É mais um exemplo da lealdade canina: este cachorro “mora” no local do acidente de seu tutor.
Ninguém que convive com um cachorro precisa de provas, mas esta história é um exemplo a mais da lealdade canina. Este peludo se recusa a deixar o local em que o seu tutor sofreu um acidente fatal: há 18 meses, ele permanece na mesma curva.
Os moradores locais tentaram atrair o cachorro de diversas formas, mas nada faz o peludo se afastar do local do acidente em que o tutor perdeu a vida. Por isso, alguns vizinhos resolveram construir um abrigo, para garantir algum conforto para o peludo, que parece continuar esperando a volta do melhor amigo a qualquer momento.
O acidente
Haris, o tutor deste cachorro (o sobrenome foi omitido nas reportagens produzidas na época do acidente). transitava pelo antigo anel viário, que circula por Nafpaktia, região da Grécia central, quando se envolveu em uma colisão.
Em uma curva da estrada, o carro de Haris se chocou com um caminhão betoneira. Trata-se de um veículo pesado, com capacidade para transportar de oito a dez metros cúbicos de matéria prima para concreto.
A colisão ocorreu às margens do rio Evinos, um dos maiores que corta a Grécia. A notícia abalou a comunidade local, inclusive porque, dois anos antes, Haris havia perdido um irmão praticamente no mesmo local.
Ninguém consegue explicar como o cachorro encontrou o local do acidente que provocou a morte do tutor. A família mora em Nafpaktos, cidade portuária que fica a 11 km de distância do local do acidente.
De alguma forma desconhecida, o cachorro fugiu de casa e conseguiu rastrear o local em que o tutor perdeu a vida. Ele foi avistado por diversos moradores do local, que tentaram de tudo para retirar o animal do local, mesmo porque ele corria sérios riscos de ser atropelado.
Foi tudo em vão. O cachorro branco permanece há 18 meses na mesma curva do anel viário, talvez esperando notícias ou novas pistas sobre o paradeiro do melhor amigo. A notícia se espalhou por toda a Grécia e diversas equipes de reportagem se deslocaram para conferir este exemplo de lealdade canina.
Diversas famílias da região tentaram atrair o cachorro para casa e adotá-lo, já que o animal estava órfão: depois que a informação foi veiculada pela imprensa grega, a família do tutor e diversos moradores de Nafpaktos confirmaram tratar-se do cachorro de Haris.
Restou aos vizinhos do cachorro respeitar o luto canino e garantir um mínimo de conforto para o animal, que passou a viver à beira da estrada, em uma casinha improvisada com telhas e tijolos para proteger o amigo fiel do sol, dos ventos e da chuva.
Os moradores da região também se revezam para levar comida e água fresca para o cachorro branco, que continua inconsolável com a perda do tutor. Alguns humanos dedicam um tempinho para fazer companhia e minimizar a dor do peludo. As imagens aqui apresentadas foram obtidas pelo Nafpaktianews.com, um canal digital de TV grego.
Mais histórias
A lealdade canina é provavelmente um dos principais fatores que gerou os primeiros vínculos afetivos entre humanos e cachorros, há alguns milhares de anos. Com o passar do tempo, os peludos se mostraram amigos, fiéis, companheiros e muito brincalhões. Eles sempre oferecem um amor sincero e desinteressado.
A história mais conhecida sobre a devoção dos cães aos seus tutores é a de Hachiko, um akita japonês que esperou pela volta do seu tutor, em uma estação de trens de Shibuya. O akita conviveu com Hidesaburo Ueno, um professor universitário, por apenas um ano, mas permaneceu à espera durante outros nove anos e meio, até a sua morte.
Hachiko se acostumou a reencontrar-se com o tutor todos os dias, quando Ueno retornava da Universidade de Tóquio, depois do trabalho. O professor, certo dia, sofreu um ataque cardíaco e não voltou.
O akita continuou saindo de casa sempre no mesmo horário. Ele chegava à estação e permanecia durante horas, observando o movimento, tentando identificar o rosto do tutor entre os passageiros.
No local em que Hachiko ficou esperando, as autoridades japonesas instalaram uma escultura do animal, que permanece até hoje em Shibuya como símbolo de lealdade e amizade.
No Brasil, uma história de lealdade canina viralizou em 2018. Em Novo Horizonte (SP), um cachorro acompanhou o tutor em uma história triste: o homem envolveu-se em uma briga e acabou sendo esfaqueado.
A vítima foi prontamente socorrida e, enquanto a ambulância transportava o homem para o hospital local, o cachorro perseguiu a viatura, decidido a não perder o amigo de vista. O tutor permaneceu internado durante quatro meses.
O cachorro não arredou pé (ou patas) da entrada do hospital. Funcionários e visitantes passaram a alimentá-lo. Infelizmente, o tutor não resistiu, mas o peludo permaneceu durante meses na recepção da Santa Casa de Novo Horizonte, em busca de notícias.
Os cachorros são realmente grandes amigos. Na maioria dos casos, eles partem antes dos tutores, mas há diversas histórias sobre o luto com que eles se revestem nos casos de morte dos tutores. Resta a nós aceitar esta amizade e tratá-los da melhor maneira possível.