Erliquiose canina: a doença do carrapato

É uma infecção grave, que pode levar à morte. Conheça a doença do carrapato.

Provocada por hemoparasitas que atacam a corrente sanguínea dos cachorros, a doença do carrapato é considerada grave e pode ser fatal. Os aracnídeos dificilmente infestam gatos e seres humanos, mas esta não é uma condição impossível.

Erliquiose canina: a doença do carrapato

A enfermidade, bastante comum no Brasil, pode ser transmitida de duas maneiras: a babesiose é causada por um protozoário e a erliquiose, por uma bactéria.

As duas formas da doença do carrapato em geral provocam sintomas semelhantes, apesar de atacarem estruturas celulares diferentes.

Em muitos casos, o mesmo vetor (o carrapato) transmite os dois micro-organismos simultaneamente. A única maneira segura de identidade a doença (babesiose ou erliquiose) é através de exames laboratoriais.

A infestação

A presença do carrapato é mais comum em áreas suburbanas e rurais, mas nada impede que um cachorro infestado (por exemplo, em um passeio no campo) distribua alguns aracnídeos durante as suas caminhadas diárias em um centro urbano.

A doença do carrapato não pode ser prevenida com vacinação. O controle do problema está nos hábitos de higiene do pet. Por isto, é preciso inspecionar a pelagem dos cachorros sempre que eles retornam dos passeios, ou quando entram em contato com outros cães.

Não existem raças caninas mais ou menos suscetíveis à doença do carrapato. Apesar de a infestação poder ser mais severa entre os cães de pelagem longa, um único aracnídeo é suficiente para transmitir as enfermidades, uma vez que os micro-organismos estão presentes na maioria dos carrapatos que atingem a idade adulta.

A infestação é mais comum nos meses mais quentes e úmidos, entre outubro e abril (mas, no Brasil, os carrapatos se reproduzem durante o ano todo). As larvas podem nascer na pelagem dos cachorros, ou atingi-la logo depois da eclosão dos ovos.

Com 18 dias de vida, de acordo com a temperatura e umidade relativa do ar, os carrapatos adultos começam a se desprender dos pelos e a procurar parceiros sexuais. Desta forma, inicia-se um novo ciclo reprodutivo.

Os carrapatos

Também conhecidos como carraças são pequenos aracnídeos (parentes das aranhas, escorpiões e ácaros) responsáveis pela transmissão de uma série de doenças. São mais de 800 espécies e registros fósseis indicam que eles povoam a Terra há pelo menos 90 milhões de anos.

Os carrapatos podem ser encontrados em todas as latitudes, com exceção dos polos, mas são mais comuns nas zonas tropicais e subtropicais. O índice de reprodução é alto: uma única fêmea pode colocar até dois mil ovos a cada acasalamento.

As duas doenças são provocadas por bactérias, vírus e protozoários. Algumas espécies apresentam apenas 0,25 mm de diâmetro e eles vivem em capinzais, árvores e mesmo no chão.

Eles também estão adaptados a muros, cercas e paredes. Os carrapatos são capazes de saltar longas distâncias, mas não voam. São artrópodes hematófagos, e isto explica a sua distribuição, uma vez que aproveitam o sangue de cavalos, touros, cães, gatos e dos seres humanos.

No Brasil, o carrapato-vermelho ou marrom (Riphicephalus sanguineus) é o principal vetor da doença do carrapato entre os cachorros. Estes aracnídeos colonizam a pelagem dos animais e espalham-se por todo o corpo, mas são de controle relativamente fácil.

Além da babesiose e da erliquiose, os carrapatos também são responsáveis pela transmissão da doença de Lyme, anaplasmose, febre maculosa e tularemia. Todo cuidado é pouco para exterminar estes aracnídeos.

Remédios caseiros

Existem remédios caseiros para exterminar carrapatos. Por exemplo, a infusão de um litro de água com duas colheres (sopa) de camomila e infusão de dois limões em duas xícaras (chá) de água. Os óleos essenciais de alecrim, cedro, canela e amêndoas doces são igualmente eficazes.

O problema é que os remédios caseiros não eliminam os carrapatos presentes no ambiente. Em caso de infestações severas (em quintais e outros locais abertos), é necessário recorrer a serviços de extermínio de parasitas. Certifique-se de que os produtos empregados não sejam tóxicos para os pets.

Características das doenças

Apesar de muito semelhantes, é possível identificar algumas diferenças entre as doenças do carrapato. As bactérias responsáveis pela erliquiose atacam o sistema imunológico dos cachorros é induzem o organismo a destruir as células de defesa (glóbulos brancos).

As plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue, também são atingidas. A erliquiose inibe a produção de novos glóbulos vermelhos (hemácias). Isto prejudica a respiração celular e, por isto, é tão perigosa. Esta doença do carrapato apresenta três fases:

– aguda, em que os sintomas de infecção estão presentes: febre e perda de apetite (com consequente perda de peso e fraqueza geral);

– subclínica, fase assintomática que pode se prolongar por vários anos depois da picada do carrapato;

– crônica, em que os sintomas são semelhantes aos da fase aguda, mas mostram-se mais intensos.

Na erliquiose, os sintomas da fase aguda, que ocorre logo depois da picada do carrapato, são mais sutis e podem ser confundidos com um resfriado. Os sinais mais evidentes surgem apenas durante a fase crônica, que pode levar anos para se manifestar.

A doença do carrapato não diagnosticada na fase aguda acaba comprometendo a saúde e o bem-estar dos cachorros. Ela provoca anemia, visível no amarelamento das mucosas (gengivas, olhos e parte interna dos genitais).

A infecção pode afetar o sistema excretor e provocar insuficiência renal, caracterizada pela queda do volume da urina (que também se mostra mais turva e com mau cheiro).

Em alguns casos, especialmente entre animais de pequeno e médio porte, pode ocorrer intoxicação generalizada, que provoca desorientação e vertigens. Este é um sinal de que o organismo não está conseguindo eliminar as toxinas de maneira eficaz.

As anemias poderão se tornar ainda mais comprometedoras, caso a infestação não seja combatida. Os carrapatos se alimentam do sangue dos pets e, se não forem exterminados, certamente prejudicarão o sistema circulatório.

As causas

O Riphicephalus sanguineus (carrapato-vermelho) está sempre envolvido na doença do carrapato. O aracnídeo é o vetor da babesiose e da erliquiose, porque ele transporta as bactérias e protozoários responsáveis e os transmite quando suga o sangue dos hospedeiros.

A doença do carrapato também pode ser transmitida de forma vertical. Uma fêmea prenha infectada infectará os fetos durante a gestação e os filhotes já nascerão com os micro-organismos. A enfermidade, no entanto, raramente compromete o termo da gravidez e o parto.

A babesiose ainda não teve o ciclo completamente estudado, mas acredita-se que os micro-organismos se manifestem da mesma forma que nas infecções pela bactéria Erlicchia canis, inclusive entre cadelas grávidas.

Tratamento e prevenção

Apesar de não ter vacina, a doença do carrapato pode ser vencida sem deixar sequelas. Quanto mais cedo forem observados os sintomas e o diagnóstico for estabelecido, maiores são as chances de cura.

A prevenção consiste na observação de eventuais parasitas no pelo dos cachorros. Existem diversos carrapaticidas disponíveis no mercado, de aplicação oral ou tóxica. O ideal é seguir a orientação do veterinário sobre o melhor produto, uma vez que ele conhece o pet e pode prevenir eventuais alergias e dermatites.

 Como já foi dito, todos os cachorros estão suscetíveis a uma infestação por carrapatos. Em ambiente urbano, estes aracnídeos estão menos presentes do que as pulgas, mas basta que um casal ou uma fêmea com ovos acomodar-se nos pelos de um pet para que uma invasão em larga escala aconteça.

Por isto, os cuidados básicos são observar o peludo e escovar a pelagem pelo menos uma vez por semana. Caso eles fiquem se coçando, a inspeção deve ser ainda mais detalhada.

Os medicamentos carrapaticidas tópicos também servem como preventivo às infestações. Eles devem ser ministrados de acordo com as instruções do fabricante, mas o veterinário precisa ser consultado, uma vez que alguns cachorros são alérgicos.

O tratamento na fase crônica

Quando a doença do carrapato atinge a fase crônica, os cuidados se tornam mais complexos. O animal pode desenvolver sérios transtornos no sistema imunológico e nos rins (no caso da erliquiose) e no sangue (na babesiose).

De qualquer forma, na fase crônica, os sistemas circulatório e excretor já estão bastante comprometidos. Surgem, deficiências na respiração celular, na defesa orgânica, além de acúmulo de toxinas no organismo.

Nesta etapa, o organismo canino não reúne recursos suficientes para combater sozinho a doença. Desta forma, os sintomas se mostram cada vez mais evidentes, a ponto de o tratamento passar a ser determinado em função dos órgãos e sistemas comprometidos.

A anemia, na doença do carrapato, tende a ser progressiva. A destruição de hemácias (na babesiose) ou de glóbulos brancos (na erliquiose) afeta a estrutura do sangue, e isto pode acarretar o comprometimento de outros sistemas e estruturas orgânicos.

A insuficiência renal, porém, é o comprometimento mais grave. Alguns animais podem conviver com esta condição por anos seguidos, sem maiores complicações (tudo depende da constituição física de cada indivíduo). A maioria, porém, pode atingir rapidamente a falência completa dos rins e evoluir para óbito.

Apenas o veterinário, através de exames clínicos, exames laboratoriais e testes sorológicos pode identificar o vetor da doença e identificar o estágio da doença, indicando o tratamento mais adequado para cada caso, de acordo com os sinais observados.

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