Um estudo canadense mostra que dormir com o cachorro alivia dores na coluna e articulações.
Além da dedicação, lealdade e companheirismo, os cachorros já mostraram que são importantes em diversos momentos da nossa vida. Um estudo da Universidade de Alberta, em Edmonton (Canadá), sugere que os peludos são úteis inclusive para aliviar algumas dores crônicas.
Decidir se o cachorro pode subir na cama e até dormir a noite toda nela depende de cada tutor e cada família. Enquanto alguns consideram o hábito anti-higiênico ou prejudicial à obediência dos peludos, a maioria gosta de ter o pet ao lado, na hora de dormir. O hábito, desde que seja natural, pode ser benéfico para aliviar tensões e diminuir dores.
O estudo canadense não é considerado conclusivo, nem foi revisado por outros acadêmicos que pesquisam a mesma área. O universo pesquisado contou com poucos voluntários, mas, se não tem conclusões definitivas, consegue explicar muitas coisas que os tutores já sabem empiricamente.
O estudo
A pesquisa foi conduzida entre 2018 e 2019, pela pesquisadora Cary Brown, do Departamento de Medicina de Reabilitação da instituição universitária do Canadá. A pesquisadora queria entender como a presença dos cães na cama afeta as dores crônicas dos tutores.
A médica canadense observou que a maioria dos portadores de dores crônicas é orientada a retirar os cachorros da cama e até mesmo do quarto em que dormem. O motivo alegado é que a movimentação dos peludos seria um elemento a potencializar as dores.
Cary Brown, no entanto, descobriu que o conselho dos especialistas era contraproducente. Ter um cachorro na cama na hora de dormir é um fator extremamente positivo. Nas entrevistas com os pacientes que se voluntariaram para o estudo, a médica descobriu que:
- os tutores gostam do contato físico com os cachorros;
- a presença do cão na cama propicia o relaxamento – músculos descontraídos exercem menor pressão sobre as articulações;
- alguns tutores sentem-se ansiosos por estarem sozinhos à noite. A presença ostensiva dos cachorros elimina esse fator de medo, estresse e contração irregular dos músculos.
Em outras palavras, resumidamente: os tutores se sentem seguros e confortáveis ao dormir com o cachorro ao lado, partilhando a mesma cama. A ansiedade é reduzida, obtendo-se como resultado um sono de melhor qualidade.
Dormir com o cachorro traz uma série de vantagens para muitos tutores:
- proporciona sensação de segurança, relaxamento e conforto;
- alivia o estresse e a ansiedade;
- ajuda nas terapias de controle da depressão;
- fortalece os vínculos com os peludos;
- deixa a cama mais quente.
Os benefícios, obviamente, não se restringem aos humanos. Os cachorros se tornam mais equilibrados e sentem-se mais felizes. Para os “pais de primeira viagem”, é importante definir se o peludo poderá dormir na cama logo nos primeiros dias – e não alterar esta resolução sem motivos sérios para tanto.
Quem adota um cachorro de grande porte, por exemplo, deve evitar que ele durma na cama nos primeiros meses, uma vez que seria bastante difícil dividir o leito com um dogue alemão ou um São Bernardo adulto, por exemplo. Mas isso não impede o chamego: se ele não cabe na cama, talvez caiba no sofá. Ou então, o tutor pode sentar-se no chão, de vez em quando. Tudo isso garante os benefícios para os peludos.
A médica alerta ainda para outras questões. Antes de sugerir a retirada do cachorro do quarto de dormir, os profissionais de saúde teriam de entender melhor o modo de vida dos pacientes – em algumas situações, isso pode ser invasivo.
Para muitas pessoas, o contato físico com o cachorro é o único de que elas dispõem, por não viverem com parceiros e parentes para dividir o afeto. A importância dos peludos é muito maior para as pessoas solitárias.
Os cachorros não fazem apenas as pessoas desenvolverem sensações de pertencimento: a constatação de que pertencemos a alguém e alguém pertence a nós. Propor mudanças de hábito só seria positivo se não surgirem alterações negativas na rotina.
Um cachorrinho pode indicar a hora certa de ir para a cama – ou sair dela, pela manhã. Ele se torna uma referência saudável. Cães gostam da previsibilidade e, sempre que podem, organizam o cotidiano da forma mais evidente possível.
Precauções e contraindicações
Naturalmente, pessoas que consideram anti-higiênico dormir com cães não devem ser estimuladas a fazê-lo. Na primeira fase do sono, os conceitos básicos podem aflorar, anulando quaisquer benefícios que a partilha da cama com os pets possa exercer.
Da mesma forma, algumas pessoas entendem a presença do cachorro na cama (no sofá ou em qualquer lugar “proibido” da casa) como uma quebra de autoridade. Elas tendem a encarar desarmonia e desequilíbrio na situação, mesmo que de forma inconsciente. Estas condições também prejudicam o relaxamento e o sono de qualidade.
Para os tutores que gostam de dormir com os cachorros – e também para aqueles que não veem nada demais em partilhar o leito com os peludos –, é importante que os pets devem estar asseados e precisam ter passagem livre para o “banheiro”, caso precisem fazer as necessidades durante a noite.
Escovar os dentes do animal é outra providência importante. Os cachorros precisam ter a boca escovada por diversos motivos, como prevenir gengivites e o desenvolvimento de placas bacterianas. O hábito também torna o hálito dos peludos mais agradável para os humanos. Mas, com relação a dormir na cama, a escovação elimina uma série de micro-organismos que podem ser inócuos para os cachorros, mas bastante prejudiciais para a saúde humana.
Portanto, é importante higienizar as patas depois de um passeio noturno ou fazer uma “faxina geral” caso o cachorro tenha brincado em um quintal de terra poucos antes da hora de dormir. Com estas precauções básicas atendidas, não há problemas em dormir com os pets.