nós, os cachorros são seres sencientes: são capazes de experimentar sensações, emoções e sentimentos; igualmente, eles têm necessidades, vontades e desejos. Em comparação aos seres humanos, os peludos são muito primitivos.
As necessidades e desejos são primárias: um cachorro fica feliz se tiver companhia, atenção, alimento, abrigo e afeto. E, sem precisar elaborar muito, ele é capaz de demonstrar a gratidão que sente, mas, em alguns momentos, os tutores precisam ficar atentos a algumas sutilezas.
Para que os cachorros permaneçam equilibrados e estáveis, é importante reconhecer as expressões de agradecimento e incentivá-las. Bastam alguns gestos simples, como palavras de incentivo e alguns afagos. Com isso, os cães se sentem recompensados e as boas condutas tendem a ser repetidas.
01. Lambendo as mãos e o rosto
Um lambeijo quase sempre pode ser traduzido como: “Muito obrigado, eu amo você”. As lambidas, na verdade, são privilégios: os cães quase nunca gastam saliva (literalmente) com pessoas desconhecidas ou neutras.
Um cachorro também pode lamber os seus melhores amigos para pedir atenção e carinho, para interromper uma pausa durante as atividades e até para entender o que está acontecendo quando os tutores suam demais.
O ato de lamber coloca em ação o paladar canino, sentido útil para entender o que está acontecendo ao redor. Seja como for, se as lambidas forem excessivas, seja em que situação for, o cachorro pode estar desenvolvendo algum transtorno emocional, como ansiedade ou até mesmo depressão.
As lambidas nos reencontros – a volta do tutor no final do dia, por exemplo – ou durante as brincadeiras indicam que o cachorro está satisfeito. Ele se sente incorporado ao núcleo familiar e faz questão de agradecer por isso. O gesto se repete com frequência porque os cachorros gostam muito de demonstrar os sentimentos.
02. Sacudindo a cauda
Um rabinho balançando no ar quase sempre significa que o cachorro está satisfeito e contente, externando toda a gratidão pelas pessoas que garantem o bem-estar da família. O hábito de sacudir a cauda está presente em todas as brincadeiras e reencontros.
Abanar a cauda é um gesto instintivo, que começa a se manifestar logo nos primeiros dias de vida. Mesmo cães amputados balançam as vértebras que sobraram do apêndice (lembrando que a caudectomia – o corte parcial ou total da cauda – por motivos estéticos é proibida no Brasil).
O balanço é a forma mais elementar de comunicação dos cachorros. Ela está presente no relacionamento com humanos, com outros cães e até com gatos (que não costumam interpretar o gesto muito bem). Nas brincadeiras e carinhos, é sempre uma expressão de gratidão.
A posição do rabo, de qualquer forma, pode ter outros motivos:
- na posição natural, sem abanar e acompanhando para baixo a linha superior do dorso, o cachorro está relaxado, talvez entretido;
- ereta, abanando, significa que o peludo está excitado. É preciso investigar a situação ao redor, porque a posição pode inclusive indicar um ataque iminente;
- para trás, com um leve balanço, indica curiosidade e um pouco de insegurança;
- entre as pernas, indica medo, susto, contrariedade ou submissão;
- levantada e rígida, indica agressividade;
- abanando ampla e rapidamente, indica a suprema felicidade. Em alguns casos, todo o corpo pode balançar, demonstrando satisfação e gratidão.
Estudos indicam que a direção do abanar o rabo tem significados opostos. Balançar o rabo para o lado direito quase sempre é positivo e vice-versa, uma vez que o hemisfério direito do cérebro (que controla os movimentos do lado esquerdo) é responsável por administrar sensações de medo, estresse ou ansiedade.
03. Farejando
Ele está em busca de informações. O olfato dos cães é muito poderoso; com ele, os cachorros conseguem obter uma série de dados sobre o interlocutor. Já é sabido que os peludos conseguem diagnosticar algumas doenças apenas com o cheiro.
Identificar pessoas estranhas também é uma tarefa para o focinho extremamente apurado. Isto ocorre especialmente com algumas cafungadas profundas nos genitais e no traseiro, uma vez que os hormônios sexuais e as secreções anais dizem muito sobre o estado de espírito do interlocutor.
Ao farejar o tutor, o cachorro consegue descobrir por onde ele andou antes do reencontro. É igualmente capaz de perceber que o amigo está triste, ansioso, deprimido ou desanimado. Com todas estas informações, o peludo decide a melhor maneira para interagir
Ao confirmar se o tutor está alegre ou triste, cansado ou bem disposto, o cachorro modula as atitudes que serão tomadas. Sendo sempre um escudeiro fiel, o peludo define a melhor abordagem, mostra-se receptivo e agradecido, procurando desviar a mente do tutor dos problemas, para relaxar e brincar um pouquinho.
04. Estabelecendo contato visual
O contato visual, entre os cachorros, é reservado para momentos especiais. Isto ocorre porque, na natureza, os lobos encaram apenas quando querem desafiar o seu interlocutor. Os olhos fixos quase sempre querem dizer: “Eu sou o rei do pedaço”.
Em casa, os cachorros sabem que a liderança cabe aos tutores e quase sempre fica satisfeito com isso. Afinal, estar perto do líder significa proteção e segurança (nenhuma liderança se expõe a riscos desnecessários).
Ao encarar os tutores, isto significa que o cachorro estabelece uma relação profunda de afeto e confiança. Ele basicamente abandona a mensagem ancestral de desafio, para transformá-la em gratidão e alívio por estar na companhia de um protetor e defensor.
O olhar fixo também serve para chamar a atenção, especialmente quando alguma coisa parece estar errada. As encaradas acompanhadas por uma flexão do pescoço indicam que o cachorro não está entendendo alguma coisa (que pode ser apenas a “conversa” do tutor”.
Os tutores também deveriam agradecer. As encaradas indicam atenção total à família humana, às suas necessidades e desejos. O olhar fixo pode ser substituído por uma brincadeira agitada, um cochilo no sofá e até mesmo um ataque a um eventual agressor nas redondezas.
05. Trazendo presentes
Quase sempre, o gesto é entendido como um convite para brincar. Afinal, que outro objetivo teria um cachorro que traz uma bolinha, depositando-a aos pés de um membro humano da família. Mas o significado pode ser bem diferente e muito mais profundo.
Os cachorros, em maioria, desenvolvem senso de propriedade em relação a alguns objetos. Quando eles trazem um desses brinquedos para os tutores, isto significa que estão muito satisfeitos, a ponto de quererem partilhar alguns dos seus tesouros.
Enquanto os gatos, para colaborar com a família, eventualmente presenteiam os tutores (e, para horror de alguns humanos, o presente pode ser um rato, uma lagartixa ou uma barata), os cachorros quase sempre trazem objetos a serem partilhados.
Eles reconhecem os gestos positivos dos tutores e se sentem gratos pela atenção, o carinho e o abrigo. Nos muitos séculos de convivência, os cachorros aprenderam que é preciso demonstrar e reforçar os sentimentos.
Por isso, quase todas as expressões de gratidão dos cachorros se resumem a convites para brincadeiras, sonecas, caminhadas e partilhas. As formas de agradecer são convites para participar das atividades mais prazerosas. Os agradecimentos devem ser sempre entendidos como um gesto de reconhecimento aos tutores.