Como se aproximar de cachorros com segurança? Alguns seres humanos simplesmente não resistem a se aproximar dos peludos com festas e agrados. Esta não é a melhor abordagem, mas com algumas dicas simples sobre o que fazer (e não fazer), é possível curtir bons momentos com os peludos que cruzam o nosso caminho.
A maioria das pessoas tende a manter uma “distância respeitosa” em relação a cachorros desconhecidos, especialmente quando eles são muito grandes, agressivos e os tutores não estão por perto. A primeira dica é: não adianta quase nada perguntar: “Ele é manso?”.
Nenhum cachorro é manso. Eles são guardiães naturais, alguns são dominantes, territorialistas e, se entenderem que há riscos para a integridade e o bem-estar (deles mesmos e da “matilha”), não hesitarão em defender o grupo.
Um ponto fundamental é avaliar o espaço de aproximação e encontro. Um cachorro nunca está relaxado em meio ao movimento intenso de pedestres ou ao tráfego de automóveis. As propostas de amizades quase sempre são mais bem recebidas em locais tranquilos, como parques e praças.
As diferenças entre os cachorros
A principal diferença é entre cachorros sociáveis e aqueles independentes e até mesmo mal-humorados. Ao se deparar com um cachorro com cara de poucos amigos, o melhor a fazer é passar longe, ou, se a atração for irresistível, aproximar-se lentamente, com segurança.
Com raras exceções, nenhum cachorro encara com naturalidade a aproximação de estranhos. Há sempre aqueles que caminham pelas ruas exibindo sorrisos e dando sinais de que estão disponíveis para brincadeiras e cafunés.
Há um ponto importante que precisa ser igualmente considerado: o porte dos cachorros. Nem todos os cães pequenos são tranquilos ou, pelo menos, inofensivos. A maioria, aliás, é bastante alerta e está sempre atenta aos perigos.
Um pinscher miniatura, por exemplo, é descrito algumas vezes como “metade ódio, metade tremedeira” (os tremores são uma estratégia natural bastante eficiente para manter o corpo aquecido).
Mas, convenhamos, para um cãozinho com menos de 30 cm de altura, a aproximação de um humano gigantesco, que o envolve nas mãos e o leva perigosamente à altura da boca, certamente é uma experiência terrível, da qual é preciso se livrar com a maior rapidez.
Pinschers miniatura, lulus da Pomerânia, chihuahuas e yorkshire terriers, entre outros, estão cobertos de razão em avançar contra esses gigantes terríveis – que se assemelham aos moinhos de vento de Dom Quixote, mas, para eles, são verdadeiramente apavorantes.
Além do medo que a aproximação pode causar, um cachorrinho nanico também pode se machucar com gestos bruscos, por mais corriqueiros que eles nos pareçam. Basta apenas pegar de mau jeito para lesar uma costela ou uma pata. A reação, portanto, é natural e necessária.
Para se aproximar de um cachorro de pequeno porte, depois de verificada a disponibilidade do animal em interagir com uma pessoa que nunca viu antes, o humano curioso deve primeiramente abaixar-se, para se tornar menos terrificante. É preciso pensar como um cachorrinho.
Em seguida (e isto vale para qualquer cachorro), pode-se oferecer a mão, sem encostá-la. É uma forma para o peludo identificar, pelos cheiros que absorve, que não se trata de uma ameaça. O peludo pode farejar, lamber e até mordiscar os dedos.
Na sequência, depois da verificação inicial, você pode arriscar um carinho nas orelhas ou no dorso. Os cachorros não se sentem seguros em permitir que um desconhecido acaricie o topo da cabeça, mas eles dificilmente conseguem resistir a alguns afagos nas laterais da orelha, pescoço e linha superior do tronco.
Mais dicas aos se aproximar de cães
Lembre-se: a personalidade dos cachorros, assim como a dos humanos, é única. Enquanto alguns gostam de interagir e se aproximam sem medo, outros ficam agitados e ansiosos, procurando a defesa do tutor. É preciso avaliar as reações dos cachorros, antes de partir para brincadeiras e agrados.
01. Converse com o tutor e o cachorro
Nunca se aproxime sem a autorização do tutor. Ele conhece o “colega de quarto” e sabe as reações que podem ser despertadas. É preciso considerar também que, mesmo no caso de alguns cães amigáveis e brincalhões, os tutores podem ser tímidos, introvertidos ou esnobes.
É importante não ignorar também que alguns humanos gostam de transmitir a impressão de que os cachorros são agressivos e violentos: as chamadas “raças agressivas” quase sempre apenas refletem a personalidade dos humanos com quem vivem e aprendem.
De qualquer maneira, nunca se sinta ofendido ou desprezado nos casos de recusa. Os tutores conhecem os seus cachorros profundamente e sabem como eles reagem em situações inusitadas. Se a resposta, ao perguntar se é possível brincar com o peludo, for negativa, apenas siga o seu caminho. Muito provavelmente haverá outros pets na esquina seguinte.
A autorização dos tutores é necessária em todos os encontros. Mesmo um cãozinho tranquilo e brincalhão pode estar nos seus melhores dias: ele pode estar voltando do veterinário, onde foi espetado e apalpado com força, pode estar sentindo dor ou apenas ter saído da cama “com o pé esquerdo”.
Alguns estudos indicam que os tutores de cães são pessoas mais sociáveis e interagir com os peludos é uma forma eficaz também para abordar os humanos que nos interessam. Uma vez estabelecida a conversa, pergunte sobre as preferências do animal.
Alguns cães não permitem contato físico, outros aceitam carinhos e afagos apenas de pessoas em que eles confiam, outros adoram cafunés, mas precisam se manter como guardiães e defensores. Boa parte dos peludos, felizmente, costuma se derreter quando encontra pessoas dispostas a um contato mais próximo.
02. A região dos carinhos
Pergunte também aos tutores sobre as formas que o cachorro gosta de brincar, mas não confie demais nas respostas: na intimidade, um peludo pode permitir coisas que não admitiria com um desconhecido. Um bom exemplo é tentar coçar a barriga, uma atitude totalmente contraindicada para estranhos.
A barriga só pode ser tocada por alguém que o cachorro considera fiel e digno de confiança. Abrir-se no chão e deixar a barriga à mostra indica submissão: ele está dizendo que não quer brigar com ninguém. Mas é raro deitar-se com o abdômen para cima na frente de um desconhecido.
O topo da cabeça não é a melhor escolha para os afagos. A maioria considera o toque desagradável e ameaçador. Mais uma vez: ele pode gostar dos cafunés no topete em casa, mas no momento do encontro ele está na rua – é um território de exploração, corridas e brincadeiras, mas oculta vários perigos. Pelo menos, é assim que raciocina a maioria dos cães.
Apenas ofereça a mão e faça afagos ligeiros somente depois de o cachorro “identificar o forasteiro que se aproxima”. As laterais da cabeça são locais ideais, assim como os ombros e o pescoço. Fique atento, de qualquer modo, às reações exibidas. Os cachorros “falam” com latidos e rosnados, mas também com o corpo: posição do rabo, altura da cabeça, direção dos olhares, etc.
03. O cachorro tem medo de mãos humanas
Pode parecer curioso que os cachorros tenham medo de mãos humanas, mas eles sabem que nós temos excelente coordenação motora e manual: nós usamos as mãos para tudo, inclusive para ferir ou para tirar proveito de alguma situação.
Nós somos bípedes. As mãos se livraram das tarefas de locomoção há milhões de anos. Os cachorros sabem que mãos livres podem representar perigos. Portanto, eles precisam verificá-las antes de decidir que o forasteiro é inofensivo e, mais do que isso, é amistoso e confiável.
O próprio aperto de mãos entre humanos era, originalmente, um gesto para demonstrar que quem estava chegando não estava armado. Com o tempo, tornou-se corriqueiro, mas os cachorros preferem reunir mais elementos.
Um peludo pode cheirar as mãos (que devem ficar imóveis, na medida do possível), lambê-las e até dar umas mordiscadas nos dedos. Ele está identificando aromas, sabores e principalmente gestos.
Naturalmente, os abraços não são bem recebidos pelos cachorros, mesmo os de maior porte. Eles quase sempre interpretam o gesto como uma forma de ataque, de imobilização, e a reação óbvia é colocar-se na defesa – tanto do tutor quanto da própria.
04. Cuidado com a aproximação
O ideal é deixar que o cachorro se aproxime de você. Por mais agradável que seja interagir com alguém amigável e brincalhão, é preciso lembrar que o peludo está no seu momento de explorar o mundo e partilhar alguns momentos exclusivos com o tutor.
A hora da caminhada é o momento do cachorro. Portanto, se ele estiver vindo em sua direção e sinalizar que quer interagir, os cinófilos podem se preparar para dedicar um tempinho para o cachorro. Cães amigáveis fazem contato visual constante e se aproximam balançando o rabo. Alguns chegam a ficar ofegantes com a expectativa da brincadeira.
Mas, apesar de os cachorros fixarem olhares em novos amigos potenciais, não se deve olhar fixamente para eles. Esta é uma atitude de desafio nas alcateias e matilhas. Para dar início a uma “conversa” com um peludo, as encaradas não são uma boa estratégia.
A iniciativa da aproximação, portanto, deve ficar com os cachorros. Felizmente, boa parte deles gosta de conhecer novos amigos, o que satisfaz o desejo de interação dos humanos mais afoitos. Respeitar as preferências dos peludos é igualmente importante para garantir uma amizade saudável e divertida.
É fundamental que o cachorro estranho não se sinta acuado. Desta forma, por mais que ele pareça disponível para brincadeiras, é importante não bloquear a passagem: a melhor aproximação é pelas laterais, para que o peludo identifique possíveis “rotas de fuga”, caso alguma coisa saia errado.
Mais um ponto importante: quem gosta de cachorros quase sempre deixa transparecer essas sensações quando encontra um peludo com disponibilidade para brincar, mas a melhor forma de estabelecer contato é manter-se calmo e tranquilo. Com isso, o cachorro acredita que os riscos da interação são reduzidos.