Você conhece a história de Karl Friedrich Louis Dobermann? Ele foi um guarda noturno e coletor de impostos alemão que viveu em Apolda, no século XIX. Como ele transportava valores por diversas regiões do país – e transitava por locais perigosos –, decidiu desenvolver um cão que lhe desse a proteção necessária. Assim nasceu o dobermann pinscher, por volta de 1890.
Um filhote de dobermann é vendido, no Brasil, por R$ 1.000 a R$ 3.000. O valor é definido pela região, genealogia e oferta de pedigree. Um filhote de um animal premiado naturalmente custa mais. O importante é, antes da aquisição, conhecer o canil, os ancestrais do pet e a forma como eles são criados.
Esta é mais uma raça conhecida pela agressividade; afinal, ela foi criada para ataque e defesa. Alguns criadores inescrupulosos, no entanto, selecionaram os animais mais violentos para os cruzamentos, produzindo uma geração de cães muito ferozes, a partir dos anos 1960. Alguns filmes americanos (“A gangue dos dobermanns” e “Os dobermanns atacam”, ambos de 1973) contribuíram para piorar a fama da raça.
É preciso salientar uma questão: não existem raças caninas violentas. Os cães passaram a conviver com os homens justamente por serem mais dóceis que os seus primos selvagens.
Os dobermanns podem ser teimosos e muito obstinados, mas a agressividade acaba sendo exacerbada pelos próprios criadores. A criação responsável e um bom adestramento faz com que estes cães possam conviver tranquilamente com a família, inclusive com crianças e idosos. Os bebês, no entanto, precisam ser mantidos à distância, por causa do porte e força destes cães. Seja como for, o comportamento varia de cão para cão.
Um pouco de história
Karl deu início à sua criação em 1860, cruzando rottweilers antigos, weimaraners, pastores alemães, greyhounds ingleses, Manchester terriers e pinschers (standard). O resultado foi o surgimento de um cão forte, leal, obediente e muito corajoso. Além de um excelente cão de guarda, o dobermann é um bom animal de companhia, desde que integrado à família precocemente.
O trabalho de Dobermann começou com um cão pastor da Turíngia, que ficou famoso no local pela ferocidade. Nos cruzamentos sucessivos, entraram também os cães de açougueiro (ancestrais do rottweiler, semelhantes aos boiadeiros suíços) e pastores de beauce. Não se sabe ao certo quantas raças foram utilizadas, uma vez que o criador não fez registros exatos. Karl Dobermann morreu em 1894, três décadas depois de ter iniciado os cruzamentos seletivos, quatro anos antes de a raça ser oficialmente reconhecida na Alemanha.
Inicialmente, o dobermann foi chamado de pinscher da Turíngia. Com o reconhecimento da raça, ela foi batizada com o nome do seu criador, considerado um dos principais incentivadores da Cinofilia. No Brasil, o primeiro registro conhecido data de 1908.
As características da raça
O dobermann é um cão de porte grande, com estrutura compacta, resistente e muito rápido. Seu temperamento é naturalmente obediente e obstinado. Estes cães são extremamente vigilantes. Os machos são mais musculosos, enquanto as fêmeas se mostram mais elegantes. Todos, sem exceção, têm uma aparência de nobreza.
O pelo do dobermann é liso, curto, duro e espesso, muito bem assentado e igualmente distribuído por todo o corpo. O padrão oficial não admite a presença de subpelo. A pelagem não requer muitos cuidados, apresentando maior tendência para cair nos meses mais quentes. Uma escovação semanal é suficiente para deixá-los bonitos.
Admitem-se duas cores para a pelagem: preto ou marrom, com marcações vermelho ferrugem sobre o focinho, nas bochechas, acima dos olhos, na garganta, duas no peito superior, nos metacarpos, metatarsos e patas, na face interna das coxas, nos braços e embaixo da cauda.
As faltas
Nas exposições e competições oficiais, são consideradas faltas, despontuadas de acordo com a gravidade:
• não apresentar dimorfismo sexual;
• ser muito leve ou muito pesado;
• ser pernalta;
• apresentar a cabeça muito estreita, pesada, curta ou longa demais;
• ter muito ou pouco stop;
• dorso não reto ou arqueado.
Nos casos seguintes, os competidores são desqualificados:
• muita agressividade ou timidez;
• anomalias físicas ou de comportamento;
• olhos amarelos ou e cores diferentes;
• prognatismo superior ou inferior;
• mordedura em torquês;
• ausência de um ou mais dentes;
• manchas brancas;
• subpelo visível.
Estas informações foram extraídos do padrão oficial da raça, definido pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC).
O tamanho
Os machos atingem entre 68 e 72 cm na altura da cernelha; as fêmeas, entre 63 e 68 cm. Os cães desta raça apresentam estrutura quadrada: o comprimento do corpo deve ser similar ao da altura (medida na cernelha). Os animais brasileiros, em maioria da linhagem americana da raça, são ligeiramente menores do que os seus primos europeus.
Com relação ao peso: não existe uma definição por parte da Federação Cinológica Internacional (FCI). No entanto, os machos ficam entre 45 e 55 kg e as fêmeas, entre 35 e 45 kg. De acordo com o padrão oficial da raça, mas, na aparência, os dobermanns precisam “apresentar uma combinação de força, resistência e agilidade”.
Os dobermanns possuem cauda longa, que mais comumente é cortada pouco depois do nascimento. O mesmo procedimento cirúrgico é feito com relação às orelhas, geralmente são cortadas para apurar a audição dos cães, otimizando as suas caraterísticas de segurança e vigilância.
Em muitos países (o Brasil é um deles), no entanto, estas cirurgias não são permitidas pela legislação. Nos EUA, por outro lado, o padrão exige que os animais tenham a cauda cortada próximo à segunda vértebra (para favorecer a mobilidade dos cães), enquanto as orelhas devem ser cortadas para ficarem eretas.
O temperamento
Como todo cão de guarda, o dobermann é muito leal aos seus tutores, sempre atento para atender aos comandos ensinados. Extremamente inteligentes, os cães da raça aprendem rapidamente, mas precisam ser adestrados com firmeza desde filhotes, que, com seis meses de idade, já podem desempenhar funções de vigilância e proteção.
Os dobermanns não devem ficar isolados, nem passar o dia inteiro no quintal, longe da convivência com a família humana: eles precisam ter algumas horas diárias com os tutores, além de passear por 30 minutos a cada dia, para se sociabilizar de forma adequada, entendendo a diferença entre estranhos e intrusos.
Os cães desta raça não convivem bem com outros pets. A introdução de um novo cão na família deve ser feita com cautela, para que o dobermann “alfa” saiba quais são as verdadeiras funções do novato. O comportamento também não é uma maravilha com estranhos: eles ficam curiosos e ressabiados. Um invasor certamente será atacado, inclusive porque o dobermann é excessivamente territorialista.
Por se tratar de um cão ágil e muito forte, o dobermann precisa de espaço para desenvolver as suas atividades físicas. Quem espera um cão sossegado deve pensar duas vezes antes de adotar um cão da raça. Em espaços pequenos, ele pode ficar estressado, destrutivo e mais violento.