Infelizmente, os cães vivem menos do que nós e é quase certo que, algum dia, teremos de nos despedir deles. Encontros e despedidas fazem parte da vida, mas é possível prolongar a vida dos nossos melhores amigos. Veja nossas dicas para seu cachorro viver mais.
Os cães vivem, em média, entre 12 e 15 anos. Contrariando uma lei da natureza, em que os animais de dimensões maiores vivem mais do que os menores, entre os cachorros, os pequenos quase sempre são mais longevos. No entanto, mesmo sabendo que eles irão partir antes de nós, é possível prolongar a vida, aumentando o tempo de camaradagem entre nós e eles.
O importante é que, além de viver mais, nossos cachorros possam também viver melhor. A qualidade de vida é um aspecto importante para que eles possam aproveitar ao máximo. Por isto, os cuidados básicos – boa alimentação, proteção contra as mudanças de temperatura, higiene adequada, consultas regulares ao veterinário, carinho, brincadeiras e caminhadas diárias são fundamentais – são o primeiro passo para fazer um cachorro viver mais.
As dicas para seu cachorro viver mais
Algumas atitudes dos tutores podem influenciar positivamente. O seu cachorro pode viver mais se você ficar atento aos seguintes fatores:
01. Mantenha o seu cachorro em forma
os cães são naturalmente gulosos. Instintivamente, eles aproveitam todas as oportunidades para fazer uma “boquinha” (intimamente, eles pensam: “sabe-se lá quando haverá outra oportunidade”).
Por isto, se não ficamos vigilantes, eles poderão desenvolver sobrepeso e obesidade, condições que determinam maior pressão sobre o coração, pulmões e rins e favorecem o surgimento de doenças metabólicas, como o diabetes.
O peso extra também prejudica as articulações e pode gerar problemas como artrites e artroses. Além disto, o sistema imunológico fica debilitado, favorecendo a instalação de infecções e dificultando a recuperação em casos de cirurgias.
No entanto, não basta apenas controlar o peso dos pets. Um cão pode ganhar alguns quilos ou gramas se tiver um ganho de massa muscular (o que é positivo) ou se estiver retendo líquidos por qualquer motivo (o que deve ser investigado por um veterinário);
02. Ofereça o treinamento adequado
Desde filhote, ensine o seu pet os comandos básicos (“senta”, “fica”, “não”, “pega”, etc.) e explique quais são os ambientes domésticos por onde ele pode ou não transitar. Um cachorro obediente raramente desenvolve comportamentos agressivos ou destrutivos;
03. Garanta uma boa alimentação
Estão disponíveis no mercado rações de qualidade para cada faixa etária e também para o porte e condições de saúde dos cachorros. Não ofereça quantidades exageradas, porque eles certamente irão comer tudo o que for servido;
Evite a oferta de alimentos humanos para os cães. As necessidades nutricionais deles são muito diferentes das nossas. O açúcar e doces em geral estão terminantemente proibidos, com exceção dos produtos específicos para cachorros. Além disto, sal, condimentos, carboidratos refinados e gorduras são prejudiciais à saúde dos pets;
04. Os cães precisam de exercícios físicos
Assim como para nós, a atividade física é essencial para a saúde e bem-estar dos cachorros. As caminhadas diárias são fundamentais, faça chuva ou faça sol. Além disto, eles precisam de espaço para as muitas brincadeiras do dia a dia.
Além dos benefícios para a saúde física – evitar ou combater a obesidade, fortalecer ossos, músculos e articulações, gastar energia, etc. – caminhadas e brincadeiras também garantem a saúde mental. Nos passeios, os cachorros se encontram com humanos e outros caninos, exploram ambientes, apuram o olfato. Com isto, tornam-se mais sociáveis e equilibrados.
Um passeio com o amigo de quatro patas é positivo também para os tutores – especialmente os sedentários. Caminhar ou correr com o cachorro pode significar aquele incentivo que faltava para afastar-se da poltrona e ter uma vida mais saudável.
Seja como for, é preciso estar atento às características e condições de cada cachorro. Os cães idosos são menos ágeis e mais propensos ao descanso. É preciso adaptar o passo a estas necessidades. Os filhotes são mais agitados – e também mais estabanados – demandando maior supervisão.
Algumas raças têm fôlego curto e, por isto, precisam de caminhadas mais lentas e curtas. É o caso, por exemplo, dos cães braquicefálicos (de focinho achatado) – pugs, buldogues, boxers, boston terriers, shih tzu, etc. Siga as orientações do veterinário, porque estes cães podem sofrer uma sobrecarga no sistema respiratório se forem submetidos a um programa de exercícios muito exigente;
05. Consulte sempre o veterinário
Os filhotes precisam ser acompanhados com mais frequência, para garantir um desenvolvimento adequado. Os adultos, no entanto, também demandam atenção médica. Mantenha a regularidade das consultas e exames e não negligencie o calendário de vacinação;
06. Respeite os períodos de descanso
Os cães estão sempre prontos para brincadeiras ou apenas para seguir os tutores. Mesmo assim, eles precisam de pausas para reabastecer. Um cachorro adulto dorme de 12 a 14 horas e pode se estressar facilmente se ficar constantemente ansioso ou em movimento;
07. Mantenha a casa limpa e arejada
Os espaços partilhados com os cães precisam receber sol durante algumas horas do dia. Tigelas de água e ração precisam ser higienizadas a cada refeição e a água deve ser trocada periodicamente, especialmente nos dias quentes;
08. Não se esqueça dos banhos
A higienização ajuda a eliminar parasitas e reduz as colônias de bactérias e fungos, que, em excesso, podem provocar dermatites. A frequência dos banhos deve ser de 15 em 15 dias no verão e uma vez por mês no inverno, mas isto pode mudar de acordo com a idade, tipo de pelagem, etc.
O excesso deve ser evitado. Banhos muito frequentes eliminam a hidratação natural, acarretando e problemas de pele, como eczemas e pruridos. Lembre-se: cachorro tem cheiro de cachorro e estes aromas são importantes para o convívio com outros pets;
09. Demonstre o seu amor
Os cachorros são animais inteligentes, capazes de sentir emoções e de reagir às atitudes dos tutores. Lembre-se de que, ao trazer um cão para casa, você adotou um novo membro da família e não apenas um mero passatempo;
10. Cuide da saúde bucal
A não higienização da boca e dos dentes dos cachorros provoca uma série de problemas, que não se limitam a cáries e periodontites, mas podem desencadear também doenças do sistema digestório.
Escove os dentes do seu pet diariamente (existem produtos específicos para cães). Acostume-o desde filhote, para reduzir a resistência. Dentes saudáveis garantem uma boa mastigação e, consequentemente, uma boa digestão. Além disto, o hálito do seu pet ficará mais fresco;
11. Castre o seu cachorro
Se o seu objetivo não é dar início (ou continuidade) a uma criação de cães – e, para isto, são necessárias diversas condições, como instalações adequadas, cuidados veterinários e muitos gastos -, esterilize o seu filhote.
Isto garante melhor qualidade de vida, reduz a incidência de alguns tipos de câncer (mama, ovários, útero, testículos, próstata) e, no caso dos machos, diminui a agressividade, evita brigas e fugas. No caso das cadelas, os feromônios do cio deixam de ser produzidos, fato que elimina a “fila de pretendentes” no portão. Além disto, os cânceres do sistema reprodutor são a principal causa de morte das fêmeas adultas.
A palavra da ciência
Durante décadas, o objetivo da ciência foi prolongar a vida dos seres humanos. Atualmente, no entanto, os animais de estimação também foram incluídos nestes estudos. As pesquisas atuais estão focando nos fatores que determinam a expectativa de vida dos cachorros e como modificá-los, fazendo, desta forma, os cachorros viverem mais.
Algumas hipóteses já estão sendo formuladas. É sabido que os cachorros apresentam metabolismo mais acelerado do que nós – ou do que os gatos, seus grandes amigos ou inimigos. Mesmo cochilando, os cães estão “sempre alerta”, assim como os escoteiros.
- Veja também: 10 raças de cachorros que vivem mais
Com isto, a produção de radicais livres no organismo é muito maior. Radicais livres são átomos instáveis gerados por todos os processos vitais: respiração, digestão, excreção, etc. É o acúmulo deles que determina o envelhecimento celular e, consequentemente, a queda das reações orgânicas. É por isto que, mais cedo ou mais tarde, todos os seres vivos morrem.
Animais maiores vivem mais. De acordo com estudo da Universidade de Alabama (EUA) publicado na revista “Science Advances”, isto é resultado de centenas de milhares de anos de evolução. É necessário crescer rapidamente, para evitar os ataques.
As baleias e os elefantes, entre outros, podem se dar ao luxo de um desenvolvimento lento, porque têm poucos inimigos naturais (o homem é um “inimigo artificial”). Assim, animais grandes podem gastar mais tempo para desenvolver um corpo forte e robusto, que lhes permita não apenas a sobrevivência, mas também a geração de muitos filhotes.
Os animais pequenos precisam crescer rapidamente, para não serem caçados antes de conseguirem procriar. Este fato, no entanto, não permite que o sistema imunológico se desenvolva de forma adequada, aumentando os riscos de infecções e outras enfermidades.
Nesta regra, cães e gatos são exceções. Contudo, é provável que os ancestrais dos gatos tenham sido mais bem sucedidos em escapar dos predadores (isto pode ser observado até hoje). Por isto, eles conseguem descansar melhor (e por mais tempo) – e este fato está diretamente relacionado à longevidade: os bichanos vivem mais do que os caninos.
- Veja também: Os cães menores vivem mais?
Mas por que os cachorros pequenos vivem mais do que os grandões? Existem duas hipóteses: o rápido crescimento, característica da espécie, determina um organismo mais frágil para os cães de grande porte. A segunda hipótese aponta para a variedade das raças: uma vez que a maioria delas surgiu nos últimos dois séculos, a natureza ainda não teve tempo para as diversas adaptações necessárias.
E, se a seleção natural está em plena atuação, por que eles não são extintos? Simplesmente porque eles contam com uma parceria valiosa: a dupla humanos & caninos, que se reuniu há alguns milhares de anos e continua firme e forte, mesmo que seja apenas pelo puro prazer de estarem juntos.
Algumas pesquisas indicam que os cães de médio e grande porte produzem o fator 1 (uma espécie de insulina) em maior quantidade. Esta proteína está associada a um menor tempo de vida em diversas espécies – apesar de os motivos para isto ainda não estarem definidos.
De qualquer forma, os cachorros já estão vivendo mais. Comprovadamente, a expectativa de vida dos cães praticamente dobrou nas últimas quatro décadas. Isto pode ser explicado pelos avanços da Medicina Veterinária e dos cuidados prestados pelos tutores – com raras exceções, até os anos 1960, os pets viviam nos quintais e eram meros coadjuvantes da constelação familiar.