Confira as nossas dicas para prolongar a vida e a parceria entre cachorros e tutores.
Já foi dito que os cachorros vivem menos do que os humanos porque eles já nascem sabendo amar e nós precisamos aprender. Seja como for, com algumas dicas, os tutores podem prolongar um pouco a vida dos peludos, além de garantir saúde e bem-estar para eles.
Os cachorros vivem de 12 a 15 anos. Como regra geral, os pequenos vivem mais. Os vira-latas também tendem a ser mais longevos do que os animais de raça. O tempo de vida e principalmente a qualidade, no entanto, dependem de algumas providências que estão ao alcance da maioria dos tutores.
1) Exercícios físicos
Dar uma volta no quarteirão, socializar com os amigos na praça e brincar com a família em casa são atividades que devem estar presentes no dia a dia dos cachorros. Elas são fundamentais para o corpo físico dos peludos e também para o equilíbrio emocional.
Os exercícios físicos têm início poucas horas depois do nascimento. As cadelas sabem o que fazer para deixar os filhotes ativos, facilitando o desenvolvimento físico, motor e cognitivo. Tudo isso é ajudado pela curiosidade natural, que impele os cãezinhos a explorar o mundo à sua volta.
Todos os tutores devem dedicar parte do tempo aos jogos, passatempos e brincadeiras dos cachorros. Os passeios, que devem começar uma semana ou dez dias após a aplicação das doses de reforços das vacinas, prolongam-se por toda a vida. Mas, mesmo antes, os filhotes podem ser estimulados com bolinhas e outros brinquedos.
A intensidade da atividade física varia de acordo com a idade, porte físico, condições gerais de saúde e temperamento dos cachorros. O ritmo é ditado pelos interesses e limitações dos tutores e dos peludos.
Alguns cães podem se exercitar durante três ou quatro horas diárias, enquanto outros estão “prontos para uma soneca” depois de uma sessão de escalada no sofá da sala. Os animais de porte grande quase sempre são mais intensos; por outro lado, os pequenos quase sempre vivem por mais tempo, porque demoram mais para atingir a “terceira idade”.
2) Alimentação adequada
A melhor maneira de oferecer alimentação adequada para os cães é adquirir rações de qualidade, formuladas com os nutrientes necessários para a saúde. Vale lembrar que os produtos variam de acordo com as características dos peludos.
É importante considerar, na escolha do produto, além da formulação, a disponibilidade em diversos pontos de venda, já que trocar a ração é uma tarefa delicada. Por outro lado, os formatos e cores servem apenas para atrair os tutores. Os cachorros não se interessam se os grãos da comida são vermelhos ou verdes, nem se têm forma de estrela ou ossinhos.
Isto não significa que os peludos não tenham preferência. Provavelmente, eles se interessem muito mais em outras características, tais como a textura e o aroma. O sabor também costuma ficar em segundo plano.
Os filhotes precisam receber mais fósforo e cálcio, por exemplo, dois sais minerais importantes para a formação e desenvolvimento do esqueleto. Esses mesmos nutrientes, no entanto, podem ser prejudiciais para cães idosos.
Os tutores também podem optar pela alimentação caseira, mas prepará-la é mais trabalhoso e requer informações sobre nutrição canina. Fazer comida em casa para os cães pode inclusive ser uma tarefa divertida, mas os cozinheiros precisam saber quais ingredientes usar (e quais são terminantemente proibidos).
Existe inclusive a possibilidade de oferecer uma dieta vegetariana para os peludos. O veganismo é uma filosofia de vida – portanto, ele diz respeito a humanos, não a cachorros. Mesmo assim, de acordo com as convicções dos tutores, é possível oferecer alimentação sem carne.
Neste caso, é preciso dar ainda mais atenção para a composição. Existem técnicas de preparo de algumas proteínas vegetais que favorecem a absorção e o aproveitamento pelo organismo canino. De qualquer forma, o peludo quase certamente precisará de alguns suplementos.
Independentemente da forma da dieta, é importante oferecer porções balanceadas e equilibradas com a “vida pessoal” dos peludos. Animais ativos requerem quantidades maiores, enquanto mais tranquilos exigem quantidades menores.
É importante ter isto em mente na oferta de petiscos e guloseimas. Os tutores precisam calcular quanta “comida extra” está sendo oferecida, para reduzir as porções oferecidas durante o dia.
O sobrepeso e a obesidade são considerados doenças primárias por alguns especialistas. De qualquer maneira, os quilos a mais prejudicam a frequência respiratória e cardiovascular, aumentam as exigências sobre os ossos, cartilagens e músculos.
No médio prazo, o peso acima do previsto para o cachorro favorece o desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo II e transtornos na tireoide. Tudo isso compromete a qualidade de vida e abrevia o tempo do cachorro entre nós.
3) Passeios e brincadeiras
Como já foi dito, os passeios devem ter início logo depois da adoção, quando os cãezinhos tomam as doses de reforço das vacinas e desenvolvem imunidade contra doenças graves, como cinomose e parvovirose.
A duração e intensidade variam de acordo com a idade, o porte e a disposição para atividades físicas, que variam de animal para animal. Um border collie pode passar horas brincando e correndo, enquanto um buldogue inglês precisa intercalar alguns curtos instantes de atividade com longos momentos de “contemplação”.
Praticamente, não há diferenças entre a capacidade física de machos e fêmeas. Os adultos saudáveis estão sempre prontos para brincadeiras, que, além de condicionar o corpo físico, também melhoram a socialização dos peludos: ver outras pessoas e cães na rua ou na praça ajuda a trabalhar questões como territorialidade, dominância e agressividade.
Os cães também são úteis para acabar com o sedentarismo dos tutores. Ao ter de lidar com caminhadas diárias e muitas brincadeiras na convivência, os humanos também se fortalecem física e emocionalmente.
O ritmo das brincadeiras, é importante lembrar, varia de acordo com a idade. Mesmo os animais ativos e expansivos, com o avanço dos anos, tendem a ficar mais tranquilos. É preciso respeitar a disponibilidade dos peludos, para garantir qualidade.
Os tutores também devem estar atentos às condições do tempo. O ideal é passear nos horários de menor incidência dos raios solares (antes das 10h ou depois das 16h), mas, quando isto não é possível, basta escolher um trajeto com sombras e pontos de “parada estratégica”.
A maioria dos cães não se importa com chuvas (a menos que esteja trovejando), mas as baixas temperaturas favorecem o desenvolvimento de doenças respiratórias. Da mesma forma, uma calçada “castigada” pelo Sol não é o melhor lugar para caminhar com as patas nuas.
3) Controle do peso
Um cachorro barrigudinho e rechonchudo pode despertar fortes emoções humanas, mas o ideal é que os tutores controlem o peso dos peludos, para evitar doenças e também para não prejudicar o pleno funcionamento orgânico.
O sobrepeso e a obesidade estão diretamente relacionados à redução da capacidade respiratória, por exemplo. Isto prejudica qualquer cachorro, especialmente os braquicefálicos (de focinho achatado, como boxers e pugs).
Os cachorros são pidões por natureza. Na convivência com os humanos, eles aprenderam diversas maneiras de conquistar o que querem: uma delas é a capacidade de expressar diversas condições através da fisionomia.
É realmente difícil resistir a um cachorro espiando um petisco. A aparência é de alguém que está há dias sem se alimentar. Para o bem-estar deles, no entanto, os tutores precisam resistir. Na verdade, a maioria dos peludos gosta mesmo é da companhia humana. Eles trocam qualquer guloseima por um carinho, uma brincadeira ou um minuto de atenção.
É importante não condicionar os cães a receberem lanches extras. As refeições devem ser servidas nos mesmos horários (os peludos gostam de previsibilidade – a rotina ajuda a manter o equilíbrio e o foco).
4) Visitas ao veterinário
Os filhotes precisam ser acompanhados desde o nascimento. Quando um cachorro é adotado, é importante que os tutores providenciem a vacinação, vermifugação e acompanhamento clínico, para garantir um desenvolvimento adequado e a manutenção do equilíbrio orgânico.
Os animais adotados já adultos devem ser submetidos a um check-up completo, preferencialmente antes de começarem a partilhar a casa (e a vida) com os humanos da família. É importante conferir as condições de saúde e eliminar eventuais problemas corriqueiros, como verminoses, infestações por pulgas, tratamento de alergias, etc.
No Brasil, existem poucos hospitais veterinários públicos à disposição dos tutores – a maioria dos serviços precisa ser paga, mas é possível contar com atendimentos, especialmente em clínicas vinculadas a faculdades de Medicina Veterinária.
Outra opção é contratar um convênio médico para os peludos, que oferecem diversos serviços, como consultas, vacinas, exames radiológicos e de laboratório, fisioterapia, internação, procedimentos cirúrgicos, etc.
Alguns planos de saúde oferecem gratuidades ou descontos em outros serviços importantes, como banho e tosa, hospedagem, adestramento, etc. O importante é que os cachorros tenham acesso ao atendimento de saúde, da mesma forma que os humanos.
5) A castração
Este procedimento oferece uma série de benefícios para os cachorros, tanto no que se refere à saúde, quanto na prevenção de acidentes e fugas. Apesar de algumas crenças errôneas bastante divulgadas, não existem pontos contrários à castração.
Entre os mitos, é comum ouvir que as fêmeas precisam ter ao menos uma cria antes da castração. É importante lembrar que, entre os cães, não há realização pessoal ou emocional na maternidade (ou paternidade). As fêmeas quase sempre realizam um bom trabalho com as ninhadas, mas não precisam delas para ser felizes e ajustadas.
Cachorros e cachorras também não se sentem incompletos por não ter vida sexual ativa. Os animais castrados simplesmente deixam de perceber os estímulos sexuais, que, por isso, não precisam ser satisfeitos.
Por outro lado, um cachorro íntegro (não castrado) consegue sentir a quilômetros de distância a presença de um provável parceiro sexual (mesmo em auxílio da visão) e, nesta condição, ele pode ficar frustrado, agressivo e ansioso caso não consiga encontrar o “pretendente”.
Entre as fêmeas, a castração antes do primeiro cio praticamente elimina o risco de desenvolvimento de tumores nas mamas e ovários. A piometra, infecção uterina relativamente frequente, é virtualmente inexistente nestas condições.
Para os machos, os riscos de tumores no pênis, próstata e testículos também são reduzidos sensivelmente, mas o maior benefício é a própria falta de estímulos sexuais, que reduz bastante as fugas – e os consequentes acidentes nas ruas, como extravios, atropelamentos, brigas com outros animais, etc.
Os tutores não precisam mais lidar com a perda regular de sangue das fêmeas, característica do ciclo ovulatório. Quem vive com um macho poderá notar uma redução drástica na necessidade de demarcar território – com os inevitáveis xixis espalhados por toda a casa.
Os animais castrados já adultos podem apresentar mudanças de comportamento. Eles tendem a se mostrar mais tranquilos e relaxados, sem perder as características de vigilância. O principal problema, nestes casos, é balancear a alimentação, para evitar o sobrepeso.
6) Amizade e atenção
A última dica é talvez a mais importante. Os cachorros, assim como nós e outros animais, são seres sencientes – eles têm a capacidade de sentir e demonstrar emoções, como amor, alegria, raiva, medo, etc.
Desta forma, eles estabelecem relações especiais com os humanos com quem convivem. Adotar um cachorro significa eleger um amigo incondicional por muitos anos – este é um compromisso de longo prazo.
Cada cachorro é um ser único. Alguns são amáveis, outros, mal—humorados. Alguns estão sempre prontos para brincar, outros ocupam boa parte do dia ocupados consigo mesmos. É importante respeitar a personalidade, entender o que motiva e encanta os peludos, para garantir um relacionamento produtivo e duradouro.
Para prolongar a vida dos cachorros, é importante garantir que ela seja prazerosa. Além dos cuidados básicos com alimentação, saúde e higiene, os peludos também precisam de companhia, afagos, muitas “conversas” olho no olho.